Sara estava andando em direção ao quarto 42, tinha acordado mais cedo naquela manhã porque gostava de sentir o ar matinal, havia deixado a sua nova companheira de quarto dormindo. Sara entrou no quarto e encontrou a companheira propriamente dita já de pé, em frente para a janela com os cabelos negros presos em um rabo –de -cavalo e vestindo a sua jaqueta preta. Ela segurava uma vasilha na mão, parecia que tinha nozes dentro; Diana pegou uma das nozes da vasilha e atirou pela janela, a noz caiu dentro do copo de alguém, a garota sorriu satisfeita com o resultado da proeza.

–O que você está fazendo?!?- Perguntou Sara assustada.

Diana virou para ela com uma sobrancelha erguida.

–É meio óbvio, você não acha?

–Foi uma pergunta retórica!- Respondeu Sara enquanto arrancava a vasilha com nozes da mão da garota.

–Você quer dizer uma pergunta inútil- Retrucou Diana que se jogou emburrada na cama.

–Qual é o seu problema?- Questionou Sara.

–Entediada-murmurou a outra.

–O quê?

–Entediada! -Gritou Diana enquanto pulava da cama e agarrava duas nozes da vasilha.

–Entediada!-Gritou quando atirou a primeira noz - Entediada!- gritou e atirou a segunda.

Sara correu e segurou a mão da garota, estava a ponto de gritar perguntando se ela tinha enlouquecido quando bateram na porta, Sara deixou a vasilha de nozes onde ela pudesse vigiar e abriu a porta, um rapaz esperava do outro lado.

– Oi, eu sou o Lucas- cumprimento o rapaz- eu sou o...

– Representante de turma- Completou Diana.

Lucas olhou surpreso para ela, Diana retribuiu o olhar com um sorrisinho, talvez meio debochado.

– Bem- Continuou o representante- Eu vim aqui para dizer que as aulas começam amanhã de manhã quando tudo estiver funcionando bem na escola, Ah, e claro para desejar boas vindas à escola- Completou sorrindo.

Lucas estava se preparando para sair quando um garoto de óculos chega correndo até ele:

Lucas! Lucas!- Gritava ofegante o rapaz- Aconteceu um desastre! O laboratório de química foi roubado!

– O quê?!?- Disse o representante surpreso- Você já disse para a diretora?

–Não... - Respondeu o rapaz um pouco constrangido- Porque eu posso ter exagerado! Pode não ser nada. O que devemos fazer?

– Ora, olhar o laboratório é claro!- Disse Diana com um sorriso satisfeito no rosto- Vamos, me mostre onde é.

E assim Diana assumiu o controle, e fez isso de forma tão natural que ninguém achou estranho a novata de repente mandar em todos, ela só foi à frente e os outros foram atrás. Chegando ao laboratório de química Diana parou em frente à porta e observou o lugar, uma das prateleiras em que os estudantes guardam as substâncias estava quebrada, os frascos pareciam intactos, o laboratório da escola West era conhecido por fazer também pesquisas importantes, eles guardavam inúmeras substâncias lá. Diana voltou sua atenção para a porta.

–Estava trancada quando você chegou?- Perguntou voltando-se para o garoto de óculos que nos avisou sobre o roubo.

O garoto fez que sim. Diana andou até a prateleira, os frascos estavam intactos, apenas um estava vazio, Diana se inclinou sobre ele,

–Sem impressões- Murmurou mais para si mesma do que para os outros, na verdade já havia se esquecido de que não estava sozinha na sala, levou um susto quando viu Sara ao seu lado olhando para o frasco. Tinha alguma coisa escrita em baixo do frasco:

Clostridium botulinum

–Toxina botulínica- Disse Diana por fim, o rapaz de óculos se assustou, Sara olhou para Lucas, ele também parecia não estar entendendo nada.

– Hã... Diana será que dá para traduzir isso pra gente, por favor?

–Botox- Disse Diana simplesmente.

–Botox?- Repetiu Sara espantada- Por que alguém roubaria isso?

–A Toxina botulínica ou como é mais conhecido, BOTOX- explicou o rapaz de óculos- provoca sintomas de paralisia progressiva, principalmente paralisia dos músculos da respiração, quando é usada para a estética ela é devidamente administrada, mas se não for administrada a mortalidade é alta.

– Este sim é um bom motivo para roubar- Disse Diana se atirando no chão para examina-lo, logo depois se levantou e começou a andar pela sala.

– Tem alguma ideia?- Perguntou Lucas.

–Só algumas por enquanto- Respondeu Diana- O assassino tinha a chave da porta, porque ela não foi arrombada e ela com certeza foi fechada ontem, agora que eu sei que esta é a sala de química eu me lembro de ter passado por aqui ontem, eu vi uma pessoa tranca-la. Então o ladrão tinha a chave, mas deveria estar com pressa devido a maneira como quebrou a prateleira, ele também estava de luvas por que não tem impressões digitais no frasco e se ele estava com pressa não deveria ter tempo de limpa-lo depois, ele tirou o líquido com uma bomba, como aquelas de caneta e saiu pelo mesmo lugar que entrou.

–Fantástico!-soltou Sara

–Sabia que falou isso alto?-perguntou Diana baixinho.

– Desculpe

–Não... Tudo bem.

– Então se é assim devemos imediatamente informar a diretora!- Gritou Lucas.

–Faça isso e amanhã o veneno vai estar aqui de novo, a diretora preocupada com a volta às aulas vai deixar a situação pra lá e você nunca vai descobrir quem roubou. O culpado sairá impune e vai estar livre para fazer outros planos para qualquer coisa que ele queira fazer-Respondeu Diana olhando para ele com uma expressão sombria.

Lucas abriu e fechou a boca e depois olhou para o chão apertando as têmporas:

–Faça o que quiser e que Deus me ajude- suspirou ele apreensivo.

Diana de repente riu e deu um pulinho de alegria.

–Ah!- gritou- Primeiro um roubo insignificante e agora um possível assassinato! Eu adoro isso, não aguentava mais essa escola entediante! Precisamos interrogar algumas pessoas, saber quem ouviu um barulho ontem à noite ou sabe de alguma coisa suspeita. Rapaz de óculos, Lucas, Sara, vocês vão me ajudar não é?

– Meu nome é Júlio- Disse o rapaz de óculos

–Túlio! Claro, vocês dois porque estão parados aí enquanto alguma coisa divertida está finalmente acontecendo?

–Você está feliz, isso não é descente -falou Sara, um pouco constrangida de sua nova amiga.

–Quem liga pra decência?-gritou Diana com um sorriso maluco no rosto- O jogo, cara amiga, começou!

E saiu correndo pela porta.