Sobre Humanos e Deuses escrita por S Laufeyson


Capítulo 27
Capítulo 25 - Waterfall


Notas iniciais do capítulo

Boa Tarde, amores da minha vida e razões do meu existir!!!!
Trago mais um capítulo (o maior até agora, gente... o.O) para vocês, que esperaram pacientemente... (lê-se "paciente" como a autora sendo ameaçada 24 horas por dia) pelo desenrolar da fanfic. Eu havia prometido que revelaria como a Sigyn foi parar em Midgard hoje, mas o capítulo ficou enorme, meu povo.. eu não podia fazer isso com vocês, de modo que eu dividi e juro, no próximo eu já conto toda a verdade... XD...

CAROLINE BARNES: Sua lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!! Menina, muito obrigada por sua recomendação, amiga! Eu quase cai da cadeira quando recebi a atualização. De verdade, ameeeei tudo o que escreveu e me sinto lisonjeada por ter tirado um tempinho para me dar esse presente. Obrigada mesmo por me fazer chorar de alegria. Esse capítulo é dedicado para você e espero que gosteee!!

QUELZICTA, ANI S e SENHORITA FERNANDES: Lindas do meu coração. Agradeço tanto por vocês estarem lendo a fic e comentando em cada capítulo... Estou de verdade emocionada por isso e também dedico esse capítulo a vocês três... Obrigada..

Também dedico esse capítulo as minhas lindas leitoras que não me deixam de forma nenhuma e a cada capítulo surtam comigo.. amoooooooooooooooooo vocês demais, não fazem ideia....

Fantasminhas.. apareçam... ;)

Adicionem o grupo, minhas lindezas:
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E vamos ao capítulo.. (Que foi betado pelo amore of my life e minha DIVA.. Bárbara)



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Loki e Thor, como se arrumaram primeiro, seguiram antes para a casa de Sif. Cada um usando a sua máscara e trajando roupas diferentes das que usavam habitualmente. O intuito daquele baile era se camuflar.

Sigyn seguiu depois. Foi sozinha, mesmo que Balder estivesse aguardando-a no saguão de entrada do palácio.

Usava um vestido vermelho, longo, de magas compridas e com poucos detalhes, já que a princesa era conhecida por seus vestidos incrivelmente bordados. Queria passar despercebida. Tanto pelos convidados do baile quanto pelo seu próprio noivo.

Caminhou devagar pelo salão e não evitou alguns olhares curiosos. Essa era a brincadeira, tentar descobrir quem era quem. Quando ficasse claro que uma pessoa havia sido reconhecida, essa revelava o rosto.

Haviam outras quatro ruivas, com a mesma tonalidade de cabelo que o dela, então poderia se camuflar tranquilamente.

Usava uma máscara que descia de uma ponta sobre a têmpora, passando por sobre os olhos bem maquiados e por fim se encerrando em outra ponta, no lado oposto do rosto, em direção ao queixo, de forma a lhe ocultar quase toda face. Era feita de veludo preto e detalhes em renda, com vários arabescos e contas. Apenas deixava evidentes seus olhos azuis, que permanecia observando a festa, atentamente.

Também tentava identificar alguém. Já sabia quem era Sif e Dirta, justamente porque viu seus vestidos enquanto estava arrumando a deusa da guerra, mas não ousou aproximar-se delas. Percebeu Frandal mais ao fundo, porque esse fez questão de não usar máscara. Disse que as damas iriam ficar chateada se ele escondesse os seu magnifico rosto.

Identificou também Volstagg, que não se afastava da mesa de comida e Hogun, por causa de sua habitual falta de humor. Ele estava encostado em uma das vigas do lugar, com os braços cruzados. Sem contar que não trocou as suas roupas. Parecia que havia sido arrastado para a festa, provavelmente por Frandal.

Mas não eram eles quem ela queria encontrar. Não identificava seu irmão e muito menos Loki. Achou até que o deus da trapaça havia usado uma nova aparência para si. Se caso fosse, seria o campeão daquela brincadeira.

Encostou-se em uma das paredes e continuou observando a todos, até que lembrou-se do que Loki e ela acertaram algumas semanas antes. Levou sua mão até um dos brincos e o retirou. Voltou a caminhar e virou-se de costas para uma parede, quando Balder entrou no salão. Não podia deixá-lo reconhecê-la.

– Você não me ouviu, não é? – perguntou aquela voz tão familiar as suas costas. Ela não conseguiu evitar sorrir.

– Não te ouvi em que? – questionou enrubescendo.

– Aquele vestido. – Ele olhou para a roupa da ruiva. - Ainda acho que teria feito bastante sucesso. – Loki sorriu ao falar e recebeu uma tapa no braço, no mesmo instante em que Sigyn virou-se rindo. Ele vestia uma roupa mesclada entre o marrom, preto e vermelho. Completamente divergente do que usava, tanto que não parecia ser Loki ali. O verde era característico dele. A máscara, também preta, era semelhante a de Sigyn. Exceto na parte superior, que era arredondada. Os cabelos negros estavam penteados para trás e os olhos pareciam mais claros aquela noite. – Em que precisa de mim? – perguntou olhando a orelha da mulher, faltando o brinco.

– Só queria ter certeza que você estava atento. – respondeu ela sem desviar o olhar de Loki. Na verdade, queria ter a companhia dele.

– Eu sempre estou. – respondeu sorrindo. Os músicos começaram a tocar e Loki estendeu a mão para a ruiva. – Dança comigo?

– Achei que não fosse convidar. – respondeu segurando na mão do deus e sendo guiada até a pista de dança. Foi um dos primeiros casais que se dispuseram ali. Era comum que os bailes iniciassem com uma música lenta e que seguissem músicas dançantes por toda a noite e não seria diferente nesse. Sigyn aproximou-se de Loki enquanto o deus segurava em sua fina cintura. A mão esquerda da ruiva pousou no ombro de Loki enquanto que a direita, apertava a mão do moreno.

Tantas e tantas vezes ela já havia dançado com ele, em toda a sua vida, mas em nenhum momento sentiu suas pernas tão bambas quanto aquela vez. Achava que era porque agora sabia o que ele sentia ao tê-la tão perto, como ele mesmo já havia mostrado em uma das visões. Passou a questionar-se em como Loki deixou aquilo tomar tamanha proporção e apenas guardou tudo aquilo para ele? Como o moreno conseguia ser tão presente na vida dela, sabendo que se machucava a cada vez que ela o tocava, na inocência? Como ele conseguia ser tão forte? Como ele conseguia manter aquele sorriso, enquanto olhava para ela? Como ela não percebeu que era fascinada por aquele sorriso?

Sua atenção saiu dos lábios de Loki e encontrou os olhos dele. Pareceu que tudo ao redor desapareceu. Era apenas os dois ali, mais ninguém. Desviou os olhos rapidamente porque suas bochechas ficaram quentes. Ela corou violentamente. Estava completamente desconsertada e por isso, escondeu o rosto no peito do deus. Era aconchegante e familiar, principalmente porque o cheiro dele era algo que a ruiva adorava sentir. Sempre foi assim. Os Nove Reinos poderiam desmoronar diante dela, mas se ela pudesse correr para os braços de Loki e deixar que aquele perfume a reconfortasse, tudo estaria bem.

Estava tão distraída que nem ao menos percebeu que a música acabou e que Balder já estava ao lado deles.

– Sigyn, preciso que você conheça alguns de meus amigos, que vivem em Vanaheim. – falou ele segurando a ruiva pelo braço. Ela encarou Loki antes de ser arrastada por Balder. Apenas para dizer para ele que não precisava interferir. Foi levada até um grupo, de cinco pessoas. – Essa é a Sigyn Odinbint. Princesa de Asgard, a dama mais formosa daqui e é somente minha. Sou um homem de sorte ou não? – A jovem retirou a máscara e sorriu. Cumprimentando a todos.

– É muito linda a sua noiva, meu amigo. – falou um jovem de cabelos incrivelmente negros na raiz e arroxeados nas pontas.

– É linda mesmo, não é? – Ele deu um beijo na bochecha de Sigyn e essa olhou para ele com a sobrancelha erguida. – E eu a amo muito. Vou fazê-la muito feliz. – Ele sorriu e a ruiva teve vontade de vomitar.

– Para quando é o casamento? – perguntou uma jovem de cabelos loiros mel. Era muito bonita, com olhos incrivelmente azuis. Sigyn já havia visto aquela mulher antes, mas não recordava de onde. Talvez dos dias que passou em Vanaheim.

– Exatamente vinte e um dias. – falou ele sorrindo. – Estou contando cada segundo. – ele alisou os cabelos da ruiva.

– Deve estar feliz, princesa. – falou uma morena, sentada mais ao fundo. – Balder não é um homem como outro qualquer, é um achado precioso. – continuou ela. Parecia imponente, decidida e segura.

– Por favor, Nana. – pediu ele fingindo estar encabulado. Virou-se para Sigyn, encarando-a de uma forma que a assustava. Uma forma terna. – Quer beber alguma coisa, meu amor?

– Não, querido. Obrigada. – respondeu tão falsa quanto ele.

– Eu insisto. – ele sorriu e Sigyn tremeu. – Vou pegar algo para nós. – Ele deu um beijo na testa da ruiva. – Com licença.

Os amigos de Balder assentiram e Sigyn ficou na companhia deles por mais alguns monótonos minutos, antes que aquilo se tornasse algo desagradável. Assim que isso ocorreu, Sif aproximou-se e ela agradeceu com todas as forças por tê-la tirado a atenção dos visitantes, mas acabou arrependendo-se quando virou-se e deu de cara com Loki, conversando com Dirta. Ele sorria. O sorriso que deveria ser para ela.

Sentiu a raiva crescer dentro de si. Tanto por Loki quanto por sua falsa amiga. A respiração ficou pesada e antes que ela tomasse qualquer atitude que viesse fazer com que ela se ferisse, resolveu deixar a festa.

– Sif, não estou me sentindo bem. – comentou ela. Recolocou a sua máscara, para que ninguém a reconhecesse no percurso de retorno. – Me desculpe, mas eu vou indo para casa. Avise ao meu irmão.

– Qual dos dois? – perguntou a deusa da guerra, mas não obteve resposta. Sigyn já havia ido.

...

Subiu as escadas do palácio poucos minutos depois. Estava arrasada e completamente diferente do que costumava ser. Tanto que os guardas estranharam ela passar por eles e não dar um boa noite. Coisa que ela nunca deixou de fazer.

Entrou no saguão de entrada e observou o lugar. Estava um silêncio mortal ali e ela odiava aquela sensação de solidão. Retirou os sapatos e subiu descalço até seu quarto. Não gostava de usar sapatos quando estava em casa.

Encontrou com o guarda no corredor dos dormitórios e lhe deu a ordem para que não deixasse ninguém aproximar-se dos seus aposentos, mesmo que fosse o príncipe de Asgard. O guarda assentiu.

Sigyn bateu a porta do quarto com força e retirou a máscara, arremessando-a em um canto qualquer, juntamente com os sapatos. Encostou-se na parede e deixou que o corpo caísse sentado no chão. As palavras de Dirta, o sorriso de Loki e aquela raiva toda não saiam de sua cabeça. Juntamente com isso, veio a vontade de chorar.

Ela sentiu-se traída.

Ergueu-se do chão e tirou o vestido vermelho. Puxou o laço do espartilho e esse folgou imediatamente. O tirou de qualquer jeito e colocou em cima da cama. Parou de frente para o espelho, da sua penteadeira, apenas usando o vestido cor-de-rosa fino.

Começou a tirar todos os adornos que enfeitavam os seus cabelos, deixando que as grandes mechas vermelhas, que passavam dos quadris, caíssem por suas costas. Ensopou um pedaço de algodão em uma solução de rosas e começou a passar no rosto, retirando toda a maquiagem de suas bochechas e olhos, limpando todo o resquício dela. Deixando-a de cara limpa.

Ao terminar, Sigyn se viu no espelho. Estava de frente para ela mesma, encarando a si própria. Sem máscaras e sem maquiagem. Só ela. Os olhos em brasa, por causa das lágrimas que não se permitiu chorar. Lágrimas de decepção, lágrimas de raiva, lágrimas de traição. Perguntava-se porque dava tanta importância ao que ocorreu? Loki já havia conversado com tantas e tantas mulheres antes. Porque se importava agora? Por que sentia como se tivesse tido o coração esmigalhado? E porque agora não conseguia parar de chorar? Sentia um aperto no peito ao saber que ele estaria com Dirta agora, nos braços dela.

Estava tão absorta em seus pensamentos que demorou a perceber a gritaria do lado de fora de seu quarto. Aproximou-se da porta e encostou-se ali.

– Deixe-me passar, soldado insolente. – A voz de Loki alastrou-se pelo corredor.

– Eu sinto muito, alteza. Eu recebi ordens da princesa para não deixar ninguém aproximar-se do quarto dela. Nem mesmo o senhor.

– Ela disse isso? – perguntou ele. Sigyn respirou fundo.

– Sim, alteza. – respondeu o soldado. O silêncio voltou ao corredor antes que Sigyn ouvisse uma porta bater com força e o soldado respirar aliviado.

Ela voltou a olhar o seu quarto e aproximou-se de sua cama, voltando a chorar. Subiu de qualquer forma, enrolou-se nos cobertores e deitou-se encolhida. Sua mente dava voltas e ela não sabia o que pensar, apenas fazia. E foi nesse momento que ela se deu conta do porque ter sido tão afetada com aquilo.

...

Ela passou a noite acordada. Se muito havia dormido foram duas horas. Levantou-se tão cedo quanto pode e esperou que suas damas preparassem um banho para ela.

Depois de tomá-lo, arrumou-se em um vestido de musseline com dégradé entre o roxo e o branco. Tinha apenas uma manga e até a cintura era enfeitado com pedrarias e bordados de arabescos. Uma faixa roxa dividia a parte de cima da saia, que descia em um corte aberto, dando bastante volume.

Fez uma maquiagem leve e se permitiu usar os cabelos inteiramente soltos, sem nenhum adorno. Respirou fundo ao chegar na porta e deixou seu quarto. Desceu as escadas devagar, não tinha pressa para chegar a mesa de café da manhã. Ao chegar ao final da descida, estranhou a ausência dos soldados que faziam a guarda. Eles nunca saiam dali. Tentava ainda descobrir uma razão para aquilo quando foi pega pelos cabelos e encostada em uma parede.

– Bom dia, amor. – falou Balder ao seu ouvido. – Dormiu bem? Porque eu não. – Ele deu uma puxada com força nos cabelos dela que a fizeram gemer de dor. - As chacotas de meus amigos me atormentaram a noite inteira.

– Balder, me solta. – falou ela.

– Não mesmo. – ele puxou outra vez. – Como pode sair e me deixar sozinho? Me humilhar daquela forma?

– Eu não me senti bem. – respondeu ela. – Por favor, me solta.

– Eu vou te ensinar a me respeitar, Sigyn. – Balder respirava pesadamente. Estava beirando a ira. – Se a rainha não te ensinou a ser submissa, eu vou lhe ensinar.

– Guardas! – chamou ela.

– Grite o quanto puder, nenhum deles vai vir. – o homem a virou de frente para ele, apertando seu braço. – Eu ordenei que eles não estivessem aqui e eu sou o líder do exército, princesa. Não podem desobedecer uma ordem minha. – ele alisou o rosto da ruiva. – Prometo tentar não deixar marca. – ergueu a mão para pegar impulso, mas foi afastado por um soco no rosto.

– Mas eu não prometo. – respondeu Loki. Balder o encarou respirando fundo. Tocou no lábio inferior e viu que o deus o havia sangrado.

– Vai se arrepender de ter feito isso, bastardo. – ele correu na direção de Loki e o derrubou nas escadas, tentando acertá-lo com socos, mas o deus era muito rápido também.

Sigyn entrou em completo desespero quando Balder deu um chute em Loki. O homem caiu, arfando, do outro lado da sala. Ela não podia permitir que Balder o machucasse. Não podia.

Saiu correndo, na direção da saída. Tinha esperança de encontrar algum soldado do lado de fora e chamá-lo para impedir que uma desgraça acontecesse. Ao chegar às escadas da frente, não viu nenhum deles, mas encontrou o seu irmão, Lady Sif e os Três Guerreiros que se aproximavam rindo e conversando.

– Thor! – ela gritou e o loiro a olhou. – Me ajuda ou o Balder vai matar o Loki! – O deus do trovão correu, juntamente com seus amigos, atrás de Sigyn que voltou até onde acontecia a briga.

Balder segurou o moreno pela camisa e lhe deu um soco no rosto. Ela não podia só olhar, não podia permitir que aquele brutamontes machucasse Loki.

Correu na direção deles, tentando separá-los, mas recebeu uma tapa forte no rosto, que a jogou no chão. A mão do noivo ficou marcada no rosto da deusa da fidelidade.

Loki levou os olhos na direção de Sigyn, que ainda permanecia caída. Ela segurava o rosto com uma das mãos e se matinha em estado de choque. Ele não aguentou vê-la daquela forma: os olhos molhados de lágrimas, a marca vermelha no rosto, o vestido rasgado. Aquilo não ficaria assim.

O deus puxou uma de suas adagas das costas. Não pensava em matar Balder antes, mas no momento em que ele tocou em Sigyn, o moreno esqueceu completamente a razão. Ele ia fazer Balder sentir dor, uma dor que ele nunca havia sentido antes. Ia mexer com o psicológico do loiro o tanto quanto aguentasse.

Enfeitiçou a adaga e o cortou. A magia entrou pela ferida e começou a correr por dentro do soldado, como se fossem pequenas serpentes. Balder começou a gritar, em completo desespero, enquanto sentia aqueles animais andando dentro de si.

Ele pegou um canivete, que andava na cintura, e começou a cortar as ondulações sob a pele, na esperança de retirar os bichos que o mordiam e o incomodava. Somente ele via aquilo.

– Feiticeiro maldito. – gritou quando cortou outro pedaço de seu braço. – Eu vou arrancar sua cabeça.

Enquanto Balder tentava desvencilhar-se, Loki materializou sua lança. Um único golpe seria necessário e Sigyn estaria livre.

Correu na direção do homem, com a lança apontada para ele, e por pouco não o acertou. Não o fez porque Thor arremessou o martelo na direção da arma do irmão, impedindo que ela empalasse Balder.

– O que pensa que está fazendo?! – ele gritou com o loiro. Sif correu até a princesa, amparando-a.

– Não é assim que se resolve, irmão. – respondeu o deus do trovão, com uma voz extremamente grave. – Desfaça o feitiço.

– Ele agrediu Sigyn! – Loki falava entre os dentes, com raiva evidente. Estava transtornado. – Merece tudo isso e muito mais!

– Me escute, irmão, e desfaça. – os olhos azuis do loiro o miravam de uma forma séria, o que fez com que Loki ordenasse que o feitiço chegasse ao fim. Balder respirou fundo quando se viu livre. Os braços com vários cortes, sangravam bastante. – Ótimo. Agora é a minha vez. – Thor virou-se na direção do soldado e o acertou em cheio com o martelo, no queixo. O homem caiu desmaiado no chão. – Ninguém toca na minha irmãzinha.

– Você está bem? – perguntou Loki, largando a lança no chão e correndo até a ruiva. Ela balançou a cabeça negativamente e o abraçou. Ele beijou-lhe o topo da cabeça e ela começou a soluçar alto, com o rosto enterrado no peito do deus. – Eu estou aqui, não vou deixar que ele lhe toque outra vez.

– Não podemos fingir que nada disso aconteceu. – falou Sif levantando-se e encarando Thor. – Ele agrediu a princesa de Asgard e lutou contra o príncipe. Balder está descontrolado e precisa ser detido.

– Você tem razão. – concordou o deus do trovão. – Vamos levar Balder até meu pai. Esse casamento não pode acontecer.

– Nós o levaremos. – falou Hogun pegando Balder por um braço e Frandal pegou pelo outro. Loki ergueu Sigyn e seguiram todos até a sala de Odin. Invadiram o local sem serem anunciados. O Pai de Todos estava tendo uma audição com alguns súditos, que ao verem o estado de Loki e de Balder, assustaram-se. Odin ordenou que eles deixassem o salão do trono e passou a ouvir o que os filhos tinham a dizer.

– Meu pai, precisamos conversar com o senhor. – falou o loiro fazendo uma reverência.

– O que aconteceu? – Odin levantou-se do trono rapidamente.

– Balder agrediu Sigyn. – Loki respondeu ainda tendo a mulher abraçada a ele. – Ele tentou bater nela mais cedo e eu a defendi. Ele ia feri-la. – Enquanto o deus falava, os dois guerreiros largaram Balder no chão que acordou com o impacto.

– Ele atacou dois membros da família real, meu pai. – concluiu Thor.

– Isso é verdade, Balder? – perguntou Odin. – Você ousou agredir dois de meus filhos? – O soldado, que ajoelhou-se quando percebeu onde estava, nada disse. – Me responda! – Odin gritou. A voz imponente espalhou-se por aquele salão. Os soldados que estavam fazendo a guarda ao lado do trono de Odin, olharam-se de soslaio.

– Sim, meu senhor. – respondeu. – mas foi sem querer.

– O que? – Loki soltou-se de Sigyn. Iria para cima de Balder se ele repetisse aquilo.

– Eu estava dando bom dia, para a minha noiva e seu filho... – ele deu ênfase na ultima palavra. -... me agrediu sem propósito algum. Durante a briga, a princesa veio tentar nos separar e uma das tapas a atingiu. Foi um acidente.

– Eu vou matar esse desgraçado. – Loki voltou a materializar a lança, mas Thor o segurou.

– Pai. – falou o loiro. – vai preferir acreditar nesse “homem” a acreditar em seus filhos?

– Mas é obvio que não. – respondeu Odin.

– Pai, eu imploro, não me deixe casar com ele. – Sigyn aproximou-se do trono. A marca da tapa, ainda que estivesse mais claro, era completamente visível no rosto dela. Odin a segurou pelo queixo, observando os cinco dedos marcados.

– Eu não posso. – falou ele. Os olhos de Sigyn arregalaram-se. – Eu dei a minha palavra, como rei, de que ele casaria com você. Um rei não pode voltar atrás em sua palavra. – Balder sorriu sem que eles o vissem. Sigyn afastou-se assustada, voltando ao grupo. – mas posso garantir que ele nunca mais levantará um dedo em sua direção. – Odin desceu do trono e apontou a Gungnir para o homem, que permanecia ajoelhado. – Balder, filho de Okrum, se chegar ao meu conhecimento que você feriu a minha filha outra vez, eu mando executá-lo imediatamente. Sem conversa e sem chance de defesa. Basta que Sigyn me diga que você a maltratou. Você entendeu?

– Sim, meu rei. – respondeu ele.

– Estamos conversados. – Ele se demorou encarando o soldado. Voltou-se para Sigyn e deu-lhe um beijo em sua testa. – Vão todos até a sala de cura.

Lady Sif e os Três Guerreiros saíram da sala primeiro, sendo seguidos por Loki e Sigyn. O moreno precisava mesmo de cuidados, tinha um corte na testa que sangrava.

Thor saiu por último e encostou-se a uma das paredes, esperando que Balder deixasse a sala do trono. Assim que os soldados fecharam a porta, depois da passagem do homem, o deus do trovão o pegou pelo colarinho da camisa e o jogou contra uma parede.

– Agora é só eu e você. – o homem tentou desvencilhar-se, mas Thor era extremamente forte. – Você tinha um amigo em mim, Balder, mas agora eu te odeio. – Ele pressionou o soldado contra a parede. – Meu pai pode ter liberado você dessa, mas eu não vou. Eu serei rei, mais cedo ou mais tarde, e ai de você se chegar aos meus ouvidos que ousou fazer Sigyn chorar. Eu juro que farei você derramar duas vezes mais lágrimas que ela. Entendeu?

– Sim, meu príncipe. – respondeu Balder baixo, em tom de deboche. Thor percebeu.

– Bom garoto. – ele deu umas tapinhas no rosto do homem e o soltou. Sorriu para ele e seguiu na direção da sala de cura. Balder respirou fundo, tentando se acalmar, mas não sem antes dar uma tapa em um dos vasos e derrubá-lo.

...

Dois dias se passaram e tudo parecia tranquilo. Sigyn não foi importunada por seu noivo, naquele período, e respirava aliviada pelo isso. Também passou a ficar mais tempo ao lado de Loki, fosse no planetário ou jogando xadrez na biblioteca. Ela sempre dava um jeito de ficarem juntos.

Na noite anterior o irmão mais velho, Thor, convidou os dois para passarem o dia com ele, Lady Sif e os Três Guerreiros. Iriam se divertir na cachoeira depois de dias de treinamento pesado.

Cada um seguiu montado em seu próprio cavalo e chegaram ao local faltando poucas horas para o almoço. Sif prontificou-se a arrumar tudo para que eles comessem enquanto os outros conversavam animadamente, próximos da água. As meninas usavam roupas bastante comportadas. Era uma espécie de vestido, que seguia até pouco acima do joelho e cobria um short comprido. Sem mangas e de cores escuras, para não correr o risco de ficar transparente em contado com a água. Não havia bordados e nem arabescos. Era apenas uma roupa para banho.

Os rapazes tomavam banho apenas de calça, exceto Loki. Ele não mudou as vestes dele. Usava uma roupa simples, sem os detalhes dourados, mas sempre nas cores verde e preto.

– Descanso. – falou Frandal deitando em um pano comprido, estendido sobre a grama. – viver em Asgard está cada dia mais difícil. Vou passear um pouco por Midgard ou Vanaheim. – Ele respirou fundo, fechando os olhos. – Ouvi dizer que as mulheres de lá estão ainda mais lindas.

– Você tem razão, meu amigo. – falou Thor sorrindo.

– Asgard está uma loucura, principalmente agora faltando menos de três semanas para o casamento de Sigyn. – falou Volstagg na inocência, sem prestar atenção nos seus amigos. Apenas admirava um enorme sanduiche que acabara de montar. O sorriso que a ruiva mantinha no rosto, desapareceu quase que instantaneamente, depois de ouvir o que o guerreiro disse. Hogun deu uma tapa nas pernas dele e só então o homem percebeu a burrada que falou. – Me desculpe, Lady Sigyn.

– Não se preocupe, Volstagg. – respondeu ela respirando fundo.

– Lady Sigyn, se me permite. – Frandal levantou-se e ajoelhou-se diante da ruiva. – Eu me apresento para fugir com a senhorita. Te levarei a um passeio pelos Nove Reinos e impedirei que se case com Balder. Seja minha, princesa. – abaixou a cabeça, com a mão no peito. Sigyn começou a rir.

Thor e Loki se encararam de uma forma cúmplice e levantaram-se de onde estavam. Cada um segurou Frandal por um dos braços e, mesmo ouvindo os protestos do amigo, o jogaram no rio.

– Vamos ver se ele se acalma agora, depois de um banho de água fria. – comentou Thor sorrindo, esfregando as mãos umas nas outras. Volstagg se levantou e começou a rir alto. Segurava um sanduiche enorme nas mãos. – Está rindo muito. Vai você também. – Thor empurrou o amigo e esse acompanhou Frandal no banho. A água ergueu-se há alguns metros e quando abaixou, todos gargalharam. Volstagg estava com a mão, que segurava o sanduiche, para fora do rio. Ele poderia se molhar, mas o sanduiche não. – Quer saber? – Thor pegou Hogun e Sif, pela cintura.

– Thor, não se atreva. – gritou a deusa da guerra, mas já era tarde. O loiro já havia jogado os dois também, mas não esperava que fosse segurado e caísse junto com eles.

Sigyn não estava mais conseguindo respirar de tanta gargalhada que dava. Sentia-se tão bem com seus amigos que não imaginava viver sem a companhia deles. Até que seus olhos encontraram-se com os de Loki. O moreno sorriu.

– Nem pense nisso. – falou ela. Imediatamente várias cópias, do deus da trapaça, surgiram ao seu redor. Ela estava cercada e qualquer deslize, faria companhia aos outros.

Mesmo que não pudesse mais ver seus amigos, Sigyn ouvia os gritos da torcida: “Você consegue, Sigyn”, “Dá um banho nele”, “É o da esquerda”, “Que sanduiche gostoso”.

A ruiva olhava para cada uma das cópias de Loki e enrubesceu. Ela amava aqueles olhos verdes, ainda mais multiplicados por mais de dez vezes. O perfume dele também ficou mais forte, como se cada cópia tivesse, além da aparência, o seu cheiro.

– É só você e eu. – ouviu as cópias imitarem umas as outras com incrível sincronia. – Não vai conseguir saber quem é o verdadeiro.

– Não mesmo? – respondeu a garota e segurou Loki pela mão, empurrando-o no rio. As cópias desapareceram. Loki ergueu-se da água, colocando os cabelos negros para trás, usando as mãos. Encontrou a ruiva com os braços cruzados e um sorriso amplo no rosto. Gostou de ver aquilo. – Eu sou a melhor. – Ela ergueu os braços e começou a pular. – Isso merece a dancinha da vitória.

– Ah não! – gritou Sif. – Ela não sabe fazer a dancinha da vitória. – Sigyn começou a mexer-se, sem saber muito o que estava fazendo. Comemorava ter ganhado, pela primeira vez, do deus da trapaça. Estava tão feliz que nem percebeu que Loki havia feito um floreio com uma das mãos e uma quantidade grande de água subiu e a puxou pela cintura, derrubando-a dentro do rio.

– Seu... – ela ergueu-se indignada e jogou água em Loki. -... trapaceiro.

– Obrigado pelo elogio. – agradeceu sorrindo. Ficou sério no segundo seguinte. - Como soube quem era o verdadeiro eu?

– Você era o único que mantinha um sorriso debochado nos lábios.

...

A ruiva havia saído do rio e sentado na grama, por alguns minutos. Como Sif aproveitou para divertir-se um pouco, dentro da água, o almoço acabou atrasando e a princesa já sentia fome.

Loki estava sentado, encostado em uma pedra, lendo um livro de capa escura e sem título. Estava tão entretido que não percebeu que Sigyn o observava. A mulher sorriu ao ver as expressões dele mudar enquanto lia. Uma hora deixava um sorriso pequeno aparecer, outra franzia o cenho de uma forma questionadora. Era hipnotizante vê-lo lendo, mas a fome falou mais alto.

Quando estava indo para a cachoeira, percebeu que havia árvores dando frutos e o cheiro a agradou grandemente. Seria uma alternativa contra a fome, enquanto Sif não concluía o almoço.

Levantou-se rapidamente, calçou os pés e seguiu para dentro da mata. Encontrou os cavalos pastando mais a frente e alisou a cabeça do seu Frísio, que pediu carinho. Entrou no meio das árvores frutíferas e parou de frente para uma linda mangueira. O cheiro era tentador.

Ela olhou para cima, para uma das frutas maduras, e a boca salivou.

– Mesmo depois de anos de treinamento, ainda não aprendeu que não devemos andar sozinhos em uma floresta? Principalmente um de nós três? – Falou o homem atrás dela.

– Estavam todos ocupados e eu queria comer alguma coisa. – ela não desviou atenção de uma manga grande e extremamente madura. – Não quis incomodar.

– Você não incomoda. – respondeu ele sorrindo. Aproximou-se da ruiva e parou ao seu lado. – Como pretende pegá-la?

– Se o Thor estivesse aqui, bastava ele jogar o martelo. – ela respondeu. – Sua lança não vai até lá.

– O que pretende fazer então?

– Eu vou subir. – respondeu ela, aproximando-se do tronco da árvore e procurando um apoio para seus pés.

– Você pode cair, Sigyn. – falou Loki segurando no braço da ruiva. Ela o olhou por um tempo.

– Não vou não. – Sorriu para ele. – você não me deixaria cair.

– Não deixaria mesmo. – Sigyn o encarou e depois olhou para a mão do deus, ainda segurando seu punho. Loki a soltou e a ruiva começou a subir na árvore, chegando a fruta alguns minutos depois.

– Eu vou jogar. – gritou ela de cima. Loki ajeitou a mão em concha, para segurar a fruta que despencou rápido da árvore. – Você quer?

– Não, eu estou bem. – respondeu o deus.

– Eu estou descendo. – falou mais para si do que para Loki. Apoiou-se em um galho e percebeu a altura que estava. – Droga.

– O que houve? – o deus olhava para cima.

– Nada. - respondeu Sigyn, respirando fundo e segurando-se em outro galho. Loki percebeu que ela estava com dificuldade para descer, já que não havia a mesma graciosidade com a qual havia subido. Ela fez com que seu pés apoiassem em uma protuberância no tronco e tentou alcançar a parte maior dele, mas não conseguiu. Ameaçou cair uma vez e por causa disso, bateu suas costas em uma das galhas.

– Não tente! – gritou Loki.

– Se eu não tentar, vou viver aqui em cima. – Ela sorriu.

– Pula que eu te pego.

– Loki, é muito alto. Não seja tolo! – ela olhou para baixo.

– Confie em mim. – ele sorriu. – Eu pego você. – Sigyn o olhou por um tempo e então assentiu. Segurou no galho, com as duas mãos e pendurou-se. Respirou fundo e largou-se. Segundos depois as mãos do deus estavam ao redor de sua cintura e ela pousava, tranquilamente, ao chão.

Roxie sorriu ao ver aquela cena. Lembrou-se que algo semelhante aconteceu quando eles tiveram que voltar ao prédio da S.H.I.E.L.D, quando estavam ainda sob ataque. Voltou a acompanhar a cena seguinte.

O coração de Sigyn, quase quebrando as costelas, nada tinha a ver com a adrenalina da situação. Era porque o deus estava tão próximo que ela não sabia mais diferenciar a sua respiração da dele. Os lábios finos separados, de um forma que era tentadora. Os olhos verdes esquadrinhavam o rosto da deusa e ela jurou que ficou rubra com aquilo.

Loki ergueu a sua mão direita e colocou uma mecha do cabelo vermelho para trás da orelha dela. Sigyn sorriu. O deus passou a acariciar o rosto da jovem de uma forma terna e a mulher beijou-lhe a mão. Uma demonstração de carinho tão forte que ele sentiu-se pleno com aquilo.

Sorriu no instante em que seus dedos acariciaram os lábios da ruiva e ela fechou os olhos. Permitiu assim que a mesma mão corresse para a nuca de Sigyn e a aproximasse dele. Ele sempre imaginou como seria beijá-la, mas parecia algo tão impossível, que ele espantava os pensamentos com a culpa o consumindo. Não havia culpa agora e ela estava ali, não havia fugido dele em momento algum. Deixou ser tocada e parecia desejar aquele beijo tanto quanto ele.

Os lábios dela separaram-se enquanto o deus aproximava-se. A respiração ficou pesada e rápida demais. Loki entrelaçou os dedos nas raízes vermelhas de Sigyn e ela sentiu todos os pêlos do corpo arrepiar, mas antes que pudesse sentir os lábios de Loki nos seus, ouviu seu nome ser gritado. Afastou Loki segundos antes de Sif os encontrar.

– Eu achei vocês. – ela respondeu sorrindo. Loki a olhou seriamente. - Porque se afastaram?

– Porque nos afastamos? – perguntou a ruiva assustada com a pergunta.

– É. – respondeu Sif. – Porque se afastaram do grupo?

– Ah! Eu estava com fome e vim atrás de alguma fruta. Loki veio comigo, para não me deixar só. – respondeu ela pegando a manga de cima de uma pedra.

– Larga isso. – falou ela sorrindo. – O almoço está pronto. – Sif pegou no punho de Sigyn e a puxou de retorno para onde os outros estavam. A ruiva ainda olhou para Loki por cima do ombro. O deus respirou fundo e seguiu as duas.

...

O grupo voltou para o palácio quando o sol ameaçou ir embora. Não poderia arriscar andar pelos campos e florestas de Asgard a noite. Os bilchsteims preferiam caçar nesse horário.

Durante toda a tarde, Loki e Sigyn lutaram para evitar os olhares, mas era quase impossível.

Os sete pararam nos estábulos e conversaram um pouco mais antes que chegassem aos seus ouvidos que haveria uma festa na taberna e que toda a Asgard era convidada.

– Eu não vou. – respondeu Sigyn depois que Thor propôs que eles encerrassem o dia com cerveja e boa música. – Estou me sentindo bastante cansada e além do mais, ganhei um belo hematoma.

– Se ela não vai, também não vou. – respondeu Sif. – Que tal fazermos uma noite só nossa? Só das garotas?

– Eu acho que você deveria ficar também, Thor. A sua festa é essa. – brincou o deus da trapaça, recebendo um murro no braço. Sigyn e Sif sorriram.

– Se vocês vão fazer uma festa das garotas, faremos uma com os garotos. – Thor passou o braço ao redor do pescoço de Loki e de Hogun.

– Eu também não vou. – comentou o moreno e olhou rapidamente para Sigyn. Imaginou em ir falar com ela, depois que Sif se fosse.

– Nada disso. – Frandal andou até ele. – As meninas ficam, os rapazes vão beber e papear com mulheres bonitas. Eu vi a forma como você e Dirta ficaram na festa. Ela é uma mulher muito linda e vai estar lá, tenho certeza. – Loki olhou para Sigyn rapidamente e a viu ficar séria. Não gostou nada daquela história. Ele sorriu de lado e aceitou ir com os rapazes.

– Divirtam-se então. – respondeu a ruiva, secamente, e pegou no braço da amiga, puxando-a para dentro do palácio.

– Vamos logo embora. – falou Thor puxando o deus da trapaça e descendo com o grupo. Passariam a noite na taberna, bebendo e conversando.

Uma hora antes do sol nascer, todos foram para suas casas. Loki e Thor voltaram para o palácio. O moreno segurava o loiro, porque já não conseguia se manter em pé. Estava bêbado de verdade. Loki não bebeu muito, de modo que era o único do grupo que se mantinha sóbrio. Ele nunca foi de beber, apenas um copo e estava de bom tamanho. Ele usava o cérebro, não poderia se dar ao luxo de confundi-lo.

Os dois entraram no jardim do palácio e Loki sorriu ao ver a silhueta de uma mulher, na janela do quarto de Sigyn. Ela havia passado a noite em claro. Ao vê-los chegar, aquietou-se. Sabia que se Dirta tivesse na festa, teria ficado em cima do deus da trapaça o tempo todo e o pior era imaginar que Loki corresponderia, então não voltaria para casa. Não com o Thor. Provavelmente ela não havia ido, mas se tivesse aparecido por lá? Dava tempo dela sair com o moreno e ele ainda voltar a tempo para trazer o Thor para casa. Percebeu que ficaria louca se continuasse pensando nisso, precisava saber.

Seguiu até a porta, iria perguntar para ele se Dirta havia aparecido na festa. Estava disposta a esperar ele passar por ali, mas lembrou-se que Thor estaria com ele. Mesmo o irmão estando bêbado, não seria uma conversa legal de se presenciar. Fechou a porta em seguida e apagou as velas que iluminava seu quarto.

Loki entrou no corredor, no mesmo instante em que ela fez aquilo. Sorriu ao perceber que ela estava inquieta. Levou o loiro até seu quarto e o colocou na cama. Thor teria uma ressaca poderosa no dia seguinte. Fechou a porta do quarto e seguiu até o de Sigyn e bateu. A ruiva fez que não ouviu e seguiu até sua cama, deitou-se e se cobriu. Ele bateu uma segunda vez e nada. Ia bater a terceira, mas desistiu. Sabia que Sigyn estava mesmo chateada com ele. Não daria ouvidos ao que tinha a dizer. Respirou fundo e seguiu até seu quarto. Conversaria com ela pela manhã.

...

Sigyn não dormiu, como era de praxe acontecer quando Loki a aborrecia. Ficou virando-se de um lado a outro a noite inteira. Arrependeu-se de não ter aberto a porta, quando Loki bateu, mas estava tão chateada que nem pensou duas vezes, antes de ignorá-lo. Na verdade, ainda estava bastante chateada.

Arrumou-se com um vestido de decote canoa, trabalhado em tule e seda verde. Os bordados de pedras, cobriam toda a área do busto e finalizava como leves cascatas na saia, dando a impressão que algumas das pedras escorriam como água. Os cabelos vermelhos estavam presos, na parte de cima, e soltos em baixo. Enfeitados apenas com um arranjo de flores.

No rosto havia uma maquiagem bem discreta, apenas uma leve ruborizada nas maças do rosto, um batom cor-de-rosa e um lápis no olho.

Seguiu pelos corredores dos dormitórios, cumprimentou alguns soldados, que faziam a ronda, e chegou até a sala onde Thor, Loki, Sif e os Três Guerreiros, tomavam café. Frigga e Odin já haviam comido no quarto.

– Sigyn, achei que dormiria pelo resto da manhã. – falou Thor.

– Como consegue estar com essa disposição, tendo voltado tão bêbado ontem à noite e mal conseguia manter-se nas pernas? – perguntou a ruiva. Não estava bem humorada, por isso a grosseria com o seu irmão.

– Que bicho lhe mordeu, irmã? – perguntou o loiro.

– Nenhum. – respondeu ela seriamente. Pegou duas frutas da mesa e um pedaço de pão. Olhou para Loki e o deus ergueu uma de suas sobrancelhas. Ela havia ficado, realmente, com raiva dele. – Com licença.

Todos se entreolharam sem entender absolutamente nada. Sigyn nunca agia daquela forma, a não ser que algo a tivesse magoado muito. Loki afastou sua cadeira e levantou-se.

– Com licença. – falou o moreno. – Eu perdi a fome.

...

Sigyn andou até os jardins e sentou-se aos pés de uma árvore. Envolveu o pão e as frutas em um lenço e os colocou de lado. Não estava com fome agora. Passou a observar as pessoas que trabalhavam por ali, até que avistou Axe vindo sorridente em sua direção.

– Bom dia, princesa. – ela segurou na barra da saia e fez uma saudação graciosa.

– Que mania você tem. – Sigyn sorriu. – Não precisa fazer isso quando me ver. Somo amigas.

– Mas eu sei ver meu lugar de plebeia. – respondeu ela. – O que há com você? Me parece abatida.

– Eu só não consegui dormir bem a noite. – respondeu ela. Não mentiu.

– Era para você ter ido à festa da taberna. Senti sua falta e a de Sif. – ela fez um bico.

– Eu estava tão cansada ontem, Axe! Achei por bem não ir. – Sigyn respirou fundo. – Dirta também foi?

– Todas “As Seis” foram. Exceto você e Sif.

– Vocês devem ter se divertido muito, não é? – ela encarava a amiga que sorriu.

– Eu me diverti muito. – ela sorriu. – Seu irmão é bastante divertido.

– Qual dos dois? – ela perguntou sem vontade. Um deles não era seu irmão, mas ninguém em Asgard sabia daquilo.

– Thor, é claro. – respondeu ela sorrindo. – Rimos a noite toda, embora Dirta tenha preferido o Loki. – O sorriso de Sigyn desapareceu. – Passaram a noite inteira jogando aquele joguinho de tabuleiro irritante. Como é o nome daquilo?

– Xadrez? – perguntou ela erguendo uma sobrancelha.

– Isso, xadrez. – a loira sorriu. – Depois ele decidiu que era hora de ir para casa e pegou o Thor. A festa acabou logo depois que eles e os Três Guerreiros foram embora. – Assim que se calou, ouviu Warla chama-la. A ruiva apenas acenou para Sigyn, de longe. Axe despediu-se e correu até a amiga. A princesa as observou, antes de perceber que Loki sentou-se ao seu lado.

– O que aconteceu com você? – perguntou ele seriamente.

– Nada! Eu estou bem. – respondeu a ruiva, pegando o pedaço de pão e dando uma mordida nele.

– Porque não abriu a porta para mim ontem? – perguntou ele, olhando a mulher.

– Eu estava dormindo. – respondeu sem olhar.

– Se estava dormindo, como sabe que o Thor chegou bêbado em casa? Mal conseguindo andar? – Ele sorriu debochado.

– Os guardas falam demais. – respondeu ela e Loki sorriu ainda mais.

– Deveria ter ido a festa. Estava muito boa.

– Não me arrependo de não ter ido. – Sigyn mordeu o pedaço de pão e respirou fundo. – Eu fiquei sabendo que “As Seis” estavam lá, exceto eu e Sif.

– Sim, estavam. – Ele encostou-se no tronco da árvore, enquanto falava. – E Dirta estava linda.

– Estava não é? – perguntou a ruiva. – Ficou com ela a noite toda?

– Sim, a noite toda. – respondeu Loki e a ruiva balançou a cabeça.

– Fazendo o que?

– Assim me deixa sem saber o que dizer, Sigyn.

– É tão difícil assim, dizer que jogaram xadrez a noite toda? – ela o encarou, pela primeira vez, desde que ele sentou-se ao seu lado. – Você é um péssimo mentiroso, Loki. – O deus a olhou incredulamente. Ouviu-se ser chamado de péssimo mentiroso, justo ele que era o deus da mentira. Indignou-se de uma forma quase cômica para a ruiva.

– Eu sou é? E você é bem engraçada com ciúmes. – rebateu, tentando mudar o foco do assunto.

– Eu não tenho ciúmes da Dirta. Ela nunca trairia o nosso amor. - Falou numa ironia seca o fazendo rir.

– Isso é novidade para mim! Não que eu ache ruim... - debochou a olhando pelo canto dos olhos e vendo a expressão dela se alternar da frieza para a indignação em segundos. Ela lhe deu um tapa no braço, reprimindo uma risada. Ele não se preocupou em esconder que sorria. - Mas não era ciúmes com relação a ela. Sabe que não estou falando nesse sentido.

– Ciúmes de quem, então? De você? – ela sorriu e o deus ergueu uma de suas sobrancelhas. – Não me faça rir.

– Com licença, princesa. – pediu um guarda, fazendo uma reverência ao aproximar-se. Loki o encarou seriamente. – Sua Majestade, o Rei, solicita que a senhorita vá, imediatamente, até a sala do trono.

– Ele disse o motivo de tanta pressa? – Sigyn questionou.

– Não, princesa, apenas pediu para que eu a conduzisse até lá. – O soldado se colocou ao lado da jovem, ajudando-a a erguer-se do chão.

– Quer que eu a acompanhe? – perguntou Loki.

– Não acho que seja necessário. – ela sorriu. – Vai encontrar com a Dirta, nesse meio tempo. – Sigyn deu as costas para o moreno e seguiu a frente do guarda, enquanto o mesmo a conduzia até a sala do trono. Loki não conseguiu impedir uma gargalhada.

...

O guarda a conduziu até a sala do trono e abriu a porta para ela. Sigyn agradeceu e entrou apressada no lugar, fazendo uma reverência ao chegar na presença do pai.

– Queria me falar, meu pai? – perguntou ela, ainda de cabeça baixa.

– Sim, Sigyn. – Odin levantou-se de seu trono e desceu até ela. – O seu noivo veio conversar comigo hoje. – a princesa ergueu a cabeça e o encarou. Só então percebeu Balder mais ao fundo. – Deixe-me ver se o que ele diz é verdade. – Odin deu a volta na filha e ergueu-lhe os cabelos, o grande hematoma ficou a mostra, na omoplata da princesa. – É verdade.

– O que tem? Foi só um acidente. – ela questionou o pai, se perguntando como Balder soube do que lhe aconteceu. Provavelmente algum soldado viu e lhe contou.

– Sigyn, para o seu bem, estou proibindo a sua saída do palácio. – falou Odin.

– Como é que é? – ela falou séria.

– Não quero que minha mulher esteja marcada, por causa de meninice. – reclamou Balder. – Você pode se machucar feio, em uma dessas estripulias, e teremos que cancelar o casamento.

– Eu vou ser prisioneira, em minha própria casa?! – Sigyn elevou a sua voz uma oitava acima do que falava.

– É só por duas semanas. – falou Odin. – Depois que estiver casada, estará livre.

– Isso é sério?! – ela gritou. – Eu serei uma prisioneira. Balder tratará de fazer isso! – os olhos se encheram de lágrimas. – Como pode aceitar uma coisa dessas? Eu não posso mais deixar o palácio porque ele está com ciúmes. Porque eu passei uma tarde na companhia de meus amigos, aqueles que realmente me amam, e ele não foi convidado!

– Sigyn, controle-se. – Pediu Odin.

– Não, meu pai. Eu cansei disso tudo! – ela gritou. – E fique sabendo Balder, você nunca me terá como mulher. Eu juro. – Ela deu as costas para os dois e saiu correndo. Balder fez menção de ir atrás dela, mas Odin impediu. A ruiva seguiu apressada pelos corredores e saiu pelo jardim, evitando passar por onde Loki ficou sentado. Correu até os estábulos, pegou o primeiro cavalo que viu e saiu apressada do perímetro do palácio. Queria ficar sozinha, queria distância de tudo aquilo e o mais importante, queria desaparecer.

...

Loki caminhava pelos corredores, em direção a sala de jantar do palácio. Quase todos já estavam a mesa, apenas esperando que os outros chegassem. Deu a volta e sentou-se ao lado de Thor.

– Onde está Sigyn? – perguntou ele, reparando que a ruiva não estava ali.

– Eu não a vejo desde o café da manhã. Achei que estava com ela. – respondeu o loiro.

– Eu estava, mas ela foi chamada para ir a sala do trono. – Loki franziu o cenho. – Ela também não está no quarto.

– Será que está tudo bem? – perguntou Thor.

– Provavelmente não. – Loki levantou-se da mesa outra vez e pouco se importou com seu nome sendo chamado por Frigga. Ele seguiu até o corredor da sala do trono e parou de frente para um dos guardas. – Estava aqui na hora que a Sigyn foi chamada?

– Sim, senhor. – respondeu o homem, que usava uma armadura dourada.

– O que houve com ela? – Loki encarou o soldado que tremeu.

– A princesa saiu da sala do trono sem demora, alteza. Seguiu na direção dos jardins. – respondeu ele e o deus não pensou duas vezes antes de seguir para lá. Conversou com mais alguns soldados e descobriu que a princesa saiu a cavalo, em direção a mata.

Correu até o estábulo e pegou sua montaria. Reparou que o cavalo da ruiva estava ali. O tratador disse que ela levou a montaria de algum soldado.

Preocupou-se ao saber disso, pois o cavalo sabe quem o monta e aquele que ela havia pego, provavelmente, a estranharia. Seguiu até a Bifrost.

– Onde ela está, Heimdal? – perguntou o deus, ainda de cima de seu cavalo. Encontrou o guardião na entrada da cúpula.

– Na cachoeira. – respondeu ele e Loki deu meia volta, seguindo apressado pela ponte, passando pela cidade e pelas planícies. Já estava escuro e cavalgar por ali era tremendamente arriscado. Parou em um determinado ponto, quando avistou o cavalo branco pastando. Amarrou o seu animal ao lado dele e os escondeu com magia. Não poderia se dar ao luxo de deixar que alguns bilchsteims se divertissem com eles. Para sua sorte, todos os caminhos eram iluminados por tochas, para que os soldados que faziam a guarda noturna, não se perdessem. Ele retirou uma delas de seu apoio e entrou na mata.

Caminhou por alguns segundos e parou ao ouvir o choro de Sigyn. Era sofrido e abafado, porque ela mantinha a cabeça enterrada entre os joelhos. Ela soluçava profundamente e aquilo não era bom de ver. Ela estava magoada, ferida e devastada. Loki fincou a tocha em um lugar seguro e aproximou-se . O vento levou o cheiro de Loki e ela nem ao menos precisou virar-se para saber que ele estava ali.

– Não sabe que a floresta é perigosa, quando o sol se vai? – ele questionou enquanto aproximava-se dela.

– Vá embora, Loki. – disse ainda mantendo o rosto enterrado nos joelhos.

– Sabe que eu não posso. – ele sentou-se ao lado da ruiva. – Não sem você. – ela respirou fundo. – O que aconteceu?

– O papai me proibiu de sair do palácio até o casamento. – Ela respondeu ainda sem encará-lo. – Balder o convenceu de que eu venho agindo como uma criança e que minhas saídas poderiam causar um ferimento que impossibilitasse o grande dia. Tudo isso porque ele não foi convidado para sair conosco.

– E Odin aceitou isso? – ele perguntou com uma das sobrancelhas erguidas. Desde que soube que não era filho dele, não o chamava mais de pai.

– Se eu voltar para casa, não posso mais sair. – Ela o encarou. Ele conseguiu ver apenas o caminho das lágrimas por causa da luz da tocha. Tudo estava envolto na mais pura penumbra.

– Não chore. – Ele elevou as mãos até o rosto da ruiva e lhe enxugou a bochecha molhada. Sigyn fechou os olhos com a carícia. – Eu vou conversar com ele e ele não te fará prisioneira. É uma promessa.

– Porque isso está acontecendo comigo, Loki? O que eu fiz de tão errado para merecer? – Ela o encarou. – Eu não vou suportar. Faltam duas semanas para essa palhaçada e eu juro... – ela parou de falar e respirou fundo. -... eu me mato antes que ele me toque.

– Ei, me escuta. – Loki pegou o rosto da ruiva com as duas mãos e fez olhar para ele. – Você confia em mim? – ela assentiu. – Então, nunca mais diga uma coisa dessas, entendeu? – Ela não respondeu, só voltou a soluçar. O deus a puxou para um abraço e ela não pensou duas vezes antes de se aconchegar no peito dele.

Era o seu lugar de paz e ela não estava disposta a perde-lo. Porque havia demorado tanto tempo para se dar conta de que Loki era a pessoa que nunca a desamparou? Que sempre esteve quando ela precisou? Porque havia sido tão cega?

Afastou-se e o olhou. Não via a totalidade do rosto do deus. A luz da tocha não era suficiente para iluminá-lo, mas isso não impediu a ruiva de aproximar-se e depositar um beijo singelo nos lábios do deus da trapaça.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e já vou correndo concluir essa viagem de Roxie...
Um mega beijo e nos vemos no próximooo!!

S. Laufeyson!!!