Sobre Humanos e Deuses escrita por S Laufeyson


Capítulo 25
Capítulo 23 - Despedaçados


Notas iniciais do capítulo

Boooooooooooom diaaaaaaaa!!!!
Hoje o dia está lindo, o sol está brilhando, os passarinhos estão cantando e o Nyah está no ar (por que eu tinha a intenção de postar ontem, mas o Nyah! é uma coisa de louco) e por isso, temos capítulo novo.... o/... #TodosComemora ou #TodosChora (ainda não consegui decidir)... kkkkkkkkkkkkkk...

NOÊMIA PONTES: Garotaaaaaaaaaaaaaaa do meu coração. Menina, me mata de uma vez com uma adaga ou coisa do gênero, mas não me mate de chorar não.. :') ... A recomendação foi lindaaaaaaaaaaa demais, ameeeei mesmo! Você é uma querida e agradeço de todo o coração por ter me dado essa honra de ter uma recomendação sua... te adoro amiga e esse capítulo dedico a você (o maior de todos, até agora... o/)

RHAENYS T: Bem vinda de volta e já chegou com um comentário divoso e ameaçador... fiquei tão ansiosa que tive que correr para terminar o capítulo (de puro medo, na verdade... kkkkkkkkkkkkkkk)
Obrigada!!!

A todos que estão acompanhando, meus mais sinceros agradecimentos... caramba, não sabem como eu fico feliz quando vejo um comentário de vocês aqui... cara, meu coração dá um salto de alegria.. obrigada meninas, vocês fazem o meu dia melhor...

Meus lindos fantasminhas, obrigada por vocês existirem!!

É isso amores, RECOMENDAÇÕES são lindas e me deixam no chão de tanto chorar... Me deem esse prazer... .-.

Capítulo revisado e editado por Targaryen, essa linda que amo demais!!!!!!!!

Adicioneeeeeeeeeem o grupo, meu povo.. vamos para a zoeira... o/
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Enfim, vamos logo ao que interessa...



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De acordo com a hora, era para o dia estar claro do lado de fora, mas devido as chuvas, o céu de Vanaheim amanheceu escuro. Sigyn permaneceu acordada durante toda a noite enquanto Loki esteve fora. Ela havia repassado o beijo, a discussão e todo aquele sentimento umas mil vezes somente naquela hora e não houve nenhuma vez em que não tivesse chorado bastante.

Assim que o céu clareou um pouco, através da janela, a deusa colocou-se de pé. Seguiu até o banheiro e lavou o rosto. Olhou-se em um espelho emoldurado com detalhes de ouro, e percebeu o estrago que chorar lhe havia feito. Estava quase irreconhecível. Os olhos vermelhos, o rosto inchado e a feição abatida. Estava destruída.

Saiu em direção à sala e olhou em volta. Ainda estava vazia. Sentiu um aperto no coração. Preocupação. Caminhou até a cozinha e preparou o café. Não havia ninguém para fazer aquilo por ela, afinal Frigga não mandou criadas para Vanaheim e nem podia. Ela sabia que mesmo sendo uma princesa, Sigyn havia aprendido todas as prendas de uma casa e por isso não deslocou ninguém para ficar a serviço deles.

Estava presa em seus pensamentos quando ouviu a porta da frente bater. Suspirou aliviada.

Loki estava ensopado porque a chuva estava beirando a torrencial, mas ele não se importou. Procurou a ruiva na casa e a encontrou calada, de braços cruzados, encostada no balcão. Estava tão devastada quanto ele e aquilo nada tinha a ver com terem ficado a noite em claro.

Ela o encarava de uma forma que o fazia querer dar a meia volta e sair outra vez. Não ter que ver o sofrimento nos olhos dela era melhor do que ter sua presença. Sigyn abaixou a cabeça e desencostou-se do balcão, passou por Loki rapidamente e entrou em seu quarto.

O deus entristeceu-se mais ainda. Não queria aquele clima entre eles. Se não tivesse agido por impulso e tentado beijá-la, nada daquilo estaria acontecendo, mas não conseguia mais guardar aquilo, ainda por cima sabendo que não era irmão dela.

No momento em que desabafou, sentiu que um peso havia sido arrancado de suas costas. A melhor coisa que sentiu foi sensação de liberdade ao saber que não era um depravado ou doente. Aquilo era um alivio intenso, mas o preço cobrado foi alto demais, mais alto do que ele podia pagar. Sentou-se, pesadamente, em uma cadeira próxima da porta.

Passou a mão no rosto, fazendo-a chegar até os cabelos molhados. Permaneceu de cabeça baixa e fechou os olhos numa tentativa fracassada de esquecer o que houve, por um minuto apenas. Ao abri-los novamente, a primeira coisa que viu foram os pés de Sigyn, em frente a ele. Ergueu a cabeça o mais rápido que conseguiu e a encarou.

A ruiva trazia uma toalha branca, em suas mãos. Estendeu para ele e deu um passo atrás. Loki nem sequer piscava, encarando-a.

– Se seque. Já vou servir o café. – a voz dela estava baixa e falha. Quase como se ela não sentisse vontade de falar. Seguiu de volta a cozinha e trouxe tudo para a mesa, enquanto Loki trocava de roupa em seu quarto. Quando voltou para a sala, vestia uma roupa simples, sem nada dourado. Apenas o preto e o verde, mesclando-se harmoniosamente. A obra completa de Loki era harmoniosa.

Sigyn havia acabado de colocar os pães na mesa e sentou-se. Usava um vestido de crepe de seda azul, sem mangas, com alguns detalhes em forma de flores, que se estendiam desde o braço direito e seguia até o lado esquerdo de sua cintura, acompanhando o corte transpassado do vestido. Não tocou na comida. Era tradição da família real esperar uns pelos outros e ela não comeria se ele não se sentasse para comer. A não ser que ele dispensasse o café, dessa forma, ela não teria mais obrigação nenhuma de aguardá-lo.

Loki colocou a toalha em lugar ventilado e sentou-se à mesa. Pegou um pedaço de pão e passou para a ruiva.

– Obrigada. – Agradeceu ela e os dois começaram a comer. A meia hora que se seguiu foi a mais silenciosa de suas vidas. Sigyn não tirava os olhos de seu prato e Loki não tirava os olhos dela. Nenhum dos dois fez mais que beliscar a comida e fingir que comiam. – Você lava os pratos ou eu lavo? – Ela rompeu o silêncio.

– Você fez o café. Eu lavo os pratos. – respondeu Loki.

– Está bem. – ela levantou-se da mesa. – Estarei em meu quarto, caso necessite de mim. – Pela primeira vez, desde que se sentaram para comer, Sigyn o encarou. – Com sua licença. – O deus assentiu e a mulher saiu. Lá ficou a tarde toda.

...

Quando finalmente o sol foi embora, a deusa deixou o seu quarto. Não queria ter dormido, mas o cansaço físico e mental foi mais forte do que a vontade de permanecer acordada. Loki estava sentado em uma poltrona, lendo. Ele elevou os olhos na direção da ruiva e ela automaticamente encarou o chão. Passou direto para a cozinha e pegou uma fruta qualquer, que encontrou em uma bandeja. Ao retirar aquela fruta, outra exatamente igual apareceu no lugar. Voltou pelo mesmo caminho e fechou a porta do quarto outra vez. Só que agora, tomando bastante cuidado em não olhar nada além do chão.

Isso aconteceu pelos dois dias seguintes.

No segundo dia, desde o ocorrido, Sigyn deixou seus aposentos, como sempre fazia e seguiu para a cozinha. Pegou uma fruta e deu meia volta, dando de cara com Loki, parado em sua frente, olhando-a seriamente, com aqueles olhos verdes. Tristes olhos verdes. Ela assustou-se, não por causa de Loki, mas pela forma que ele apareceu ali.

– Me deixa passar. – pediu, olhando o chão.

– Olhe para mim. – Loki falou sério, mas não rude. Sigyn respirou fundo e o encarou. Ele estava mais abatido do que o habitual, com duas olheiras extremamente evidentes, como se não dormisse desde o dia em que brigaram. E era exatamente isso. Se muito Loki dormiu foram duas ou três horas por noite. Sigyn não estava muito diferente. Os cabelos, antes brilhosos e sedosos, estavam opacos e sem vida. Não havia mais o sorriso que a definia. Não havia mais o brilho em seus olhos. Aquela mulher era uma sombra do que Sigyn foi. – Até quando ficará me ignorando?

– Eu não estou ignorando você. – respondeu ela em seu tom de voz habitual.

– Não? Quantas vezes falou comigo nesses últimos dias?

– Loki... - Ela o evitou porque sabia que se o encarasse por um tempo maior do que vinha fazendo, cairia em lágrimas e o magoaria. Não queria magoá-lo, mas acabou percebendo que das duas formas o feriria.

– Vai me forçar a viver o passado outra vez? Todos aqueles anos sem falar comigo? É isso, Sigyn?

– Pare! – Ela gritou. – Não tem esse direito de jogar nada em minha cara. – empurrou Loki, forçando-o a sair de sua frente. – Ponha de uma vez em sua cabeça: Você não me ama. Não dessa forma que pensa. – Ela se afastou ainda mais, ganhando distância até que pudesse entrar em seu quarto, mas quando se virou para fazê-lo, a porta se fechou sozinha. Magia. Olhou para o deus e ele estava com a mão direita estendida na direção dela.

– Era isso que tinha para dizer? – Ele sorriu sem vontade. - Me evitou por dois dias e quando finalmente fala comigo, é isso que tem a dizer?

– Você está confuso. – continuou usando o tom alto, completamente divergente de seu tom habitual. - Você acabou de saber que é adotado. É só confusão da sua mente. É normal. Você não me ama da forma que...

– Eu controlo mentes, Sigyn. – Loki a interrompeu. – Como eu posso controla-las sem ter o controle da minha? – Ele se aproximou. – Como eu posso confundir amor de irmão com amor entre homem e mulher?

– Não é amor de... – foi interrompida.

– Como isso pode ser amor de irmão? Quando você viu um irmão desejar ter o outro? – Ele caminhou até a deusa que encostou-se na parede. – Me diga.

– Nunca. – respondeu ela. Loki levantou a mão direita e acariciou o rosto da ruiva.

– Deixe-me te mostrar o que insiste em não ver. – Abriu a mão e tocou em todo o lado esquerdo de sua cabeça. Sigyn sentiu um solavanco e uma vontade de fechar os olhos. Quando aquela sensação passou, ela os abriu e viu que estava em outro lugar. De novo no torneio de Odin. Loki estava ao seu lado. Braços cruzados e feição extremamente séria. – Veja a minha versão dos fatos. Olhe através de meus olhos.

– Balder é o vencedor. – Ouviu a voz imponente de seu pai e tremeu. Não era uma boa ideia reviver aquilo. - Além do título desse ano, ganhou o direito de casar com a minha filha, a princesa Sigyn. – Ela tentou encarar o pai, saber que expressão ele tinha naquela hora, mas por mais que tentasse, não conseguia. Estava presa nas memórias de Loki e seria obrigada a ver exatamente o que aconteceu e, naquele momento, os olhos do deus da trapaça estava somente sobre ela. Não conseguia ouvir a multidão explodindo em gritos, não conseguia ver a vibração de Balder na arena, não conseguia ver a pena nos olhos das outras guerreiras. Apenas a via. Ajoelhada no chão, com a cabeça baixa, as mãos tremendo e uma poça de lágrimas se formando em sua frente. Era horrível ver aquela cena e não poder fazer nada.

Sentiu uma tristeza tão grande em sua alma que Sigyn pensou que enlouqueceria. Não era sua tristeza, era de Loki. O deus saltou a bancada e correu o quanto pôde até ela. Não poderia deixá-la ali, daquela forma. Derrotada, abatida. Ele precisava ampará-la, dizer que ia arranjar um jeito de fazer Odin retroceder. Que não poderia perdê-la. Que ela era sua responsabilidade, sempre foi. Que ela era sua.

Sigyn era a mais nova dos três e embora Thor também a protegesse, Frigga sempre deixou bem claro que era incumbência de Loki cuidar dela. E, naquele momento, ele tinha a sensação de ter falhado, miseravelmente, nessa missão. Jogou os braços ao redor dela e a abraçou com toda a força que tinha.

– Eu lhe avisei, Sigyn. – Ouviu as palavras deixar a boca do deus de uma forma dolorosa. Reviver aquilo definitivamente não estava sendo bom, ainda mais tendo todas as emoções de Loki a sua disposição. E não eram poucas: raiva, decepção, desespero, angustia e pena.

– Eu sei. – ouviu-se dizer de uma forma abafada. – Me desculpe. Eu deveria ter te ouvido.

– Como eu disse, você não conhece o nosso pai. – Loki segurou o rosto dela com as duas mãos, fazendo-a olhar para ele. – mas no final tudo vai dar certo. - Os olhos verdes do deus tentavam passar conforto, Sigyn lembrava disso, mas diante da situação ele não conseguiria. O Loki que mostrava a cena, puxou Sigyn para seu lado e a ruiva passou a ver a cena de longe, não vivia mais ela. Parecia como se ela fosse um espírito, sendo separado de um corpo.

– Isso que sentiu é coisa de irmão?

– É proteção. – ela respondeu de supetão, enquanto continuava vendo a cena acontecer. – Estava me protegendo. Era a sua obrigação. – Ela viu a hora em que Thor aproximou-se e a ergueu do chão, forçando-a a seguir para a área preparatória. Logo retornariam a Asgard.

– Teimosa. – o deus respondeu. – sempre foi. – imediatamente Sigyn viu as imagens escurecerem e aparecerem em outro momento. Estava vendo a cena ainda de fora. – reconhece o lugar?

– Sim. – respondeu ela ouvindo a música espalhar pelo palácio de Asgard. Muitos estavam ali, talvez toda a Asgard estivesse ali. Era uma comemoração. – É o dia da mamãe. Alguns anos depois de eu ter perdido para Balder na arena. Eu já estava noiva dele.

– Sim. – ele respondeu seriamente. O Loki da memória estava encostado em uma das paredes do corredor, esperava alguém. Os braços cruzados e a todo minuto olhava na direção dos dormitórios. Até que ela apareceu correndo. Fez uma cara de culpada. O havia deixado esperando por quase uma hora.

– Desculpe-me o atraso, irmão. – aproximou-se segurando a barra da saia, para não tropeçar. Usava um vestido, de chiffon e seda, com mangas compridas. As cores eram um dégradé entre o azul e o branco, com decote canoa e justo ao corpo. Os cabelos estavam presos em um penteado repleto de cachos e com uma tiara de pedras da cor do vestido. Nos olhos uma sombra mais escura, deixando o tom azul ainda mais claros que o habitual. Nos lábios, um batom nude. – Já começaram?

– Não podem começar sem mim e você. – respondeu Loki. Usava toda a completa roupa de gala. Com a capa verde e com os detalhes, da armadura completa, em dourado. – Você está um encanto, irmã.

– Obrigada. – agradeceu a garota e sorriu. Loki estendeu-lhe a mão e a acompanhou até onde já estava Thor e sua mãe.

– Estão atrasados. – comentou o loiro.

– Minha culpa, perdão. – respondeu a ruiva.

– Está linda, filha. – Frigga sorriu e alisou o rosto da jovem que sorriu em retribuição.

– Vamos. – falou Thor e estendeu a mão para a mãe. As enormes portas se abriram e os quatro adentaram o local. Todos os que estavam ali os cumprimentavam com as cabeças e eles respondiam. Era a família real.

Diante do trono de Odin, os quatro o reverenciaram e o Pai de Todos também respondeu com um aceno. Cada um foi para sua devida posição enquanto Odin falava algo a respeito da rainha. Aquilo emocionou a maioria dos que estavam ali, incluindo Frigga. Loki ficou ao lado do irmão, enquanto Sigyn era obrigada a ficar ao lado de Balder, que por ser noivo da princesa, já usufruía dos privilégios da família real.

Depois de alguns minutos, a dança começou no salão. Odin convidou Frigga para acompanha-lo, assim como Thor fez com Lady Sif. Sigyn permaneceu ao lado de seu noivo. Estava doida para sair dali. Olhou para Loki do outro lado e fez uma cara como se dissesse “socorro”. O deus sorriu e atravessou o salão.

– Irmã, me concederia a honra dessa dança? – Pediu Loki e Sigyn não piscou antes de aceitar.

– Obrigada por me salvar. – falou ela sorrindo enquanto os dois caminhavam até a pista de dança. Ele sorriu. A música era lenta e começou depois que todos aqueles, que se dispuseram a dançar, já estavam na pista. Loki segurou na cintura da ruiva e a puxou para perto. Imediatamente Sigyn se viu olhando através dos olhos do deus da trapaça. Se via, sorridente. Fascinou-se com aquele sorriso, quer dizer, Loki fascinou-se por aquele sorriso.

Loki colocou as mãos da ruiva em seu ombro e começaram a se mover de acordo com o ritmo da música. Ela encostou-se em seu irmão e apoiou a cabeça em seu ombro. O cheiro dos cabelos da ruiva ficou forte o suficiente para inebriar o deus. Se havia uma coisa que ele adorava era sentir o cheiro daquele perfume.

Ela afastou-se e comentou algo sobre a festa, que estava magnifica, mas ele não se importou em entender. Acompanhava apenas o mover de seus lábios e desejava com todas as suas forças toma-los para si. Imaginava se eles eram tão macios quanto aparentava ou se tinham o gosto tão doce quanto ele achava que tinham. Sem perceber, Loki já havia diminuído a distância entre eles em alguns centímetros antes de acordar de seus devaneios.

Sigyn sentiu todos aqueles sentimentos mudarem para um único, forte o suficiente para derrubá-la. Loki agora a olhava com tristeza. Não podia desejar aquilo com sua própria irmã. O que ele estava pensando? Aquilo era a coisa mais doentia que podia passar na cabeça de alguém. Não, ela era seu sangue. Cresceu com ele, filhos dos mesmos pais. Pelos céus, o que estava pretendendo fazer?

Afastou-se de súbito. Deixando-a com o cenho franzido no meio da pista. Tentou sorrir para ela antes de sair apressado do salão de festa, mas não conseguia sem fazer uma careta. A culpa o consumia.

Imediatamente após isso, Loki e Sigyn estavam novamente na casa de Vanaheim. A viagem havia acabado ali.

A ruiva estava paralisada. Não sabia o que fazer.

– E acha que essas foram as únicas vezes que isso aconteceu? – Loki deu a volta para ficar de frente para a garota. – A mais recente delas foi quando te vi beijando Balder, nos jardins. O que acha que eu senti te vendo ali? – A garota desviou o olhar. Ainda estava confusa. Não podia ser verdade. - Responda honestamente. Eu não preciso ler sua mente para saber que tem uma resposta. Eu conheço você. Responda-me.

– Ciúmes. – respondeu ela quase inaudível. As palavras estavam presas em sua garganta. Loki, finalmente, respirou aliviado. Ela havia entendido. Os olhos da ruiva pousaram na face do deus, encarando-o. – Quais são as suas expectativas?

– Não tenho nenhuma. Nem nunca tive. – Ele abaixou o olhar. – Eu só precisava dividir esse fardo. Estava bastante pesado. – Ele voltou a encará-la. Sigyn abaixou a cabeça. Estava pensativa. Admirou o fato de Loki ter sido bastante honesto com ela. Apesar do choque, apesar de toda aquela loucura, ficava feliz em dividir o fardo com ele.

– Obrigada. – se viu falando e observou o deus franzir o cenho em confusão. – Agradeço por ter me contado e por ter me respeitado, todos esses anos. Foi importante. Eu imagino o quanto deve ter sido difícil e mais uma vez peço desculpas por tudo. – Loki ficou surpreso com aquela revelação. – mas agora eu preciso ficar só. Preciso colocar minha cabeça em ordem. Não tenho a mente tão organizada quanto a sua. – ela sorriu. Como Loki adorou ver aquilo.

– Tudo bem. – respondeu retribuindo o sorriso. As coisas pareciam estar se acertando, mesmo que aquele clima ainda fosse bastante tenso. Ele fez um gesto com a mão e a porta do quarto da deusa destravou. A ruiva sorriu outra vez e entrou, fechando-se em seguida.

Dois sorrisos em pouco tempo. Era uma vitória.

...

O sol havia acabado de ir embora quando Loki sentou-se para jantar. Pensou em chamar Sigyn, mas a ruiva deixou bastante claro que precisava pensar. Não queria interromper aquilo. Quando começou a comer, ela deixou o quarto. Ele sorriu ao perceber que ela estava bem. Geralmente saia com o rosto inchado e olhos vermelhos, mas ela estava diferente. Não parecia ter chorado. Ele até conseguiu ver um pouco da Sigyn de antes.

A ruiva puxou uma cadeira e sentou-se de frente para o deus e ele lhe entregou um pedaço de pão. Ela aceitou sem hesitar. Estava faminta também.

– Precisamos conversar. – ela deixou escapar antes que tirasse o primeiro pedaço.

– Definitivamente. – respondeu ele quando terminou de mastigar.

– Você pretende contar para o Thor ou meus pais?

– Não acho que seria uma história muito legal de se contar. – respondeu ele e ela sorriu, terceiro sorriso, mas logo ficou séria outra vez. Triste, na verdade.

– Você ainda quer falar comigo ou prefere me evitar? – ela perguntou e ele paralisou. Ela havia perguntando mesmo aquilo? O natural seria que ela não quisesse mais vê-lo em sua frente, mas não, ela estava deixando aquela decisão nas mãos dele. Ele não aguentaria evita-la. Aquela era uma pergunta tola.

– Jamais te evitaria. – respondeu e ela assentiu. Deu outra mordida no pão e Loki parou de comer. A fome foi embora.

– Como quer que eu te chame? Irmão? Apenas Loki? Como o que?

– Como amigo. – respondeu olhando-a nos olhos.

– Está bem. – Sigyn terminou de comer. – Eu posso demorar a me acostumar. Por favor, me corrija se eu errar. – O sorriso que Loki deixou escapar o definia naquele momento. Parecia fora da realidade aquele diálogo. Nunca imaginou aquilo, nem em mil anos.

Levantou-se de onde estava e abaixou-se na frente da deusa. Puxou-lhe a cabeça e depositou um beijo de puro agradecimento em sua testa. Ela se pegou fechando os olhos com o carinho.

– Obrigado. – falou ele e a ruiva corou. O deus percebeu ali a força que aquela mulher tinha e quase nunca demonstrava. Mesmo tendo a ciência que aquele a quem sempre amou como irmão, a amava como mulher, ela o havia compreendido bem. Aquilo era ser forte. Loki a admirava por isso.

...

Loki levantou-se mais tarde que o de costume. Na verdade, depois de cinco dias dormindo apenas duas ou três horas por noite, o corpo pediu que ele ficasse um pouco mais na cama. E teria se demorado mais um pouco se não tivesse escutado alguém bater na porta.

Quando saiu do quarto, Sigyn terminava de ler um bilhete.

– O que foi? – perguntou o deus, assustando a garota.

– Mensagem da mamãe. – respondeu ela. - diz que eu preciso ir ao comercio de Vanaheim buscar as minhas joias e os sapatos, chegaram ontem, e também queria saber notícias.

– E o que você falou?

– Que estamos bem. – respondeu ela e o olhou. – Estamos bem, não é?

– Sim. – Loki sorriu e logo em seguida franziu o cenho. - Joias e sapatos?

– Para o casamento. – ela falou receosa. Loki respirou fundo. – A tradição diz que eu tenho que ter uma coisa de, pelo menos, cinco reinos, não é? Os sapatos são de Midgard e as joias de Muspelheim. O vestido é daqui, de Vanaheim, o buque é de Alfheim e a tiara de Nidalvellir. – Loki apenas assentia com a cabeça. Ela dirigiu-se até uma cadeira e pegou a sua capa creme, com detalhes dourados e verdes. - Eu tenho que ir ao centro. Volto ao cair da noite. – ela a colocou em suas costas e o capuz pendeu.

– Eu vou com você. – respondeu o deus e imediatamente a luz verde o envolveu. Os detalhes dourados apareceram em suas roupas e elas tomaram uma forma mais social.

– Sério, não é necessário.

– Você vai voltar à noite, repleta de compras e por mais que Vanaheim seja o lar dos deuses benevolentes, as ruas estão sempre cheias de pessoas estranhas. É perigoso para uma dama. Ainda mais sendo ela a princesa de Asgard. – encarou a jovem. - É minha obrigação cuidar de você. – concluiu, repetindo o que sempre dizia quando nada daquilo havia acontecido. Ainda era sua obrigação cuidar de Sigyn.

– Tudo bem. – respondeu ela e Loki colocou a sua capa, preta e dourada, por cima da sua armadura. Caminharam até o estábulo e perceberam haver apenas um cavalo. – A mamãe não mandou dois?

– Sim, mandou. – respondeu Loki soltando o animal e o trazendo até onde Sigyn aguardava. – Mas ele fugiu com a tempestade. Deve ter voltado para casa. - Loki segurou o animal que havia restado indicando que precisariam ir juntos e que ela deveria subir primeiro. O deus em seguida subiu atrás da garota. Ele conduziria o cavalo, mas não poderia fazer isso sem ter que tocar a ruiva durante toda a viagem. – Eu posso? – perguntou ele, respeitosamente.

– Pode. – respondeu ela e sentiu as mãos do deus encostando-se a sua cintura, segurando a rédea. Ele deu o comando ao cavalo e a viagem até o centro começou. Apesar de saber que ele não faria nada demais, era impossível a Sigyn não se sentir plenamente consciente da proximidade entre os dois. As pernas dele tocavam as dela suavemente no ritmo das passadas do cavalo e ela era capaz de sentir o tórax contra suas costas e os braços que tocavam as laterais do seu corpo. Estava sentada completamente estática como se mal respirasse. A proximidade com ele não era exatamente desconhecida dela, mas agora o constrangimento existia por saber o efeito que causava nele. Por sorte chegaram alguns minutos depois e como sempre Loki a respeitava durante todo tempo. Seu receio era pura bobagem de sua mente. Sempre havia confiado nele e sabia que isso não tinha motivo para mudar.

As casas de Vanaheim eram mais simples que as de Asgard, mas tão glamorosas quanto. Eram feitas de prata, com os detalhes geométricos incrivelmente harmoniosos, construídas em fileira, ao redor do centro comercial.

As ruas repletas de movimento, com crianças correndo atrás de bolas ou adultos ávidos em seus negócios, deram lugar ao silêncio com a chegada do príncipe e da princesa. Os boatos que eles estavam em Vanaheim eram imensos, mas ninguém os havia visto de fato.

Em frente a uma ourivesaria, Loki fez com que o animal parasse. Ele desmontou e a ajudou a descer em seguida.

– Bem vindos a Vanaheim. – falou um homem e, logo em seguida, levou o cavalo para tomar água e comer feno.

– Obrigada. – agradeceu ela sorridente.

– Princesa! – chamou uma garotinha que aparentava não ter mais que seis anos. Sigyn abaixou-se de frente para ela. – Você foi beijada pelo fogo?

– Como é? – ela sorriu sem entender. Loki parou na porta do lugar, apenas ouvindo o diálogo que se seguiu.

– Seus cabelos...

– Não. Eu nasci com eles. – respondeu ela alisando o rosto da menina.

– Mas a minha avó tinha os cabelos dessa cor e ela dizia que foi por causa do fogo.

– Sua avó está certa. – Sigyn levantou-se, começando a explicar a situação para a menininha. – Existem duas formas de uma menina ter essa cor. A primeira é nascer com eles, como é o meu caso, a segunda é beijar o fogo. Provavelmente a sua avó conseguiu essa façanha, que, aliás, é bastante árdua. Não são muitas que conseguem. Sua avó deve ser uma guerreira e tanto.

– Ela era. – a menina ficou triste. – Ela faleceu há quatro meses.

– Eu sinto muito. – Sigyn voltou a abaixar-se e abraçou a menina.

– Eu acho que vou procurar o fogo. Quero ter os cabelos iguais aos seus.

– Por quê? Eu adoro a cor dos seus. Se eu pudesse, teria essa cor. – Ela alisou uma mecha castanha da menina.

– Sério? – perguntou a menina.

– Seriíssimo. – respondeu ela. – Sua cor é a mais linda que tem. Tenho inveja de ti. – A menina sorriu e saiu correndo, gritando que a princesa a invejava e que tinha a cor de cabelo mais linda do mundo.

– Tem jeito para crianças, princesa. – falou uma mulher a suas costas e ela se virou. Era a dona da joalheria que trazia, em suas mãos, as peças que haviam sido encomendadas a ela.

– Elas me fascinam, com toda essa graça e energia.

– Agora que estás prestes a casar-se, breve terás os teus. – O sorriso de Sigyn fugiu de seus lábios ao encarar a feição séria de Loki. A mulher percebeu o constrangimento que causou na ruiva e desconsertou-se. – Perdoe-me se disse algo errado.

– Não, de forma alguma. – ela forçou o sorriso novamente e a mulher relaxou. Entregou as joias para ela: a tiara, os brincos e o colar. No embalo, o dono da sapataria trouxe os sapatos que haviam chegado no dia anterior. Sigyn pagou a eles, mesmo que todos tenham insistindo que eram presentes pelo casamento.

Loki tomou os pacotes da mão da ruiva e, usando a magia, os fez desaparecer. O príncipe ainda seguiu Sigyn pelo mercado enquanto ela admirava as peças de Seda e Chiffon. Ela chegou a comprar mais algumas coisas e como sempre, Loki as guardava com magia.

Já estavam prontos para voltar para casa quando escutaram alguém os chamando.

– Altezas. – falou a mulher fazendo uma reverencia simples para o moreno e a ruiva, que pediu para que não fizesse. – A que devemos a honra da visita de vocês?

– Estou descansando em Vanaheim, a semana da noiva. – Ela falou sorrindo falsamente. – e meu irm... Loki veio comigo.

– Espero que esteja se adaptando bem. A senhorita me parece um pouco mais magra desde a última prova. Acho que o vestido vai ficar folgado. Principalmente no busto e na cintura. – falou ela olhando para os seios de Sigyn. Loki, que acompanhava a conversa, seguiu os olhos da costureira e, quando percebeu para onde eles olhavam, desviou a atenção para outro lugar. A ruiva percebeu e sorriu, estava grata pelo respeito que o deus demonstrava. - Que bom que está aqui. Assim podemos ver onde devemos apertar. – ela a olhou de cima abaixo e estendeu-lhe a mão. – Ande, vamos. – Sigyn encarou Loki e seguiu a mulher. O deus respirou fundo e foi logo atrás. A costureira lhe entregou um embrulho e fez com que entrasse em um quarto para provar o vestido. Ofereceu uma cadeira para que Loki sentasse, mas ele recusou, educadamente. – Vestiu-se, menina?

– Sim senhora. – respondeu a garota.

– Venha para fora para que eu possa ver como ficou. – Falou a mulher e Sigyn gelou. Sabia que Loki estava ali e sabia que, para ele, vê-la vestida de noiva seria um golpe e tanto. Não queria feri-lo e, com isso, se sentiu ainda mais culpada do que realmente já estava.

– Não poderia fazer isso aqui dentro?

– Que mal há, menina? Só o seu irmão está aqui. – falou a mulher na inocência e a ruiva apertou os lábios. Imaginou a expressão que Loki fez ao ouvir aquilo. – Além do mais, não posso fazer os ajustes ai dentro. É bastante escuro.

– Tudo bem, Sigyn, pode vir. – mandou Loki. Ela sabia que ele estava triste com aquilo, a voz o entregou. A princesa respirou fundo e segurou a barra de sua saia. Caminhou devagar, de cabeça baixa, até parar de frente para a mulher.

– Está linda. – comentou Loki e ela o olhou. A ruiva estava certa, viu tristeza naquele olhar. Sigyn não queria mesmo ter que fazer aquilo e por isso, prendia um choro.

Mas o deus não mentiu em momento nenhum, ela realmente estava linda. O vestido de noiva era de tule de seda, em várias camadas, o que deixava a saia bastante volumosa e de belo caimento. A parte do corpete era feita apenas de seda em decote cisne. As mangas eram feitas de renda, extremamente delicada, assim como o véu.

A costureira puxou um pouco o vestido e ajeitou ao corpo da deusa. Percebeu que teria que apertar, ao menos, um dedo de cada lado.

– Me perdoe. – falou a ruiva apenas mexendo os lábios. Loki entendeu e assentiu com a cabeça. Respirou fundo e deixou a loja.

...

– Ei, fale comigo. – pediu ela quando os dois cruzaram a porta de casa. A viagem de retorno foi silenciosa e ainda em Vanaheim, o deus da trapaça falou apenas quando necessário.

– O que quer que eu fale? – perguntou ele.

– Não foi culpa minha. – ela segurou no braço de Loki, momentos depois do deus fazer um floreio e as compras surgirem na mesa. – eu não queria provar aquele vestido. Não queria que visse.

– Não estou lhe culpando de nada e se me lembro bem, eu mandei você sair.

– Então pare de ser um idiota. – ela gritou e ele se virou. A ruiva respirava fundo e pesadamente. – Você ficou chateado, me dando respostas curtas depois que saímos de lá, sem eu ser a culpada. Eu odeio isso em você.

– Odeia isso em mim?

– Você sabe me irritar. – ela gritou. – Quando tudo parece bem, você me apronta essa. Sempre foi assim. – Loki deu um passo a frente e ela dois atrás.

– Vamos começar com essas brigas outra vez? – perguntou o deus.

– Não. – respondeu a ruiva. – Porque eu estou indo para casa. Não aguento mais esse lugar. – a mulher deu a volta no deus e seguiu até seu quarto. Colocou as roupas dentro da mala e voltou para a sala.

– Ainda faltam dois dias. As pessoas vão estranhar o seu retorno.

– Pouco me importa. – ela falava alto. A voz fina atrapalhando as palavras. – Eu não vou ficar aqui, mais dois dias, vendo esse seu mau humor por causa de um vestido.

– Não entende que não é por causa do vestido? – ele gritou. Sigyn calou-se imediatamente. – Não é por causa do vestido. – repetiu Loki enquanto sentava-se em uma cadeira. A ruiva deixou que a sua bolsa repousasse no chão. Perplexa.

– O que é então?

– Você. – respondeu ele e a encarou. – Aquele vestido é a prova de que você vai ser tirada de mim. A prova de que eu fui incapaz de te proteger e agora, Balder vai levar você embora. – A mulher respirou fundo, sem saber o que dizer. A mente dando voltas, tentando assimilar toda aquela informação. Acabou pensando no que ele havia dito. Faltavam cinco semanas para o casamento agora e quanto mais pensava naquilo, mais se sentia devastada. Compartilhava aquilo com Loki.

Aproximou-se devagar e ajoelhou diante do deus, para que ficassem da mesma altura. O puxou para perto e o abraçou.

– Não é como se nunca mais fosse me ver. – A voz saiu abafada, porque apertava o deus com força.

– Você me entendeu. – respondeu ele.

– É, eu entendi. – Sigyn separou-se e o encarou. Os olhos verdes mirando os azuis. – Eu cansei de Vanaheim. Vamos para casa? – o deus balançou a cabeça afirmativamente e Sigyn lhe beijou a testa.

Ele levantou-se e impediu que a deusa pegasse a sua bolsa. Tomou de sua mão e fez um floreio. Todas as compras que estavam em cima da mesa desapareceram. Os dois seguiram até o lado de fora.

– Heimdall. – pediu Loki e a luz os encobriu. Quando se deram conta, estavam diante do guardião de Asgard que os encarou de uma forma curiosa. Havia visto tudo o que havia acontecido em Vanaheim, mas a mando de Frigga, manteve-se calado.

Depois de poucos minutos de espera, dois guardas trouxeram a montaria real. A de Sigyn era um gracioso cavalo negro da raça Puro-sangue Inglês, com uma máscara de metal cobrindo o seu rosto, em um perfeito desenho que muito lembrava um lobo. A parte de cima da máscara eram as orelhas do animal, encobrindo a do cavalo e na parte de baixo, próximo da boca, partes serrilhadas que lembravam dentes afiados.

A de Loki era um lindo cavalo marrom, da mesma raça que o de Sigyn. Também usava uma máscara encobrindo o rosto, só que era visível os chifres no alto de sua cabeça. Não havia sombra de dúvida que aquele animal majestoso era do deus da trapaça.

O soldado mais novo, desceu de seu cavalo para ajudar a princesa a montar, mas Loki lançou-lhe um olhar reprovador e tomou a dianteira. Aproximou-se da ruiva e colocou as mãos em sua cintura. Ela não reagiu, como seria natural se posicionar para tomar seu acento na sela. Sigyn simplesmente paralisou ao ser tocada. Estava muito próxima do deus, tanto que era possível sentir a sua respiração tocando-lhe a pele. Por mais que ele tentasse disfarçar, seu olhos corriam diretamente para a boca da mulher. Ele queria aqueles lábios nos seus e pouco importava os soldados, olhando para os dois, sem entender nada.

Sigyn sentiu seu coração, parecendo que romperia as costelas, por causa daquele momento. Encontrou as duas orbes verdes de Loki, olhando de uma forma que ela nunca havia notado antes, mas agora era visível. Reparou nos lábios finos do deus, separando-se lentamente. Podia jurar que enrubesceu naquele momento.

– Loki. – chamou ela. Acordando-o de seu transe. Ele respirou fundo e ergueu a ruiva no ar, fazendo-a sentar em sua sela. Não era igual a dele. Nela, a princesa sentava de lado. Uma sela própria para mulheres. O deus subiu em seu cavalo e os dois seguiram, escoltados, pela ponte arco-íris. Cruzando a cidade em direção ao palácio.

Por mais que tentassem esconder o que aconteceu nos últimos dias, o corpo refletia isso claramente. Os dois estavam ainda bastante abatidos e com a aparência de cansaço extremo. Principalmente a princesa. O que para os asgardianos seria uma viagem de descanso, acabou sendo para Sigyn uma viagem de descobertas, que a devastaram completamente.

Loki não estava diferente. Um deus como ele, que construiu entorno de si enormes muralhas, as viu ruir de uma única vez e ele já não se importava mais em reconstruí-la. Sentia-se derrotado e impotente. Não conseguia proteger uma das poucas mulheres que realmente importava para ele. Havia falhado.

Tudo parecia tranquilo até que ouviram gritos. Os soldados que iam a frente, pararam para saber a razão de toda aquela agonia. Proteger o príncipe e a princesa era a prioridade ali. Os cavalos de Sigyn e Loki, mesmo parados, permaneciam em marcha. Era assim que se comportava um cavalo de guerra. Até que aquele monstro, enorme, apareceu ao final da rua. Um Bilchsteim de tamanho maior do que os que eles conheciam.

Todos sabiam que não se ficava na frente de um animal como aquele, era a mesma coisa de pedir para ser pisoteado ou devorado. Então a agonia foi maior quando aquele monstro partiu na direção deles.

– Meia volta. Deem meia volta. – gritou o soldado mais velho. Sigyn e Loki obedeceram, assim como o soldado mais jovem. Desceram as ruas rapidamente, mas o bilchsteim alcançou os cavalos dos dois homens, arremessando-os longe.

Sigyn e Loki corriam rápido, tentando fugir do enorme animal que os perseguia, mas acabou que em uma curva, ele atacou o cavalo da ruiva, acertando-o com o chifre e fazendo-o derrubar a jovem. Ela foi jogada há alguns metros de distância, bateu a cabeça no chão e desmaiou imediatamente. Loki, ao ver a cena, pulou de seu cavalo, deixando que o animal se embrenhasse na mata. O bilchsteim, apanhou a montaria de Sigyn e o matou. Abocanhando-o de uma só vez.

Loki jogou-se por cima da ruiva, protegendo-a, já que o monstro corria na direção dos dois. Se um deles tivesse que morrer, que fosse ele. Daria a vida por ela. Quando o mostro os estava quase alcançando, foi arremessado para longe, por um raio. Thor pousou ao lado dos dois segundos depois.

– Ela está bem? – perguntou o loiro, quando o animal recuou e voltou correndo em direção a floresta.

– Sigyn, fala comigo. – Loki segurava no rosto da ruiva e a sacudia. Ela tinha que acordar. Ela precisava acordar. – Sigyn. – Ele alisou-lhe os cabelos e sorriu, quando ela abriu os olhos e o encarou. – você está bem?

– Estou. – respondeu a garota, com a voz baixa. Ele sorriu e beijou-lhe a testa. Thor respirou fundo ao ver a irmã bem. Loki a apoiou e a colocou de pé.

– Sigyn. – gritou Balder aproximando-se correndo. Sigyn, queria distância dele. Como ele era o chefe dos soldados de Asgard, descia a rua com vários de seus homens, na tentativa de parar o animal. Aproximou-se da mulher e a segurou pelo queixo, fazendo com que Loki se fastasse a contragosto. O deus da trapaça adoraria jogar Balder no mar de Asgard, queria realmente ver se ele sabia nadar. – Está ferida?

– Me larga, eu estou bem. – respondeu ela bruscamente. Imediatamente preocupou-se em procurar seu animal e encontrou apenas a máscara, que o identificava como dela, ensanguentada. – Meu cavalo. – falou com os olhos marejados. Ela o tinha desde quando ele era apenas um potro. Definitivamente amava o animal. As lágrimas começaram a correr com força e isso fez com que ela soluçasse.

– Que absurdo chorar por um cavalo. – falou Balder seriamente. Encarando-a. – Isso é atitude de uma criança, não de uma mulher. – continuou repreendendo a atitude de Sigyn. Loki aproximou-se dela e a fez olhar para ele. Enxugou-lhe as lágrimas com o dedo. Thor encarou Balder.

– Era o cavalo dela. Como a minha irmã é uma pessoa sensível, é mais que aceitável que ela sinta a perda do animal. – falou o loiro. Ele estava começando a ficar com raiva do homem também, por seus próprios motivos. – Então pare de agir como um brutamontes e se importe com os sentimentos de sua futura mulher.

– Ela pode ser sensível agora, mas vou torna-la mais dura quando nos casarmos. – respondeu ele e sorriu para Sigyn. Ela sentiu todos os seus pelos arrepiarem-se. Balder deu as costas para os príncipes e ordenou que seus homens fossem averiguar os estragos causados pelo animal.

– Nós vamos dar um jeito, está bem? – Loki a abraçou. - Vai passar.

A visão escureceu e Urd apareceu na frente de Roxie outra vez. A mulher estava quase inconsolável.

– Eu vou entender se quiser parar por aqui. – falou ela. – Se assim desejar, podemos continuar em outro momento.

– Por favor, não. – pediu ela segurando no braço da Norna que pareceu se assustar com aquilo. Nenhum dos que tinham lidado com ela, havia tocando-a antes, era sempre o inverso. – Eu imploro que continue. Por favor.

– Como desejar, princesa. – respondeu ela e tudo voltou a tomar foco.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, amores!!!
Espero que estejam gostando e que me deixem saber disso...

OS AMO MUITO!!!
Um mega beijo e até o próximo!!!

S. Laufeyson!!!