Rette Mich escrita por gaara do deserto


Capítulo 8
Sobre os Céus de Leipzig - Depois da Escola


Notas iniciais do capítulo

Eis aqui mais um capitulo!

Para quem sentiu falta, matem a saudade!



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Quando a aula terminou, os três saíram de sala conversando e sem dar atenção às pessoas que os olhavam nos corredores ou que comentavam com a mão na boca, ou nem isso, pois faziam questão que soubessem de quem estavam falando.

- A sua mãe não vem te buscar hoje? – perguntou Tom, descontraído.

- Hoje não – respondeu Aline, ajeitando a alça da mochila.

- Então nós podemos ir juntos para casa – concluiu Tom dando o braço para Aline, sem nenhum pudor. Os alunos pareceram mais alvoroçados com aquele repentino gesto do Kaulitz mais velho e cochicharam mais velozes, atirando olhares para Aline também.

- Ei, não se esqueçam de mim – reclamou Bill, fazendo beiço.

Os três saíram da escola juntos e foram conversando pelo caminho.

- Você é alemã? – perguntou Tom, de um jeito que beirava a curiosidade.

- Não, eu sou da Inglaterra, meus pais me adotaram lá... Nós até moramos um pouco lá, mas a minha mãe gosta muito daqui e resolveu voltar – respondeu Aline com simplicidade. Pouco falava dos dias de orfanato, que não lhe pareciam tão bons e certamente não mereciam ser lembrados se comparados com a felicidade de ter uma família.

- Mas seus pais são alemães, né? – perguntou Bill, que resolvera adotar o mesmo jogo de perguntas.

- São sim – respondeu ela, sorrindo.

- E você sabe quem são seus pais verdadeiros? – Tom não conseguiu refrear a pergunta, uma vez que não estava disposto a magoá-la, mas sua curiosidade foi mais forte que sua vontade e imediatamente teve vontade de se chutar.

Mas Aline não pareceu de modo algum envergonhada ou pálida ou rancorosa. Tinha um tom frio na voz ao responder, uma coisa não tão banal de dizer, mais também não tão fácil de deixar de lado.

- Se você está se referindo aos meus pais biológicos, eu não sei ao certo quem são e nem tenho interesse em saber, mas me disseram que meu pai era um traficante e que morreu em uma troca de tiros com a policia e minha mãe era uma adolescente que engravidou e depois não sabia o que fazer comigo e me deu para a adoção – explicou bem rápido, num atropelo de palavras que implicitava que não gostaria de continuar no assunto.

- Credo – foi tudo que Tom conseguiu dizer. Bill abafou uma risada.

- Mas eu tive muita sorte dos meus pais terem me adotado, eu não gostava nem um pouquinho de ficar naquele orfanato e tava louca para sair dali, eu vou ser eternamente grata a eles – ela voltou a sorrir, saudosa - Se não fosse pelos meus pais a minha vida teria sido muito diferente.

Eles pararam de andar e se sentaram na calçada, o sol de Leipzig envolvendo-os com ternura. Pareceu mais fácil conversar ali do que continuar andando, além de ter pouco movimento de carros e não ser perigoso encontrar nenhum retardatário da escola.

- E foi difícil mudar de país? Afinal você devia ter amigos por lá. – Tom continuou seu interrogatório. Aline riu.

- Para falar a verdade, vocês dois são o mais perto de amigos que eu já tive – confessou, sem parar para pensar direito. Ainda sim, era absolutamente verdade. O jeito introspectivo dela nunca conseguia convencer os outros das qualidades dela e isso raramente a deixava aberta a amizades; agradeceu intimamente pela manhã em que vira os gêmeos sendo espancados. De que outra forma poderia ter se aproximado deles?

- Que honra! – exclamou Tom, animado. Ter Bill como seu melhor amigo era admirável, mais expandir o pequeno mundo em que só eles habitavam era muito mais interessante.

- Mas e vocês, não tem outros amigos? – perguntou ela, quase como se tivesse lido os pensamentos do Kaulitz.

- Claro que temos – falou Tom, pensando rapidamente no que esquecera.

- Sim! – concordou Bill - Temos dois.

- E quais os nomes deles? – perguntou ela.

- Georg... – falou Bill

-... E Gustav – completou Tom – Mas eles moram em Magdeburg....

Três carros passaram seguidamente pela rua, e após isso, um silêncio morno pairou entre eles. A vontade de voltar para casa era mínima e eles queriam saber mais um sobre os outros, ou em resumo, ela queria saber deles e eles dela.

-... E há quanto tempo vocês aturam o Greg? – Aline abraçava os joelhos, quase os encostando no queixo.

- Já faz tanto tempo que parece que a gente o atura desde que nascemos – respondeu Bill com sarcasmo – Mas acho que começou na 3° série.

- Nossa, tanto tempo... Por que vocês não falam para os seus pais, pelo menos para mudarem de escola?

- Nossos pais são separados, nós vivemos com a nossa mãe e o nosso padrasto Gordon – explicou Bill.

- Gordon diz que é só uma fase e que logo passa. – acrescentou Tom.

- Essa fase tá demorando um pouquinho para passar – observou ela ironicamente.

- E a nossa mãe confia até de mais na Frau Marburg – disse Tom, rindo.

- Ela acha que ela é uma mulher perfeita! – concluiu Bill, acompanhando o irmão.

- Eu não queria estar na pele de vocês – Aline foi sincera no que disse, porventura não querendo magoá-los. Mesmo tendo enfrentado Greg com toda a coragem que tinha, a idéia de passar anos e anos sendo motivo de chacota e não tendo nenhuma credibilidade comparado aos adultos era um coisa que não deixava-a animada.

- Nem a gente – concordaram eles, sem humor algum.

Os minutos seguintes foram novamente preenchidos pelo silêncio e as perguntas que ainda tinham vontade de fazer. Bill resolveu quebrá-lo com algo que tinha vontade de dizer certo tempo em voz alta.

- Mas tem uma coisa que sempre alegra a gente – um sorriso verdadeiro preencheu seu rosto ao olhar para Aline. Tom, que já observara o que ia pela mente de seu gêmeo, apenas fechou os olhos, apoiando-o.

- O quê? – perguntou Aline, curiosa.

- Música – respondeu Bill.

- Vocês tocam?

- É – respondeu Tom– Ele nos vocais e eu na guitarra.

- Já tocamos algumas vezes em Magdeburg e foi assim que conhecemos Georg e Gustav. –disse Bill, lembrando dos rostos de seus amigos que raramente via. O fato era que todas as vezes que iam à Magdeburg era um alivio, e assim podiam suportar duas ou três semanas de colégio, sem que os ferissem com as costumeiras brincadeiras sem-graça. De repente, ele se viu com saudade dos dois.

- Sempre quisemos ser músicos, adoramos tocar... – ia dizendo Tom - Agora mudando de assunto, Aline eu quero te fazer uma pergunta – e sua expressão mudou completamente, um aviso para Bill, que intimamente soube que aí vinha besteira.

- Então faça – incentivou a garota, inocente (n/a: coitada...)

- Você ainda é BV? – perguntou ele, descaradamente.

Aline corou, como sabiam que ela faria.

- Tom! – repreendeu-o Bill, sentindo pela burrice e inconveniência do gêmeo. Soube assim que virara amigo de Aline que ela não era esse tipo de garota e que muito menos entrava naqueles assuntos.

- Ah... Eu... – gaguejou ela, gesticulando sem saber o que dizer.

- Você...? – Tom tinha um sorriso malicioso no rosto.

- Para quê você quer saber? – indignou-se ela, tentando fugir da resposta.

- Ora, é só curiosidade – explicou ele, divertindo-se com o constrangimento da garota.

- A curiosidade matou o gato, sabia? – retrucou ela, vendo uma saída no fim do túnel. Bill assistia aquela cena, dividido entre a hilaridade e a vergonha de ser submetido a um interrogatório de Tom Kaulitz.

- Obrigado pelo elogio, eu sei que sou um gato – Tom colocou os braços atrás da cabeça e Bill revirou os olhos. As perguntas pareceram ter sido esquecidas quando o celular de Aline tocou.

- Oi mãe – cumprimentou ela depressa.

- Filha onde você está? – a voz de Sophia era agitada e preocupada no outro lado da linha.

- Eu já tô indo mãe, não se preocupa, thau. – apressou-se em concluir antes de desligar o celular. Virou-se então para Tom, que a observava ainda querendo uma resposta – E Respondendo a sua pergunta Tom, eu sou BV sim, tá!

- Sério? – admirou-se ele, secretamente satisfeito com a resposta.

- É! – confessou ela, querendo que ele parasse com o assunto, pois não a deixava nem um pouco confortável. Talvez por isso Bill tenha intervindo.

- Você não precisava responder essa pergunta idiota.

- Tudo bem – tranqüilizou-o Aline, levantando-se e pegando a mochila - Eu tenho que ir agora, thau – e saiu num passo apressado, nem envergonhado, nem raivoso, mas positivamente alarmante para os gêmeos Kaulitz.

- Thau! – gritaram em conjunto, mas ela já ia longe e eles não tiveram muita certeza de que ela ouvira..

- Idiota! – xingou Bill dando uma tapa na cabeça de Tom, que revidou e Bill tentou dar outro, mas o mais velho correu e ele foi atrás.


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Notas finais do capítulo

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