Cartas Para Quinn escrita por lovemyway


Capítulo 13
Capítulo 13 — Sorvetes & Pessoas Baixas


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal!

Aí vai o tão esperado encontro entre Sam (melhor pessoa) e Rachel (melhor hobbit) uahuahuahuhaa. Obrigada a todos que comentaram no capítulo anterior, e, se puderem, continuem comentando. Simplesmente amo saber o que vocês estão achando da história, e é uma das coisas que mais me motiva a continuar ♥

Pra quem acompanha CM, não me odeiem. Eu tô numa fase ferrada de bloqueio criativo. A única coisa que me salvou esses dias foi o desafio do nyah, que as músicas me inspiraram a escrever alguma coisa. Mas até nisso sinto que já travei. Não tá fácil o negócio :(

Mas enfim, chega de lamentação. Tem um cap. fresquinho aí pra vocês aproveitarem :p

Espero que gostem!

Boa leitura :)



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De: Samuel Evans (samevans@zwer.com)

Para: Quinn Fabray (qfabray@zwer.com)

Assunto: Sorvetes & pessoas baixas.




Eu batuco os dedos na mesa ao ritmo de uma música que estava ouvindo poucos minutos atrás, antes de entrar na sorveteria e sentar naquela mesa tão familiar — a que fica ao lado da janela, de forma que é possível ver, através do vidro, as pessoas andando na rua em sua pressa usual, enquanto eu tomo um tempo para desacelerar as coisas ao meu redor. Isso parece se tornar algo cada vez mais necessário à medida que fico mais velho, porque o tempo continua passando depressa, impiedoso, e, um dia, ele acaba. Ninguém quer chegar ao fim da vida e descobrir que nunca viveu. E para se viver plenamente, precisamos ter um tempo para pensar sobre o nosso passado, sobre o que queremos para o nosso futuro, e sobre o presente.

Então lá estou eu, pensando sobre o passado, o presente e o futuro quando a porta da sorveteria se abre, e uma garota entra. Ela deve ser, provavelmente, a menor garota de dezessete anos que já vi em toda a minha vida, e isso inclui aquela maluca que teve uma obsessão por mim no Ensino Médio, Harmony. Seu tom de pele é mais escuro que o meu (o que é bastante fácil, porque eu sou, tipo, muito branquelo), como se ela estivesse constantemente bronzeada, e seus cabelos são escuros, assim como seus olhos. Mas eles — os olhos — brilham de uma maneira intensa, como se ela estivesse pronta para desvendar os mistérios do mundo e de todo o Universo.

Ela me vê, e um sorriso enorme se abre em seu rosto. Ela caminha para mim num andar confiante, com um homem mais velho a acompanhando, mas dando o espaço para ela ter o controle da situação. Ele apenas acena, de longe, e aponta para os próprios olhos e depois para mim, dizendo-me silenciosamente que está me observando. Isso quase me faz rir. Imagino que papai faria a mesma coisa caso você… Digo, caso Quinn, minha irmã mais velha, fosse se encontrar com um cara tão bonito quanto eu. Ou uma garota. Nunca se sabe. Apesar de que, se fosse uma garota, a conversa do sexo seguro seria provavelmente menos constrangedora. A não ser que ele forçasse minha irmã a usar uma camisinha feminina. Uma proteção eficaz contra dedos que engravidam. (Desculpe. Era uma oportunidade boa demais para ser perdida. Hahahaha!).

A garota se senta numa cadeira de frente para mim e estende a mão, pequena e suave, que eu aperto com um sorriso se espalhando pelo meu rosto. Então ela se apresenta, eu me apresento, e há este silêncio constrangedor, daqueles que ninguém sabe exatamente como quebrar, porque a situação é um tanto quanto esquisita. Entretanto, ainda que nenhum de nós tenha dito absolutamente nada, eu posso ler esta garota como se ela fosse um livro aberto diante de meus olhos, porque ela é simplesmente transparente. Ou talvez eu só consiga ver nela o que alguém uma vez viu em mim mesmo. Talvez eu só consiga entendê-la porque, lá no fundo, temos bastante em comum. Mas nada de flertes, eu prometi. E eu sou um cara de cumpre suas promessas. Na maioria das vezes. Enfim.

“Então”, eu digo, tentando soar descontraído e bem legal. Do tipo de cara que você definitivamente quer ter um encontro com. E isso não é considerado flerte. “Quinn me falou muito bem sobre você. Confesso que fiquei curioso, Rachel Berry. As únicas reações fortes que ela têm são, geralmente, as alérgicas”.

Rachel ri. Não daquele tipo de risada esquisita que faz você querer enfiar um bocado de algodão na boca da pessoa, mas daquela agradável, quase musical, que parece perfeitamente afinada e adequada para sua expressão facial — seus olhos ligeiramente arregalados, a boca entreaberta, as marcas de expressão no canto dos lábios. É meio que bonito. Não tenho muita certeza do motivo, mas ela me faz lembrar outra garota que conheço. Seu nome é Emma. Fisicamente, ela não poderia ser mais diferente de Rachel. E não digo isso só na altura (embora a diferença seja, tipo, muito grande; essa menina é minúscula. Poderia ser transformada num chaveiro). Emma tem um tom de pele claro, e seus olhos são bem escuros. Seu cabelo é curto, e ela tem uma franja que caí sobre seus olhos, e ela a afasta constantemente para conseguir enxergar. Mas, na risada, ela tem um pouco de Rachel. Uma pitada de inocência, eu acho. A maneira que o seu rosto se ilumina. (Esse provavelmente não é o momento certo para falar como Emma é perfeita, e tal, e que eu tô totalmente na dela, então você pode parar de surtar sobre a Rachel). Enfim. Seguindo em frente.

“E o que foi que ela disse?”, pergunta Rachel, uma expressão curiosa cruzando seu rosto.

“Ah”, digo, dando de ombros. “Nada de mais, você sabe. Apenas que você é linda, uma em um milhão, e que ela provavelmente te agarraria se você não estivesse há quilômetros de distância. E quando eu digo agarrar, eu quero dizer agarrar mesmo. Sabe, tascando um beijo na boca, de língua e tudo. Talvez alguns avanços sexuais. Vai saber. Quinn é meio pervertida”

Rachel arregala os olhos e seu queixo caí. Ela fica me olhando, de boca aberta, sem saber o que dizer. Eu consigo ficar sério por vinte segundos inteiros antes de cair numa risada quase histérica. Então Rachel cora — e todo o seu rosto fica vermelho, o que é meio que fofo, e ela bate em meu braço com força.

“Sam!”, ela exclama, sua voz soando mais aguda. “Não tem graça!”

Tem sim, penso, imaginando a reação de minha irmã ao ler tudo isso. (Sua cara deve estar impagável no momento. Hahahahaha! Em minha defesa, você que pediu que eu a conhecesse. Aguente as consequências). Rachel balança a cabeça, mas começa a rir, também. E é estranhamente engraçado, porque eu sinto essa sensação de familiaridade com ela. Quero dizer, mal nos conhecemos, mas eu gosto dela. Como se ela fosse a irmã caçula que eu nunca tive para zoar.

“Mas falando sério”, digo, parando de rir. “Ela disse mesmo que você é uma em um milhão. Não de uma forma esquisita, e tal. Como um elogio. Quinn elogiou muito você, e minha irmã não é do tipo de pessoa que distribui elogios, você sabe”

“Ela é bem reservada”, diz Rachel, com um ar pensativo. “Eu achei isso meio estranho, sabe, no começo. Eu sou tão aberta. Mas depois eu meio que gostei. Quando ela fala sobre ela, sobre a história dela… Quando ela me conta sobre sua vida, eu me sinto… Não sei… Especial, eu acho. Pessoas reservadas geralmente não contam esse tipo de coisa pra qualquer um. O que significa que ela confia em mim. E eu gosto da sensação”

“Você sabe”, comento, passando a mão pelo cabelo, “Quinn me contou o tanto que ela tem feito por você. Mas acho que nem você, nem ela, percebem o quanto isso é recíproco. Quero dizer, eu posso notar a diferença, sabe? Quinn foi sempre tão… Fechada em si mesma, acho. Como se ela tivesse esse peso nas costas que fosse pesado demais para carregar. Em parte, sei que a culpa é minha”

“Como assim?”, Rachel franze o cenho, confusa.

“O fardo de ter a responsabilidade sobre mim quando ainda éramos crianças. Olhe, nós crescemos com nossos tios, mas eles eram só isso — nossos tios. Quinn foi sempre a única pessoa que eu realmente ouvia. Ela era quem eu respeitava. Então ela foi meio que minha mãe, sabe? Mais do que uma irmã mais velha. E esse é um peso que ela não devia ter carregado”

“A culpa não foi sua, Sam”, ela estica a mão e toca na minha, apertando-a gentilmente. “Você fala que foi um fardo para Quinn, mas eu acho que foi justamente o contrário. Você foi o que a manteve inteira. Eu tive meus pais para cuidar de mim, o que é ótimo, mas eu ainda senti o peso sozinha. Sem amigos. Sem tem com quem conversar sobre isso. Eu precisava de controle, entende? Acho que por isso comecei a planejar cada passo de minha vida, cada etapa. Quinn se manteve sã porque ela teve você. Você foi o controle que ela precisava. Você não aumentou o fardo dela, você o diminuiu. Ter alguém para cuidar, ter alguém para a fazer seguir em frente. Entende?”

Eu poderia continuar escrevendo por horas sobre como foi o resto do meu encontro com Rachel Berry, mas acho que nada do que ela disse foi tão significante quanto isso. O que eu quero dizer é que eu entendo. Eu entendo, agora, porque ela tem um efeito tão grande sobre você. Entendo porque você goste tanto dela, porque você se importa, porque você quer ela na sua vida. Ela é mesmo especial, você sabe. Ela pode te dar coisas que ninguém mais pode. Por dividir essa dor, esse entendimento de mundo, ela pode fazer tanto por você. Coisas que eu nunca pude, porque nós nunca nos sentimentos da mesma forma sobre isso. Sobre o que aconteceu. Sobre os nossos pais. Quero dizer, eu tive você. Sempre tive você. Mas sempre pensei, em parte, que eu fosse a razão de você não ter tido mais ninguém. Além da Satã, claro.

Fico muito feliz por ter conhecido Rachel Berry. Acho que posso chamá-la de amiga, agora. Mas não se engane — depois desse papo super profundo, eu mostrei suas fotos na banheira. Nós rimos muito. Tipo, muito mesmo. Ela, inclusive, amou aquela sua foto vestida de coelhinha da páscoa no Halloween. Enfim. O que estou tentando dizer é que espero que você e Rachel continuem se correspondendo por um bom tempo.

E, sabe, de um dia você resolver assumir sua bissexualidade, estou totalmente torcendo por você e ela. TIME FABERY! (Fabray e Berry. Gostou?). Quero dizer, eu meio que mostrei uma foto recente sua para ela, e ela pode ou não ter babado um pouquinho (ou muito), ou ter dito coisas como “Ela é a pessoa mais linda que já vi em toda a minha vida”, mas, você sabe, coisa de amigas. O que vocês totalmente são. A não ser que façam sexo por cartas, o que seria estranho, mas, hey!, quem sou eu pra condenar? (Risos). Ok. Ok. Chega de piadas. Não precisa me mostrar o dedo do meio pela tela do computador. Não que eu esteja vendo, de qualquer jeito.

Bem, é isso. Você queria saber como foi. Agora sabe.

Até mais, maninha.

P.S.: Nós tomamos muito sorvete.

P.P.S.: Ela gosta do de menta com chocolate. O seu favorito. Dica para o futuro.

P.P.P.S.: O pai dela é um cara assustador. Outra dica para o futuro.

P.P.P.P.S.: Falando sério, Quinn… Você não parou para pensar que pode ter uma quedinha por ela? Sem brincadeiras. Só pense sobre isso. Não seria errado, você sabe. Ela não é tão mais nova que você assim. Enfim. Sem pressão.

P.P.P.P.P.S.: Eu te amo, mana.








De: Quinn Fabray (qfabray@zwer.com)

Para: Samuel Evans (samevans@zwer.com)

Assunto: Você é um completo idiota (e isso não é novidade)




Eu. Odeio. Você.

Sério. Acho que não existe sequer uma palavra forte o suficiente para descrever o tamanho da raiva que estou sentindo. Caramba, Sam! Será que você precisava me pintar como uma pervertida? O que ela vai pensar de mim? E se ela decidir que não quer mais se corresponder comigo? E se eu receber um aviso dos meus supervisores me mandando pra outro adolescente que quer conversar sobre a novela? Sério, isso eu não ia aguentar.

Tudo bem, tudo bem, talvez eu esteja exagerando… Conheço Rachel Berry o suficiente para saber que você provavelmente não a assustou. Ou assim espero. Mas não espere que essa sua brincadeirinha não vai ter volta. Emma, huh? Bem, é bom você rezar para essa tal de Emma e eu nunca nos conhecermos. Porque, caso contrário, juro que você vai se arrepender pelas gracinhas com a Rachel. E vai se arrepender seriamente. (Risadas malignas).

Mas irmã assustadora e vingativa a parte… Seu idiota… (risos). Fico muito feliz em saber que as coisas foram bem. Eu acho. Não fico lá muito animada por ela ter visto essas fotos constrangedoras da minha infância, mas fazer o que? Não é como se eu pudesse chutar o traseiro branquelo do meu irmão a distância. Só me resta aceitar, né?

Agora você entende porque digo que Rachel Berry é uma em um milhão. Ela realmente é, Sam. Há algo sobre ela que é tão único, tão especial. Ela realmente me faz bem, e eu gosto disso. Além do que, ela estava certa. Sobre você. Não sabia que você se sentia dessa forma, e nem deveria. Se eu não tivesse esse irmão mais novo por quem segurar as pontas, de quem eu precisava cuidar, então eu não teria suportado. Você é minha âncora, Sam. Você sempre foi minha âncora. E talvez seja muito cedo para dizer isso… Talvez eu esteja me precipitando… Mas sinto como ela estivesse se tornando uma, também. Conseguindo aos poucos um lugar no meu coração, exatamente como Santana. Bem, não tão exatamente como Santana. A Satã meio que chegou reivindicando o lugar dela. Até hoje não entendo como consegui me apegar a ela tão rápido (risos). Mas Rachel... Ela tem conquistado o lugar dela aos poucos, lentamente, criando raízes dentro de mim. E eu sinto como se não houvesse nada que eu pudesse fazer para impedir isso (e nem quero, na verdade).

Olhe, eu entendo… Entendo porque você acha que eu tenha uma quedinha por ela. Santana acha o mesmo. Mas… Eu não sei, está bem? É estranho. Diferente. Eu me importo com ela, eu gosto de conversar com ela, só que nem a conheço pessoalmente! Eu não estava preparada pra isso. Não estava preparada para essa garota de dezessete anos chegar, e ir ganhando seu lugar no meu coração. Nem sei exatamente como me sinto. Tudo o que sei é que quero o melhor para Rachel. Quero que ela seja feliz. Quero que ela sorria — exatamente desse jeito que você descreveu — muitas vezes. Quero que ela encontre a felicidade, e siga seus sonhos. E talvez seja um pouco egoísta de minha parte, mas eu quero fazer parte disso. Independentemente de como. Só não acho que o que sinto por Rachel Berry possa ser classificado como alguma coisa. Não é amor. Não é paixão. Não é uma quedinha. É só algo diferente. Algo que nunca senti. Mas algo bom.

Sei que você e Santana tem essa coisa de achar que eu sinto atração por mulheres… Olha… Não vou mentir para você. Aconteceu algumas vezes. Poucas, mas aconteceu. Não sei se isso faz de mim lésbica, bissexual, ou o que seja. Honestamente? Não ligo a mínima. Não quero me rotular. Não quero sair por aí gritando “Eu gosto de homens!”, ou “Eu gosto de mulheres!”. Eu só quero dizer que gosto de alguém. Que tenho uma pessoa com quem me importar. Será que realmente faz diferença se é homem ou mulher? Não faz pra mim. Sei que não faz pra você, também.

Sabe, acho que nunca disse isso, mas eu sinto orgulho de você. Orgulho pelo homem que você se tornou. Um cara meio irritante, às vezes, que adora fazer imitações. Um cara que aceita as pessoas como elas são. Que não julga alguém pela maneira que a pessoa se sente, ou por quem ela é. Um cara disposto a ajudar os outros. Gentil. Educado. Amoroso. Tenho tanta sorte de ter você como irmão, Sam. Amo você, ok? Você é chato, sinto vontade de te matar, às vezes, mas eu te amo. Tanto quanto é possível amar alguém.

Enfim. Obrigada, você sabe, por ter encontrado a Rachel (apesar de toda a vergonha que você me fez passar). Significou muito para mim. De verdade. E boa sorte com essa Emma. Espero que ela goste de você tanto quanto você gosta dela.

Até mais, maninho.

P.S.: Ainda bem que vocês tomaram sorvete. Você sabe. Estando em uma sorveteria.

P.P.S.: Menta com chocolate é realmente meu preferido. Interessante que seja o dela, também... Vou me lembrar disso.

P.P.P.S.: Fico feliz que tenha sido você a conhecer o pai dela, então. Hahaha!

P.P.P.P.S.: Ela realmente disse que sou a pessoa mais linda que ela já viu, ou você está só tirando uma com a minha cara?

P.P.P.P.P.S.: Seja como for, cuide-se, seu bobão!


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Notas finais do capítulo

Como não amar o Sam? Hahahahaha :p

Espero que tenham curtido!

Até o próximo :)

P.S.: foto da Quinn que o Sam mostrou pra Rachel: http://data1.whicdn.com/images/134741731/large.png