Rette Mich escrita por gaara do deserto


Capítulo 16
Nuvens de Tempestade - Consequências e Abraços


Notas iniciais do capítulo

Desculpe o atraso.
Vocês sabem que a culpa é e sempre será da co-autora.
Mas ela é uma boa pessoa, no fundo.
Beeeeeeemmmmmmmmm no fundo.

Boa Leitura.



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Na casa dos Kaulitz, o clima nunca estivera tão tenso. Simone podia até ser uma mãe liberal em alguns aspectos, mas aquela desobediência ela não relevaria.

- De castigo. – disse quando chegaram. Os gêmeos passaram por ela, esperando tal reação – Eu espero que reflitam sobre o que acabaram de fazer. – eles assentiram, subindo as escadas sem questionar.

- Valeu a pena – disse Tom baixinho para Bill, que teve que concordar.

Assim que os dois se foram, a matriarca percebeu que Gordon a encarava reprovadoramente.

- O que foi? – ela perguntou surpresa.

- Por que você não os deixa em paz? Por que tem que ficar se metendo desse jeito?

- Gordon, estou apenas protegendo-os, é essa minha função como mãe. – a mulher tentou manter um tom calmo, como se estivesse lhe explicando algo óbvio e repetido.

- Não, Simone – ele replicou, balançando a cabeça - Está errado, você está fazendo tudo errado, está parecendo uma ditadora, dá ordens o tempo todo para eles. – e acrescentou de modo decepcionado - Eu sinceramente não te reconheço mais.

- Gordon... – o músico sabia o que ela queria dizer, e não suportaria mais uma ladainha.

- Deixa de ser paranóica Simone, aquela garota não vai influenciar em nada no comportamento deles! – exclamou, interrompendo-a - Pelo contrário, só vai fazer bem a eles. Você não consegue enxergar o quanto eles ficaram felizes depois que viraram amigos dela?

- Ela é filha da louca da Sophia, como não pode ser uma má influencia para eles? – contestou Simone, que praticamente não ouvira nada do que Gordon lhe dissera. Seus (pré) conceitos jamais seriam quebrados facilmente, não quando o que estava em jogo era a única família que possuía, seu bem mais precioso, o qual ela não entregaria a ninguém que considerasse um malefício.

E definitivamente, alguém como Aline Marback não era merecedora da amizade de seus filhos, não sendo filha de quem era, por ter sido criada por uma louca como Sophia...

- Louca é você, Simone. – afirmou Gordon, lendo cada pensamento no rosto dela - Você sabe como eles dizem ser tratados naquela escola?  Ela foi a única que os tratou bem, por favor, estou te pedindo para deixá-los serem amigos.

- Eu já disse que não vou permitir!

Era sua palavra final. Era o que ele precisava para entrar em colapso. Tudo estava errado, e aquilo o deixava doente, Simone o deixava doente, ele não podia mais conter sua fúria.

- Quer sabe, Simone? Cansei, CANSEI DE VOCÊ! Cansei dessas suas atitudes ridículas, dessa situação. – ele arfava com a torrente de verdade. Simone mal podia acreditar que as palavras eram dirigidas à ela - Agora se vira, não vou estar do seu lado quando eles começarem a te odiar! – sentenciou, indo em direção a porta.

- Gordon, aonde você vai?! – só então o choque dava lugar à crueza e realidade das atitudes dele.

- Para um lugar bem longe de você, onde não possa mais ouvir sua voz! – não adiantava mais mentir, não queria mais mentir. Teria que se afastar, apesar das lágrimas que sabia que ela viria a derramar. Puxou a porta atrás de si, e foi-se.

- Gordon! – ela soltou um grito abafado, o coração doendo com o rumo que as coisas haviam tomado. Sentou no sofá e começou a chorar.

Os gêmeos ouviram toda a briga do topo da escada, mas ao verem a repentina partida do padrasto, desceram e perceberam que a mãe estava chorando. Não lhe sentiram pena alguma.

- Eu não acredito que nem o Gordon te agüenta mais – disse Tom, impassível.

- Como você consegue acabar com tudo que temos em um estalar dedos? Por que, mãe? – disse Bill

- Ele vai voltar, eu sei que vai – disse Simone, mas para si mesmo do que para os filhos. Precisava se convencer, caso contrário despedaçar-se-ia. Já amargara o gosto do abandono uma vez, e não queria tornar a prová-lo, não quando amava Gordon verdadeiramente.

- Ele não vai – declarou Tom, pessimista. Puxou Bill pelo braço e subiram para o quarto.

“Você vai voltar, não é?”, foi o pensamento solitário de Simone naquela noite tão tempestiva e cinzenta.

***

Na casa da Aline o clima estava mais ameno. Henry voltara com uma muda de roupa limpa para Georg, que ainda tomava banho.

- Senta, Henry – disse Sophia indicando o espaço ao lado dela no sofá. Ele o fez muito constrangido. Afinal, eram dois adultos com assuntos mal resolvidos, e sozinhos num espaço confortável. O médico limpou a garganta com um pigarro baixo e desviou os olhos para a janela, de onde era possível ver a chuva caindo sem descanso.

- Ah... Que chuva né? – disse ele para quebrar o silêncio.

- É... – murmurou ela, não percebendo a intenção.

- Sophia, queria te pedir desculpas pelo meu comportamento, fui um idiota.

- É, um completo idiota. – ela concordou, fingindo seriedade.

- Mas então, você me desculpa?

- Eu vou pensar.

- Sophia...

- Tá! Eu te desculpo, mas se você falar daquele jeito comigo de novo eu te mato! – ao vê-la brincando daquele jeito, como se não passassem de garotos de quinze anos, Henry sentiu uma violenta vontade de abraçá-la. Antes que pudesse se conter estava rindo, os braços envolvendo os ombros de Sophia com tanta naturalidade quanto na juventude.

- Opa! Tô atrapalhando? – disse Aline descendo a escada.

- Claro que não, filha. – tranqüilizou-a Sophia, ainda envolvido pelo abraço de Henry.

- Vocês se acertaram? – perguntou a garota, sorrindo.

- Sim – respondeu a mãe, radiante. Aline não a via assim desde a partida de Heike, mas ao pensar no pai, ela sentiu raiva e concentrou-se apenas no fato de que Sophia estava voltando a ser ela mesma.

- Que bom que voltaram a serem amigos.

- Eu vou levar a roupa para o Georg. – disse Henry, corado com a situação. Levantando-se rapidamente, deixou as duas sozinhas.

Aline se sentou no lugar do médico e ficou séria, observando as gotas que escorriam na janela, apoiando os cotovelos nos joelhos magros. Outra coisa repentinamente voltou a preocupá-la.

- Filha? – chamou Sophia. – Está tudo bem?

- Tô com medo mãe. – confessou Aline, sem rodeios - Medo de nunca mais poder ver eles novamente.

- Por quê?

- Eu não sei, depois de hoje... – Sophia calou o fim das lamúrias da filha com um abraço, transmitindo-lhe otimismo. Aprendera aquilo com Henry quando jovens, e sabia que esses pequenos gestos eram muitos valiosos.

- Tudo vai se acertar.

Não demorou muito até Henry e Georg descerem, já devidamente cientes que haviam abusado demais da hospitalidade de Sophia. Com mesuras da parte de Georg, que nunca levava nada a sério, e a polidez de Henry, ambos se despediram das anfitriãs e partiram, tendo a chuva virado apenas finos riscos que desciam em intervalos cada vez menores.

Quando amanheceu, Sophia irrompeu energicamente pelo quarto da filha, num estilo semelhante ao de Simone, só que sem panelas a bater.

- Levanta mocinha que hoje você tem aula, já chega de faltas! – disse, puxando as cobertas de Aline, que se encolheu de preguiça..

- Bom dia, mãe... – resmungou, mas parou logo que percebeu a mãe direito - Já está arrumada?!

- Claro, não quero pegar trânsito.

- Hmmm, queria tomar café com você.

- Se você se arrumar bem rapidinho eu acho que dá sim – disse Sophia olhando o relógio e depois sorrindo. – Te espero lá embaixo.

Aline tomou banho, se vestiu, pegou a mochila e desceu.

- Surpresa – exclamou Georg que a esperava no pé da escada.

- O que faz aqui? – perguntou ela, derrapando nos degraus; tropeçou de leve, mas Georg fez questão de ampará-la, com um cavalheirismo sarcástico.

- Vim comer. – respondeu, soltando-a. – Meu pai parece que desmaiou na cama, então vim tomar café aqui.

- Tenho que dizer que você é abusado? – Sophia que escutava riu.

- Seja solidária – aconselhou, sorrindo cinicamente.

Eles tomaram café e depois saíram. Aline e Georg foram para lados opostos, pois estudavam em escolas diferentes e Sophia foi para o trabalho, antes que se atrasasse.

***

Os gêmeos foram uns dos primeiros a chegar à escola, mas preferiram esperar por Aline na entrada, na esperança de se desculparem pelo comportamento lunático da mãe e também porque queriam evitar qualquer tipo de briga que envolvesse Greg Linsenbröder e mais castigos no refeitório.

Enquanto vasculhavam com os olhos a rua, esperando a amiga, Bill foi surpreendido por duas mãos que lhe cobriram a visão.

- Adivinha quem é! – uma voz fina e irritante gritou em seu ouvido.

- Mariana... – disse o mais novo, desanimado. Tom revirou os olhos, mas preferiu não estar no lugar do irmão.

- Como adivinhou?

- Sua voz.

- Hmm, vai ganhar um prêmio! – Mariana realmente não havia se dado conta do desagrado que provocava nos gêmeos.

- É, qual? – continuou Bill, entediado e querendo muito que a garota desgrudasse de suas costas.

- Um beijo! – respondeu ela, como se fosse uma honra que estivesse lhe concedendo. Tom ficou ainda mais enojado.

- Não tô a fim, não – disse ele tentando tirar os braços dela do pescoço.

- Duvido, aposto que você vai adorar! – ela o beijou na bochecha no exato instante em que Aline chegou aos portões da escola.

- Perdi alguma coisa? – perguntou, estática.

- Aline?! – disseram os gêmeos.

- Quem é ela, querido? – perguntou Mariana, encarando Aline com superioridade e olhos estreitados.

- Quem é você?! – perguntou a outra, espantada. – E como assim “querido”?

Mariana abriu a boca para responder, mas foi interrompida por Bill, que finalmente conseguira desvencilhar o corpo magro de sua algoz.

- Eu acho melhor irmos andando – sugeriu Tom, colocando as mãos nos bolsos e segurando a vontade de rir.

- Ótima idéia! – aprovou Bill, desconcertado.

Mariana ainda encarava Aline.

- Já que ninguém me apresenta eu mesma faço isso. – disse, entortando os lábios, numa atitude extremamente infantil - Meu nome é Mariana Linsenbröder, namorada de Bill Kaulitz.

- Como é que é?! – disse Aline, sem conseguir entender o que estava acontecendo.

- Nos conhecemos faz pouco tempo, mas foi amor a primeira vista. – continuou ela, sem se importar com as expressões escandalizadas dos Kaulitz.

- Não! Isso é mentira Aline, essa garota é completamente maluca. – replicou Bill, suando frio com a situação absurda em que se encontrava.

- Então quer dizer que você está namorando e não me contou nada? – perguntou Aline, desconfiada.

- Contar o quê? Isso é mentira!

- Esquece, eu vou entrar – cortou, passando pelos três – Você vem, Tom?

- Claro – respondeu o gêmeo mais velho, que imediatamente pôs-se a acompanhá-la.

- Aline, espera! – exclamou Bill, em uma desesperada busca por apoio – Tom, me ajuda.

- Se vira maninho, sorte a sua que a garota não é feia. – murmurou Tom, passando o braço pelos ombros de Aline só para deixar o irmão ainda mais irritado.

- Tom!

- Que garota mais chata! – comentou Mariana – Vamo’ para a aula? – convidou, segurando firme a mão de Bill e puxando-o para junto de si.

Não poderia ter ficado pior para Bill, mas estava decidido a se livrar daquele inesperado assédio. Ao chegar à sala de aula, viu Aline e Tom rindo de alguma coisa no fundo da sala e olhando para os dois. Mariana se sentou na primeira carteira e esperou que Bill a acompanhasse, o que foi um esforço perdido, pois ele fora num piscar de olhos se juntar ao irmão e à amiga.

- Foi difícil se livrar da namorada? – perguntou Tom, provocativo.

- Não tem graça nenhuma!

- Poderia se sentar, Sr. Kaulitz? – disse Herr Olaf, o barbudo professor de alemão, que sempre lembrava a Aline um Papai Noel mal humorado.

- Desculpe – disse ele, obedecendo-o.

No intervalo, os três acharam que finalmente as coisas haviam se ajeitado, e até tinham se esquecido do incidente da manhã, quando a voz estridente e os braços grudentos de Mariana novamente atacaram Bill a caminho do refeitório.

- Já estava louca para ficar bem pertinho de você de novo! – gritou ela, a bochecha apertada contra a dele.

- Vamo’ deixar o casal sozinho – disse Aline puxando Tom pelo braço.

- Eu mereço – reclamou Bill.

No refeitório, Aline e Tom procuraram uma mesa bem afastada, mas apesar das brincadeiras do mais velho, a garota não ria e tampouco tocava a comida, emburrada.

- É impressão minha ou você está com ciúmes do Bill? – perguntou Tom, jogando verde, só pelo prazer de vê-la confessar.

- Quê?! – espantou-se Aline, os olhos arregalados - Não, claro que não! Por que a pergunta?

- É que parece – disse ele rindo da reação dela.

- Ah... Tom, não enche! – resmungou ela, cruzando os braços e tentando não corar.

- Já está perturbando a Aline, Tom? – disse Bill chegando onde os dois estavam e sentando-se de frente para o irmão.

- Como conseguiu escapar da namorada? – perguntou ele, observando uma agitada Mariana procurando-o pelo lugar.

- Nem me fale!

- Bill!! – gritava ela para todo o refeitório. Alguns alunos abafaram o riso, mal crendo que a garota se referia ao “Bill Kaulitz”.

- Que droga, porque justo eu? – sibilou ele, fazendo o irmão rir. Aline sentiu uma pontada de alivio, mas recusou-se a olhar para o amigo.

- Você me deixou sozinha! – reclamou Mariana, finalmente tendo-o encontrado e sentando-se ao seu lado. – De novo você aqui? – acrescentou, olhando para Aline.

- Me desculpe, eu não sabia que incomodava – disse Aline se levantando e indo embora. Bill observou-a partir horrorizado.

- Acho bom você ir atrás dela – aconselhou Tom.

- É, tá na hora de acabar com esse circo – decidiu-se Bill, voltando-se para sua suposta namorada – Eu sinto muito Mariana, mas você vai ter que procurar outro garoto porque eu não estou disponível, não para você. – e foi atrás de Aline. A outra estava pasma com as palavras tão diretas do gêmeo. Tom ficou satisfeito.

A sineta tocou pouco depois, mas Bill não havia desistido de achá-la e não voltaria para a aula de modo algum. Deu a volta na escola até se lembrar de onde certamente podia encontrar a amiga. Apressou o passo e viu que acertara.

Aline estava no mesmo banco em que um dia os gêmeos haviam se sentado enquanto ela os espiava de longe, na época em que nem eram amigos, mas ela já estava lá, inconscientemente ajudando-os...

- Aline – chamou Bill, aproximando-se dela.

- Cadê sua namorada? – perguntou Aline, ácida.

- Eu dispensei – disse ele sorrindo – Não fazia meu tipo. – e, sem esperar convite ou rejeição, sentou-se ao lado dela - Não era nada do que você estava pensando.

- De onde ela é? – continuou, apesar do embaraço - Eu nunca a vi.

- É irmã do Greg. – esclareceu Bill, optando pelo resumo da estória.

- Desconfiei pelo nome... – houve uma pausa, logo interrompida pelo comentário sarcástico - Você podia escolher melhor, hein?

- Já disse que não temos nada.

- Eu entendi. Mas o que ela faz aqui?

- Se eu não me engano foi transferida e desde que chegou cismou comigo e com o Tom. Hoje aprontou essa comigo. Ela disse que queria ser nossa amiga, mas... Não confio muito nela, acho que por ser irmã do Greg estou sempre esperando por algo ruim da parte dela.

- Pelo menos ela não tem a parte agressiva dele.

- É... – concordou Bill. Aline baixou a cabeça fazendo com que uma mecha de seu cabelo caísse sobre o rosto. Ele fez questão de colocá-la no lugar. De repente nenhum dos dois tinha nada para falar, de modo que o silêncio incômodo que se seguiu foi o suficiente para Aline decidir levantar-se da mesa.

- Bom, é maldade deixar que o Tom limpe o refeitório sozinho – lembrou.

Bill sentiu-se um pouco culpado, mas valia à pena ter tido aquele curto instante a sós com a garota. Foram para o refeitório sem muita pressa, e encontraram um Tom irritado limpando as mesas engorduradas.

- Até que enfim! – reclamou - Pensei que você ia deixar todo o serviço para mim!

- Ah que isso?! Eu adoro esse trabalho – disse Bill, revirando os olhos a exemplo do irmão.

Ao fim de mais um dia exaustivo, os três vinham caminhando pela rua e Tom contava-lhes do que acontecera depois que Bill foi atrás de Aline e de como Mariana ficara dizendo coisas do tipo “Vou me vingar!”.

- É sério, essa garota me irrita – concluiu, bufando.

- Vamo’ parar de falar nela, por favor – pediu Bill – Por causa de toda essa confusão nem conversamos direito hoje.

- Verdade. Como foi com a Simone? – perguntou Aline. Eles pararam de andar sentaram-se em um banco que tinha na rua (N/A: Tem banco em tudo quanto é lugar, já que é um país desenvolvido ¬¬). – O que aconteceu?

- Nossos pais brigaram e... – começou Bill, melancólico.

- Gordon saiu de casa. – completou Tom, ainda abalado pelo o que acontecera, fora a raiva que sentia pelas atitudes da mãe, que acabaram por afastar uma das únicas pessoas que a amavam de verdade.

- Sinto muito – disse ela – Vocês não tem idéia de onde ele possa estar?

- Não – disseram eles juntos.

- E a Sophia? – perguntou Bill, lembrando-se do barraco que Simone fizera na casa dos Marback.

- Ela não fez nada – respondeu a amiga, orgulhosa – Pelo contrário, ela me parabenizou por ter tido coragem de enfrentar Simone. – isso os fez rir.

Mesmo com sua amizade aos cacos, ainda havia esforço o suficiente para consertar as coisas. Afinal, o que restaria de suas forças de vontade se cedesse ao preconceito de Simone? Os gêmeos tinham a impressão de que tudo pioraria, desmoronaria.

- Mas você sabe que nunca nos afastaríamos de você não é? – indagou Bill, sério.

- Mesmo porque não conseguiríamos fazer isso. – acrescentou Tom.

- É uma promessa? – perguntou ela, sentindo-se comovida.

- Sim – afirmaram eles a abraçando carinhosamente. Realmente um abraço tinha o poder de fazê-la inteira, livrá-la daqueles pesadelos reais que não eram comuns para alguém de sua idade.

- Thau. – disseram eles, ao chegarem à rua que separava seus caminhos. Aline continuou andando, distraída, quando ouviu alguns barulhos.

- Psiu, psiu.

A garota parou e olhou para trás, mas como não avistou ninguém voltou a andar.

- Psiu, psiu.

Dessa vez foi puxada para dentro de um beco.

- AH! – seu grito foi abafado pelas mãos de Gordon, que parecia apavorado com o modo que agira.

- Calma, sou eu Gordon. – cochichou, tentando acalmá-la.

- Que susto – disse ela tirando as mãos dele de sua boca – Isso lá é jeito de abordar as pessoas? – reclamou, pondo as mãos nos quadris.

- Me desculpe, achei que não gostaria de falar comigo por causa da Simone. – ele se encolheu de vergonha e quis mais uma vez se desculpar.

- Imagina, você é uma pessoa maravilhosa. – elogiou-o, estranhando a situação - Mas então, o que você quer?

- Apenas conversar.

- Vamos até minha casa. – sugeriu ela, puxando-o pela mão para fora do beco. As pessoas que passavam àquela hora na rua olharam com espanto para os dois que saíram do beco e Gordon se sentiu ainda mais envergonhado.

- Meu carro está bem ali – disse apontando para o outro lado da rua.

Em menos de dez minutos haviam chegado à casa de Aline, que pulou do carro agradecendo a carona.

- Fica a vontade, quer água? – perguntou, abrindo a porta e indicando que ele podia se sentar no sofá.

- Sim, obrigado.

- Está com uma cara horrível, Gordon – disse Aline depois de lhe entregar o copo d’água. – Foi a briga com a Simone?

- Como sabe? Ah! Os gêmeos te contaram, não é? – ele realmente estava deprimido e pequenas olheiras circundavam-lhe os olhos.

- Sim.

- Por falar neles, eles estão bem?

- Estão... Se estava tão perto por que na falou com eles?

- Estou receoso quanto a isso.

- Por quê?

- Eles devem estar achando que eu os abandonei lá com a Simone, fui embora sem nem falar nada a eles... – suas atitudes desde a noite anterior agora lhe eram bruscas e desnecessárias. Ficara remoendo aquilo a manhã toda, fora o fato de temer que os gêmeos o odiassem agora - Sempre fui muito ligado a eles, como se fosse pai de verdade deles.

- Mas você é Gordon, não importa se é biológico ou não, você é o pai deles. Você não sabe o quanto eu queria ter um pai assim. - ele sorriu, agradecido pela compreensão, jamais tendo imaginado que um dia seria consolado por uma criança. – E eles não pareciam nem um pouco bravos com você, estavam mais para preocupados, acho que devia falar com eles o mais rápido possível. – e uma súbita idéia aflorou-lhe do cérebro - Por que não passa lá no colégio amanhã?


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Notas finais do capítulo

Feliz Natal.
E Feliz Ano Novo se não postarmos nada até lá.
Contudo, faremos um esforço.
(De novo a culpa é da Co-autora.)



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