Reaprendendo a Amar escrita por Dreamy


Capítulo 4
Falsa Sinceridade


Notas iniciais do capítulo

Olááá
Bem, hoje vamos ter um pouquinho do temperamento de Rose Weasley, bem pouquinho, mas já vai dar para ter uma noção do que tem pela frente...
Um super obrigada as meninas que comentaram o capítulo anterior, Janne Esquivel e Julia Evans Tonks. Obrigada meninas!
Então é isso, aproveitem!



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Capítulo III – Falsa Sinceridade

“Não é possível. Simplesmente não é possível”, pensou Rose olhando a pessoa a sua frente. De todas as empresas da Grã-Bretanha, de todos os chefes do mundo ela tinha que estra trabalhando logo para uma pessoa que compartilhara a infância! Tudo que ela queria era fugir das lembranças, mas a única coisa que estava conseguindo era se machucar mais e mais. Enquanto pensava no que falar, todas as memórias de uma Rose com trancinhas e cheia de sardas e um Cade barulhento e irritante afloração em sua mente.

Rose e Cade tinham se conhecido quando ainda usavam fraldas. Seus pais eram amigos dos pais dele e eles cresceram juntos. Fizeram o primário, depois o ginásio, o colegial e a faculdade juntos. No primário, Rose e Aileen se juntaram contra aqueles ‘meninos nojentos’, aqueles eram Albus, Cade e um menino loirinho e com olhos da cor de tempestade. Cade era o líder do grupo de pestinhas, era o mais levado, o mais bagunceiro. Os seus olhos azuis gritavam confusão! Já no ginásio, o grupo de cinco virou o grupo de quatro, o menino quieto, tímido e loiro saíra da escola. Cade ficara pior, se isso fosse possível. Rose o ignorava enquanto ele fazia palhaçadas e coisas estúpidas. Foi no colegial que Rose passou a enxergá-lo de verdade, Cade era engraçado e gentil. Aos 14 anos Albus lhe disse que um amigo queria ficar com ela. Rose foi ao céu e voltou, naquela época ela não tinha atrativo nenhum, era uma ruivinha magrela que usava aparelho e era obrigada a usar óculos. “Quem seria esse amigo?”, Aileen e Rose se perguntaram a tarde toda entre risinhos. Depois da aula Rose foi atrás da escola, com muita coragem. Cade estava encostado no muro parecendo muito nervoso, mexia as mãos sem parar, um sinal de ansiedade. Quando Rose chegou ficou mais feliz que surpresa ao descobrir quem era.

O beijo foi horrível.

Rose soube que encontrara o amor da sua vida encostada no muro da escola tentando beijar com aquele maldito aparelho dentário atrapalhando.

–Eu não acredito que é você. – disse Malfoy a fazendo voltar ao presente.

–Bem, já que vocês se conhecem, vou deixa-los a sós. – Winky sorriu e saiu, fechando a porta.

Rose, muito calmamente, se encaminhou para a cadeira disponível em frente ao rapaz e se sentou. Agora era a hora de falar alguma coisa, mas ela não tinha a menor ideia do que falar.

–Eu... – ela conseguia formular uma única frase coerente.

–Você não mudou muito. – comentou ele.

–Você está irreconhecível. – ela finalmente conseguiu falar.

Ele sorriu, mas Rose não foi capaz de retribuir.

–Então, você é minha secretária. – disse Malfoy.

Cade, Cade, Cade... a imagem dele vinha com toda a força em sua mente. Lhe rasgando, lhe fazendo querer sair dali correndo, fazendo seus olhos marejarem. Rose piscou depressa, não iria chorar ali.

–Eu jamais imaginei que você fosse aquele menino que... – Rose corou. Memórias, mais memórias...

–Que você beijou com cinco anos de idade. – completou ele.

“Isso não contava”, pensou Rose martirizada. Seu primeiro beijo fora com Cade, não com aquele menino, afinal ela estava tentando apenas consolá-lo quando o beijou e nem tinha sido um beijo de verdade, fora apenas um selinho.

–É. – respondeu Rose.

O silêncio se instalou entre eles e Rose não conseguiu pensar em nada que pudesse tirá-la daquela situação. Aquilo só podia ser uma brincadeira de mal gosto! Por que Cade? Por que ela tinha que ficar lembrando dele em tudo e em qualquer lugar?

–Winky me disse que você tem um currículo ótimo. – disse ele para quebrar o silêncio.

Rose forçou um sorriso, abrindo a pasta e entregando uma folha com suas qualificações ao rapaz a sua frente.

–Minha nossa Rose! – disse Malfoy surpreendido – Desculpe-me, mas com isso – ele a entregou o currículo – você se encaixaria melhor numa vaga de...

–Eu sei – se apresou Rose a dizer – mas eu passei um ano fora do mercado de trabalho e eu quero recomeçar aos poucos.

–Você trabalhou no Departamento de Relações Internacionais do Ministério por dois anos. – ele conferiu.

–Exatamente. – ele confirmou.

–Fala inglês, francês e alemão fluentemente. – ele continuou e Rose se sentiu corando – Tem especialização em gestão em RH e Politica Empresarial e...

–E o senhor tem uma ótima memória. – constatou Rose, segurando o papel que continha todas as informações.

–Quanto a memória eu não posso negar, mas por favor chame-me de Scorpius. – ele disse.

–Sinto muito, mas creio que isso desencadeara um precedente ruim caso trabalhemos juntos, Srº Malfoy. – respondeu Rose, frisando a última parte. Queria ficar o mais distante possível dele e de todas as lembranças que ele trazia.

–Concordo plenamente, mas você ainda não trabalha para mim, Rose. – foi a vez dele frisar o nome dela – Mas diga-me, você tem notícias dos outros? Lembro-me claramente de todos agora, mas não conseguia lembrar o nome de vocês quando tentei encontrá-lo em redes sociais.

–Estão todos bem – Rose sentiu um aperto no peito – Albus e Aileen trabalham no Ministério.

–E o outro menino? – Rose quis gritar para que ele, por favor não perguntasse nada – Como é mesmo o nome dele? Albus, Aileen e...Cade, não é?

Rose se sentiu sufocar.

–Eu e Cade nos casamos. – ela sentiu necessidade de contar.

–Ah, parabéns! – apesar das perguntas ele parecia indiferente ao que ela contava – Srª...

–Srtª na verdade – esclareceu Rose – nós não casamos no papel, apenas uma cerimonia entre amigos.

–E como ele está? – perguntou o homem.

“Morto, ele está morto”, ela quis responder, mas achou que seria grosseiro.

–Infelizmente, Cade faleceu há um ano. – contou Rose.

–Ah, eu... – ele pareceu desconfortável – Sinto muito!

–Obrigada. – disse Rose e o silêncio novamente se instalou entre eles – Mas e quanto à vaga? Será que ainda a tenho?

–Certamente. – ele disse – Não acharemos outra pessoa tão apta à função quanto você. De qualquer forma, o contrato já está assinado mesmo! – ele sorriu.

–Eu sei. – ela respondeu – Será um prazer trabalhar com você, Scorpius.

E Rose quis, desesperadamente, acreditar nas suas palavras, mas elas soaram vazias até mesmo para seus próprios ouvidos. A única coisa que ela queria, se o contrato já não tivesse assinado, era sair daquele prédio e nunca mais voltar.

.:Scorpius:.

Ela tinha ficado bem gostosa. A última vez que Scorpius a tinha visto ela usava trancinhas e tinha um dente faltando, mas ele conseguiu reconhecer aquelas feições delicadas, os cabelos castanhos que eram ruivos. Isso era possível?! Bem, para ela era possível.

Claro, nenhum dos dois parecia nem minimamente animados com o novo emprego. Para Scorpius, ela era apenas um pequeno incentivo para levantar de manhã e ir aquele escritório para mais um dia desperdiçado. Mas isso não duraria muito tempo, ele tinha certeza. Duraria o tempo até que eles tivessem um caso ou algo parecido. Afinal, ela era uma mulher atraente e ele sabia como conquistar as mulheres. O fato de tê-la conhecido na infância facilitaria as coisas, o fato de ser ‘viúva’ talvez dificultasse as coisas. De qualquer forma, seria uma distração pelas próximas semanas.

–Acha que vai se adaptar bem? – ele perguntou quando Rose se levantou para sair.

–Creio que tenho boas chances de me adaptar. – ela respondeu com uma mão na maçaneta – E você, acha que vai se adaptar bem?

–Como sabe que tenho que me adaptar? – Scorpius perguntou a encarando.

–Sua sala não tem nenhum detalhe pessoal. – ela respondeu fazendo um gesto que abrangia toda a sala – Eu imaginei que você estivesse começando hoje, além disso Winky me disse que eu trabalharia para o ‘novo’ executivo.

–Winky não sabe manter a boca fechada. – ele comentou. Ela sorriu e saiu da sala.

Scorpius olhou todo o seu escritório e afrouxou a gravata. A parede a suas costas era toda de vidro, de modo que a vista que tinha da cidade era perfeita e deixava a sala iluminada, mesmo assim ele sentia-se em uma masmorra. Ele virou a cadeira ficando frente a frente com o horizonte, ignorou toda a papelada que tinha para ler e apenas se perdeu, sua mente em um lugar muito diferente que seu corpo. Bem, se seu pai queria obrigá-lo a trabalhar, ele que arcasse com as despesas de um funcionário que não iria fazer nada de proveitoso para a empresa.

–Srº Malfoy, com licença. – a voz de Rose o tirou do transe. Ele virou a cadeira novamente, olhando o relógio de pulso, ficara mais de uma hora ocioso olhando o nada! – Você tem uma reunião com o presidente dentro de 15 minutos.

–Outra? – ele perguntou descrente. – Eu já falei com meu pai hoje.

–É o que está escrito em sua agenda. – ela esclareceu. Scorpius nem sabia que tinha uma agenda.

–Espera, é hora do almoço! – ele se lembrou.

–Quer que eu desmarque? – ela perguntou arqueando uma sobrancelha.

–Claro, e os dois estão despedidos antes que possam falar ‘injustiça’. – ele falou e Rose esboçou um sorriso – Eu estarei lá.

Quando voltou a sua sala, duas horas depois, mal-humorado e com fome, Scorpius tinha descoberto que seu pai era muito mais sacana do que aparentava. Depositou nele funções que exigiam todo o tempo e dedicação, isso ou a empresa iria para o buraco. Não que naquele momento ele estivesse se importando com a porcaria a companhia, ela que fosse para o inferno, junto com seu amável pai. Sem se importar com nada, a não ser seu estômago roncando, Scorpius pegou o celular a carteira e saiu da sala, passando por Rose sem lhe dizer nada. Ele só queria sair dali, daquele lugar que o sufocava.

Scorpius entrou no carro e acelerou, foi para a saída da cidade, sem em hora nenhuma tirar o pé do acelerador. Não se importou com os sinais vermelhos ou com possíveis multas que tinha certeza que chegariam, ele só queria correr, deixar para trás a sensação de impotência que tinha diante do seu pai. Depois do que pareceu meros minutos ele finalmente parou no acostamento com seu celular tocando. Era um número de Hogwarts, tendo certeza que era seu pai, Scorpius se preparou para dizer tudo que estava entalado na sua garganta há dias.

Não sei o que você pensa que está fazendo, mas não vai me prejudicar com isso. – a voz do outro lado era de mulher – Se você não quer responsabilidades problema seu, mas você vai me falar onde está indo e a que horas volta, por que da próxima vez que o seu pai alterar a voz para mim eu o faço engolir a própria gravata. Eu quero esse emprego e você não vai me prejudicar Malfoy.

–Rose? – ele perguntou incrédulo.

Não, a fada madrinha. – ela ironizou – Eu falo sério Malfoy, você pode estar indo se suicidar, eu não me importo, entretanto você vai me dizer, onde, quando e com quem está. Não me importo em mentir para o seu pai, mas para mim você vai falar a verdade.

–O que ele falou para você? – perguntou Scorpius contendo um sorriso.

–Nem queira saber. – ela falou, sua voz mais calma – Quando você volta?

–Há quanto tempo eu sai? – ele perguntou.

Há duas horas. – ela disse severa.

–Não vou voltar hoje. – ele respondeu – E você pode ir embora, não preciso mais de você hoje.

Ótimo. – ela respondeu indiferente.

O celular ficou mudo.

“O que estava acontecendo na sua vida?” se perguntou Scorpius voltando para a estrada e seguindo o retorno em direção à cidade. O que ele menos queria na vida era ficar preso a mesma vida que seu pai teve e ali estava ele sem opções, completamente preso a um futuro que não queria. Ele não queria, verdadeiramente não queria. Não queria voltar para a droga da mansão que morava, não queria voltar para a droga da empresa que trabalhava, não queria mais depender do seu pai para poder sobreviver, Scorpius estava cansado de tudo isso. Contudo, se via sem opção. Se desafiasse seu pai ficaria sem um centavo, o dinheiro era dele, como Draco bem gostava de lembrar. Scorpius era só o filho do dono, era só o único herdeiro daquela porra toda e ainda dependia do seu pai para tudo.

Acelerando cada vez mais, ele desejou ter a coragem de Rose para fazer seu pai engolir a própria gravata. Sim, ele queria ter a coragem dela.


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Notas finais do capítulo

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