Rette Mich escrita por gaara do deserto


Capítulo 14
Nuvens de Tempestade - A Fuga


Notas iniciais do capítulo

E a culpa é SEMPRE da co-autora.
(Isso é que é NÃO ter vida)
Mas somos CONTRA trabalho escravo.



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Aline acordou com os raios de sol que entravam pela janela. Ela encontrou um bilhete de Sophia pregado no espelho.

“Oi filha, bom dia, não te acordei porque sabia que você iria implorar para não ir a escola ^.^ A mamãe foi procurar trabalho, espero que não seja mais difícil do que já é. Deixei café na cafeteira, beijos e se comporta.”

Aline tomou banho, escovou os dentes e foi tomar café, depois disso ficou pensando no que faria todo esse tempo sozinha – decidira cabular de novo -, no final não decidiu nada, apenas pegou um cacho de uvas verdes na geladeira e foi se sentar na entrada da casa.

Um garoto de cabelos castanhos e sorriso cínico atravessou a rua ao seu encontro.

- Oi! – disse Georg sentando-se ao seu lado e mostrando o sorriso.

- Oi. – cumprimentou ela, mais ocupada com as uvas.

- Aline eu queria me desculpar por ontem – disse ele, mal se contendo.

- Não precisa. – e foi simples. Realmente tinha coisas mais urgentes do que o acesso de Henry Listing por causa de uma caixa de passado.

Georg logo se despreocupou e esticou a mão para pegar uma uva, mas Aline lhe tolheu com um tapa. - É meu – avisou, com o imperativo da infância recém deixada pra trás.

- Chata! – protestou ele, falsamente magoado, o que a fez rir e lhe atirar uma uva de boa vontade. - O que você tem? – perguntou, a curiosidade vencendo, um gosto ácido e provocativo misturado com uva.

- Acho que é uma mistura de saudade e tédio – confessou, juntando mais os joelhos e um suspiro escapando-lhe dos lábios. A lembrança recente do jantar era como um doloroso ferrão de abelha, extremamente difícil de ignorar.

- Saudade dos gêmeos? – deduziu Georg, cuspindo um caroço da uva para o meio da rua.

- É, estou até com saudades da falta de vergonha do Tom.

Georg sorriu, conhecedor da personalidade do gêmeo mais velho dos Kaulitz.

- Sinto falta da companhia... – e seu murmúrio subiu lentamente para o céu, um balão sem rumo. Mas o garoto rapidamente puxou-o para a Terra, sua mente trabalhando em prol do bem estar de Aline.

- Acho que tenho uma solução para isso – e estalou os dedos, cheio de nova energia.

- Qual? – perguntou Aline, incrédula.

- Vem comigo – ele se levantou e lhe estendeu a mão.

- Para onde a gente vai?

- Você vai descobrir. – segredou-lhe, piscando.

Depois de um tempo andando e do total extermínio do cacho de uvas, Aline notou algo que a deixou desconfiada.

- Peraí, esse caminho é da escola.

- Demorou a perceber hein?            

Ela não protestou, soube na hora qual era o plano do vizinho. Até se sentiu meio idiota da iniciativa não ter partida de si mesma. Verdade que pensara em ligar, ouvir a voz de seus melhores amigos, mas só de pensar que poderia ser Simone a atender ao telefone, a ânsia da desistência vencia-lhe.

Quando chegaram ao seu destino foram para os fundos da escola, tomando os cuidados de um gatuno para não serem notados..

- É horário de quê agora? – perguntou Georg, os olhos astutos correndo de um lado para o outro do muro do colégio. Segurava a mão de Aline com força, pois ela tremia vez ou outra.

- Está terminando o intervalo, mas eles ficam para limpar o refeitório.

- Por quê?

- É uma longa estória.

O som estridente da sineta chegou aos seus ouvidos e a longa estória teria que ficar pra depois.

 - A gente vai ter que pular o muro? – perguntou ela.

- É. – era óbvio.

- Não é mais fácil ligar para eles e avisar que estamos aqui?

- Assim não tem graça. – o mais importante é sempre o efeito – Cadê seu senso de aventura, Marback?

Ele a ajudou a pular e foi em seguida, entraram na escola sem problemas, com uma sorte que dava até pra desconfiar.

Tudo ia muito calmo até que Aline avistou a Frau Marburg e logo empurrou Georg pela primeira porta que viu.

- Essa foi por pouco – ele disse com um sorriso de grande satisfação - Não é emocionante?

- Não – respondeu ela, fechando a cara para a animação dele.

- Onde a gente tá?

- Banheiro feminino.

- O QUÊ? – ele quase gritou de surpresa, mas se recuperou e olhou ao redor - Se pelo menos tivesse uma gatinha...

- Me poupe de seus pensamentos. – ao que ele imediatamente se sentiu arrependido por ter dado vazão para seu lado mais adolescente.

- Ela já foi? – perguntou, constrangido.

- Acho que sim. – e eles saíram em passos leves e rápidos. Aline liderava, pois conhecia melhor o território. Novamente a sorte os beneficiou e os levou ao refeitório sem mais problemas.

Georg empurrou a porta devagar e assoviou para chamar a atenção dos gêmeos, duas solitárias figuras a limpar mesas sujas propositalmente. Seus semblantes aparentemente idênticos alteraram-se para imensa surpresa ao reconhecerem seus visitantes clandestinos.

- Georg...? – exclamou Tom.

- Aline...? – ofegou Bill.

- Juntos? - completaram ao mesmo tempo.

- Depois explicamos, viemos fazer um convite. – avisou Georg, girando os olhos para aquele bobo efeito univitelino.

- Viemos? – repetiu Aline, sem entender. Seus pés prendiam-na no chão, nervosos de avançarem e deixarem-na correr para abraçá-los.

- Que tal dar uma escapadinha? – propôs Georg, o sangue aventureiro agitando em suas veias - Sei que vocês não estão nem um pouco a fim de ficar aqui... Topam?

- Vocês podem se encrencar com isso. – alertou Aline, apesar de querer muito que eles os acompanhassem no que quer que Georg estivesse planejando.

Os gêmeos sorriram e se entreolharam. – Vamos correr esse risco. – disseram juntos.

- É isso aí. – aprovou Georg, fazendo chifres com os dedos.

Como os dois sempre andavam com suas mochilas por precaução de eventuais brincadeiras de mau-gosto não tiveram nenhum problema em adotar a causa de cabular aula. Ninguém se importaria mesmo.

Quando os quatro chegaram do lado de fora da escola, Bill abraçou Aline abruptamente. Foi-lhe um ato tão repentino e necessário que não soube como controlá-lo e nem ao menos ficou embaraçado de ter que fazê-lo na frente do irmão e do amigo.

- Estava com saudade – murmurou, seguido de um pesado suspiro.

- Eu também. – admitiu ela sorrindo. Depois de soltar Bill foi a vez de Tom, que a ergueu do chão num abraço carregado de saudade e outras palavras que ele não sabia como expressar. Após essas demonstrações mais do que óbvias de que o incidente na casa dos Kaulitz não passara de um péssimo momento, Aline ficou mais descontraída e sugeriu – Estou a fim de um sorvete, quem topa?

- Eu – falaram os três garotos. – Mas quem paga? – perguntou Georg, demonstrado ser um pão duro.

- Eu – ofereceu-se a garota, dando de ombros.

- Acho que ninguém vai ser cavalheiro hoje, Aline – ele avisou, cínico. Todos riram e se puseram a andar para bem longe da escola.

Logo encontraram o velhinho do carrinho de sorvete, o famoso Carrinho da Alegria, dirigido há 50 anos por ele.

- Eu gostaria de quatro sorvetes, por favor – pediu Georg, liderando o grupo.

- De quais sabores?

- Eu quero morango – ele respondeu e depois e virou-se para os outros – E vocês?

- Limão – disse Tom.

- Caramelo – disseram Bill e Aline.

Eles receberam os sorvetes e ela pagou-os. Por cima de seu ombro o velhinho lançou um olhar de censura aos garotos, nada envergonhados pela falta de cavalheirismo.

O grupo andou mais um tempo, entretidos pelo gosto de sorvete, sol e amizade. Resolveram então parar e descansarem no banco de uma praça.

- Ah... Aline... – disse Bill em um momento de silêncio, parecendo repentinamente sério.

- Eu sei que você quer falar sobre o que aconteceu – adivinhou ela. Georg olhou-os, sem saber se queria ou não participar da conversa. Primeiramente, queria mais sorvete.

- Mas antes queremos te pedir desculpas – disse Tom, ajeitando-se no banco para ver a amiga melhor.

- Pelo quê? – perguntou ela, sem entender.

- Você sabe – responderam os gêmeos, ambos franzindo a testa.

- Vocês não devem desculpas a mim.

- Então à sua mãe? – sugeriu Tom.

- Nem a ela... Quem tem que se desculpar é a Simone.

Os dois tornaram a se entreolhar. Fazer a mãe pedir desculpas ia ser algo impossível, se não extremamente irritante. E não estavam nem um pouco dispostos a piorar a situação.

- Bem, parece que as visitas à nossa casa já não vão ser mais possíveis – concluiu Tom.

- Mas o que aconteceu? – perguntou Georg, decidido a esquecer mais uma rodada de sorvete e ser um bom amigo. Aline lhe explicou rápida e resumidamente tudo o que acontecera no jantar desastroso.

-... E foi isso que aconteceu naquela noite em que conheci você – finalizou, um esboço de sorriso nos lábios.

- Mas a sua mãe não deu nem pistas do motivo da briga? – perguntou Georg a ela.

- Ela insistiu em não contar, mas no outro dia acabou me dizendo tudo.

- E o que foi? – perguntaram os garotos ao mesmo tempo; praticamente inclinaram-se para ela, afim de não perder nenhuma palavra. Alina contou toda a estória da mãe, dessa vez sem recortes. Pareceu-lhe muito importante ser sincera com os amigos.

- Nossa! – exclamaram os gêmeos.

- Agora fiquei com uma imagem ainda pior da minha mãe. – disse Bill, espantado com a estória de Sophia. Tom apoiou as palavras do irmão com um veemente aceno.

- Sua mãe tem uma grande força de vontade, hein? – elogiou Georg.

Aline sentiu-se aliviada. Nenhum deles estava julgando ou xingando Sophia. Sem críticas. Sem ofensas hipócritas. “Está vendo, mãe?”, pensou com alegria. E então se lembrou da outra parte do episódio.

- É... Mas para piorar ainda teve o meu pai – e enunciar “pai” lhe deu repugnância - Ele deixou uma carta para a minha mãe dizendo que estava com outra mulher e que já estava providenciando os papeis da separação.

- Isso não é coisa que se diga em uma carta! – exclamou Bill, indignado.

- Também acho, ele disse que é muito fraco para falar na frente dela.

- Que filho da mãe! – xingou Tom, os punhos cerrados.

- Era por isso que você estava chorando quando entrei no seu quarto? – perguntou Georg.

- Como é que é? – disseram os gêmeos, olhando-o com surpresa. Georg e Aline riram.

- Ele entrou no meu quarto para ver se eu estava bem e, sim, era por isso.

Bill e Tom continuaram olhando-o com certa desconfiança. Seus pensamentos ficaram entre a indignação e a inveja de imaginarem o amigo no quarto de Aline.

- Bill, lembra quando eu liguei pra dizer que tinha me mudado? – perguntou Georg, nem percebendo como o ar ficara tenso.

- Lembro.

- Moro em frente à Aline – informou-lhe com certa presunção.

- Sério? – sibilou Bill, uma fisgada de ciúme lhe atiçando.

- É – disse Aline, sorrindo com leveza.

- Gente, quero levar vocês em um lugar – disse Tom, de repente, mal conseguindo ficar parado com a repentina energia que se apossara de seu corpo com as informações de Georg.

- Onde? - perguntou Aline, curiosa.

- Um lugar em que eu e Bill já não vamos faz um bom tempo!


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Notas finais do capítulo

This is it, povo.
Deixem reviews, desculpe pelo atraso (sempreee) e... Sei lá, feliz aniversário atrasado pros gêmeos e... Quem mesmo?
Ah, o Gustav.