PdV – Robert

Acordei com um barulho estranho de confusão, me levantei e corri para fora para ver o que estava acontecendo. Um ataque zumbi era tudo o que eu queria agora que estava sem minhas armas em uma colônia cheia de gente esquisita. Haviam pessoas gritando palavrões e ameaças para alguém, abri caminho por entre as pessoas e me aproximei a força do foco da aglomeração, dentro da gaiola medonha deles estava uma garota de uns 16 anos se não for exagero – talvez tivesse bem menos.

Perguntei a um velho que estava perto de mim que estava acontecendo.

– Traição rapaz, não vê aquela bandeira vermelha na grade da jaula?

Havia quatros pedaços de pano na gaiola gigante, um amarelo, um azul, outro verde e apenas o vermelho estava desenrolado.

– Traição de que?

– Ora de que? – o velho me olhou e sua expressão de ranzinza mudou para entendimento – você é novo aqui não é?

– Sou.

– A bandeira azul representa roubo, amarelo vingança, verde invasão e vermelha traição.

– E o que diabos vão fazer com aquela menina?

– Fique aqui que até a hora do almoço vai descobrir – o velho deu uma risada asquerosa e virou pra insultar a menina.

Procurei outras pessoas que pudesse me explicar melhor, encontrei uma garota de olhar distraído olhando em direção da aglomeração de pessoas.

– Moça, que está acontecendo?

Ela piscou e me olhou como se não tivesse visto me aproximar dela.

– Que?

– Que está acontecendo? Por que prenderam aquela menina da gaiola?

– Ela tentou matar um dos homens de Zeus e vai pagar por isso.

– Pagar? – aquilo não me soava muito bom – que vão fazer exatamente com ela?

– Hum – a garota me olhou com impaciência como se fosse a pessoa mais ocupada do mundo – você é o cara que chegou outro dia com os zumbis não é?

Afirmei com a cabeça, na verdade outro dia dela significava quatro dias, eu e Julia estávamos até nos dando bem tirando a mania irritante dela dizer que eu ronco e até agora ainda não havia encontrado nenhum problema com os colonos, estava pensando até para que lado eu ia seguir viagem. Bem, acho que vou mudar meus planos mais uma vez.

– Digamos que seus zumbis terão carne fresca até o fim do dia de hoje – dizia a garota de cabelos rebeldes sorrindo com tristeza.

– Vão dar a garota para os zumbis?

– Exato, é isso que fazem com quem contraria Zeus e seus amigos, são jogados na jaula onde soltam zumbis para devora-los.

Aquilo só devia ser piada.

– E ninguém faz nada? – perguntei com um meio sorriso, mas a repugnância com que ela olhou as pessoas que começava a se dispersar me fez crer que ela falava serio.

PdV – Julia

Me levantei e não vi Robert, estranhei eu sempre acordo primeiro que ele. Estamos há quatro dias aqui, chamam este lugar de cidadela, é uma pequena cidade-colônia, deve ter mais de trezentas pessoas que seguem á risca as ordens de Zeus. Robert diz que eles tem medo por isso são obedientes, eu discordo acho que apenas respeitam a liderança dele.

Na manhã seguinte que chegamos Robert disse que ia embora em uma semana assim que tivesse certeza que eu não teria problemas com o pessoal daqui, não entendo o por que do interesse dele em minha segurança nem nos conhecemos. Mas eu também não conhecia Chris e ainda assim me considerei e ainda me considero amiga dele.

Sai da cabana em que fomos instalados e dei uma volta, ia ver como estava Kiba quando vi uma garota em na jaula que eles mantêm no centro da cidadela, ela estava encolhida no canto chorando, um grupo de crianças a olhavam com os rostos grudados na grade de metal. Me aproximei deles, ia perguntar o que estava acontecendo quando ouvi um assovio que já conheço bem. Me virei Robert estava conversando com uma garota de cabelos curtos ele acenou eu fui até eles.

– Que está acontecendo? – perguntei para ele.

– Vão matar a menina que está presa

Me respondeu voltando à atenção para a morena que olhava por cima de mim em direção á uma bandeira vermelha que estava na jaula.

– Então é isso? Matam as pessoas por que elas dizem não?

– Tecnicamente não matam, as deixam morrer e sim se você dizer não para uma ordem você vira alimento de zumbi ou fica preso noite e dia sem água até não ter forças para lutar e é solto na jaula.

– De que estão falando?

Robert suspirou e coçou a cabeça

– Vamos conversar lá dentro – fomos os três para dentro de nossa cabana

Robert pegou água e sentou em uma cadeira, a única que tínhamos eu e a garota nos sentamos no colchão em que eu dormia.

– Então? – já estava me impacientando com o mistério que ele estava fazendo

– Primeiro eu me esqueci de uma coisa, me chamo Robert

Se apresentou para a garota, quase pulei no pescoço dele. Estava conversando com a garota sei lá quanto tempo e agora que foi se apresentar?

– Meu nome é Katherine Castle

– Me chamo Julia di Stefaneo, que está acontecendo? – impaciência chegando ao limite

– Aquela menina na jaula foi condenada á morte – Robert se curvou em minha direção baixando a voz – algumas semanas antes de chegarmos aqui o pai dela foi jogado naquela jaula depois de ter tentado impedir que um dos capangas de Zeus a levasse de casa. O contêiner onde á Bendy e o hambúrguer estão presos não fica junto da jaula por acaso, quando receberem ordens irão soltar os zumbis famintos por carne humana.

Olhei para Robert tentando entender se eu havia escutado o que ouvi.

– Quer dizer que deram o pai dela para zumbis e vão fazer o mesmo com ela?

– Exato – respondeu Katherine – ela tentou matar o homem que a tirou de sua casa e entregou o pai para os zumbis.

Eu estava enjoada com aquilo, a ideia do que fizeram com ela e depois simplesmente a deixariam morrer...

– E as pessoas ela não tem mais ninguém, um amigo?

– Ninguém que seja idiota em se arriscar, ela tem uma irmã de oito anos e a mãe, que as duas podem fazer?

– Implorar perdão

– Péssima hora para bancar a ingênua Julia, Zeus tem todas armas da colônia, todos que podem tentar cometer suicídio não são burros de arriscar a vidas dos familiares, a menina está morta e não tem nada que ninguém possa fazer.

– Ninguém? – perguntei me levantando

A garotinha na floresta me veio na cabeça, inofensiva e assustada pedindo para que eu não a deixasse se transformar. Aqueles colonos podiam não querer arriscar as famílias, mas eu não tenho mais família.

– Eu não vou deixar que zumbi nenhum devore ela não importa o que Zeus diga ou faça.

Robert deu um sorriso largo e satisfeito.

– Que iremos fazer?

Devolvi o sorriso dele com uma alegria crescendo no meu coração, esperava um sermão e uma tentativa de me fazer mudar de ideia, mas no lugar disso ele se prontificou a me ajudar. Olhei Katherine ela deu um sorriso de cumplicidade.