Cartas Para Quinn escrita por lovemyway


Capítulo 9
Capítulo 9 — Gatos Não Têm Expressões Faciais


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal! Tudo bem?

Primeiro de tudo, queria agradecer todos que comentaram no cap. anterior, vocês são incríveis, de verdade :). Deixem reviews sempre que puderem! Simplesmente amo saber o que vocês estão achando da história. Espero que agrade a todos os leitores, ou pelo menos a maioria ^^

Minhas sinceras desculpas por ainda não ter atualizado CM. Não consegui escrever absolutamente nada esse mês, inspiração fugindo de mim como minha gata foge de banho. Mas ela vai voltar, essa linda ♥ (ou assim eu espero auhuahuas).

Aí vai mais um capítulo para vocês. Espero que curtam!

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/494449/chapter/9

01 de março de 2012








Querida Quinn,



OH. MEU. MESSIAS! Você nem sabe o que me aconteceu!! Bem, na verdade, você não sabe, mesmo. Ou eu imagino que você não saiba, porque você está servindo pelo exército dos Estados Unidos da América neste exato momento, enquanto divago no começo desta carta sobre… Bem… Não tem importância. Não que o seu trabalho não tenha importância! Claro que tem! Óbvio. O que não tem importância é minha divagação, o que me leva a repetir: você não tem ideia do que me aconteceu! A não ser que você tenha uma bola de cristal. O que eu espero que você não faça, porque, tipo, ia meio que estragar a surpresa. Não que seja uma surpresa muito grande. Sei lá. Só achei que seria legal.



Moisés. Eu realmente preciso aprender a me controlar. Muito bem, vou parar com o falatório interminável sobre coisas sem sentido em 3… 2… 1…



OLÁ QUINN! (aqui vamos nós de novo). Como você está? Bem, eu espero. Quem sabe ótima. Quiçá excelente! É certamente como eu me sinto neste exato momento, com uma passagem de avião em minhas mãos. E adivinha para onde? (Não precisa adivinhar realmente, você sabe, é só um modo de dizer; sem bolas de cristal, sem adivinhações). SEATTLE! Sim, eu estou indo para sua terra natal! Acontece que eu tenho família lá. Meu avô — eu diria por parte de pai, mas, tipo, eu tenho dois, então ainda ficaria confuso —, aquele que é pai do meu pai que eu disse ter uma família composta de babacas preconceituosos. Pois é. Esse avô. Acontece que ele convocou uma reunião com todos os parentes mais próximos e, por algum milagre divino (efeitos do Natal?), ele chamou a mim e a meu pai.



Veja bem, não é que vovô Berry não goste de mim. Ele gosta. Assim como gostava da minha mãe. Eu acho. Enfim. Ele me tolera. O verdadeiro problema dele é com o meu padrasto, Leroy. Ele, sim, o vovô B. detesta. Por ter casado com o meu pai em Las Vegas, e tudo. E por causa desse ódio sem fundamentos do meu avô, eu não o vejo há bastante tempo. Nos feriados, a única família que enche a nossa casa é a de Leroy. Apesar de não ser sua filha biológica, os pais dele me tratam como se fosse sua neta, e me enchem de mimos. Na verdade, acho que eles gostam mais de mim que alguns dos meus primos, mas, por favor, não conte isso para eles. Não é culpa dos coitados que meu talento indiscutível para o canto e a atuação elimine a competição. Talvez eles devessem ter aprendido a tocar algum instrumento. Ou falar latim. Isso seria impressionante. Não impressionante nível Rachel Berry, mas, ainda assim…



Então... eu estou indo a Seattle. E eu queria pedir um grande, enorme, gigante, favor. Olhe, tudo bem se você disser não. Eu vou entender. Mesmo. É só que a ideia passou pela minha cabeça, e acho que acabei me empolgando um pouquinho… Dessa vez não é bebida, prometo. E eu geralmente não sou assim, tão… Não sei, solta? É só que raramente fico animada com alguma coisa. E estou super animada para visitar a cidade onde você nasceu. Nunca estive lá. Meu avô se mudou recentemente, depois que uma tia minha faleceu. Você sabia que ele não queria que meu pai fosse ao velório? Ele foi, de qualquer jeito. Papai e ele tiveram uma grande discussão sobre isso na saída do cemitério, logo depois que o corpo foi enterrado. Eles nunca se falaram desde então. E foi quando ele parou de falar comigo, também, porque eu defendi meu pai. Sempre vou defender. Meu avô tem o direito de ser homofóbico o quanto quiser — mas não tem o direito de privar papai de absolutamente nada. Ele que mantenha seu pensamento mesquinho e conservador para si mesmo. Claro que todos têm liberdade de expressão, e podem pensar o que quiserem, mas isso não dá a ninguém o direito de desrespeitar outra pessoa porque ela não vive de acordo com seu modo de ver o mundo. Isso é, com o perdão da palavra, uma grande babaquice.



Enfim. Acho que acabei fugindo do ponto. De novo. Então, sobre o favor que eu gostaria de pedir (neste exato momento estou fazendo uma expressão facial que se assemelha a do gato de botas do Shrek — embora gatos não tenham exatamente expressões faciais — esperando que isso a comova e a convença a dizer sim)... Eu gostaria muito, muito mesmo, de conhecer o seu irmão. Você tem me falado tanto sobre ele que, honestamente, não pude não ficar curiosa. Você tem me deixado muito curiosa recentemente, Rainha. Não é nem um pouco justo (risos). Você é uma garota má, Quinn. Merece ser punida. Oh meu Deus, isso soou terrível. Como um filme de pornô de péssima qualidade. Não que eu assista. Nada disso. Ok… Acho melhor seguir em frente…



De qualquer forma, acho que seria realmente muito legal poder conhecer Sam. Talvez aprender um pouco mais sobre você. (E isso pareceu menos stalker na minha mente). Descobrir mais sobre essa pessoa incrível com quem ando me correspondendo há alguns meses. Conhecer o irmão dela, também, quem ela tanto elogia. E talvez eu também esteja um pouquinho curiosa (lá vai você de novo despertando minha curiosidade, mesmo que não intencionalmente) em relação a sua aparência. Não é justo que você saiba que eu sou baixinha, morena, com um nariz enorme, quando eu não tenho a mínima ideia de como deveria montar a sua imagem mental. Totalmente injusto. Brincadeiras à parte, eu vou entender se você não quiser que eu o conheça. Talvez não tenhamos alcançado esse nível de intimidade ainda.



Mudando de assunto… OBRIGADA. Pelos parabéns, você sabe. Ainda estou um pouco envergonhada por ter esquecido de avisar, mas enfim, agora você sabe. E eu sei o seu. Mal posso esperar pelo dia 30 de junho. Vá preparando seu coração, senhorita Fabray. Já estou começando a bolar ideias para agradar minha Rainha (risos). Sim, eu vou continuar usando o trocadilho. Lide com isso. Há!



Sobre Santana… Fico feliz em saber que ela está bem. E não se preocupe, eu entendo o que você quis dizer. Ela certamente é uma pessoa melhor por causa disso — mas ela não deveria ser obrigada a se tornar alguém (melhor ou pior) por causa de outras pessoas. Entendo isso melhor que ninguém. Mas é como o mundo funciona. Só podemos esperar que um dia possamos ser a diferença; que no futuro, não seja assim. Seria maravilhoso, não é? Viver num mundo onde as pessoas se respeitam, apesar das diferenças de cor, religião, sexualidade e opinião? Não precisaria ser um mundo perfeito. Só precisaria ser um mundo onde as pessoas se respeitassem. E se importassem. Infelizmente, não é assim. Ainda. Mas como diz o ditado, esperança é a última que morre :)



Aguardo ansiosamente pela sua resposta!



Da garota que acha que gatos não têm expressão,

Rachel Berry.









10 de março de 2012









Querida Rachel,




Eu já disse o quanto gosto de receber suas cartas?Caso não tenha feito, deixe-me dizer agora: Rachel Berry, eu adoro receber suas cartas. Elas são o ponto alto do meu dia. Abro o meu email sempre que posso à espera de sua resposta, e sempre que a vejo, sinto como se pudesse dar pulos de felicidade. Ok, talvez seja um pouco exagerado de minha parte… É só que, por algum motivo, você torna tudo mais fácil. E eu gosto disso. Gosto de poder conversar com você sobre qualquer coisa. Gosto de poder sorrir lendo suas palavras. De imaginar o timbre de sua voz, ou os gestos que você faz quando fica muito animada. Como agora. Quero dizer… Não agora, agora, porque você escreveu esta carta há dez dias… Bem, eu acho que você entendeu o que eu quis dizer. Claro que entendeu. Uma garota tão inteligente quanto você… Certo, seguindo em frente…



Eu gosto do seu falatório interminável. Gosto como você consegue me contagiar com sua felicidade mesmo estando há quilômetros de distância.Você tem uma grande personalidade, Rachel. Eu me sinto uma mulher de muita sorte por ter uma correspondente como você. De verdade. A maioria dos meus colegas não teve tanta sorte. Como este meu amigo chamado Josh; ele está em correspondência com um garoto do Texas, e me mostrou a última carta que o dito cujo enviou. Será que é possível sentir vergonha pelos outros? Porque eu meio que senti. Não tenho certeza se pelo garoto, ou por Josh, por precisar ter que suportar isso. Mas enfim.



Então você vai a Seattle? (risos). Acho que nunca conheci ninguém tão empolgada em visitar a cidade. Se você procurar no Google, provavelmente vai encontrar que Seattle é a cidade mais populosa do estado de Washington. Nossa economia está voltada para empresas — as antigas e as mais novas —, como as de tecnologia, internet, e até mesmo empresas de tecnologia limpa. Além disso, o porto de Seattle é uma grande porta de entrada para o comércio com a Ásia, e há também muitos navios de cruzeiros, principalmente para o Alasca. Por que alguém iria querer fazer um cruzeiro para o Alasca, entretanto, é um mistério para mim. Se você estiver procurando por atrações turísticas, minha sugestão são as balsas. Você precisa pegar ao menos uma. A vista é incrível; e talvez você queira visitar o Benaroya Hall, especialmente se você gostar de orquestras sinfônicas.



O que o Google não vai dizer, embora, é sobre este lugar na primeira avenida chamado “Bottega Italiana”, que vende o melhor sorvete que você vai provar em toda sua vida — ok, talvez eu esteja exagerando; mas, para mim, esse lugar me lembra a minha adolescência. Todas as vezes que Santana e eu o visitávamos quando estávamos tristes ou chateadas. Além disso, ele fica perto de uma Starbucks e uma loja de chocolates. O que, se você quer saber, não poderia ser melhor. E se você estiver por lá, vale a pena visitar o museu de arte. Tenho a sensação de que você iria gostar.



Mas, pensando bem, você talvez não queira saber sobre atrações turísticas e essas coisas. Se seu avô mora lá, então ele provavelmente deve conhecer esses lugares — talvez não a sorveteria, portanto a dica ainda é válida —, e por esse motivo, não vou me estender muito sobre isso. Você vai ter tempo de sobra para ouvir seus parentes falando sobre as maravilhas de Seattle. O que me leva aonde eu realmente queria chegar…



Então você quer conhecer o meu irmão, huh? Eu ficaria com ciúmes se soubesse que você não poderia estar interessada nele. Assim, sobra mais Rachel Berry para mim (risos). Ok, isso soou menos inapropriado em minha mente do que nesta carta. Eu provavelmente deveria apagar isso… Bem, deixa pra lá. Voltando ao assunto, você se importa se eu checar com ele primeiro? Por mim está tudo bem, mas não tenho certeza como anda o ritmo dele na faculdade. E, se você for mesmo conhecê-lo, seria bom que o fizesse com tempo livre para vocês conversarem. Assim, Sam vai ter todo o tempo do mundo para dividir com você sobre as histórias humilhantes de nossa infância. Pensando bem, talvez não seja uma ideia tão boa… (risos).



Aposto que vocês vão se dar bem. Samuel é do tipo de cara que pode fazer amizade com qualquer pessoa. Ele é engraçado, divertido, um pouco lento, às vezes, mas é um garoto, então a gente releva :P (não acredito que acabei de escrever um emoticon. Meu Deus. Isso é embaraçoso). Se você aceitar uma dica, embora, prepare-se para imitações terríveis. Ele é péssimo nelas, mas de um jeito engraçado que faz você se acabar de rir. Quando eu me sentia mal, ele costumava fazer imitações para mim. Elas eram tão terríveis que acabavam me animando. Sei que não faz sentido, mas enfim.



Você está curiosa para saber como eu me pareço, hum? Bem, não é grande coisa. Eu sou loira, magra, mas de um jeito atlético, e tenho olhos verdes. A minha aparência nunca me importou muito — a única coisa que realmente amo sobre mim são meus olhos. Iguais aos do meu pai. Todas as vezes que me olho no espelho, é como se ele estivesse olhando de volta para mim. Eu sinto falta dele. Dos fins de semana que passávamos juntos. Das nossas brincadeiras. Das vezes que ele me carregava em seus ombros, e me chamava de princesa. Dos dias em que ele chegava em casa mais cedo do trabalho, e trazia uma caixa do meu chocolate preferido. Acho que você nunca percebe o quanto os pais são importantes, e o quanto os ama, até não poder estar mais com eles. É uma pena que nem todos os pais são assim. É uma pena que nem todos sejam compreensivos; que nem todos aceitem os filhos como são; que nem todos se disponham a entender e respeitar. O que é engraçado, porque eles deveriam ser nossos exemplos. As pessoas nas quais nos espelhamos. Mas o que fazer quando eles são iguais a todos os outros, e desejamos ser diferentes?E quando já somos diferentes?Nesses momentos que fico feliz pelos pais que tive. Eles foram meus exemplos. Eles me mostraram que há muito mais no mundo que ódio e intolerância. Talvez eu tenha passado pouco tempo ao lado deles — muito menos do que eu gostaria —, mas o que aprendi foi para uma vida inteira. E eu não faço ideia de como cheguei nesse assunto (risos).



De qualquer forma, avise-me quando é sua viagem para Seattle. Vou tentar me comunicar com o meu irmão o mais rápido possível, e te passar uma resposta. Mal posso esperar para ouvir o que ele tem a dizer sobre você — mas, tenho certeza, serão apenas coisas maravilhosas. Rachel Berry não pode ser nada além disso ;)



Da mulher que se diverte muito lendo suas cartas,

Quinn Fabray.



P.S.: Eu já tive um gato. Acredite em mim quando digo que gatos TÊM sim expressões faciais. Elas variam de maligno para indiferente, fazendo uma escala pela cara de vítima. Foco na cara de vítima.

P.P.S.: Não é brincadeira.

P.P.P.S.: Isso existe?Não sei, honestamente.

P.P.P.P.S.: Até a próxima, Rach.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Qualquer dúvida, crítica, elogio, etc, estou disponível por reviews, MPs, e pelo twitter. Sou legal, sério :p

Até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cartas Para Quinn" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.