O Cara do Cassino

Então, nós abaixamos ao ver que ele segurava uma metralhadora, e começou a atirar para todos os lados. Nós pulamos para trás das pilastras que sustentavam um tipo de varanda gigante. Mesmo com o barulho ensurdecedor das balas, de coisas quebrando e zumbis explodindo, dava para ouvir a risada histérica que ele dava.

Olhei para o pessoal. A maioria estava ao meu lado, já que a pilastra tinha, no mínimo, seus dois metros de largura. E os que não estavam aqui, estavam atrás de outra pilastra, que estava mais ou menos a uns cinco metros.

Todos ficamos abaixados e com as mãos na cabeça. Bill e Alex até tentaram gritar para o "atirador", mas se ele ouviu, preferiu ignorar. Então decidimos esperar o tiroteio acabar.

Ou as balas acabaram ou ele se cansou, pois quando saimos de trás das pilastras ainda tinham três zumbis em pé, que iam na direção do cara, que tinha descido do palco-não-mais-iluminado, e agora estava correndo até os zumbis.

Ele deu um chute na cabeça do primeiro e atirou com um revólver na cabeça dos outros dois. Nós nos entreolhamos e fomos em direção a ele, que rodava o revólver na mão como um pistoleiro.

Ao nos ver, ele ergueu uma sobrancelha e sorriu irônico.

– ALGUM DE VOCÊS FOI MORDIDO? - Ele gritou chegando mais perto, mas ainda com o revólver em mãos.

– Não. - Bill respondeu com o cenho franzido. Ele também não tinha nem um sinal de mordida, então baixamos um pouco a guarda.

Ele nos analisou, garotas, de cima a baixo novamente e se aproximou alargando o sorriso.

– Prazer, Logan Malls. - Ele disse estendendo a mão para Savannah.

– Savannah Parker - Ela retribuiu e ele beijou sua mão, logo em seguida piscando para ela, que arregalou os olhos e corou levemente.

Obviamente, James não gostou nem um pouco de Logan.

Logan repetiu o mesmo gesto com Sel, Becca, Sue e eu. Ao chegar em Emily, ele a cumprimentou e bagunçou seu cabelo, o que fez a pequena ficar emburrada.

E para cumprimentar os meninos, ele apenas acenou.

– O que você faz aqui? Quer dizer... Num lugar grande, cheio de zumbis e sozinho? - Alex perguntou, olhando em volta e vendo a enorme quantidade de zumbis no chão. Ele deu de ombros.

– Não estava com vontade de procurar um lugar melhor.

– Você não se importa de ficar sozinho aqui? - Sue perguntou franzindo o cenho.

– Na verdade, eu até gosto. A única coisa de que sinto falta são das garotas. - Ele disse olhando para as meninas e sorrindo malicioso. Bill o olhou com cara de quem comeu e não gostou, e Alex ria da careta que as meninas fizeram.

– Mudando de assunto... - Disse depois que alguns longos e constrangedores segundos passaram. - Você está sozinho aqui?

– Pelo visto, sim. - Ele disse depois de olhar em volta do local.

– E eu acho que sei o porquê. - Alex cochichou no ouvido de Becca, que riu junto com ele.

– Há quanto tempo você está aqui? - Emily perguntou cruzando os braços, provavelmente por causa do intenso frio que fazia ali, não sei como.

– Acho que há uns... - Ele contou nos dedos. - Doze ou treze dias. - Ele disse acenando afirmativamente.

– Você fica em algum quarto do hotel? - Kenai perguntou girando seu machado de um lado para outro, claramente se exibindo.

O Cara abriu espaço e podemos ver a porta que dava para o hotel travada com uma enorme barra de ferro.

– Não mesmo. Lá dentro está lotado de zumbis. - Ele disse mexendo em seu cabelo escuro.

Ele tinha um queixo quadrado com uma finíssima camada de barba por fazer e a regata rasgada mostrava seu corpo bem definido. Isso embaixo de uma generosa camada de sujeira e sangue de zumbi, mas, afinal, nem um de nós estava em perfeitas condições. A que chegava mais perto era Emily, que tentava limpar seus pequenos óculos com a blusa amassava que estava usando.

– Eu durmo no bar. - Ele disse com um sorriso cínico. Coloquei uma mão na testa e fiz sinal negativo com a cabeça, aquele cara era totalmente... Totalmente... Inacreditável.

– E esse bar está cheio? - Bill perguntou com um sorriso malicioso. O moreno a nossa frente riu e lançou um aceno de cabeça para Bill. Ele seguiu na frente, voltando para a parte fechada do cassino, parando na frente do bar.

– Eu sempre tenho algo. - Ele pegou três das poucas garrafas da estante de madeira escura.

– Smirnoff? - John perguntou erguendo uma sobrancelha.

Alex deu de ombros e pegou uma das garrafas. A abriu na ponta da bancada a frente do bar e a bebeu direto.

– Eu gosto daqui, é um lugar tran- Logan foi interrompido pelo barulho de algo quebrando. Atrás dos restos de caça-níqueis, sairam dois zumbis. Esses eram enormes e usavam um uniforme preto, e vinham na direção do bar.

– Esses aí são barra pesada. - Alex disse ainda bebendo sua garrafa de vodka.

Jake e Bill carregaram suas armas e atiraram nos zumbis, que estavam há menos de quatro metros deles.

– Como eu ia dizendo, é um lugar bem tran- Ele foi interrompido por um grito feminino vindo de algum lugar dos apartamentos do hotel, assustando-os.

– Algo me diz que devemos sair daqui. – Sel disse olhando em volta.

– Eu só saio daqui quando eu morrer.

– Nós temos várias bebidas e alguns maços de cigarro. – Bill disse dando um gole na última garrafa.

– O que estamos esperando? – O novato disse pegando uma mochila embaixo da bancada, e colocando o resto das garrafas nela.

Eles entraram no ônibus depois de ouvirem mais dois gritos e decidirem que aquele lugar não era seguro. Foi decidido, depois de muita discussão, que Jake dirigiria.

Todos se acomodaram nos mesmos lugares de antes. Logan pegou duas cadeiras vazias, se esticou entre elas e terminou de tomar sua Smirnoff. John tirou o mapa da bolsa e o deu a Alex, que o colocou na frente de Jake, para que ele seguisse o curso traçado.

O sono começou e eu bocejei, a única coisa que eu me lembro antes de tudo escurecer, foram os gritos das pessoas que ficaram no cassino.

–... PUTA QUE PARIU! - Acordei assustada com o grito de Kenai, olhei em volta e todos estavam em volta de Jake, me levantei e fui ver o que tinha acontecido.

– O QUE MERDA ESTAMOS FAZENDO EM LAS VEGAS? - John gritava, já vermelho.

– Quem você pensa que é para falar assim comigo? - Jake disse num tom baixo, se levantando e ficando de frente para John, que era dois centímetros mais baixo que ele.

– Calma, calma, rapazes. – Disse entrando no meio e colocando uma mão no tórax de cada um. - O que houve?

– O idiota aí nos trouxe para Las Vegas. – Becca disse de braços cruzados, recebendo um olhar ameaçador de Jake.

– O único idiota aqui é ele. – Todos se viraram para Alex, que parecia alheio a discussão.

– Eu? – Ele perguntou ao ver o olhar de todos sobre si.

– Ele me deu o mapa ao contrário. – Se nossos olhos fossem armas, com toda certeza Alex já teria se desintegrado.

– E-eu, ah, é... n-não sabia.- Ele disse erguendo as mãos.

– Caralho, Alex, estamos totalmente do lado oposto de onde deveríamos estar. – Disse massageando as têmporas e lutando contra a vontade de voar no pescoço de Alex.

– E ninguém percebeu que estávamos indo para o lado errado? - Sel perguntou.

– Temos mais coisas para fazer além de olhar placas.

– E agora? - James perguntou.

– E agora, por causa da burrice do Alex, vamos ter que literalmente atravessar o país.- Bill disse controlando a respiração.

– Eu acho que isso vai demorar um pouco mais. – Logan disse apontando para o visor do ônibus, que dava sinal de que a gasolina estava acabando.

– Já está perto do pôr do sol, significa que vamos ter que passar a noite aqui. – Emily disse e todos nós nos entreolhamos, até Logan começar a rir.

– Pelo visto essa vai ser uma longa viagem. – Kenai disse apontando para um grupo de zumbis á uns vinte metros á frente, numa rua com vários carros espalhados. Os únicos zumbis na rua estavam em cima de um único carro.

– Isso não me parece bom. – Sue disse.

– Dá última vez que vimos um carro cheio de zumbi, a Becca apareceu. – Sel disse olhando para a azulada, que deu de ombros.

– Quem garante que vai ter alguém lá? - Alex perguntou, logo depois se encolhendo ao ver que não estava em posição de questionar.

– Não custa nada verificar. – Becca disse ajeitando o taco de baseball em suas mãos.

– Então, o que estamos esperando? - Bill perguntou sorrindo malicioso e abrindo a porta do ônibus.

– Vamos estourar os miolos desses zumbis.