Rette Mich escrita por gaara do deserto


Capítulo 17
Nuvens de Tempestade - Um Desejo (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Oh, já sabemos que somos umas desnaturadas, sádicas e blábláblá. Mas amamos vocês, que perdem um tempinho para lerem essa fic.
Boa leitura!
(Não gostei desse novo Nyah! u.u É muita tecnologia para a minha cabecinha... ¬¬)



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Quando os gêmeos chegaram em casa, foi com grande surpresa que registraram que a voz autoritária da mãe não fora a primeira coisa que ouviram ao cruzar a soleira e bater a porta. Ao contrário, a casa estava mergulhada num silêncio sepulcral, do tipo que habita as casas abandonadas. A poeira rodopiava, penetrando pelas cortinas fechadas e as tábuas do soalho rangeram com um barulho maior que o normal quando eles adentraram a sala de estar.

Silêncio. Tom deu de ombros, puxando o irmão pelo braço em direção a escada, à procura de Simone. O segundo andar estava do mesmo jeito, embora fosse possível ouvir uma respiração lenta e arrastada vinda de uma porta entreaberta. Era o quarto dos pais.

- Mãe? – chamou Bill, hesitante, entrando no quarto com Tom. Não houve resposta, pois Simone dormia profundamente, os cabelos desgrenhados e uma caixa de lenços de papel pousada ao lado. Suas pálpebras decididamente estavam inchadas.

- Ela ainda está dormindo – disse o mais velho. Nem ele dormia tanto assim.

Bill não escutava o irmão, tinha os olhos fixos na mesinha de cabeceira da mãe.

- Tom – disse, puxando-o pela manga da camisa – Olha – e apontou para a mesinha, onde havia vários frascos de remédios diferentes.

- Será? – supôs Tom, horrorizado. Bill pegou um dos frascos, examinando o rótulo.

- Calmantes, ela tomou calmantes! E agora? – perguntou, erguendo os olhos para o irmão em busca de conselhos.

- Joga fora. – disse Tom firmemente - Ela quer é chamar atenção. – e retirou-se do quarto, irritado.

***

- Filha! – gritou Sophia animadamente ao chegar em casa. Seu animo, no entanto, sofreu um abalo ao ver Aline acompanhada de outra pessoa; parou de chofre, os olhos arregalados – Gordon? O que faz aqui?

- Vim falar com você. – respondeu ele, calmamente.

- Ah... – sem conseguir pensar em nada para dizer diante da falta de hostilidade de alguém ligado à Simone, Sophia sentou-se ao lado da filha, meio incrédula com a situação.

- Primeiramente queria te pedir desculpas pelo comportamento da Simone. – começou Gordon, apoiando os cotovelos nos joelhos e cruzando os dedos. – Foi realmente uma grosseria o que...

- Não se preocupe com isso – interrompeu Sophia, sacudindo a cabeça - Por falar nela, ela sabe que está aqui?

- Simone e eu brigamos – disse ele apaticamente - Saí de casa

- Ah! Desculpe, espero que não tenha sido por causa de ontem.

- Ontem teve muito a ver com isso – continuou, rindo sem humor algum – Ela já estava insuportável.

- Não posso deixar de me sentir um pouco culpada, afinal vocês começaram a brigar por causa da minha amizade com os gêmeos. – murmurou Aline.

 - Não se sinta assim – avisou-a Gordon, dando um tapinha no ombro da menina - O problema é a Simone que não enxerga que você faz muito bem a eles – a garota sorriu-lhe – Bom, eu já vou indo – acrescentou, levantando-se, meio desconcertado.

- Pass auf Dich auf! – disse Aline, conduzindo-o até a porta.

- Tente conversar com a Simone – aconselhou Sophia, sentindo-se solidário com o homem, ainda que não entendesse como uma mulher desagradável como Simone conseguira amar alguém tão gentil.

- Vou ver – disse ele indo embora.

- Aline advinha quem conseguiu um emprego?! – perguntou Sophia, logo se levantando, mais animada.

- Você? – a garota não disfarçou o espanto. (N/Co: Isso Aline, sempre acredite no potencial da sua mamãe ¬¬)

- Isso mesmo! Está cada vez mais esperta, hein? – brincou Sophia.

- De quê?

- Vou trabalhar como recepcionista no hotel mais caro daqui. – contou ela, girando no mesmo lugar, felicíssima de poder manter a dignidade sem recorrer ao auxilio de Heike.

- Que bom que conseguiu, mãe. – elogiou Aline, abraçando-a. Era um alívio ter de volta a Sophia alegre, e perceber que ela superara a traição do marido.

-... É, mas eu começo hoje mesmo, vou pegar o turno da tarde.

***

Era tarde quando Simone acordou. Sentiu-se desorientada e quase veio novamente às lágrimas ao se lembrar da partida de Gordon. Respirou fundo, afinal, não poderia ficar lamentando-se eternamente, era só uma fase, não era? Resolveu procurar os filhos, culpando-se um pouco pelo relapso. Os dois estavam no quarto, e para não serem totalmente ignorantes, resolveram aceitar o tímido pedido da mãe para uma conversa.

Antes sequer de sentarem no sofá, Bill resolveu confrontá-la de uma vez.

- Por que tomou remédios, mãe?

- Não é sobre isso que eu quero falar. – disse Simone, ainda calma, talvez por causa dos remédios.

- E por que sempre tem que ser o que você quer, do seu jeito? – perguntou Tom, irritando-se. Simone respirou mais uma vez.

- Eu já deveria saber que vocês não conseguiriam entender tudo o que faço por vocês. – respondeu placidamente - Vocês sabem que eu os amo, mas, por favor, não me critiquem como o Gordon.

- Realmente não entendemos a causa de todo esse pavor por nossa amizade com a Aline, mas... – começou Bill.

- Se nem o Gordon agüentou toda essa sua loucura não espere que nós agüentemos por muito tempo – concluiu Tom. Simone ficou calada com tanta ousadia, que em gênio normal teriam resultado em castigos. Os gêmeos suspiraram ao mesmo tempo, decidindo que não adiantava conversar. E subiram para o quarto.

***

- Filha eu já estou indo trabalhar, deixei seu jantar e, por favor, não vá para a cama muito tarde, se não é uma luta para levantar de manhã – disse Sophia, alvoroçada para estrear sua vida de mãe trabalhadora. Sentia certo orgulho que fez Aline rir discretamente uma ou duas vezes, sem se atrever a abalar o entusiasmo da mãe.

- Bom trabalho, mãe.

- Danke schön – agradeceu Sophia saindo num passo apressado. Não demorou muito para que a campainha tocasse novamente. Pensando que Sophia esquecera algo, Aline voltou a descer as escadas, meio contrariada.

- Hallo! – disse Georg quando ela abriu a porta. Exibia um sorriso radiante que esmoreceria qualquer um, mas Aline já aprendera a controlar-se.

- Agora você não sai mais daqui, né? – censurou-o, incerta se a mãe acharia certo deixá-lo entrar quando ninguém mais estava. Depois pensou em seu jantar no microondas e na fome monstruosa do vizinho. Seu jantar estava em perigo!

- Não sou mais bem vindo, é? – reclamou Georg, fazendo bico.

- Entra, Georg – ela desistiu, ainda pensando no jantar.

- Encontrei Sophia no caminho e perguntei a ela se podia te fazer companhia – contou ele, tirando o casaco e jogando atrás da porta – Bom, ela disse que sim.

- Hmmm, quer ver um filme? – perguntou a garota, menos tensa – Era o que eu ia fazer.

- Só se você fizer pipoca.

- Eu não!

- Faaaaaz... – pediu ele fazendo cara de pidão.

- Nem adianta fazer essa cara.

- Por favor – cara de pidão, módulo dois.

- Tá! – Aline jogou as mãos pro alto, marchando para a cozinha com Georg em seus calcanhares, muito satisfeito consigo mesmo.

- Que filme vamos ver? – perguntou ele, sentando em uma cadeira à mesa, animado.

- Não tenho filmes aqui, mas vai passar Exorcista na televisão.

- Opa! – exclamou, sorrindo maliciosamente – Olha, se você ficar com muito medo eu deixo você segurar na minha mão. – e piscou.

- Hahahaha, até parece.

***

Enquanto uns se divertiam, a infelicidade ameaçava se tornar uma sombra constante na casa dos Kaulitz. Depois de uma refeição silenciosa, todos haviam voltado a se enclausurar nos quartos.

- O que será que ela está fazendo agora? – perguntou Bill a Tom. O gêmeo mais velho primeiro pensou na mãe, dois quarto depois, mas pela voz de Bill, ele com certeza se referia a alguém mais distante.

- Eu não sei, talvez ela esteja com Georg – respondeu, sem conseguir refrear uma pontada de ciúmes – Afinal, agora moram um perto do outro e estão cada vez mais próximos.

Bill o olhou para ver se falava sério. Riu alto.

***

O Exorcista começara, com todas as cenas horríveis que despertam na mente de que vê ao mesmo tempo em que uma chuva muito forte desabara do nada, produzindo raios e trovões com tanta intensidade que até alguém mais corajoso se sentiria retraído.

E para piorar, com dez minutos de filme e chuva, a luz piscou e apagou com um estalo.

- Mas que droga! – Georg praguejou, abrindo os olhos o máximo que pode para tentar enxergar formas difusas no escuro.

- Ainda tá um pouquinho claro... Ge, vê se você encontra uma lanterna enquanto eu busco velas.

- Ge? – espantou-se Georg, quase corando, e aliviado que Aline não estivesse vendo com clareza.

- Anda logo! – impacientou-se ela, tateando para chegar na cozinha.

- Mandona – resmungou ele para si mesmo.

Pouco depois que ele se levantou, Aline se virou, pois ouvira um baque, próximo da mesinha de centro.

- Georg, você está bem?

- Estou – respondeu ele, sentindo uma baita dor no joelho que batera. Sem muito esforço – já que era sua casa – Aline conseguiu chegar à cozinha e após vasculhar armários, voltou à sala, apertando um pacote de velas e uma caixinha de fósforos na mão.

- Achei as ve... – começou, procurando Georg.

- Bu! – disse Georg de repente, acendendo a lanterna abaixo do queixo, produzindo um efeito assustador que fez o coração de Aline quase sair pela garganta.

- Que susto, idiota! – exclamou, comprimindo o peito com as mãos.

- Eu te assustei? Sua medrosa – caçoou ele, satisfeito, jogando o feixe da lanterna no rosto dela.

- Eu fiquei com medo dessa sua cara feia.

- Oh! Não tem senso de humor, não? – ela o olhou de soslaio, irritada – Tá, parei...

- Tá ficando frio aqui – disse Aline mudando de assunto.

Eles acenderam as velas e as espalharam pela sala, iluminando cantos específicos.

- Eu vou buscar uns cobertores – disse Aline levando a lanterna escada acima, voltando em seguida com pesados cobertores e jogando alguns no chão, deu outro a Georg e ficou com outro. Eles se sentaram um de frente para o outro e ela pegou a lanterna e a apontou para o rosto de Georg.

- Agora é só esperar a luz voltar.

- É... – ele concordou e depois ficaram em silêncio.

- Ainda não tinha reparado em como seus olhos são bonitos – disse ela do nada.

- Danke schön – agradeceu ele meio sem jeito.

- Por que seus pais se separaram? – perguntou ela, decidida a não cair em silêncio, além de querer saber mais sobre aquele vizinho metido a engraçado, folgado, cujo pai não se importava em ver na casa dos outros.

- Ah... Eu não sei direito – respondeu ele bagunçando o cabelo – Pelo o que eu entendi das brigas que eles tinham, meu pai não amava minha mãe do mesmo jeito que ela o amava.

- Ah, que chato.

- Agora, só entre nós dois, acho que fiz errado em escolher ficar com meu pai. – confessou em tom repentinamente sério.

- Por quê? – espantou-se Aline, que achara Henry um pai razoável até então.

- Porque ele não sabe cozinhar e agora eu tenho que agüentar uma vizinha mandona e chata. – respondeu ele, rindo.

- Continua com brincadeiras bestas e te mando embora na chuva. – ameaçou a garota, apontando para a janela, de onde podiam ver, ou melhor, não ver a rua, tão forte era a água.

- Tá bom – disse ele, rendendo-se. A conversa fluiu, e logo estavam rindo de tantas outras piadas idiotas de Georg, para logo depois estarem falando dos gêmeos Kaulitz.

- A Simone e Gordon brigaram – contou Aline – E ele saiu de casa.

- Como os gêmeos estão?

- Pareciam tristes quando falaram o que tinha acontecido.

- Então estamos os quatro no mesmo barco.

- É – os dois não demoraram a enveredar outro assunto, Georg falando mais que Aline.

- Eu pretendo ser músico quando crescer, toco baixo elétrico, mas não vou em busca de fama, só vou fazer o que gosto – aproveitou para contar mais uma piada idiota - O tio pergunta ao sobrinho: “Menino, o que você quer fazer quando crescer e ficar grandão assim como eu?” E o moleque responde: “Eu quero fazer regime!” – ela riu mesmo sendo idiota. Ele também contou sobre sua convivência com os gêmeos

- Eles são uns malas de vez em quando, mas eu os aturo - e assim eles puderam se conhecer um pouco melhor.

As horas passaram bem rápido. Os dois até se esqueceram da falta de energia. Sempre era assim quando eles conversavam, as horas pareciam segundos. A chuva abrandou-se, e tornou-se um chuvisco incômodo quando Sophia retornou para casa.

- Por que está tudo escuro aqui? – perguntou, acendendo as luzes.

- Ah, oi mãe – disse Aline contendo o riso por cauda da “piada” que Georg contara segundos antes de Sophia entrar. “- O que a banana falou para o tomate? -Eu que tiro a roupa e você é quem fica vermelha?”

- Para quê essas velas? – perguntou Sophia, apagando-as.

- Faltou luz e não sabíamos que havia voltado – respondeu a filha, desligando a lanterna.

- Desculpa aí, tia Sophia. – disse Georg, erguendo o polegar e levantando-se para ajudar Aline a guardar os cobertores. Enquanto estavam lá em cima, a campainha soou e Sophia foi atender.

- Oi, Henry! – disse ela dando-lhe um beijo na bochecha no momento em que Aline e Georg desciam.

- Sabia que você estaria aqui – disse ele ao filho.

- Ele estava me fazendo companhia – explicou Aline.

- Onde você estava Sophia? – perguntou Henry, a voz ligeiramente desconfiada.

- Arrumei um emprego! – respondeu sorridente, sem perceber a mudança do vizinho. Os garotos abafaram risadinhas, entendendo rapidamente.

- Que bom! – exclamou ele, mais aliviado - De quê?

- Recepcionista – falou – Mas eles pagam muito bem. – acrescentou com uma piscadela.

- Ok, acho que aqui ninguém comeu ainda – disse Henry – O que acham de irmos a uma pizzaria?

- Claro! – disseram Aline e Georg segurando nos braços de Henry um de cada lado, o que pareceu argumento suficiente para Sophia.

- É, acho que vamos. – disse, sorrindo.

Os quatro foram a uma pizzaria que não ficava muito longe dali. Sophia e Henry se lembravam das boas estórias da adolescência, apesar de tudo que viveram, eles passaram bons momentos juntos e agora que estava amigos de novo admitiam uma nova perspectiva de esses momentos retornarem.

Georg, sempre tão eloqüente, e que teria achado graça nas atitudes do pai, estava, no entanto, muito calado desde que saíra da casa de Aline, por isso a garota estranhou.

- O que você tem? – perguntou ela pelo canto da boca quando não os ouviam.

- É que depois do que falamos fiquei pensando na minha mãe, já faz um tempinho que eu não a vejo. – murmurou, sentindo-se meio envergonhado, mas certo de que Aline não riria.

- Você deveria ir visitá-la.

- Acho que vou fazer isso amanhã. – decidiu repentinamente, mas confiante.

- Quer que eu vá com você?

- Não precisa. – ele achava que podia poupar a nova amiga de seus problemas familiares.

- Tudo bem, mas, por favor, avise Henry. – disse Aline, que observava Henry e Sophia e sabia que não ouviram a conversa porque estavam entretidos demais.

Com o término da comida e estórias, eles resolveram encerrar a noite e retornarem para casa.


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Notas finais do capítulo

Bom, esse capítulo foi um pouco centrado no Georg (JORGE LISTERINE! *piada interna*), então no próximo continuaremos abordando os aspectos da vida dele, okays?
Bjs, e até... Não sei, mas é mais emocianante assim, né?
(Não, eu sei... u.u)



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