Reaprendendo a Amar escrita por Dreamy


Capítulo 3
Recomeços Forçados


Notas iniciais do capítulo

Oie gente!!!
Bem, ai está mais um capítulo, espero que gostem!
Obrigada as meninas que comentaram e que estão acompanhando...
Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/493989/chapter/3

Capítulo II – Recomeços Forçados

–Você está tão magrinho meu amor. – disse sua mãe pelo que pareceu a milésima vez àquela manhã.

Scorpius revirou os olhos e conteve o sorriso, enquanto Astória enchia pela terceira vez o prato do filho.

–Mãe, se você continuar assim, em um mês eu não vou passar na porta. – reclamou ele, apesar de admitir que tinha sentido falta dos cuidados da mãe.

–Não seja exagerado. – reclamou a matriarca com um sorriso no rosto – Eu não te tinha em casa há um ano, será que posso mimar um pouco o meu filho?

–O papai vai demorar a descer? – perguntou Scorpius reprimindo um bocejo. O fuso horário e o fato de ter um ano que ele não acordava antes das duas da tarde estavam acabando com ele.

–Querido, seu pai já saiu há uma hora. – informou Astória.

–Droga. – exclamou ele olhando no relógio e vendo que chegaria atrasado – Mãe eu tenho que ir.

Scorpius deu um beijo na face da mãe, pegou a chave do carro e saiu de casa. Se ele chegasse atrasado logo no primeiro dia de trabalho, certamente seu pai o mataria. Mas também, ele só tivera dois dias para se adaptar ao horário e ao novo cargo. Presidente Sênior. Aquele cargo nem existia! Seu pai só podia estar de brincadeira. Scorpius não sabia nem administrar sua vida, quanto mais uma empresa daquelas. Talvez um dia ele estivesse capacitado para isso, um dia talvez, não agora, quando só tinha 24 anos, nenhuma experiência, nenhuma vontade de passar o dia inteiro trancado em uma sala abafada e muito dinheiro acumulado para gastar.

Mas é claro que Draco Malfoy tinha outros planos. Um deles, Scorpius tinha quase certeza, era fazer da sua vida a mais sem graça possível. A Malfoy Corporation é uma produtora de papel de alta segurança e tecnologias de impressão para mais de 150 moedas nacionais, era a maior empresa do mundo no seu ramo. Scorpius sabia disso desde que aprendera a falar; ou melhor, desde que aprendera a importância que era ser um Malfoy. A empresa fora fundada em 1821 por algum antepassado qualquer e sempre pertencera aos Malfoy. Desde cedo ele sabia que seria sua responsabilidade administrar a empresa quando chegasse a hora. Mas a hora chegara cedo demais.

Quando estacionou na sua vaga e olhou para o prédio gigantesco a sua frente Scorpius teve vontade de gritar. Ele não queria estar ali, não queria sequer estar naquele país. Pegando sua maleta com o notebook e toda a papelada que ele não tinha a menor pretensão de ler, ele se encaminhou para a entrada da empresa. A Hogwarts era a sede administrativa e empresarial da corporativa e era um gigante de 67 andares, o destino final de Scorpius era o último andar, era de lá que ele administraria todo o império da sua família. “Grande porcaria” pensou ele conforme o elevador subia.

Quando finalmente chegou ao 67º andar, já estava de saco cheio de tudo aquilo. Ele se encaminhou diretamente para a sala do pai.

–Bom dia Srº. Malfoy – cumprimentou a secretária de Draco, Scorpius a conhecia desde criança, várias vezes ela cuidara dele quando era obrigado a vir ali.

–Um ano inteiro sem me ver e isso é tudo que você tem a me dizer Winky? –Scorpius se encostou na mesa dela – Você magoou meus sentimentos.

Scorpius a viu dando uma demorada olhada para a porta da presidência, em seguida se levantou e o abraçou apertado.

–Seu menino levado – disse ela – não sabe o quanto senti falta das suas visitas.

–Meu pai proibiu tratamento especial? – perguntou o jovem após entregar o presente que comprara para ela. Winky era a única coisa boa em todo aquele prédio.

–Terminantemente – ela sorriu – nada de favoritismo de acordo com ele. É lindo Scorpius, não precisava gastar seu dinheiro com um presente para essa velha.

–Ah claro, por que nós temos tão pouco. – ele revirou os olhos – Além disso, o dinheiro é do velho, não meu.

–Seu pestinha! – disse Winky voltando para sua mesa – Como foi a viajem?

–Curta demais. – respondeu ele arrancando risadas abafadas da mulher – Só voltei mesmo por sua causa.

A velha mulher sorriu emocionada, mesmo sabendo não ser verdade.

–E o seu pai não teve que cancelar todos os seus cartões, não é mesmo?

–Como você... foi você Winky! – acusou ele – Você cancelou meus cartões sua traidora.

–Ordens dadas, ordens cumpridas! – Winky fingiu bater continência e Scorpius não conseguiu segurar o riso.

–Lembre-se disso quando não quiser cumprir minhas ordens Tinky-Winky. – ele disse arrancando mais alguns risos da mulher.

–Infelizmente não poderei ser útil nesse caso. – ela disse olhando novamente para a porta da sala de Draco.

–E eu posso saber por quê? – perguntou Scorpius curioso.

–Por que eu não sou a sua secretária, seu pai contratou uma para você. Eu mesma escolhi, tem um currículo invejável. – Winky contou orgulhosa.

–É bonita? – Scorpius perguntou.

–Que menino levado! – ela ralhou enquanto ele sorria – Vou avisar ao seu pai que você chegou, ele vai lhe mostrar a sua sala e...

–E quando eu vou conhecer a minha secretária? – interpôs ele.

–Seu pai pediu que ela chegasse mais tarde hoje para dar tempo de te mostrar a sala. – explicou ela, pegando o telefone e discando o número da sala ao lado. – Srº Malfoy, seu filho acaba de chegar... Claro senhor, pois não. – ela repôs o telefone no gancho e se levantou, Scorpius passou o braço pelos ombros dela e seguiu para a sala do pai – Boa sorte querido!

Sorte. Era o que ele precisava. Muita sorte mesmo para enfrentar os próximos minutos frente a frente com o temido Draco Malfoy. Em casa seu pai era difícil de lidar, mas na empresa ele era impossível de conviver. Scorpius sorriu para a senhora que o acompanhara e abriu a porta. E lá estava o soberano Malfoy em seu trono. Reprimindo um suspiro e uma careta Scorpius entrou na sala do pai e se sentou na cadeira a sua frente. Encarou os olhos frios do pai com igual indiferença com que ele o olhava. Então, o surpreendendo, Draco sorriu.

.:Rose:.

Rose escutava a música que tocava no elevador completamente alheia a tudo a sua volta. O espelho mostrava que ela estava impecavelmente arrumada, seu terninho lhe caia muito bem, mesmo depois de um ano inteiro sem usá-lo. Tinha exatamente um ano que não usava esse tipo de roupa tão formal, na última vez que colocara uma roupa assim ela fora trabalhar no seu antigo emprego, era para onde ela deveria ter voltado, se as lembranças não fossem tão dolorosas. Ali era melhor, um lugar completamente novo, que não trazia nada a sua mente.

Lembranças doíam demais. Lembranças eram boas demais, eram as únicas coisas que restavam do homem que ela amava. Lembranças a fazia se quebrar por dentro. Não, lembranças não eram boas... ela não queria se lembrar de como amava acordar com aquela música horrorosa que Cade insistia em colocar, não queria se lembrar de como era fazer amor com ele antes de saírem, quando ambos já estavam prontos para trabalharem e depois tinham que se arrumar correndo e chegar quase atrasados no Ministério.

Não queria se lembrar de como sua sala era aconchegante, como gostava de trabalhar no Departamento de Relações Internacionais e em como amava que Cade trabalhasse no Departamento de RH Esportivo e como suas salas ficavam uma de frente para outra e eles ficavam se vendo o dia todo com aquelas paredes de vidro. Não queria pensar em como era a sensação de darem uns amassos no almoxarifado. Não, definitivamente, Rose não queria pensar nisso.

Então o elevador abriu e ela saiu dele se encaminhando para a mesa da senhora que a entrevistara. Fora muito fácil conseguir aquele cargo, com o currículo que ela tinha. “A função não está a sua altura”, dissera a senhora ao ver todas as especializações que não pareciam vir de uma mulher tão jovem, mas Rose queria apenas um lugar novo, não estava preocupara com o cargo em si, mas sim em fazer-se esquecer das lembranças.

–Bom dia Srª Winky. – cumprimentou Rose forçando um sorriso.

–Bom dia Rose. – respondeu a senhora sorrindo também – Chegou cedo.

–Não quis correr o risco de me atrasar. – explicou Rose.

–Vai ter que esperar um pouco, o Srº Malfoy está em uma reunião. – se desculpou ela – Por que não se senta? – a senhora apontou para um sofá e Rose agradeceu se sentando.

Será que era isso que a esperava?, se perguntou Rose, observando a mulher fazer algumas anotações. Se fosse aquele o seu trabalho, certamente não daria certo, Rose tinha energia demais para ficar o dia todo fazendo anotações. Mesmo assim, ela se forçaria a continuar, afinal precisava se alimentar de alguma forma e pagar o aluguel. Isso era essencial, mas não era o principal. Ficaria para mostrar a todos que estava conseguindo.

A maioria de sua família fora contra sua decisão de trabalhar naquela empresa e naquela função. Seu pai então, quase teve uma síncope quando ouviu o sobrenome dos novos patrões da filha, Ron certamente preferia ver a filha passar fome e morar de baixo da ponte a vê-la trabalhando para aquela família, Rose tinha certeza; rixa adolescente, dissera sua mãe com apoio de sua tia Ginny. Seu avô e seus tios foram igualmente contra. Albus fez uma careta ao saber o nome da empresa, ainda assim ficou mais inconformado com o cargo do que com a empresa.

“Quatro anos de faculdade, duas especializações, três línguas fluentes, a melhor nota da faculdade para você acabar como secretária Rosie?!” resmungou Albus quando Rose contou que iria começar a trabalhar.

–Muito nervosa? – perguntou a senhora a tirando da linha de pensamento.

–Ansiosa na verdade Srº Winky. – respondeu Rose sincera.

–Por favor, chame-me de Winky. – disse a senhora e Rose assentiu.

–A senho... você trabalha aqui a muito tempo? – perguntou Rose para ser educada. Não tinha a menor vontade de saber nada.

–Há quarenta anos. – respondeu a mulher orgulhosa e Rose não pode esconder a surpresa – Muito tempo não é mesmo?

–Muito. – repetiu surpresa – A senhora gosta de trabalhar aqui?

–Senhora não, você. – corrigiu Winky, Rose sorriu se desculpando – Gosto muito, imensamente.

Winky não teve tempo de falar mais nada. O telefone tocou e ela passou os próximos minutos imersa em uma conversa que parecia muito importante. Meia hora depois de chegar, Rose já estava incomodada com a espera. Suas costas já estavam doendo e ela já tinha desistido de impedir as lembranças de invadirem sua mente, ela simplesmente deixou que tomassem conta dela, que a quebrassem por dentro, então quando estava mais no passado que no presente, uma porta se abriu e um homem já de idade saiu de lá. Seu patrão, Rose teve certeza. Ela olhou para Winky, que sorriu a encorajando.

–A secretária do Scorpius já chegou Winky? – perguntou ele. O manda chuva!

–Chegou há alguns minutos senhor. – respondeu Winky. Rose contou até três e se levantou colocando um discreto sorriso nos lábios – Está é a Srtª Weasley, Srº Malfoy. – apresentou ela.

–Weasley? Você é parente dos Weasley? – perguntou o homem franzindo o cenho, deveria ter a mesma idade que seu pai – É parente de Ron e Hermione Weasley?

–Sou filha deles, senhor. – respondeu Rose olhando diretamente para ele – Muito prazer, Rose Weasley. – Rose estendeu a mão e só então se lembrou que ali ela era a secretária, não devia se portar assim. “Mas afinal, como uma secretária deveria se comportar?”, ela se perguntou. O Srº Malfoy apertou a mão dela, a olhando curioso.

–Leve-a até a sala de Scorpius Winky, em seguida vá a minha sala. – o homem saiu sem sequer um olhar de despedida. Rose desgostou dele de imediato.

–Venha comigo querida. – chamou Winky e Rose a acompanhou – Srº Malfoy, essa é a sua nova secretária, R...

–Rose Weasley? – completou surpreso o homem sentado na cadeira.

Rose olhou para ele sabendo que deveria conhecê-lo, mas mesmo assim não sabendo quem ele era. Ela olhou em seus olhos cinzentos e então sua boca se abriu de surpresa. A memória era tão antiga quanto ela própria. O primeiro dia de escola, ela e Albus e aquele menino louro e desconfiado. Quantos anos eles tinham na época? Cinco? Seis? Rose jamais associaria aquele menino que brincara com ela, Albus, Aileen e Cade com esse homem sentado a sua frente não fosse os olhos, os olhos não tinham mudado nada. Os olhos que pareciam conter uma tempestade dentro. Rose ainda estava surpresa demais para esboçar qualquer reação quando Scorpius Malfoy sorriu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reaprendendo a Amar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.