Rette Mich escrita por gaara do deserto


Capítulo 13
Nuvens de Tempestade - Intrusos


Notas iniciais do capítulo

Co-autora: A culpa é sempre minha.
Humanoid Girl: Concordo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/48999/chapter/13

O intervalo terminou e como todos os dias, a obrigação dos Kaulitz era ficar e limpar.

- Nunca pensei que fosse sentir tanta falta dela – confessou Tom, esfregando com violência uma mancha de gordura num tampo de mesa.

- É... – concordou o irmão, exausto com a tarefa.

- Parece que sei lá... Tá tão sem graça hoje, até o tempo está ruim...

- Tom – chamou Bill de repente.

- O quê? – perguntou Tom, parando de limpar.

- Eu não quero perder essa amizade – sussurrou o gêmeo, angustiado.

- Nem eu...

Eles terminaram de limpar tudo e voltaram para a sala de aula, mais desanimados que nunca. O tempo parecia não passar nunca e a todo o momento eles olhavam com ansiedade para o relógio de parede, sem prestar atenção em nada, nem nas habituais provocações de Greg ou nos freqüentes olhares de Mariana.

Quando a sineta bateu, eles suspiraram de alivio e Tom ergueu o punho no ar.

- AH! Até que enfim acabou essa porcaria!

- É, parecia que essa aula não ia acabar nunca! – aderiu Bill, sacudindo a cabeça.

Eles saíram da sala num frenesi e Mariana os seguiu.

- Oi! – disse ela cutucando Tom nas costas de um jeito infantil.

- O que você quer? – perguntou ele, após o susto ter passado. Bill riu baixo.

- Caramba, não precisa me tratar desse jeito – sussurrou ela, dando um beijo na bochecha do mais velho.

Bill levantou a sobrancelha direita, olhando o irmão de soslaio.

- Você não acha que está muito abusadinha? – sibilou Tom, desvencilhando-se dela.

- Ora, eu sou uma garota bonita, não sou? – gabou-se Mariana, girando e sorrindo.

- Não dá para deixar a gente em paz? – retrucou Tom, irritado.

- Por que é tão difícil conquistar a confiança de vocês? – quis saber ela, mudando de assunto.

- Não confiamos em qualquer um – respondeu Bill, sério.

- Eu não sou qualquer uma – ela voltou para ele, colocando os braços em volta de seu pescoço.

- Dá licença? – ele tirou os braços do pescoço dele. A garota pareceu meio ofendida e ele acrescentou – Desculpe, mas não estamos a fim de muita conversa hoje.

- Mas o que você acha de fazer um favorzinho para a gente? – continuou Tom, perverso.

- Qual? – perguntou Mariana, solícita.

- Porque não fala para o Greg largar do nosso pé? – pediu ele, subitamente esperançoso da utilidade da garota.

- Eu não posso fazer milagres! – exclamou ela, como quem se desculpa.

- Então... Thau! – rebateu Tom, andando rápido. Os gêmeos foram embora, deixando-a para trás, chocada.

Só quando estavam bem longe do colégio foi que Tom se pronunciou.

- Será que não fomos injustos? – perguntou em voz alta, desconfortável.

- Você mesmo deu o maior fora nela - disse Bill, olhando com uma cara de a-culpa-não-é-minha.

- Olha quem fala! – defendeu-se o outro - Acha que pode ter sido o nosso humor?

- Talvez...

- Será que ela ficou com raiva? – continuou indeciso.

- Talvez...

- Devemos pedir desculpas? – insistiu Tom, franzindo a testa.

- Talvez...

- Bill! – exclamou, jogando as mãos pra cima.

- Eu tô brincando – apressou-se em dizer ele, rindo – Não sei você, mas eu senti alguma coisa estranha nela, alguma coisa que me impede de confiar nela...

- Senti a mesma coisa... – concordou o mais velho, ao pararem na frente de casa, a fachada enganadoramente convidativa os observando de um jeito ávido e doentio.

- Não tô nem um pouco a fim de entrar aí dentro – confessou Bill, apreensivo.

- Nem eu, mas fazer o quê?

Eles balançaram a cabeça ao mesmo tempo, rendendo-se e entraram em casa, subindo direto para o quarto quando viram Gordon sentado no sofá os esperando, pois não estavam querendo conversar.

Gordon foi atrás deles, calmo como sempre.

- Bill, Tom – chamou, subindo as escadas - Eu preciso conversar com vocês.

- Ah... De novo, Gordon? – reclamou Tom, abrindo a porta - Já estamos cansando do seu papinho! – e saiu de perto da porta para deixá-lo entrar.

- Não gosto quando você me chama de Gordon – comentou o padrasto em voz baixa.

- Gor... Pai – corrigiu-se Bill, sentado na ponta da cama - Deixa a gente um pouco sozinhos, ok?

- Mas...

- Por favor – pediu Bill, suplicante. (N/A: Já conhecem essa cara... ¬¬).

- Tudo bem – desistiu Gordon, retirando-se.

Mal saíra, Bill deu um pescotapa na cabeça de Tom.

- AI! – exclamou o mais velho, abaixando-se - Quê isso?

- Tudo bem que nenhum de nós quer conversar, mas precisava falar desse jeito com ele? – repreendeu-o Bill - Você sabe que ele fica chateado.

- Chateado? – repetiu o outro, incrédulo - O que eu fiz não chega nem perto do que eles fizeram a gente sentir!

- Tom, o pai não fez nada – lembrou-o Bill, cruzando os braços.

- Isso mesmo Bill, ele não fez N-A-D-A, não fez nada enquanto a mamãe esculachava a Sophia e a Aline ontem!

- Tá! Você tem razão, mas ele tem direito de errar, você não pode condenar ele por isso!

Tom bufou e se jogou na cama, não valia a pena ficar com raiva do irmão quando já estava com raiva de todos. Eles ficaram em silêncio por um tempo, afundados em seus próprios argumentos e pensando em Aline, até que Simone bateu na porta e entrou no quarto, seu rosto forçadamente cordial.

- Posso entrar?

- Já entrou! – falaram os gêmeos, emburrados.

- Já vi que não vai ser fácil – murmurou ela para si mesma. – Preciso conversar com vocês – e se sentou na cama de Bill. – Queria me desculpar com vocês por ontem, eu não queria gritar com vocês daquele jeito... Vocês me desculpam?

- Por que está fazendo isso? – perguntou Bill, sem entender tanta humildade.

- Não quero que fiquem magoados comigo – respondeu Simone, ainda modesta e em voz baixa, o que realmente era raro para os gêmeos.

- Você não magoou a gente por isso e sim pelo modo como tratou Aline e a Sophia ontem! – exclamou Bill, impaciente com aquela encenação toda da mãe.

- Mas eu fiz isso pro bem – - começou Simone, a fachada de calma começando a ruir.

- Não diga que foi para o nosso bem porque não foi! – retrucaram os gêmeos, os punhos fechados de indignação.

- Por que você não fala logo o motivo disso tudo? – perguntou Tom, ríspido.

- Eu tenho meus motivos – rebateu a mãe do mesmo modo.

- Então me fala quais são esses tais motivos! – insistiu ele, franzindo a testa.

- Só façam o que eu mandei! – desconversou Simone, levantando-se - Fiquem longe daquela garota, ou melhor, fiquem longe de toda a família dela, entenderam?

- Por que está escondendo isso da gente? – quis saber Tom, sem desistir ou se deixar intimidar pela nova onda de raiva materna.

- Só acho que vocês não devem saber de nada disso – respondeu Simone, tentando recuperar o tom brando, mas só deixando a voz mais fria.

- Seja o que for nós somos bem grandinhos para entender – disse Bill, sem se impressionar.

- Já estou cansada dessa conversa – disse a mãe bruscamente e saiu do quarto.

- Eu não acredito nisso – disse Bill, furioso – Ela simplesmente foi embora sem dar explicação alguma.

- Queria saber quando é que ela vai aprender a nos ouvir – comentou Tom, olhando a porta com desgosto.

- Até quando isso vai durar? – perguntou o irmão, jogando-se na cama e mirando o teto.

- Não sei, só sei que da Aline eu não me afasto! – prometeu o outro, imitando-o.

- Nem eu! – apoiou Bill, decidido.

No andar de baixo, Simone desceu as escadas chorando convulsivamente, até que Gordon a viu e correu para socorrê-la.

- O que aconteceu? – perguntou, pegando-a pelos ombros e conduzindo-a até o sofá.

- Meus filhos me odeiam! – exclamou ela, infeliz.

- Também pudera – murmurou Gordon, reprovador.

- O quê? – gritou Simone, pois não o escutara.

- Nada.

***

 

Sophia e Aline estavam almoçando havia algum tempo, e Aline mirava o prato com pouco interesse até que a mãe pronunciou-se.

- Depois que acabarmos, vamos à casa do Georg falar com o pai dele, preciso agradecer.

- Tá bom – concordou a garota, mais contente de rever o espirituoso Georg Listing.

Quando terminaram foram até a casa da frente, cada uma mais nervosa que a outra. Aline tocou a campainha, o estômago encolhido.

- Oi! – Georg abriu a porta ao vê-la – Já está com saudades de mim? – acrescentou, num sorriso cínico.

Aline riu.

- Vim agradecer o seu pai por ontem, ele está? – disse Sophia, após um pigarro.

- Ah, sim – Georg não se envergonhou pelo cumprimento estranho - Chegaram bem em cima da hora, ele já está quase saindo para trabalhar. Entrem. – e abriu mais a porta para deixá-las entrarem.

O pai de Georg vinha descendo as escadas, uma mão carregando uma maleta de couro e a outra ajeitando a gravata listrada.

- Henry?! – exclamou Sophia ao vê-lo.

- Ah... – deixou escapar Henry, parando ao pé da escada - Oi.

- Vocês se conhecem? – perguntaram Georg e Aline, olhando de um para outro.

- Lembra daquele meu único amigo? – perguntou Sophia se abaixando para falar no ouvido de Aline.

- Lembro – respondeu ela, impressionada.

- É ele.

- Sério? – disse Aline em voz alta - Que mundo pequeno –

Georg, que estava mais perto, riu do comentário.

- Eu nunca pensei que poderia te encontrar de novo – comentou Sophia, sorrindo pouco à vontade.

- É, nem eu, ah... Eu tenho que ir – disse Henry, esquivando-se.

- Eu queria tanto conversar com você – insistiu ela.

- Eu preciso ir trabalhar – e recuando uns passos, dirigiu-se até a porta.

- Então fica para outra hora... Eu queria agradecer por ontem.

- Só estava exercendo a minha função como médico – cortou ele, frio. E foi-se.

- Quer esperar ele voltar? – perguntou Georg, displicente.

- Não sei, parece que ele não gostou muito de me ver – Sophia de repente parecia muito envergonhada. Aline notou, mas preferiu ficar calada.

- Que isso, impressão sua, por favor, eu não quero fica sozinho aqui, é muito chato. – Georg fez uma cara de pidão impossível de resistir.

Sophia sorriu, bem mais à vontade e Aline ficou menos tensa em relação ao estado de saúde da mãe.

– Tá bom, então.

- Eu tô com fome, será que você pode preparar alguma coisa para mim? – perguntou Georg fazendo bico. – Sem querer ser abusado – acrescentou, o cinismo disfarçado.

- Sem problemas – disse Sophia, eficiente e foi até a cozinha, deixando os dois sozinhos.

Aline se sentou ao lado de Georg no sofá, com um misto de assombro e uma incrível vontade de rir que absolutamente não combinava com a situação atual. O fato era que a raiva pela traição e partida do pai ainda queimava dentro dela, mas o sentimento brutalizado desapareceu com a presença espirituosa de Georg Listing.

– Georg, você tem noticias dos gêmeos? – perguntou para quebrar o silêncio. As palavras lhe tinham saído sem querer, o desejo inconsciente de rever os amigos tão forte que ela esquecera momentaneamente do fatídico não-jantar na casa dos Kaulitz.

- Infelizmente não, mas porque você não liga para eles? – sua idéia inocente provocou uma série de pensamentos infelizes na garota, mas ele não percebeu até que Aline ficou calada e não lhe respondeu.

- Aconteceu alguma coisa entre vocês? – e quis não ter estragado tudo.

- Não, nada – uma mentira que qualquer um notaria, só que Georg era solicito demais com a vizinha e nova amiga para pressioná-la. Além do mais, temia um acesso de choro da parte dela.

- Prontinho Georg – em um curtíssimo tempo Sophia preparou o café da manhã completo e colocou em cima de uma mesinha uma bandeja com suco e sanduíches. – Foi o que deu para fazer com o que tinha aqui.

- Obrigado – agradeceu ele, deliciado com a culinária de Sophia, afinal morar com pai não rendia os melhores pratos do mundo.

Sophia correu os olhos pela sala, sem fome, enquanto os dois atacavam a bandeja.

 – Até que é bem bonitinho – elogiou.

Georg sorriu, sem responder nada por estar com a boca cheia.

- Também tem muitos livros, eu posso dar uma olhada? – perguntou, vendo uma estante perto da escada repleta de lombadas de livros.

- Á vontade – falou ele, concentrado demais na comida para negar o que fosse.

Quando Sophia estava olhando os livros acabou encontrando uma caixa escondida entre eles. Abriu-a e dentro havia fotos dela e de Henry juntos, bem como várias outras que retratavam boa parte da infância e adolescência do médico.

- O que é isso? – perguntou, virando-se para Georg, a curiosidade vencendo o receio de estar mexendo em propriedade particular.

- Uma caixa – respondeu ele, o que era óbvio - e eu nunca vi antes. – acrescentou, olhando bem para a caixa de um preto sóbrio que ele já vira em outros lugares, mas sempre contendo material de trabalho do pai, coisa pela qual um garoto como ele jamais se interessaria.

Sophia sentou-se no chão e quando Georg e Aline viram que ela estava bastante interessa, se aproximaram, já tendo acabado com a comida preparada.

- Tem bastantes fotos suas – observou Aline, espantada com as fotos da mãe jovem ao lado de Henry, em diversos lugares, a maioria praças e parques de diversão.

- É...

O exercício de ficar olhando fotos durou o bastante para ela começar a contar algumas estórias de quando eles eram adolescentes e as duas ficaram na casa de Georg para o almoço (pelo que ele ficou agradecido) e acabaram perdendo a noção da hora. A noite chegou sorrateira e trouxe um Henry exausto que entrou em casa e imediatamente viu-os reunidos ali, com as suas coisas.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou, ríspido e dirigindo-se principalmente ao filho.

- Não está acontecendo nada – Georg engoliu em seco com a expressão zangada do pai, algo que ele raramente via.

- O que você está fazendo com essa caixa? – perguntou ele a Sophia. – Como você achou isso? – ele parecia cada vez mais transtornado.

- Qual o problema pai? – e seu filho tampouco entendia o motivo, já que desconhecia da amizade dele com Sophia até aquela manhã.

Henry ignorou-os, recolocando as fotos na caixa desajeitadamente e a pegando-a do chão.

- Qual o problema de eu ter pegado a caixa? - perguntou Sophia, tentando conciliar a situação.

- Você mexeu no que não é da sua conta – rosnou ele, sem se importar de estar sendo extremamente grosseiro.

- Não precisa falar desse jeito. – repreendeu-o Aline, defendendo a mãe.

- Cale a boca – sibilou o médico em resposta, achando-a impertinente.

- Ei! – exclamou Sophia, pondo-se na frente da filha e encarando-o com ferocidade. Georg se afastou um pouco, surpreendido com a cena.

- Escuta, porque você reapareceu na minha vida? – Henry já não estava raciocinando direito e não mediria palavras para ver as duas fora de sua casa.

- Como assim?

A pergunto soou-lhe tola e ele começou a falar num atropelo furioso.

- Eu fiz o que você me pediu, eu sumi da sua vida e o que você ainda quer comigo? Deu muito trabalho refazer minha vida sem você porque naquela época era o que eu tinha de mais especial. Agora eu tenho um filho e decidi que meu passado deveria desaparecer por isso guardei tudo na caixa.

- Não sabia que você tinha sofrido tanto assim, não era essa minha intenção, na verdade só estava pensando no melhor pra você, queria que vivesse sua vida e não perdesse tempo se preocupando comigo.

- E em nenhum momento você para pensar se era isso que eu queria?

- Só achei que assim fosse melhor.

O duelo dos dois deixou Georg e Aline tontos e eles se sentiram como se estivessem invadindo algo bastante privado.

- Por favor, me deixa em paz agora – pediu Henry, tentando recobrar a habitual calma e indicando a porta.

Sophia saiu sem dizer mais nada, Georg e Aline se entreolharam e a expressão dele era de quem se desculpa, ela entendeu e acompanhou a mão, horrorizada.

- Filha porque parece que eu não faço nada certo? – mas Aline sabia que não tinha resposta pra isso, só sabia que não era verdade, pelo menos não agora. Simplesmente a abraçou, achando que seus papéis estavam invertidos.

Na casa dos Listing, Georg continuava confuso e encarava o pai, sentado no sofá, parecendo muito cansado pra tudo.

- Eu posso não saber direito o que aconteceu entre vocês, mas tenho certeza de que ela não merecia ter sido tratada daquele jeito. – comentou, achando que pai pagara um grande mico.

- Georg não se mete – disse Henry, suspirando - Ou melhor, finge que isso não aconteceu.

- ‘Cê que sabe.

Na casa da Aline as coisas permaneciam silenciosas, mas as duas não haviam se soltado, Sophia mais agarrada a filha como quem se agarra a uma bóia.

- Se continuar me apertando assim, vou morrer sufocada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até a próxima.
Ou não.
Deixem reviews.
Escutem Tokio Hotel.
Comprem o DVD.
E sejam felizes.
Humanoid Girl: E votem no TOP10 por favor, minna-san! o/
Co-autora:¬¬'