O Fumante de Jaqueta

Todos nós saímos dos veículos e nos aproximamos do carro.

Alex se aproximou do vidro, ergueu a mão, mas antes que pudesse bater, o cara dentro do carro abriu os olhos. Ele arregalou os olhos e pegou uma pistola no banco do carona, apontando para Alex, que se assustou, ergueu as mãos e saiu de perto do carro. Todos nós ficamos atentos.

Ele abriu a porta do carro e analisou cada um de nós de cima a baixo.

– Algum de vocês foi mordido? - Perguntou tirando o cigarro da boca e soltando fumaça, mas ainda segurando a pistola.

– Não. – John disse. O cara assentiu e abaixou a arma.

– Sou Jake. Jake Harris. - O não mais desconhecido disse estendendo a mão para Alex, que retribuiu o gesto, logo depois recolocando o cigarro na boca.

– Alex.

– Sou... - Cortei John.

– Não temos tempo para isso, arranjar um esconderijo primeiro, apresentações depois. - O pessoal concordou.

– Mas como? Só temos um jipe e duas motos. – Sue disse analisando os veículos ao nosso redor.

– Becca, sabe pilotar uma moto? – Ela colocou as mãos na cintura e ergueu uma sobrancelha como se dissesse: “Óbvio, afinal sou super foda." Joguei a chave da moto para ela, ela sorriu, logo subindo na moto.

– E você vai aonde? - Perguntou Sel já subindo no jipe.

– Com o Alex. - Ele ergueu uma sobrancelha, lancei meu olhar mortal e ele subiu na moto.

– Então sai a cabelo colorido e entra o fumante de jaqueta? - Kenai perguntou e todos o olhamos como se ele fosse o Alex. Ele fez uma careta.

Jake deu de ombros e subiu no jipe, ficando no banco do carona. John se aproximou e cruzou os braços batendo o pé, Jake apenas o ignorou e colocou os pés em cima do console do carro. John resmungou e subiu no teto. Sue e Kenai entraram, e logo em seguida Bill.

– Como vamos arranjar um esconderijo? - Bill perguntou ligando o motor.

– Daqui a uns dezessete quilômetros tem uma loja de conveniência, deve ter poucos zumbis por lá. - Disse subindo na garupa de Alex e segurando na parte de trás da moto.

– Como você sabe? - Jake perguntou desconfiado, e Becca apontou para uma placa verde ao lado da estrada, bem observadora, antes de arrancar com tudo a moto.

– Ela não vai chegar primeiro! - Alex gritou e seguiu a Azulada, Bill fez o mesmo.

Os postes de luz da estrada, agora quase sem nem um carro, piscavam quase que sincronizada mente. Ora ou outra víamos um zumbi passar num borrão, pelo retrovisor podia ver Bill fazer manobras radicais e rir, enquanto John lutava para ficar em cima do carro, Jake parecia gostar da brisa em seu rosto, Kenai tirava uma soneca, enquanto Sel e Sue gritavam e reclamavam com Bill.

A diante, Becca estava o mais rápido que a moto conseguia aguentar, e comigo e Alex não era diferente. Sabia por que Jake estava gostando, é maravilhosa a sensação de ir a toda velocidade contra o vento, a brisa gélida da madrugada jogava o cabelo de Alex na minha cara, fora isso, era incrível.

– Uhul! - Gritou Becca como se adivinhasse meus pensamentos.

Depois de algum tempo, não sei quanto, Bill estava lado a lado com Alex e Becca, e o sol começou a nascer na direção que seguíamos. Vimos um tipo de cabana com uma placa que dizia algo, porém era ilegível por causa das manchas nela.

– Ganhei. – Alex disse descendo da moto depois de mim, Becca nos acompanhou.

– Não mesmo, até minha avó pilota mais rápido que você. - Ela disse se apoiando na moto, Bill parou o carro ao nosso lado, no que parecia ser um estacionamento.

– Vocês são muito lerdos. - Bill disse pulando do jipe.

– Olha quem fala. – Eu disse, o resto do nosso grupo desceu do jipe.

– Você é pior do que a Kath dirigindo. - John disse de cara feia se referindo as manobras malucas de Bill. Fomos todos em direção á loja, mas não sem antes pegarmos nossas armas.

Bill abriu a porta e todos nos entramos, analisando cada parte do local.

Um zumbi, que saiu de trás de um armário de suvenires, veio em nossa direção. E foi abatido pelo novato, Jake.

– Acho que só tinha esse. - Ele disse atirando novamente no zumbi, por prevenção. Demos uma olhada no local e não tinha mesmo mais nem um zumbi.

– O que fazemos agora? - Sue perguntou sentando-se numa cadeira colorida.

Era um lugar pequeno, com teto e paredes de madeira e lotado de suvenirs do Canadá. Afinal, estávamos perto de atravessar a fronteira com os EUA.

– Se tirarmos essas prateleiras teremos um bom espaço para nos organizar. – Jake disse e assenti. Tiramos tudo e jogamos do lado de fora, no estacionamento. O sol já nascera e uma névoa fria veio com ele. Quando a loja estava quase vazia, pegamos tudo o que estava no jipe e trouxemos para dentro. Espalhamos os sacos de dormir pelo chão e Sel usou algumas blusas da loja e fez mais camas com elas. Cada um sentou num saco de dormir, formando um círculo, e com as armas ao lado e os mantimentos, que pegamos no posto, no centro.

– Agora sim, eu sou Kath. - Eu disse para Jake, cruzando as pernas. Ele olhou e assentiu como se tivesse gravando.

– Sou Suellen. - A mesma disse sorrindo.

– Sou A Rebecca. - A azulada disse sorrindo.

– Sou Selena. - Ela acenou.

– John. - Disse colocando munição em sua arma.

– Kenai. - O mesmo disse mais preocupado em limpar seu machado cheio de sangue podre.

– Bill Dinozzo. - Ele disse tirando a camisa.

– O que você pensa que está f-fazendo? - Sel perguntou de olhos arregalados, o que fez todos nós rirmos.

– Essa blusa está fedendo a carne podre, vou apenas trocar. - Ele disse rindo, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Revirei os olhos, ele pegou uma camisa lisa preta que tinha na loja e colocou.

– Você sabe que isso não melhora o SEU cheiro, não é? - Becca perguntou.

– Se melhorar estraga.

– Não me interessa o seu cheiro, estou com fome. - Alex, que já tinha se apresentado antes, disse se aproximando da comida. Dei uma tapa em sua mão.

– Temos que economizar, quem sabe quando teremos comida novamente.

– Ai tem bastante comida, acho que um saco de salgadinhos para cada um é o ideal. - Sue disse pensativa.

– SÓ?! Com certeza vou morrer de fome. - Alex se jogou no chão dramaticamente, o que fez todos revirarmos os olhos.

Becca deu um saco de salgadinhos e uma lata de Red Bull para cada um e guardou o resto da comida nas sacolas.

– Você ainda vai comer isso? - Depois de alguns minutos Alex perguntou quebrando o silêncio, apontando para o farelo de salgadinhos de Sel. Ela simplesmente enfiou a mão no saco e comeu tudo. Todos terminamos de comer.

– Já repusemos nossas energias, acho uma boa ideia procurarmos um lugar mais seguro. - Jake disse deitado em seu saco de dormir, analisando sua pistola.

– Tem uma cadeia rochosa perto de um rio aqui perto. - John disse com o mapa em mãos.

– Deve servir. - Assim que Bill disse isso um zumbi começou a bater na porta.

– Eu que não abro. - Alex disse rindo, me levantei e atirei no zumbi, também quebrando o vidro.

Começamos a arrumar as coisas, guardamos tudo e fomos para o estacionamento.

– Se não passamos nem três horas aqui, por que montamos tudo? - Perguntou Sue colocando os sacos de dormir no jipe.

– Nossa, eles são rápidos. – Kenai disse subindo no jipe e vendo alguns zumbis na estrada, vindo na nossa direção.

– Temos que despistá-los, afinal não queremos que eles nos sigam. – Becca disse subindo na moto e já ligando a mesma.

– Então temos que ser bem rápidos. – Bill disse com um sorriso malicioso ligando o motor do carro.

– Se um de vocês capotar ou parar no meio da estrada, eu não vou ajudar. – Alex disse quando subimos na moto. Novamente fomos seguindo a estrada. E novamente corríamos como o vento.

Provavelmente era meio dia e ainda estávamos na estrada, era o que o sol escaldante que torrava até o juízo dizia. Pegamos uma trilha e chegamos a uma clareira, de onde se via uma montanha, que era até baixa.

– Todo esse caminho para encontrarmos isso? - Jake perguntou descendo do jipe e se apoiando em uma árvore que fornecia sombra.

– Que barulho é esse? - Sel perguntou depois que todos desceram do jipe.

– Também estou ouvindo. – Kenai disse, foi na direção de alguns arbustos e quando abriu caminho entre eles, tinha um tipo de cachoeira.

De um buraco em uma pedra no topo, jorrava água cristalina, que caia em uma piscina natural, essa água escoria para entre a vegetação.

– Agora sim valeu a pena. – Disse, cheguei ao lado que Kenai e dei uma olhada, estávamos a uns dois metros a cima do “rio”, então...

– Tchau, Kenai. – Ele arregalou os olhos, mas não conseguiu me parar, pois eu o empurrei, e ao cair na água fez um baque surdo.

– Você me paga! - Ele gritou na água, mas podia ver que estava sorrindo.

– Pulo de bomba! - Gritei já pulando e segurando as pernas junto ao tórax. Cai na água, que estava bem gelada.

– O que vocês estão esperando? – Kenai perguntou para as pessoas que viam tudo de cima.

– Nada. – Vi Alex pular e eu e Kenai nos afastamos de perto das pedras, e de um em um todos foram entrando. Porém, alguns como Jake tiveram a inteligência de tirar os objetos que carregavam.

Passamos um bom tempo nadando e depois saímos.

– Que delícia. - Sue disse espremendo o cabelo. Nós tínhamos voltado á clareira e estávamos tentando nos secar.

Bill já tinha conseguido e estava deitado sobre um saco de dormir, olhando para o resto do grupo, até eu perceber que ele estava olhando mais especificamente para as mulheres do nosso grupo.

Olhei para mim mesma e vi que devido ao banho, as nossas blusas estavam grudadas e transparentes. E percebi também que Bill não era o único a olhar.

– Não importa o que aconteça, homens são sempre homens. – Disse indo até o jipe, acho que a meninas perceberam o estado em que estavam, pois Sue e Sel foram se secar atrás de algumas árvores.

Peguei um casaco com estampa militar no jipe. Tirei a blusa molhada e todos me olharam como se eu fosse pirada.

– Não faz diferença, afinal estamos num apocalipse, e não é como se eu fosse dormir com um de vocês. - Disse dando de ombros e colocando o casaco. Becca colocou outro casaco e não sei como tirou a blusa por dentro. Depois que todos estavam secos, comemos cada um uma barra de cereal.

O sol já estava se pondo.

– O que é aquilo? - Bill perguntou apontando para uma luz numa caverna, em cima da “montanha”.

– Devem ser sobreviventes, eu acho. - Eu disse, depois de conversarmos, decidimos dar uma olhada, colocamos nossas coisas em três mochilas e fomos montanha a cima.

Chegando à caverna ouvimos vozes.

– Acho que... – Alex disse entrando na caverna, mas antes de terminar a frase, ouvimos um barulho de tiro. Apressamos-nos em entrar, e quando entramos Alex estava no chão.

– Vão sem mim, sobrevivam. – Ele dizia com os olhos meio abertos, com uma mão no peito e outra estendida, eu estava assustada, e fiquei mais ainda ao ver uma menina e um menino, o segundo segurando uma arma, na nossa frente. Eles estavam tão chocados quanto nós.

– Vire homem, o tiro foi de raspão, e no braço.