O Gato E O Corvo escrita por Lara Green


Capítulo 18
O Poema Recitado e o Sangue Derramado


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, eu demorei muito, eu sei. Mas eu tive alguns contratempos, quando isso acontece eu posto os próximos capítulos o mais rápido possível, as férias já estão acabando... Estão vendo a copa? Eu não rsrs. Para começar esse capítulo eu quero citar uma frase que eu vi no filme Ender´s Game:
"Quando você conhecer o seu inimigo o suficiente para derrota-lo, você irá ama-lo".



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Um rapaz se encontrava deitado em um sofá aparentemente muito caro com uma expressão de tédio mortal no rosto, de tempos em tempos ele olhava para o celular inútil em suas mãos, aparelho que antes lhe era tão caro.

– Como no palco o ator que é imperfeito/Faz mal o seu papel só por temor/Ou quem, por/ter repleto de ódio o peito/Vê o coração quebrar-se num tremor – recitava para si um soneto de Shakespeare.

– Senhor – um velho homem chegou á sala onde estava o rapaz – ele está aqui.

Quatro homens chegaram arrastando um homem de meia idade que lutava para se libertar, o homem tinha a cabeça raspada e muitas tatuagens, seu nome, não se sabia.

– Ah, olha quem chegou – o jovem disse num suspiro, enquanto se levantava.

O homem olhou desconfiado para o homem jovem a sua frente, o rapaz usava um terno. O homem franziu o nariz.

– Por que os seus cãezinhos ainda não me mataram? – ele disse com a voz rouca enquanto olhava para os homens que o prendiam, de modo a mostrar que quando dizia “cãezinhos” se referia a eles.

– Eu não gosto que os outros façam o meu trabalho – respondeu o outro com uma voz suave e calma, quase monótona. Enquanto falava ele pegava de cima do móvel que decorava a sala uma vara preta, do tamanho de uma bengala, porém mais... Elegante – se quiser fazer algo direito faça você mesmo, não é assim que dizem?

Os quatro homens soltaram o homem tatuado que caiu estatelado no chão.

– Além do quê – continuou o rapaz colocando-se em frente o homem, apoiando-se na vara – eu amo meu trabalho.

Ele estalou os dedos e ao fundo começou a tocar a clássica nona sinfonia de Beethoven.

– A nona sinfonia de Beethoven é clichê, eu sei. Mas você compreende... As coisas só são clichês por que funcionaram muitas vezes.

O homem tatuado levantou uma sobrancelha.

– Você não tem medo de sujar seu terno, riquinho?

O rapaz passou a mão em seu terno.

– Temo que ele vá se sujar – Ele pegou um copo de vidro que estava em uma mesa e o quebrou em sua mão. O sangue começou a escorrer da mão cortada do rapaz, ele sorriu e esfregou a mão no rosto do homem que ficou quase banhado em sangue – mas infelizmente acredito que será pior para o senhor.

Ele então ergueu a vara como quem está prestes a dar uma tacada em uma bola de baseball e acertou com tudo o corpo do homem que caiu no chão, tremendo levemente de dor.

Então, ouvindo o ritmo de Beethoven, ele se lembrou de um poema de Olavo Bilac, gostava muito de tal poema.

– Ora (direis) ouvir estrelas! Certo, perdeste o senso! – recitava enquanto espancava o homem uma segunda vez - E eu vos direi, no entanto Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto e abro as janelas, pálido de espanto.

Acertou mais uma vez o homem que gritou de dor, enquanto sangue escapava-lhe pela boca.

– E conversamos toda a noite, enquanto a Via láctea, como um pálio aberto, cintila – satisfeito com o sangue cuspido pelo homem da última vez ele decidiu chutar-lhe o estomago provocando a mesma reação por parte da vítima, que se encolheu no chão – e, ao vir do sol, saudoso e em pranto, inda as procuro pelo céu deserto.

E ele riu, antes estava mortalmente entediado, mas agora, ao menos naquele momento, estava se divertindo, pisou em cima do homem para chegar ao outro lado e acertou a vara com toda a força possível nas costelas do homem que produziram um estalo.

– Direis agora: "Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido tem o que dizem, quando estão contigo?” – Continuou enquanto chutava a cabeça do homem - E eu vos direi: “Amai para entendê-las”! Pois só quem ama pode ter ouvido. Capaz de ouvir e de entender estrelas.

Chutou o homem pela última vez, então ele parou de se mexer.

– Senhor – o velho homem voltou para a sala com um jornal em mãos, porém quando viu a situação reconheceu que não era a melhor hora – o que ele fez, senhor?

– Nada de bom, pode ter certeza – respondeu o jovem com inesperada simpatia – o que você tem nas mãos?

– Eu achei que isso fosse interessar ao senhor – o homem o entregou o jornal.

O jovem olhou para o jornal, uma expressão de surpresa passou rapidamente por seu rosto.

– Então ela foi presa... – ele sorriu – ela realmente me surpreende, até eu fiquei com receio de que ela não fosse assim tão longe.

Ele jogou o jornal para o alto, todas as folhas se desprenderam e se espalharam.

– Até que em fim, algo interessante voltará a acontecer!

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Diana se endireitou mais uma vez no beliche, os colchões da cadeia estavam longe de ser confortáveis, ela olhou mais uma vez para a parede ao seu lado, por todo lado estavam desenhados V´s de todos os jeitos e tamanhos a primeira vista não pareciam nada de especial. A primeira vista.

– Tem na cela dos homens também. – informou Morgan, que era a mulher dividia a cela com Diana.

Diana olhou para ela, assentiu e olhou para o teto. Morgan franziu a testa, achava a garota muito nova para estar ali, presa, ela era jovem, sentia pena dela. Ela não falava muito, mas não era uma má companhia, ela imaginava como ela poderia saber sobre aquelas letras na parede, Morgan se lembrava muito bem de quando aquela mulher que fez aquilo foi presa, tinha roubado alguém, ela achava, vivia falando sobre a pessoa para a qual trabalhava, era tentador, mas muitas pessoas não acreditavam nela, ela dizia que ele era rico e pagava bem, dizia também que ela estava ali justamente para dar essa mensagem e que dali a um mês ele pagaria sua fiança e ela iria embora. Na época todos acharam que ela era apenas uma louca, porém quando alguém pagou sua fiança exatamente um mês depois que ela chegara, exatamente como tinha dito, algumas pessoas começaram a desconfiar e diziam que depois que saíssem iria tentar trabalhar com esse cara também, Morgan não sabia se foram realmente.

Morgan olhou mais uma vez para a garota no beliche, ela a achava um pouco estranha, seu braço esquerdo estava escuro de sujeira, porém Morgan sabia que aquilo era proposital, Morgan não sabia o por quê dessa vontade de deixar o braço quase preto...

Um policial apareceu em frente a cela e apontou para Diana.

– Pode sair, já pagaram sua fiança.

Diana franziu levemente a testa e se levantou.

– Adeus – murmurou para sua companheira enquanto saía.

Diana seguiu os policiais, trocou de roupa e se preparou para ir embora quando um dos policiais a entregou um pequeno bilhete.

– É daquele que pagou sua fiança, disse para entregarmos isso a você.

Diana olhou para o bilhete, nele estava escrita apenas uma palavra, uma palavra simples, intrigante simplicidade...

Divirta-se.

Diana olhou as costas do bilhete, estava assinado um nome: Viktor. Diana lembrou-se de todos os V’s que ela viu.

– Então foi você... – murmurou baixinho.

– Senhorita – rosnou o policial impaciente – não temos o dia todo.

Diana saiu, lá fora estava Vivian, junto com Sara e Zack.

– Olá. – Diana cumprimentou.

– “Olá”? – repetiu Sara incrédula – Você acabou de sair da cadeia e tudo o quem tem para dizer é “Olá”?

– O que querem que eu diga?

– Diga-nos o que você descobriu – Zack sugeriu, ele parecia calmo.

– Apenas confirmou minhas suspeitas, ele contrata criminosos.

– Por quê? – Perguntou Sara.

Diana para Vivian, que a encrava zangada.

– Pensei que tinha dito para você não se meter nesse assunto.

– Sim, você disse – Diana assentiu – por que está aqui? Pode ir pra casa.

Vivian abriu e fechou a boca, por mais que quisesse xingar Diana ela deveria mesmo ir, não para casa, estava ocupada e não deveria se ausentar por tanto tempo, passado alguns segundos ela foi embora.

– Agora que ela se foi pode dizer, Diana – Zack disse – O que você descobriu?

Diana sorriu e seus olhos brilharam.

– Eu descobri tudo, Zack.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que tenha ficado bom :3 Não demoro para o próximo.
P.S. Eu estava escrevendo na hora do jogo do Brasil, que crime rsrsrs)