Rette Mich escrita por gaara do deserto


Capítulo 2
Sobre os Céus de Leipzig - A Vigília


Notas iniciais do capítulo

Pois é... Segundo cap.;;;
Até que não demorou tanto, né?

Obrigada às pessoas que leram!



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As duas se encaminharam para o saguão com passos largos e apressados.

Uma expressão de angustia aparecia no rosto de Aline. A cada passo que davam aumentava-se o barulho da briga, e ao chegarem lá, se depararam com os gêmeos batendo em Greg.

- Mas o que está acontecendo aqui? – disse a diretora em um tom de autoridade. – Vamos respondam!

Tom tentou falar, mas Greg se antecipou dizendo:

- É tudo culpa deles!

- O quê! – exclamaram os gêmeos.

- É isso mesmo diretora. É tudo culpa deles. Eles começaram tudo, me xingaram e me bateram  todos aqui estão de prova. – mentiu Greg.

- O quê? Isso é mentira... – disseram os gêmeos tentando se defender, mas foram interrompidos pela mulher que ordenou:

- Os dois para a minha sala, já! E sem reclamar.

- E vocês... – disse a diretora apontando para o aglomerado de alunos – Levem o colega de vocês para a enfermaria e depois direto para a sala de vocês.

O aglomerado de alunos foi se desfazendo aos poucos, até não restar mais nenhum aluno no saguão, apenas alguns pingos de sangue espalhadas pelo chão, que foram limpas rapidamente pelo faxineiro. Logo, ali, não tinha a aparência de que tinha acontecido uma grande briga.

Bill e Tom tinham ido à sala da diretora como foi lhes mandado. Aquela não era a primeira vez que estavam sentados na cadeira vermelha que foi reservada aos dois.

Frau Marburg gritava tão alto que dava para se ouvir tudo o que se era dito na sala do lado de fora. E aos berros ela continuava dizendo:

- O que vocês estavam pensando? Por que provocaram toda essa briga?

- Eu já disse que não foi a gente que provocou isso! – exclamou Bill – Já disse que a culpa é toda do Greg.

- Pare já de mentir mocinho! Eu quero a verdade, agora! – gritou a diretora.

- Ah... A senhora tá ficando vermelha, acho melhor se acalmar – aconselhou Tom, despreocupado.

A mulher se sentou e se acalmou, mas não demorou muito a voltar a falar, só que dessa vez com mais calma:

- Tudo bem, já que não querem falar a verdade... - Falou Frau Marburg, mas logo foi interrompida por Bill.

- EU JÁ FALEI, FOI TUDO CULPA DO GREG! – gritou Bill.

- E eu já disse que não quero mentiras. Nunca mais aumente o tom de voz comigo e nem me interrompa.

Ouve uma pequena pausa.

 - Vocês dois vão receber um castigo. Os dois vão ser encarregados de limpar e arrumar o refeitório durante dois meses.

- O quê?! – perguntou Tom arregalando os olhos.

- Isso não é trabalho nosso – disse Bill entre dentes, levantando-se da cadeira e apoiando os braços na mesa da diretora.

- Agora é – falou a diretora inclinando-se para frente de Bill fazendo-o sentar novamente. – Vocês dois passem na enfermaria depois para a sala de aula, vocês começam hoje mesmo a pagar esse castigo. Agora vão. – ordenou a mulher.

Bill e Tom levantaram-se com tanta raiva que quase derrubaram a cadeira. Dirigiram-se a porta e saíram.

O gêmeo mais novo encostou-se na parede ao lado da porta no lado de fora, olhou para o irmão e disse com voz de falsete e fazendo careta:

- “Vai ser divertido”!

Tom deu uma risada e pediu desculpas, estendeu a mão esquerda para Bill para que o acompanha-se. Ele a segurou e os dois seguiram para a enfermaria.

                                                              ***

Chegando lá eles se depararam com uma linda enfermeira. Tom ficou boquiaberto com sua “beleza frontal” e disse sussurrando para Bill:

- Acho que eu vou me machucar mais vezes.

- Ah, fala sério! – falou Bill indo em direção a moça.

Depois de alguns minutos lá dentro, eles saíram e Bill perguntou a Tom:

- Você tá pensando o mesmo que eu?

- Acho que não. Mas se você tiver pensando na enfermeira, então é sim! –respondeu Tom dando um pequeno sorriso.

- Não! Eu não to pensando nisso, seu pervertido! Olha só, quer fazer o favor de pensar junto comigo?

- Tá, tá bom! – reclamou Tom fazendo cara feia.

- Eu tava aqui pensando que não pode ter sido alguém da nossa sala que chamou a diretora – explicou Bill, sério.

- Pode ter sido algum professor – sugeriu o irmão, desinteressado.

- Você tá brincando, né? – perguntou incrédulo – Tom, ‘cê esqueceu que nessa escola até os nossos professores nos odeiam?

- Então vai ver que a própria vaca da Marburg ouviu.

Mas Bill não desistiu de suas teorias.

- Não, tenho certeza de que alguém falou – e franziu a testa – Alguém que não conhecemos.

Houve uma pausa na conversa, na qual Tom não estava nem aí pra quem avisara Marburg e Bill continuava pensando que milagre poderia ter acontecido. Foram interrompidos pela sineta do intervalo. A expressão do rosto de Bill mudou de curioso pra estressado mais rápido que sinal de trânsito; Tom ficou mais alguns segundo esperando que o irmão dissesse mais alguma coisa, mas ele não deu sinais de que abriria a boca. Então o mais velho resolveu se pronunciar:

- Espero que eles não sujem muito – suspirou conformado.

- À uma hora dessas o nosso querido Greg já deve saber do castigo – retrucou o outro, amargo.

- Bom, vamos lá – e passou um braço pelo ombro de Bill, seguindo em frente.

Quando chegaram ao refeitório, trataram de pegar suas bandejas, postar-se na fila com a maior paciência do mundo e procurar uma mesa vazia para não serem incomodados, apesar dos olhares de todos.

Aline Marback ficou observando os gêmeos discretamente de uma mesa no fundo do refeitório. Não ligava muito para a própria comida, mas uma estranha ansiedade corria em seu peito e estava ligada com a possibilidade de bem-estar daqueles desconhecidos. Nem tivera a chance de se aproximar. Por hora observar era o suficiente.

Apoiou o queixo na palma da mão, piscando ocasionalmente. Ela ficou olhando-os conversarem até serem atrapalhados por Greg. Aline subitamente ficou alerta a qualquer sinal de violência.

O garoto bateu no ombro de Bille perguntou:

- E aí, vão querer me enfrentar de novo? – seus olhos miúdos brilhavam de maldade e ele deu um sorriso de desdém – Ah! E já ia me esquecendo... Vou tentar deixar minha mesa limpa para não dar trabalho para vocês...

Bill enterrou as unhas na palma da mão para evitar explodir de raiva e lançando um olhar de puro ódio para Greg, que não se intimidou, mas felizmente voltou para sua mesa. Tom segurou a mão do gêmeo, para que se acalmasse.

Logo o intervalo acabou e aquilo só significava que todos voltariam para suas aulas enquanto que o castigo deles começara a partir daquele maldito instante.

Bill sugeriu a Tom que limpasse as mesas e ele ficaria com as bandejas. O outro assentiu. Quando os garotos já tinham limpado quase todas as mesas, Bill surpreendeu-se ao chegar a ultima.

- Tom, olha isso! – exclamou.

- O quê? – perguntou Tom, aproximando-se.

- É a única mesa que tá limpa! Nem a bandeja deixaram! – apesar de parecer algo sem significado para qualquer um, foi de imensa importância para o raciocínio de Bill.

- Puxa, que legal – disse Tom, indiferente a esses sinais “animadores”.

- A pessoa que tava aqui não queria avacalhar com a gente! – será que o irmão não percebia?

- Nossa, vamos fazer uma festa – o gêmeo não parecia mesmo ligar pra uma mesa limpa e achava que a euforia de Bill era até exagerada.

- Não, Tom, pensa! – sibilou, irritado com o descaso – A pessoa que tava aqui provavelmente é a mesma que chamou a Marburg!

- Bill, para com isso. Não viaja – e atirando longe um pano sujo, voltou-se para a saída – Vamo’ voltar pra sala, tá?

- É aula de Ed. Física agora – comentou o irmão, a alegria se esvaindo.

Tom acompanhou-o com a expressão.

- Eu mereço – e os dois saíram do refeitório, mas uma vez aguardando com apreensão a tortura seguinte.

***

A aula de Ed. Fisíca, ministrada por Herr Ziller, um ex-jogador de futebol, era o inferno do inferno para os Kaulitz. Não era só por causa dos alunos que certamente se aproveitariam dos desportos para importuná-los, mas principalmente porque um homem como Ziller, tão apreciador de disciplina e garotos ágeis, certamente não sentiria simpatia pela aparência de Bill e Tom.

Ele era praticamente a versão adulta de Greg Linsenbröder.

Enquanto os gêmeos trocavam de roupa pelo uniforme de mangas comprida e shorts com o emblema da escola (que deixava ainda mais visível a magreza de ambos), eles pensavam em como agir na aula. Preguiçosos e nada talentosos para qualquer esporte, já sabiam o que esperar.

Não havia como contornar a fúria de Herr Ziller.

Eles mal haviam entrado na quadra quando Herr Ziller gritou, à plenos pulmões, do outro lado da quadra:

- Estão atrasados!

Bill ainda tentou se explicar.

- É que a gente... – e apontou na direção dos refeitórios.

- Levarão uma falta pelo atraso! – continuou o professor, apitando – Sumam daqui!

Os gêmeos saíram às pressas e foram procurar um lugar sossegado, agradecidos por escapar da aula. Foram para os fundos do colégio, um vasto jardim cheio de bancos amarelos e brancos.

Bill sentou-se ao lado de Tom em um dos bancos que ficava debaixo de uma frondosa árvore.

- Eu não aguento mais tudo isso! – e abraçou os joelhos, tentando engolir o choro – Mais que merda, Tom!

- Calma, cara – murmurou o irmão, deixando de lado toda a agressividade que acumulara naquele dia.

- Que merda de calma, mano! – estressou-se Bill, jogando as mãos pro alto – Todas as pessoas daqui fazem questão de nos deixar mal! – as lágrimas aparentemente esquecidas, faziam força para se libertarem - Olha pra gente, estamos ralados, machucados até os ossos! Meu corpo inteiro dói e ainda temos que trabalhar por causa de um filho-da-mãe feito o Linsenbröder!

- Mas eu ainda estou aqui, do seu lado – naquele momento, Bill era o irmão mais novo, que reclamava da vida e fazia birra enquanto o mais velho tinha que consolá-lo.

- E do que adianta se você vive me metendo em confusão, arranjando brigas logo de manhã cedo!

Tom fechou os olhos, reunindo a calma que lhe restava.

- Eu já pedi desculpas – grunhiu entre dentes.

- Você pensa que pedir desculpas vão resolver esse problema? – ele já estava indo longe demais em sua infantilidade, mas Tom era a única válvula de escape que sobrara em seu mundo.

- Se você não quer a minha ajuda, é só dizer! – o irmão se afastou, subitamente abandonado pelo autocontrole – Se você não quer que eu fique do ser lado, eu vou nessa!

Antes que ele pudesse ir longe, Bill o chamou de volta, arrependido. Tom voltou não de todo calmo, mas o suficiente para evitar uma discussão. Ele suspirou novamente, olhando pro céu, aquele céu de Leipzig que lembrava sorvete... O céu da infância dos dois, aquela cumplicidade que tinham desde que se lembravam.

A diferença os fazia sofrer. Mas era também o que os mantinha unidos durante todo esse tempo.

Porém, eles não estavam tão sozinhos quanto imaginavam. A menina voltara para espiá-los, determinada a saber um pouco mais. Uma fuga da aula não era nada, o que a interessava desde a manhã estava ali.

O silêncio perdurou até que Tom falasse de novo.

- Já teve a sensação de estar sendo vigiado, Bill? – perguntou, sorrindo.

- Provavelmente – respondeu o irmão, olhando pros lados, mais calmo.


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Notas finais do capítulo

Fim de cap...
Mistério!