Arabella escrita por Queen


Capítulo 13
It's an exploration, she's made of outer space.


Notas iniciais do capítulo

"Era uma vez Queen e Inspiração. As duas eram casadas e muito felizes. Inspiração sempre ajudava Queen a escrever. Inspiração a fazia escrever em no máximo cinco horas e isso tornava o relacionamento delas felizes e pleno. Até o dia em que a Inspiração abandonou a Queen, a deixando sozinha sem nada. Queen ficou sem inspiração e agora leva dias para escrever um capítulo no mínimo apresentável para seus leitores divos. A vida nunca mais foi a mesma sem a inspiração." Trecho do livro "A culpa é da inspiração."

Sério mano, eu tentei durante essas duas semanas fazer um capitulo ao menos legal porém tudo saia uma merda, tava até pensando em deixar a fic de hiatus mas como inspiração vai e vem eu não vou fazer isso.

Espero que gostem.



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" Ele queria poder conseguir controlar seus sonhos."

Ele sabia que não deveria ter medo dela, sabia que ela estava ali cuidando dele enquanto sua mãe trabalhava, já que havia se passado alguns anos que Hermes havia morrido e por conta disso, Abby trabalhava mais que o habitual. Mas, ao contrario de Johanna, Christina era uma mulher maluca. Vivia bêbada e com caras desconhecidos saindo de sua casa. Travis sempre soube que sua tia mais nova não era muito normal e que quando olhava para ele, não tinha aquele mesmo olhar carinhoso que Johanna transmitia, ela tinha um sorriso carregado de malícia.

Ele nunca entendeu porquê ela gostava de tirar fotos dele, nunca entendeu porque ela preferia ficar com ele do quê com Connor, ou o porquê de ela sempre dormir abraçada com ele. Ele não gostava dela, Christina trazia uma sensação ruim para Travis, uma sensação de invasão.

Ele só começou a gostar de Christina quando completou oito anos e ela passou a mimá-lo com presentes e elogios. Ela lhe dava livros, carrinhos, jogos, uma variedade de brinquedos. E os elogios eram sempre os mesmos: “Seus cabelos estão lindos, Travis.” “Você está grandinho, está virando um homenzinho.” “Que sorriso bonito, meu garoto” e “Quando você crescer e estiver fazendo sucesso com as garotas, sendo um garanhão, não se esqueça que eu sempre serei a sua noiva”.

Apesar de Travis e Connor serem praticamente iguais em aparência, Christina sempre fora mais apegada à Travis. Claro que no começo de tudo, ninguém desconfiava de nada, ninguém falava nada, e era aí que estava o problema.

Foi em uma noite fria de domingo que Travis acordou com a tia ao seu lado. Ela tinha um sorrisinho no rosto e acariciava seus cabelos. Ele automaticamente sorriu também. Ela se aproximou do ouvido do garoto e disse baixinho:

– Fique quietinho, tudo bem? Você não quer acordar o seu irmão e acabar com toda a diversão, quer?

Travis negou.

Ele não entendeu bem quando Christina deslizou a mão pelo seu corpo. Era uma criança, a pureza de seu ser podia ser vista só em olhar para os seus olhos. Mas, ali, Christina acabou com isso. Acabou no momento em que ela foi trazendo sensações estranhas para Travis, com a sua mão subindo e descendo pelo seu corpo, apertando em lugares que deixava Travis enjoado. O garoto chorou quando ela pressionou suas partes intimas, tudo o que ele conseguia pensar era: “O que está acontecendo?” e Christina revidava com um sorriso e de praxe “Fique quieto, seu irmão pode acordar.”

Aquilo se repetiu durante muitas noites. Durante muitos anos, na verdade. Travis aprendera a ficar calado, aprendera a não fazer mais tantas perguntas a Christina. Aprendeu a, apesar de tudo, gostar da Tia. Quando conversava com sua mãe, ela dizia “Christina é um caso sério, desde que o marido morreu ela procura ajuda em outras coisas.”

Foi com doze anos que o estopim aconteceu. Travis disse para a Tia que ela deveria parar, que não gostava das sensações que sentia, que não gostava quando a mulher o tocava. Ele declarou que, se ela continuasse, iria contar para sua mãe. Christina nada disse, apenas assentiu e se encaminhou para a cozinha. Era natal, todos da família estavam ali, até os parentes mais distantes. Naquele dia Travis ganhara diversos presentes e seu primeiro celular, dado por Christina. Ela sempre lhe dera os melhores presentes. Ele a achava uma mulher bonita, encantadora, divertida, apenas com sérios problemas mentais.

Ao contrario de todos, Christina sairá mais cedo. Travis viu quando ela saiu, desejou-lhe um feliz natal e lhe deu um abraço apertado. Algumas horas depois, um carro parou em frente a residência. Travis esperava que sua tia tivesse voltado, mas quando abriu a porta deu de cara com um policial. Todos ficaram tensos, Abby convidou o homem para entrar e ele disse, com pesar, que o carro de Christina havia capotado há algumas quadras dali. “Foi culpa da neve” ele dissera “Ela perdeu o controle e quando foi passar por uma lombada, o carro virou.”

Os meses seguintes se passaram sombrios para Travis. Em seus pensamentos, a culpa disso havia sido sua. Quem sabe se ele não tivesse sido tão rude ou ameaçado contar para Abby, ela não teria ficado tão triste e tensa. Ou quem sabe, se tivesse agradecido pelo presente, Christina não tivesse bebido tanto. Sua mãe dizia “Christina já estava sem jeito. Não podíamos fazer nada em relação a ela, sinto muito Travis, não se culpe.” Mas ele se culpava, ele sempre se culpou.

Com quinze anos ele passou a entender o que acontecia com sua tia e o que ela realmente fazia com ele. Ela era, apesar de incrível, louca. Ele sempre soube que se tivesse contado para Abby como havia dito, sua tia poderia ter sido presa. Ninguém nunca soube sobre o que acontecia nas noites em que Christina dormia na casa de Abby. Ele prometeu a si mesmo que levaria aquele segredo para sempre. Ele iria ficar quieto, como havia prometido á Chris.

O que Travis não esperava, era que fosse ter pesadelos relacionados a isso quase todas as noites. Ele já estava farto de acordar soado, com as lembranças de sua tia o tocando, o abraço forte que ele dera nela antes de vê-la partir ou as palavras do policial ecoando em sua cabeça. “O carro capotou. Ela está morta. Duas quadras daqui. Neve.” Palavras soltas que faziam seus tímpanos doerem.

Ele odiava confessar, mas não tinha pesadelos quando Katie dormia ao seu lado. Talvez ela o trouxesse paz, ou o lembrasse a sua tia compartilhando sua cama. Ele nunca soube explicar porque sonhava com isso, porque as lembranças sempre voltavam. Às vezes, ele tinha a impressão de que gostava da dor porque ele sentia dor quando sua tia invadia sua privacidade, e depois de tanto tempo, depois de ter se acostumado com o incômodo, ele passou a ver certa beleza na dor, afinal.

Seu corpo estava tenso e ele sentia uma dor de cabeça horrível, ter lembranças do passado lhe causavam essas reações, lhe causava dor por todo o corpo, uma agonia mental que ele jamais iria conseguir suportar. O sangue pulsava em suas veias, seu coração estava acelerado e seu corpo suado. Ele queria poder conseguir controlar seus sonhos.

O fato de a casa estar silenciosa e não haver ninguém ali – Todos haviam ido acompanhar Abby e John até o aeroporto – o fazia se sentir ainda mais deprimido. Travis levantou-se em um salto e caminhou até o seu guarda roupa, era sexta feira à noite, ele tinha de estar na Dark Night em trinta minutos.

Iria se encontrar com Ethan novamente e se divertiria um pouco. Só assim ele poderia esquecer a memória do corpo de Christina sendo enterrado a sete palmas do chão. Só assim ele afastaria a memória de ver seu corpo frio e pálido dentro do caixão. Só assim ele iria esquecer o quanto chorou.

Só assim ele poderia se sentir menos culpado.

Ele deveria ter feito o que ela havia indicado. Deveria ter ficado quieto.

“Esse é o nosso segredinho.” Ela dissera. Por que ele não fez o que ela havia dito, por quê?

***

– Você deveria tentar se divertir. – Stiles chiou em seu ouvido antes de beber pausadamente seu refrigerante. Katie queria ir para casa, já haviam se passado apenas algumas horas que seu pai havia voltado para Chicago. De alguma maneira Katie estava se sentindo péssima devido as palavras do pai dois dias antes. Ela só queria voltar para casa, deitar em sua cama e chorar pela mãe que nunca teve. – Deveria seguir os passos da Angelina.

Angelina. Aquilo tudo era culpa da vaca loira metida a Taylor Swift, que em um surto saiu arrastando James e Katie para a Dark Night. Qual era o problema dela? Será que não percebia que alguém simplesmente não estava a fim?

– Prefiro ficar seguindo os seus passos. Nada melhor do que ficar isolado no bar bebendo refrigerante.

– Assim você acaba com a minha onda. – James resmungou olhando para Angel do outro lado da boate, dançando no meio da pista com duas garotas ao seu lado. – Será que a cabelo de capim vai trair a Lilian?

Katie deu de ombros. Sua franja havia crescido alguns centímetros e estava pinicando os seus olhos, dificultando brevemente a sua visão. Ela precisava urgentemente aparar as pontas e pintá-lo novamente.

Uma batida diferente preencheu o local. Era um ritmo mais solto, que fez os seus pelos se arrepiarem e seus pensamentos ficarem mais leves. Ela levantou os braços no inicio da música e olhou brevemente para James, que assentiu e a acompanhou até a pista de dança.

– É a sua música. – Stiles murmurou em seu ouvido no refrão. Katie o olhou sem entender. – Essa musica se chama Arabella, de alguma maneira o Travis acha você parecida com a garota retarda na musica. E apesar de ela ser uma prostituta, eu também acho você parecida com a Arabella.

– A mulher da música é puta? – Katie perguntou parando de dançar automaticamente. – Eu sou uma puta, Stiles?

Ela nunca havia o chamado de Stiles antes, nunca, e talvez tenha sido por isso que seus olhos quase saltaram de suas orbitas ao vê-la pronunciando seu sobrenome.

– Não foi isso o que eu quis dizer, Katherine. A música fala de uma linda mulher com um pensamento dos anos setenta, que usa roupas antigas e tudo mais. Uma mulher encantadora se ignorarmos o vídeo clipe do Arctic Monkeys. Digamos que você é o lado bom da Arabella.

Katie sorriu de soslaio e voltou a dançar ao seu lado. Observava atentamente os versos da musica e se sentiu livre e solta dançando-a. A voz de Alex Turner era o paraíso para seus tímpanos, estava sentindo aquela mesma sensação de quando ficava em seu quarto em Chicago e dançava de meias sobre o carpete, ouvindo os álbuns antigos de Pink Floyd.

Vestia uma saia jeans florada e uma blusa simples regata acompanhada de suas inseparáveis botas de camurça. Angel havia obrigado-a a usar esse look, já que ela estava disposta a usar apenas um vestido e rasteirinha. Além de ser meio vintage Katie também era metida a hipper. Ela adorava seu estilo mais do que qualquer outra coisa.

– Eu preciso ir ao banheiro. – Teve de gritar para que James pudesse ouvi-la. O garoto somente assentiu e voltou a dançar. Outra musica estava tocando agora, mais lenta, porém encantadora. – Cadê a Angel?!

Katie olhou de um lado para o outro procurando à loira e não a encontrou. Talvez ela estivesse realmente traindo Lilian com alguma das duas garotas em que estava dançando. Katie se sentia péssima por julgar Angel, achava que no fundo a amiga não teria coragem de optar para o adultério para ser feliz.

Resolveu então procurar por si só o banheiro daquela estranha boate. Lembrava-se perfeitamente da primeira vez que havia ido ali, do constrangimento que passou ao ver Travis e Jannie se pegando em um dos quartos que a boate fornecia. Ela se sentiu tão estúpida naquele dia, quem sabe se ela não tivesse interrompido Travis não ficaria tão puto com ela. Mas foi inevitável.

Quando entrou em um dos corredores escuros automaticamente soube que estava no lugar errado. A Dark Night era a boate mais estranha que ela já havia frequentado em sua vida. Ocupava um quarteirão inteiro de um bairro pouco movimentado, tinha um bar com as misturas mais exóticas que ela já havia visto na vida, uma boate cheia de bancos, mesas, salas e corredores. Ela se perguntava por que tanto corredores e o que havia no andar de cima. E, acima de tudo, Dark Night tinha de todas as estranhezas do mundo essa: Entrada de menores aceita. Quando será que a policia fecharia a boate? Melhor: Será que os policiais iriam parar de frequentar a Dark Night para fechá-la?

Viu uma garota sair de um elevador no fim do corredor. Era alta, magra e parecia insatisfeita com algo. Ela andava de forma graciosa, como se estivesse em um desfile da Victoria Secret’s.

– Os banheiros ficam lá em cima? – Perguntou quando a garota passou. Ela não respondeu, ela sequer lhe olhou, apenas continuou andando. Katie bufou. – Mal educada.

Entrou no elevador com pressa. A situação que ele se encontrava era precária e a luz insistia em dar pico. Katie ficou nervosa quando as portas se fecharam e seu rosto aparecia e sumia no espelho quebrado à medida que a luz dava pico. Tocava uma musica totalmente deprimente, algo meio emo gótico – Nada contra. – que fazia ela fechar os olhos com forca e respirar fundo. Seria tão mais apreciativo ouvir Pink Floyd ali dentro, mesmo com aquela luz dando pico e sua expressão horrorizada sendo mostrada no espelho quebrado. Poderia até ser mais suportável.

Quando as portas se abriram ela suspirou em alivio. Encontrava-se agora em uma sala com estofados mofados e um segurança careca parado em frente a uma porta. Antes que ela perguntasse se ali era o banheiro o homem se precipitou:

– Foi você que ela mandou? – Ele a analisou de cima a baixo e depois estalou a língua. Sua careta azeda fez Katie recuar alguns passos. – Você é uma criança! Mas já que ela insistiu em descer e disse que mandaria alguém em seu lugar, eu não posso fazer nada.

Ele abriu a porta e Katie o olhou sem entender. Ele deveria estar falando da garota que ela encontrou saindo do elevador e ele achava que ela havia mandando Katie subir ali para fazer alguma coisa. Algo importante, se observar a maneira como o homem estava.

Com passos lentos e os ombros caídos Katie passou pela porta e sentiu os olhos arderem pelas luzes neons. Era outra sala, porém maior e com janelas que davam para ver os arranhas céus de Vancouver. No centro, dois garotos estavam se encarando furiosamente, pareciam que iam brigar. Ao redor vários outros rapazes conversavam e apontavam. Sua mente deu um nó tentando raciocinar o que significava aquilo. O que significava o dinheiro correndo pelas mãos dos rapazes, a gritaria, o garoto de no mínimo quinze anos paquerando com uma mulher vestida de enfermeira. Ela se aproximou mais do centro, com os olhos ainda pinicando pelas luzes em neon. Quando se aproximou o suficiente reconheceu um dos garotos que estavam no centro da roda. Claro que ela iria reconhecer. Sentiu o peito palpitar ao vê-lo sem o casaco. Ele estava com uma blusa regata, coberto de suor e com um arroxeado ao redor do olho. Seu lábio inferior sangrava. Ele parecia não ligar.

Um grito ficou sufocado em sua garganta quando o outro garoto acertou um golpe no estomago de Travis. Ela assistiu horrorizada o Stoll cair no chão e não levantar mais.

– Travis! – Sua voz esganiçada provocou gargalhadas e olhares sobre si.

O que estava acontecendo?


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Notas finais do capítulo

Queridos leitores, tem um grupo no wpp que a gente fala sobre fanfics, caso você queira entrar, apenas mande o seu numero! Sério, não seja tímido(a) todo mundo ali se gosta [eu acho] e tals, sério, entreeeeeeeeeee, eu soou adm e tudo mais.
É isso aí.
Kisses
Espero ver vocês proxima sexta



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