Rette Mich escrita por gaara do deserto


Capítulo 6
Sobre os Céus de Leipzig - Defesa


Notas iniciais do capítulo

Colher de chá, hein?
(Acho que a co-autora tá com remorso...)



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No dia seguinte, o número de Simone com a panela se repetiu, só que os gêmeos se mostraram bem mais dispostos em ir pro colégio do que em toda sua vida escolar.

- Escola, molecada – e deixou a panela de lado, um pouco surpresa pela falta de resmungos – Ah! – exclamou, vendo-os dobrar as cobertas, esfregando os olhos.

Os dois levaram um susto com o grito da mãe e Gordon, que tinha uma boa audição também apareceu no quarto quase que instantaneamente.

- O que aconteceu? – perguntou, encarando-os.

- N-nossos filhos estão doentes! – os olhos de Simone estavam arregalados teatralmente.

Nem Bill ou Tom entenderam.

- Por que está dizendo isso? – perguntou Gordon.

- Eles levantaram da cama SEM reclamar – respondeu Simone, sublinhando a palavra “sem”.

- Ah, mãe, não é pra tanto – sibilou Tom, segurando o impulso de jogar um travesseiro nela.

- Qual seria o motivo dessa mudança? – o padrasto parecia bem curioso com o assunto, pois ninguém mudava seus hábitos assim, da noite pro dia.

- Ah... – murmurou Tom, sorrindo amarelo.

- Digamos que... – socorreu-o Bill, coçando a cabeça.

-... Deu vontade – completaram os dois.

Gordon e Simone se entreolharam.

- Não há nenhuma garota nessa estória pra boi dormir, há? – perguntou Gordon espertamente.

- Mas o que é isso? – protestou Tom, escandalizado – Uma pessoa não pode ter vontade de estudar?

- Quem você quer enganar? – perguntou Simone, estreitando os olhos como sempre fazia quando estava desconfiada ou sentia cheiro de mentira no ar.

- Ora, ninguém – respondeu Tom cinicamente.

- Vocês tem filhos dedicados, sabiam? – acusou Bill, indignado.

- Vou é lhe dizer uma coisa – prometeu Gordon – Se não nos contarem o que está acontecendo, vou beijar sua mãe na frente dos dois.

Bill e Tom suaram frio e engoliram em seco.

- Arranjamos uma amiga! – disseram quase que desesperadamente diante de uma ameaça tão mórbida.

- Amiga, é? – perguntou a mãe, ainda desconfiada.

- É isso mesmo – respondeu Bill sinceramente – Mas não podemos explicar muito agora.

Os pais dos gêmeos se convenceram.

- Nada de beijos, então? – arriscou Tom, esperançoso.

Todos riram.

***

 

 

O despertador já estava tocando a dois ou três minutos, mas Aline tinha um sono pesado demais pra seu azar. Felizmente, pode acordar mais cedo do que o esperado por causa de um pesadelo realmente mórbido. Seus olhos abriram-se e tudo ficou muito embaçado por uns segundos. O fone escorregou de seus ouvidos e ela sentia um zumbido estranho dentro da cabeça. Talvez não devesse ter dormido com música alta, mas era um mau costume que adquirira.

- Cala a boca, Darth Vader... – reclamou, levantando-se. Mas tão logo que disse isso, foi surpreendida por alguns ruídos no andar inferior, provavelmente na sala de estar, e como sempre acordava com ruídos que vinham da cozinha onde sua mãe preparava o café e essa rotinha nunca mudava, achou muito estranho para não ligar. Saltou da cama e, de pijama, desceu as escadas num frenesi, querendo saber quem a acordara de seus devaneios.

Era o pai.

O pai, cuja presença ela aprendera a associar com Papai Noel que vinha com mais freqüência, ainda que escassa. Era um homem perto dos 40 anos, mas não se podia dizer que não fosse belo, por mais cansado que parecesse ou as olheiras que davam destaque à pele macilenta e os olhos que eram uma mistura de verde e castanho. Os cabelos macios, de um loiro quase escuro, eram penteados para trás, apesar de estarem um pouco despenteado naquela manhã.

Mas ainda assim, era o pai.

- Guten Tag, Aline – a expressão meio insondável de sempre não comovia Aline, mas que escolha ela tinha além de retribuir a saudação daquele que, pelo jeito como ajeitava a gravata e arrumava uma pasta de couro, logo iria partir?

- O-oi... – ela permaneceu parada, inerte feito uma boneca – Faz tempo que não vejo o senhor... – as palavras não encontravam o jeito certo de sair da boca dela. Pareciam vazias no lugar de raivosa, acusativas, como deviam ser pela negligência das ultimas semanas.

O pai de Aline, Heike Marback, não demonstrou ter sido afetado pelas palavras dela, apenas andou em sua direção e a abraçou, mas era um abraço que não transmitia qualquer calor, só um protocolo de pai e filha.

Ou o mesmo abraço que se dirige a um desconhecido na rua.

- Papai tem trabalhado muito – explicou vagamente.

- E nesse... Trabalho todo... Não tem nenhuma mulher, não? – não fora a intenção dela, mas agora estava acordada o bastante para interrogatórios.

- Filha... Que pergunta é essa? – ele riu sem humor algum – Não deixe sua mãe ouvir uma coisa dessas...

- Só os idiotas respondem uma pergunta com outra pergunta – recordou Aline, desvencilhando-se de Heike – Responda, por favor.

- Claro que não há mulher. Sua mãe é única pra mim. (n/a: Sei... ¬¬)

- Tá... Então, tenha um bom dia – despediu-se ela, descrente – Thau.

- Obrigado... Thau – e sem mais palavras, ele se apressou para sair enquanto Aline voltava pro quarto para se arrumar para a escola.

Quando passou pela cozinha, sem fome, encontrou a mãe no balcão, tomando café com a cara de quem não dormira direito.

- Oi, mãe – e abrindo a geladeira, pegou uma fruta qualquer e também saiu de casa.

***

 

- Pai.

- Mãe.

- Nós já vamos – disseram Bill e Tom, apresentando-se na cozinha, do jeito de sempre. Gordon, que estava na mesa, lendo jornal, sorriu e desejou-lhe um bom dia, dando uma piscadela de incentivo; Simone, que cortava cenouras na pia, fez o mesmo, mas aconselhou para que não fizessem nada de errado.

- Pode deixar – prometeram, revirando os olhos, batendo a porta com menos entusiasmo.

***

 

Aline chegou à escola, ajeitando bem a mochila e admirada da brisa cortante que a fazia esfregar as mãos de frio. Foi uma das primeiras a entrar na sala de aula e rezava intimamente para não ter que presenciar mais nenhuma exibição de luta livre como ocorrera no dia anterior. Viu-se pensando nos gêmeos Kaulitz desde que acordara e perguntou-se intimamente se estariam bem ao sentar numa das ultimas cadeiras perto da janela.

Foi enquanto puxava seu caderno de desenhos para passar o tempo que eles chegaram.

- Oiii! – exclamou Tom, quase se jogando em cima dela.

Aline sorriu, o primeiro sorriso do dia.

- Como passaram pelo pessoal da entrada? – perguntou, cismada.

- Ah, a gente entrou (pulou) pelo portão de trás – respondeu Bill, sentando-se na carteira ao lado dela.

- Parece divertido – admitiu ela, escondendo o caderno.

- É, no começo era – concordou Bill – Mas depois você pensa: Cara, a gente tá entrando escondido na própria escola e... É triste.

 - Eeeee, vamo’ parar com esse baixo astral! – disse Tom, sentando-se na carteira da frente de Bill.

- Ele tem razão – falou Aline.

- E então... Vamos todos nos conhecer melhor? – propôs Tom.

- É uma ótima ideia desde que não haja sentidos subliminares nisso, vou logo avisando – disse Bill, sério.

- Bom... – ponderou Aline, olhando por cima dos ombros deles – Não vai dar pra ser agora.

Greg estava se aproximando dos três com a cara de maníaco de todos os dias.

- Olha quem tá aqui! – murmurou – Vocês ainda não receberam a surra do dia, não é? – perguntou aos gêmeos – Tô devendo isso pra vocês – e estalou os dedos ameaçadoramente.

Greg puxou Bill pela camisa preta e o empurrou para cima das outras carteiras.

- Bill! – gritaram Aline e Tom, levantando-se.

O brutamonte foi em direção a Tom, visando-o feito um touro, mas Aline se meteu na frente dos dois, que pareciam muito dispostos a se enfrentarem.

- Para! Você não vai bater nele!

- O quê? – espantou-se Greg.

- Tá surdo? Você me ouviu muito bem! – gritou Aline.

- Com quem você pensa que tá falando? – ele não era inclinado a bater em mulheres, mas aquela garota estava lhe dando nos nervos. Nunca ninguém se intrometera quando ele estava batendo em Bill e Tom, e quem se metesse a herói com certeza ia sair machucado.

- Você é um idiota! – xingou ela.

- Ainda não sacou a noção do perigo? – ameaçou-a.

- Vai me bater? – riu Aline – Cai dentro!

Mas diante de tal provocação, ele se viu incapaz de reagir.

- Não sabe do que sou capaz! – limitou-se a dizer, os dentes cerrados. Nem sequer olhou Bill, que se levantara do chão e se matinha a certa distancia dele.

A sineta bateu e o resto dos alunos entrou na sala, mas ninguém comentou a atitude da novata. Não lhe deram credito algum, com certeza seus ideais seriam sufocados quando Greg realmente mostrasse que não estava de brincadeira.

Todos se calam, no fim.

- Você tá bem, cara? – perguntou Tom preocupado, quando o irmão sentou-se.

Bill olhou-o de soslaio e fiz que sim com a cabeça.

A professora de Matemática, Frau Kneifel (n/a: Só tem mulher nessa bagaça?), entrou na sala.

- Guten Tag, meus adoráveis aluninhos! – saudou ela, com a voz anasalada e infantil – Vamos hoje embarcar em mais uma jornada pelo universo dos números!

Todo mundo revirou os olhos como se fosse um aluno só.

Seguiu-se uma boa dose de embromação, na qual poucos alunos se arriscavam a responder os exercícios proposto, apesar da boa vontade da professora, que os encarava com os olhos muito brilhantes, esperando um milagre pessoal.

- Entenderam? – perguntou ela no fim de um exercício que tomou quase metade do grande quadro magnético, tal foi sua empolgação.

- Sim! – responderam todos, menos Tom, que olhava para aquilo como se enxergasse outro idioma.

- Então, vou passar um exercício “diferente” hoje! – disse ela animadamente – Vou dividi-los em duplas e passar algumas questões. Vocês vão tentar se ajudar em caso de dúvida e se não conseguirem sair de determinada questão, podem pedir minha ajuda, tudo bem? – e como se não tivesse percebido a cara de horror de seus pupilos, acrescentou – Valerá ponto!

E, pegando a folha de chamada, preparou-se para dividi-los.

- Greg e Samara... – dizia, o olhar concentrado – Tom e...

Ele cruzou os dedos embaixo da carteira agora que o pior (Greg) havia passado.

 


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Notas finais do capítulo

Que suspense de meia tijela...
Obrigada pelos reviews, é miuto melhor escrever quando se tem incentivo!

o/