A Garota Desmaiada

– Por que não vêm atrás disso, idiotas? – Logan gritou descendo do ônibus e atirando nos zumbis, sendo seguido por James e Jake. Quando eu, John, Sue e Becca descemos do veículo, os zumbis já estavam no chão.

Jake foi na frente para analisar o carro. Ao chegar onde os zumbis estavam, ele arregalou os olhos e tentou abrir a porta do motorista, mas sem sucesso.

– Merda. – Fomos em sua direção. Ao chegar lá vimos através do vidro manchado de sangue e com marca de balas, obviamente blindado, uma garota desmaiada e com a testa sangrando.

Bill nos afastou de perto da porta, e bateu com a soleira de sua espingarda na mesma. Depois de amassá-la, ele a puxou e ela abriu. A garota tinha cabelos loiros que ficavam ondulados nas pontas, pele clara, porém visivelmente pálida, provavelmente devido ao corte em sua testa, que sangrava continuamente.

John foi o primeiro de nós a voltar à si. Ele segurou a nuca da garota, depois as pernas e a ergueu, tirando-a do carro, e então com passos rápidos ele foi na direção do ônibus, onde Savannah e Sel estavam na porta, olhando a cena preocupadas.

– Os primeiros socorros! – Becca gritou indo atrás de John quando ele adentrou novamente no ônibus. Savannah pegou uma das malas, procurando a maleta, enquanto John colocava a garota sentada em um banco, com a cabeça apoiada na janela.

Savannah achou o kit e foi na direção da garota.

– Eu preciso de espaço. – Savannah disse passando a mão pela testa, nervosa. Demos alguns passos para trás. Savannah prendeu o cabelo em um coque e abriu o kit, em seguida analisando o corte da garota, acima das sobrancelhas.

– Emily, pode me ajudar? – Ela perguntou abaixando-se na frente da garota inconsciente. Emily apenas assentiu, ficando à direita de Savannah.

– Me passa essa garrafinha transparente e a toalha. – Savannah estendeu a mão para a menina, que rapidamente lhe passou os objetos pedidos. Savannah derramou uma parte do líquido nas próprias mãos, e depois de enxugá-las, passou o líquido pelo corte.

Mesmo inconsciente, a garota fez uma careta e gemeu de dor.

– Acho melhor vocês saírem. Isso vai demorar. – Savannah disse virando-se para nós. Assentimos e nos afastamos delas.

– Será que ela vai ficar bem? – Sel perguntou-me enquanto sentava na cadeira do motorista, mas virada para mim.

– Espero que sim. – Disse me apoiando no motor.

– O que faremos se ela acordar com amnésia? – Alex perguntou sentando-se nos degraus do ônibus. Demos de ombros.

– Espero que ela acorde logo. – Jake disse se apoiando na cadeira de Sel.

– Não se preocupe, Savannah sabe o que faz. – James disse sentando-se no degrau acima de Alex.

– Espero que sim. – Logan disse apoiando um braço no motor e segurando uma garrafa de Smirnoff já aberta na outra.

– Não é hora de beber. – Becca disse séria, encarando Logan. O mesmo deu de ombros e deu uma golada na bebida.

– Não há hora para beber. – Ele disse dando outra enorme golada. Bill fez sinal para ele, que estendeu-lhe a garafa.

– E ainda temos que resolver o caso da gasolina. – Sue disse bufando.

– Devemos ter umas três horas antes do sol se pôr. – John disse olhando pela porta, ainda aberta.

– Seria idiotice irmos todos juntos. – Bill disse terminando a garafa de vodka. Nós assentimos.

– Se ao menos soubéssemos nos localizar aqui, poderíamos mandar um grupo em busca de gasolina e mantimentos. – James disse cruzando os braços.

– Acho que ela deve saber. – Alex disse apontando para a garota desacordada, em que Savannah colocava um curativo.

– Sav disse que ela vai ficar bem e deve acordar logo. – Emily disse sentando-se ao meu lado, em cima do motor.

– Hm. – Foi o que Sel respondeu.

– Eu estou com fome, e com sede. – Alex disse depois de alguns minutos de silêncio, passando a língua pelos lábios secos.

– Você não é o único. – Kenai disse de cara fechada.

– Temos que gerenciar bem a comida e água, não sabemos quando encontraremos de novo. – Sel disse com um semblante sério.

– Mais um motivo para procurarmos um posto. – Bill disse.

– Pronto. – Sav, como Emily chamara, aproximou-se se nós, limpando as mãos levemente manchadas de sangue.

– E aí? – Logan perguntou olhando para a garota desmaiada com um enorme curativo na testa.

– Ela ficará bem, e daqui a pouco tempo deve acordar. Espero que só o curativo dê conta, porque não tive materiais para dar pontos. – Ela disse soltando os cabelos e ficando do lado do irmão.

– Você era enfermeira ou algo do tipo? – Logan perguntou erguendo uma sobrancelha.

– Na verdade, não. Aprendi isso em alguns livros que eu li, sei somente o básico. – Ela disse, recebendo um “interessante” como resposta.

Nesse momento, escutamos um gemido. Todos direcionaram sua atenção para a garota não mais desacordada. Ela tinha se levantado de onde estava deitada e vinha a passos lentos em nossa direção, com a mão sobre o curativo e visivelmente confusa. Alex se posicionou na frente da garota.

– Olá... Eu sou... Alex Carter. - O loiro disse pausadamente, como se falasse com um débil mental. A expressão da garota ficou ainda mais confusa.

– Você... sabe... quem...é? - Ele falou do mesmo jeito. Pude ver pelo canto do olho Sel massageando as têmporas e Bill dando um tapa na própria testa, enquanto eu negava com a cabeça.

– Alex, ela cortou a testa, não o cérebro. - Becca disse revirando os olhos.

Alex continuou no mesmo lugar, provavelmente esperando uma resposta da garota. Ela estreitou os olhos para nós, analisando-nos, depois olhou ao redor, arregalando os olhos.

– Aonde eu estou? Quem são vocês? – Ela perguntou assustada, se afastando.

– Calma, nós ajudamos você. – Sav disse apontando para o curativo na testa dela. Ela cambaleou e se apoiou numa das cadeiras, olhando para a janela.

– O que aconteceu aqui? – Ela perguntou assustada, vendo a cidade vazia e os vários carros parados na rua.

– Você não sabe o que aconteceu? – James questionou erguendo uma sobrancelha. Ela negou, se aproximando da janela.

– Meu Deus, o que são aquelas coisas? – Ela perguntou, colocando as mãos sobre a boca assustada, referindo-se aos zumbis que estavam perto de seu carro.

– Aquilo são zumbis. – Kenai disse simplesmente. Ela o encarou incrédula.

– Como assim zumbis, eles não... – Ela pensou e percebeu que aquilo era sério. – Não, não pode ser... – Ela dizia passando a mão pelo curativo e vindo em nossa direção, mas caindo no meio do caminho.

– Você está bem? – Jake perguntou amparando-a. Ela negou.

– Se ela não sabia dos zumbis, significa que ela deve estar desmaiada há algum tempo. – Sue disse analisando a garota.

– Ela precisa de comida. – Emily concluiu.

– Mas nós temos pouca e... – Alex começou.

– A prioridade no momento é ela. – Eu disse séria. Alex bufou e assentiu.

– Mais um motivo para procurarmos um posto. – Kenai disse encostando em uma das cadeiras.

– Você sabe onde podemos encontrar um posto de gasolina...? – Sue perguntou querendo em troca o nome dela, que agora estava sentada em uma das cadeiras, massageando a testa, provavelmente tentando assimilar tudo o que tinha acontecido.

– Alexis Delacour, e quem são vocês? – Ela perguntou erguendo a cabeça.

– Conversamos depois, nossa prioridade é achar um posto. – James disse com um semblante neutro. Ela assentiu e resmugou um “tudo bem”. Ela foi até a porta do ônibus, e depois de analisar o local onde estávamos, ela entrou novamente.

– Ao Norte, há uns quatro quilômetros, depois de um restaurante canadense. – Ela grunhiu e massageou o local do corte. Ela não parecia bem.

– Ótimo. – Logan disse, ajeitando suas pistolas e as carregando.

– Aonde você pensa que vai? – Kenai perguntou segurando seu ombro.

– Até o posto, claro. – Ele disse desviando de Kenai e saindo do ônibus.

– Você é mesmo um idiota. – Jake disse saindo também do ônibus.

– É burrice ir sozinho. – Becca disse cruzando os braços.

– Levar um monte de gente também. – Bill disse descendo do ônibus.

– Vamos, então. – Disse acompanhando-os.

– Vão precisar disso. – John disse jogando um carregador cheio para mim e um para Logan. Em seguida dando munição para Bill e Jake, que já estavam com suas armas preparadas.

– Vamos. – Alexis disse indo na direção da porta, mas sendo impedida por Becca.

– Você acha que vai sair por aí depois de levar um corte desse tamanho? - Sel perguntou apontando para o curativo. A garota abriu a boca, mas Becca a cortou:

–Você acha mesmo que está em condições de sair? – Elas se entreolharam e a garota voltou para dentro do veículo.

– Fiquem de olho, não significa que só porque não tem muitos por aqui que não é perigoso. – Becca disse descendo do ônibus.

– Não é com a gente que você deveria se preocupar. – Kenai disse cruzando os braços, se apoiando na porta do ônibus.

– Vão rápido, falta pouco para escurecer. – John disse enquanto nos afastávamos do ônibus.

– Acho melhor pegarmos algum carro. – Jake disse indo na direção do carro em que achamos Alexis.

– Não está pegando. – Becca disse depois de tentar ligar o carro que era de uma marca que eu desconhecia, mas parecia ser caro.

– Sai pra lá. – Logan disse sentando no banco do motorista. Ele mexeu em algo embaixo do volante e o carro ligou. – Não é a primeira vez que faço isso. – Ele disse dando de ombros.

Logan insistiu em dirigir, já que tinha feito o carro pegar, e Bill foi no banco do passageiro, con nós três no banco de trás.

Passamos alguns minutos desviando de carros na pista, que começou a ficar esburacada, até não ser mais asfaltada. Os carros começaram e diminuir até quase não ter nem um, juntamente com os hotéis e cassinos, mas em compensação, hora ou outra víamos um zumbi no meio da estrada.

– Acho que ela deu a direção errada. – Jake disse depois de quase quarenta minutos na estrada sem asfalto.

– Acho que não. – Disse apontando para uma placa branca com letras que estava escrito: “Restaurante de comida canadense do Benny”. O “restaurante” era branco, mas com a tinta desgastada, e já deveria estar assim bem antes do apocalipse e pude ver um zumbi de uniforme vagando na porta. Depois de passarmos por ele, já conseguia ver a estrutura do posto.

– O que é aquilo? – Becca perguntou apontando para uma sombra que se movia perto dos tanques.

– Um zumbi? – Logan respondeu como se fosse óbvio, chegando mais perto do posto.

– Não, aquilo ainda está vivo.