A Menina de Cabelo Azul

– Peguem isso, seus otários! - Bill gritou atirando nos zumbis. Os que não caíram no chão se viraram para nós.

– Vamos. - Alex disse, descendo do jipe e atirando nos zumbis, sendo seguido por John. Kenai pulou do jipe e se meteu no meio dos zumbis, cortando todas as cabeças que cruzassem o seu caminho. Sel e eu ficamos lado a lado, ela atirando e eu esfaqueando os zumbis com minha katana.

– Mas já? - Bill perguntou, já não vendo nem um zumbi de pé.

– O que será que eles queriam pegar? - John perguntou coçando o queixo. Nessa hora a porta do carro onde os zumbis queriam entrar se abriu, revelando uma menina de cabelo azul e pele branca, e ela usava all stars e maquiagem, e segurava um taco de baseball.

– Tá ai o que eles queriam pegar. - Alex disse o óbvio. De novo.

– Oi, sou Rebecca Bliss. - A azulada disse descendo do carro, vindo em nossa direção.

– Oi, sou Bill. - O mesmo disse estendendo a mão para Rebecca sorrindo de canto. Revirei os olhos.

– Oi, sou Kenai. Esses são John, Sel, Kath e Alec. - Kenai disse a cumprimentando, e acenamos para a recém-encontrada.

– Alec? - Alex perguntou incrédulo. - É Alex. A-L-E-X. Alex. - Ele disse gesticulando dramaticamente e Becca riu.

– Okay, Alex, já entendi. - Rebecca disse ainda rindo.

– Para onde vocês estão indo?

– Atlanta. - John respondeu voltando para o jipe. Nessa hora percebi que ela usava um fone de ouvido. Interessante.

– Vamos arranjar um lugar seguro para dormir. - John disse subindo no jipe e olhando de onde vinhemos.

– Vai caber esse povo todo? - Kenai perguntou subindo no jipe e já garantindo o seu lugar.

– Vão ter que se apertar, mas como o jipe já é pequeno, acho que alguém vai ter que ir no colo. - Bill disse sorrindo malicioso. Eu, Sel e Becca erguemos uma sobrancelha.

– Se alguém vai no colo, esse alguém é você. - Becca disse apontando para Bill e sentando-se ao lado de Kenai, que riu da cara de Bill. Sel entrou também no jipe. Eu fui (obviamente) no banco do motorista e John foi ao meu lado. Bill subiu no seu "espacinho" e Alex segurou na parte de trás do jipe. Nós o olhamos como se ele fosse louco (mesmo Bill estando numa situação parecida).

– O que está esperando?! - Ele gritou batendo na parte de trás do carro. Demos de ombros e eu liguei o carro, agora nos 210 km. Lembrando que ainda estávamos na avenida, e com vários carros como obstáculos. Saímos da avenida e seguimos por uma estrada, e passaram-se talvez umas duas horas num silêncio sepulcral.

– Ali. - Meu copiloto quebrou o silêncio, apontando para uma placa torta onde ele leu: “Fazenda Martins 2 km, sejam bem-vindos".

– Será que é uma boa ideia? - Becca perguntou, desconfiada.

– Não vamos arranjar algo melhor a essa altura. - Disse seguindo por onde a placa indicava. Alguns minutos depois, chegamos na tal fazenda. Era pequena, e não se via nenhum zumbi.

Parei o carro e John foi o primeiro a descer.

– Vamos vasculhar esse lugar em busca de zumbis, temos duas horas antes do sol se pôr e nos encontramos na casa. - Ele disse dando as costas e caminhando sozinho.

– Ele é estranho. - Becca disse fazendo uma careta. Dei de ombros.

– Quem ele pensa que é? Ele acha que manda em alguma coisa. Tsc. - Bill disse pulando do teto do jipe.

– Eu vou com a Kath. - Alex disse entrelaçando seu braço no meu. Dei uma cotovelada nele.

– Eu vou com ela. - Becca disse apontando para Sel.

– Meu nome é Selena. - Ela disse erguendo uma sobrancelha.

– Vamos então, Selena! - Ela disse já andando e girando seu taco de basebol na mão. Sel bufou e a seguiu.

– Vamos começar pelo lado norte. - Sel disse já a alcançando e ela assentiu.

Kenai e Bill se encararam.

– Prefiro ir sozinho. - Os dois disseram em uníssono.

Depois de alguns minutos vasculhando a plantação de batatas, Alex sumiu da minha vista. Agradeci. Escutei um barulho vindo detrás de uma árvore, cheguei lá e Kenai estava na frente de dois cachorros zumbis, meu instinto foi mirar na cabeça de um deles.

– Calma, estão amarrados. - Ele disse apontando para uma corda que os prendia à árvore.

Atirei mesmo assim, mas ao ouvir um estalo, suspirei. A arma estava travada.

– Por que não os mata logo? – Perguntei. Os cachorros tentavam a qualquer custo morder Kenai. Eles tinham a pele marrom, e vi pelos deles no chão. Eles eram mais feios do que os zumbis humanos. Se é que isso é possível.

– Será que eles... – Não pude terminar a frase, pois as cordas que prendiam os cachorros se partiram. Kenai disparou, tão rápido como um foguete.

Eu corria o mais rápido que podia, mas mesmo assim eles estavam a dois metros atrás de mim, e eu já não via mais Kenai a minha frente. Desesperei, não via ninguém e estava desarmada. Me fudi.

Quando eu ia gritar, já que não aguentava mais correr, ouvi um assobiou e vi Kenai em cima de uma macieira, á alguns metros. A adrenalina subiu e eu corri até lá. Com os cachorrinhos no meu encalço. Não sabia que zumbis corriam tanto.

– Sobe! - Kenai gritou.

– Não, prefiro ficar aqui. - Disse irônica, tentando subir na árvore, mas não estava conseguindo.

– Eles estão chegando perto. - Olhei para trás e os vi chegando e latindo/urrando para mim. Me desesperei.

– Kenai, me ajuda! - Gritei assustada, eu não iria morrer agora, não assim. Kenai desceu do galho que estava e me estendeu uma das mãos e segurou no galho com a outra.

Tentava pegar sua mão desesperadamente, mas estava muito alto. Eles estavam muito perto. Peguei impulso e dei um pulo, pegando na mão do Kenai, nessa hora os cachorros morderam o ar, no lugar onde eu estava.

– Segura firme. - Kenai disse fazendo careta. Eu estava pendurada em seu braço. Eu podia ver a mão dele escorregando do galho.

– Não pretendo me soltar. - Os cachorros pulavam, e nessa hora eu levantava minhas pernas, ouvindo um gemido de Kenai. O machado dele caiu na cabeça de uma das criaturas, isso a incentivou.

Kenai juntou toda sua força e me puxou. Subi no galho, me desequilibrei, e me abracei na árvore. Kenai se ajeitou no galho, suspirando aliviado.

– Foi por pouco.

– Ahn, valeu. - Disse coçando a nuca, não era de agradecer. Ele deu de ombros.

– Como vamos sair daqui? - Ele perguntou vendo os cachorros tentarem escalar a árvore para nos pegar.

– Ei, totós! - Nos viramos para Bill, que sorria. Os cachorros se viraram para correr atrás dele. Mas ele atirou nos dois.

– Quem é o fodão agora? - Ele disse se apoiando na arma e erguendo a sobrancelha.

Descemos da árvore e Kenai pegou o seu machado. Bill não tirou o sorriso irônico do rosto.

– Já revistei a área sul. Limpa como banheiro de hotel. – Kenai negou com a cabeça e seguimos para a casa, que ficava no meio do terreno. Quando íamos entrar, ouvimos gritos. Fomos na direção dos gritos e vimos Sel e Becca contornando a casa correndo, sendo seguidas por John e Alex.

– Para o jipe! - Alex gritou, Bill estava prestes a rir da reação dele, mas viu logo em seguida, uma manada de vários animais zumbis, e atrás deles, zumbis vestidos de fazendeiros. Nós três pulamos a varanda da casa e nos juntamos aos outros.

Bill e John corriam virados para trás, atirando nos animais, que vez ou outra caiam, fazendo outros tropeçarem.

– Pelo visto não somos bem vindos. – Alex disse rindo, ele conseguia fazer piadas nas piores horas. Becca bateu nele com o taco.

– Se preocupe em correr, ou vai virar grama para vaca. - Ela disse e ele fez o que ela ordenou, massageando o lugar. Eu ainda estava me recuperando de correr dos cachorros, então não estava correndo muito rápido. Mas assim que vi o jipe a alguns metros, me deu força.

Alex foi o primeiro a chegar, já ligando o carro e fazendo gestos para nos apressarmos. Kenai e Sel pularam para dentro, Becca e eu depois. Estavam todos jogados em cima um do outro, isso era o que menos importava no momento.

– VAMOS LOGO! - Alex gritou, e John e Bill pularam para dentro. Senti que alguém tinha batido na minha perna, resolveríamos isso mais tarde. Eles pularam no carro ainda atirando. Cinco segundos antes de uma vaca meio morta nos atingir.

Alex deu a partida, acelerando o máximo que o jipe permitia.

Voltamos para a via em que estávamos antes. Todos estavam arfando.

– Isso... Foi muito... Louco. - Sel disse arfando.

– Com certeza, mas dá para o senhor tatuagem sair de cima de mim? - Becca disse irônica olhando para Bill.

– Sei que você gosta. - Ele disse levantando a camisa ainda no mesmo lugar, o que fez todos revirarem os olhos.

– Vamos parar em algum lugar, estou com fome. - Alex disse.

– Que tal ali? - John perguntou apontando para uma lanchonete que ficava na beira da estrada. Alex virou o carro com tudo.

– Alex, queremos viver ainda. - Disse quando ele parou o carro. Foi a maior confusão par descer do carro, já que estava um balaio de gato.

Entramos no restaurante, que estava vazio.

– Quem está ai? - Perguntou uma voz feminina vinda de algum lugar, pelo visto não estava vazio. E tenho um leve impressão de que vamos precisar de um carro maior.