Rette Mich escrita por gaara do deserto


Capítulo 5
Sobre os Céus de Leipzig - Acordo e Espera


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora, aqui vai...
(Botem a culpa na minha co-autora!)



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Já era noite fazia algum tempo. Noite fria e seca em que as pessoas não paravam pra conversar na rua, simplesmente seguiam diretamente pra casa. As folhas das arvores sacudiam e se desprendiam com certa elegância que não era apreciada. Um carro parou na frente da casa dos Kaulitz e Gordon desceu, contente e exausto. Porém, mal acabara de abrir a porta e percebeu que a aura estava carregada lá dentro e uma Simone muito irritada foi encontrada no sofá, sentada e com a testa vincada.

- Ah... Tava me esperando? – perguntou Gordon receoso. – Eu fiz alguma coisa? (n/a: Será que esse tem culpa no cartório?)

- Não – respondeu ela, bufando – Mas seus filhos sim!

- O que aconteceu? – perguntou ele sentando-se ao lado de Simone, preparando-se para mais um rotineiro monólogo.

- Porque você não pergunta para eles? – sugeriu Simone acidamente.

- É... Eu acho melhor mesmo – concordou Gordon, achando que era bom demais ter se livrado do monólogo da esposa.

Sem escolha, ele subiu as escadas a caminho do quarto dos gêmeos, mas achou melhor bater na porta antes de abri-la.

- Posso entrar? – perguntou ele, calmo.

- Já entrou – responderam eles ao mesmo tempo.

Tom, que estava sentado em uma cadeira perto da janela, olhava para a rua com uma expressão concentrada e Bill estava deitado em sua cama fingindo ler uma revista.

- Ah... – Gordon pressentiu naquilo uma má recepção - Meninos, eu posso conversar com vocês?

- Temos escolha? – perguntou Tom, ainda áspero.

- Na verdade, não – retrucou o padrasto, entrando decidido no quarto, nem um pouco abalado com o comportamento deles. Fazia parte de sua essência manter a calma quase em todas as situações e, a seu ver, aquela era uma situação que merecia ter os dois lados escutados para se chegar a uma conclusão – Tom, se me faz o favor, sente-se na cama – O garoto automaticamente saiu de onde estivera a tarde toda e acomodou-se na cama – Gordon pegou a cadeira do enteado e virou-a, de modo a apoiar os braços nas costa dela – Bom... Só tenho uma pergunta: Aconteceu alguma coisa na escola hoje?

- Hunf, pelo visto a mamãe já falou com você... – resmungou Tom, quase um sussurro de desprezo.

- É, ela falou... Mas não chegou a dizer com todas as palavras o que realmente aconteceu. Então, se quiserem, gostaria de ouvir o que tem a dizer.

Bill se adiantou.

- Hoje de manhã, assim que chegamos na escola, nos deram uma surra – explicou, sem rodeios – Mas não provocamos essa briga – e, dando um grande suspiro – E é só.

- Ele resumiu bem – aprovou o gêmeo, em tom de riso – Então, só pra completar, a Dona Simone não quis acreditar na nossa versão da estória.

- Achava melhor não chamá-la assim – recomendou Gordon pacientemente – Pelo que me lembro, a ultima vez que ela o ouviu chamando-a desse jeito foi quando ela te colocou de castigo e você saiu pela janela pra colocar um piercing... – ele se permitiu recordar um pouco antes de continuar – Mas, isso não vem ao caso agora. Qual é a outra versão?

- Como você...? – espantou-se Bill.

- Para a mãe de vocês estar tão zangada...

- É a da Frau Marburg – responder Tom.

- Hm... – ele recordava vagamente da diretora – E como é a versão dela?

- Ela ligou pra mãe e disse que nós provocamos a briga – contou Bill, irritando-se.

- Bom, alguém tinha que provocá-la, não é mesmo? – riu Gordon, arrastando os pés – Mas, se não foram vocês, quem foi?

- A nossa turma toda – respondeu os gêmeos, como se tivessem ensaiado a resposta várias vezes – Liderada por um idiota que nos odeia – emendou Tom.

- Ah... sei...

- Que foi? – alterou-se Tom – Também não vai acreditar na gente?

Gordon apressou-se em discordar.

- Não... Eu entendo vocês – e passou a mão pelos cabelos – Afinal, já passei por isso também.

Os gêmeos se boquiabriram.

- Toda a sua turma te odiava? – perguntou Tom, espantado. Ele sabia que o padrasto era uma grande fonte de solidariedade e compreensão, o que fazia com gostasse ainda mais dele, mas não imaginava que tivessem estórias tão parecidas.

- Havia um garoto – disse Gordon, ainda calmo, como se a lembrança não lhe trouxesse nada – Ele tava mais pra ogro... Nós nunca nos demos bem e ele gostava de aprontar algumas coisas pra me humilhar – e sorriu – Mas dei um jeito de acabar com aquela situação.

- Como? – perguntou Bill, interessado na narrativa.

- Acabei com a raça dele numa briga... – respondeu o padrasto. Porém, como se tivessem acabado de perceber o impacto de suas palavras (e a tamanha ironia), acrescentou sério – Mas não quero ver vocês dois metidos em briga, ok?

- Quê? – protestou Bill, sentindo a imaginação correr para vinganças malignas contra Greg Linsenbröder – Mas...!

- Sem “mas”, entenderam? – cortou Gordon.

- Tá... – falaram os dois, desanimando-se.

- Ah... E por favor, tentem não irritar a mãe de vocês – aconselhou Gordon.

- Sim, herr! – falaram os gêmeos, batendo continência.

- Eu vou tentar aliviar a barra de vocês – disse Gordon, rindo -, tipo tentar tirar o castigo, não prometo que vou conseguir convencer a Simone sobre a versão de vocês, sabem que para ela a Frau Marburg é uma ótima mulher e educadora, mas eu vou tentar assim mesmo, Ok?

- Tá – falaram eles, mais animados depois daquela longa tarde que se arrastara.

Gordon continuava sorrindo quando deu a conversa por encerrado e foi à luta, saindo do quarto falar com Simone.

***

Aline estava há algum tempo jogando on-line no computador quando ouviu um barulho de carro na rua e, sobressaltando-se, saiu da cadeira e correu para olhar pela janela, com a esperança de que fosse seu pai, mas viu que era apenas um caminhão de mudança que havia parado na casa em frente a sua.

“Um caminhão de mudanças?”- pensou, o animo afundando outra vez.

A garota não deu muita importância para o fato, mas ao ver que já estava um pouco tarde, resolveu desligar o computador e descer para ver como estava sua mãe (n/a: Não a sua). Não foi difícil encontrá-la, pois Sophia estava dormindo no sofá da sala, uma mão sobre o rosto e a outra segurando um copo de vidro, contendo vestígios de uísque.

“Acho melhor não acordar ela”- pensou Aline, voltando rapidamente para o quarto e pegando um cobertor dentro do guarda-roupa para aquecer a mãe. Foi sem muita emoção que ela desceu e cobriu parcialmente o corpo de Sophia.

Aquelas lamentáveis cenas estavam aumentando conforme a presença do pai ia diminuindo.

E Aline se via no meio disso, muda e sem saber o que fazer.

Uma pessoa perto do olho de um furacão devia sentir algo parecido.

***

 

A conversa com Simone não fora nada fácil, apesar de Gordon tentar se mostrar o mais impassível possível, não pode deixar de lado certa indignação pela crueldade que ela cometera e Simone, por sua vez, estava indignada que ele não defendesse seu ponto de vista e tampouco acreditasse na Frau Marburg. Ela realmente estivera a ponto de cometer grosserias, tais como dizer que não era da conta de Gordon como ela educava Bill e Tom, pois não eram filhos dele. Mas se conteve, já que não afetaria de modo tão mesquinho o amor que sentia por ele.

- Então? Estamos combinados? – perguntou ele, segurando as mãos dela, calmo como sempre.

- Estamos, mas acho que está pegando leve de mais com eles – disse Simone irritada. E sem pensar, acrescentou – Eu sou quero que meus filhos sejam educados...

- Nossos filhos – corrigiu Gordon, sem se importar com o deslize da esposa – Mas e aí, ficou zangada comigo também por discordar de você?

- Fiquei! – admitiu, soltando as mãos dele – Se você discorda de mim, eles não vão se arrepender nunca do que fazem de errado.

Mas Gordon já tinha em mente o jeito certo de por um ponto final na discussão.

- Sabia que você fica linda com raiva? – desconversou, ajeitando os cabelos dela pra trás da orelha.

- A-acha mesmo que minha raiva vai passar desse jeito? – perguntou ela, corando.

- Acho – respondeu Gordon, beijando-a.

Ele era ótimo para distraí-la, sabia que nada mais lhe importaria naquele momento apaixonante.

Até que...

- EECCCAAA!!! – gritaram os gêmeos, que estavam observando tudo na escada.

- Olhe quem fala, vocês nem são mais “BV” e ainda acham beijos nojentos? – perguntou Gordon, sem se constranger.

- Não achamos nojento – retrucou Tom, descendo a escada acompanhado do irmão.

- Só quando são vocês dois – emendou Bill, sorrindo.

- Os incomodados que se mudem – disse Gordon, rindo.

Mas a alegria dele foi desviada de atenção quando olharam para Simone, que observava os filhos com os olhos semicerrados.

- Ainda tá com raiva da gente, mãe? – perguntou Tom, cansado.

A expressão dela mudou repentinamente.

- Oh, meus amores – e a frieza que parecera ter tomado conta dela a tarde toda finalmente se dissolvera – Eu nunca consigo ficar com zangada com vocês por muito tempo... – e fez sinal para que eles se aproximassem, abraçando-os com carinho.

- Então não estamos mais de castigo? – alegrou-se Tom, entre os braços da mãe.

Ela os soltou e os encarou.

- Ah... Não exatamente – mas percebendo as caras deles, apressou-se em prosseguir – Vocês podem continuar jogando vídeo-game e tudo mais, mas é direto pra casa depois do colégio, não poderão sair pra canto nenhum que não seja comigo ou com Gordon, está bem?

- Tá – concordaram os gêmeos, percebendo que aquele seria o melhor acordo que conseguiriam naquele momento.

- E então – Gordon levantou-se energicamente do sofá, feliz pela conclusão de tudo – Topam uma pizza?

- Só se for agora! – gritaram eles, alegremente, correndo para abraçar o padrasto.

Simone sorriu e balançou a cabeça.

***

Aline se revirou na cama e olhou pro despertador em forma de Darth Vader. Uma e meia da manhã e nem sinal do pai. Com um suspiro, rolou pro outro lado, ajeitando o fone de ouvido.

 

Body and soul, I'm a freak, I'm a freak

Body and soul, I'm a freak, I'm a freak

Try to be different

Well get a different disease

Seems it's in fashion

To need the cold sore cream

 

Ela não sabia, mas se sentia muito bem ouvindo aqueles versos do Silverchair. Embalada por aquela intrigante canção, esperava qualquer sinal que lhe dissesse que o pai chegara. Antes, por mais tarde que fosse, ele sempre vinha lhe dar um beijo de boa noite, mas ela não lembrava sequer quando fora a ultima vez que ele lhe dera um simples “thau”.

Acabou adormecendo, com a voz de Daniel Johns na cabeça.

 

 

 


 

 

despertador da Aline!

Despertador da Aline... ^^'


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Notas finais do capítulo

Daniel Johns ERA só o filé... *¬* (essa é a opnião muito sensata da co-autora com a qual concordo e me dá até vontade de chorar).
Até!