Rette Mich escrita por gaara do deserto
Notas iniciais do capítulo
Yo, minna-san, aki é a co-autora, mais uma vez salvando meu pescoço.
Lá vai mais um cap, com emoção, decepções, garotas loiras e porrada!
Ou não.
o/
No dia seguinte, Simone acordou e como de costume foi acordar os gêmeos. Só que acabou encontrando a bandeja que Gordon havia deixado na noite passada, intacta na frente da porta dos filhos.
- Vocês dois não vão conseguir me enlouquecer! – esbravejou ela, já prevendo uma discussão assim que abrisse a porta.
Mas enganou-se, pois tudo o que encontrou foi um quarto vazio. Os gêmeos já haviam ido para a escola.
- Será que ela vem? – perguntou Tom, num tom nervoso que raramente usava.
- Eu não sei – respondeu Bill, que cruzara os braços para frear um fluxo de pensamentos desesperados que envolviam Aline fugindo do país e nunca mais falando com eles.
- Mas você acha que ela ficou com raiva da gente? – insistiu Tom, que se apoiava ora num pé, ora noutro, incapaz de ficar quieto como o gêmeo.
- Nós não fizemos nada, Tom – lembrou Bill, pela enésima vez.
O sinal tocou naquele instante, fazendo-os sobressaltarem-se e vasculharem mais uma vez o pátio em busca da cabeleira ruiva da amiga.
- É... Parece que ela não vem – declarou Bill, não conseguindo mais bloquear a frustração que lhe acometia.
- Acho que ficou magoada – murmurou o irmão, colocando as mãos nos bolsos da calça larga e seguindo o Bill para dentro do colégio..
Mas mal haviam entrando na sala de aula e ido para suas respectivas carteiras, quando Greg apareceu e bateu nas costas de Bill, louco para provocá-los.
- E aí, Bill?- cumprimentou, num tom falsamente amigável.
- Nossa! Você acertou meu nome – retrucou o garoto com frieza.
- Tá valentinho hoje é? – trovejou Greg, sorrindo maniacamente - Cuidado para não ir longe de mais, se não você pode acabar quebrando a cara, mas... Cadê aquela garota metida à valentona?
- Não te interessa! – exclamou Tom, chegando no limite de sua paciência.
- Acho melhor você falar direito comigo garoto – rebateu o outro, olhando com desprezo.
- E se eu não quiser? (N/A: Meu heroooooiiii!!!) – desafiou, levantando-se - Afinal você não é nada para mim, então não te devo respeito algum!
- Tem certeza que vai querer me enfrentar? – perguntou Greg, estalando as juntas, divertindo-se como nunca.
- Eu não tenho nada a perder (N/A: SÓ a cabeça) – sibilou entredentes.
Bill puxou a camisa de Tom disfarçadamente e balançou a cabeça negativamente, mas o irmão não lhe deu a mínima.
- Não tenha tanta certeza – disse Greg partindo para cima de Tom num frenesi de punhos e músculos.
Enquanto Bill saía do caminho e gritava para o irmão, os alunos se amontoaram em volta dos dois embolados e gritavam em incentivo.
- BRIGA, BRIGA, BRIGA, BRIGA, BRIGA, BRIGA...!
Alguns segundo de sangue espirrando se passaram, mas a luta foi interrompida por uma garota de cabelos longos e loiros, olhos azuis, pele bem clara e esguia.
- Então é assim que você se diverte maninho? – perguntou num tom arrogante, segurando uma braçada de livros.
Os dois pararam de brigar justamente no momento em Greg ia acertar em cheio o nariz de Tom.
- Mariana? O que você tá fazendo aqui? – perguntou o brutamonte, recuando o punho, quase assustado.
- Me mudei de escola – respondeu a garota, como se isso fosse óbvio.
Bill aproveitou a interrupção para ir até Tom sorrateiramente e ajudá-lo a levantar.
- Porque você fez isso? Tá maluco? – sibilou furiosamente.
- Bill, não enche! – retrucou Tom, tão irritado quanto o gêmeo, limpando sangue do canto da boca.
Neste momento confuso, a professora de biologia entrou na sala e pediu para que todos se sentassem. A turba se desfez e a garota loura, olhou com interesse para os dois irmãos.
***
Na casa de Aline, Sophia havia acabado de acordar quando, com uma pontada de uma antiga dor, lembrou-se do que acontecera na noite anterior. Imediatamente correu até o quarto da filha, onde a encontrou dormindo placidamente na cama.
Sophia acordou-a.
- Bom dia, Aline – sussurrou, acariciando-lhe os cabelos.
- Oi, mãe – disse Aline, sentando-se na beira da cama e esfregando os olhos com as nós dos dedos.
- Porque você não está na escola? – perguntou Sophia, a voz fraca não conseguindo esconder a emoção de ter a filha por perto.
- Fiquei para cuidar de você. – respondeu a garota, analisando os olhos lacrimosos da mãe.
- Eu já estou bem melhor – mentiu Sophia, fungando.
- Imaginei que você diria isso, mas fiquei por precaução – afirmou Aline, não se deixando enganar.
- Ah... – ela não teve como contestar - Desculpe-me por ter gritado com você ontem, eu não queria ter feito isso.
- Tudo bem, você tava muito nervosa por alguma coisa que não quis me contar.
- É, mas... – ela encarou firmemente a filha, disposta a lhe confiar a verdade - Eu resolvi te contar tudinho.
- Você não precisa fazer isso, se não quiser.
- Mas eu quero te contar. – garantiu Sophia, encarando os joelhos, convencendo a si mesma, mais de uma vez, que era o certo a se fazer.
- Bom... Então conta – pediu Aline, quase engolindo em seco diante daquele momento de revelação. O que pensaria da mãe depois que soubesse de seu passado?
De repente, a carta de Heike lhe veio à mente e uma súbita angustia lhe escorregou pela garganta, roubando sua voz.
Sophia respirou fundo, desatenta à mudança de expressão da filha.
- Tudo começou quando meus pais se separaram – disse ela, sem conseguir encarar Aline - Eu fiquei com a minha mãe e meu pai e eu nos víamos poucas vezes...
- Então um dia ele me chamou para passear, nós estávamos de carro e meu pai perdeu o controle do carro e acabou batendo – ela tornou a fungar diante da remota lembrança - Ele morreu na hora, mas eu sobrevivi. Até hoje não sei como, mas sobrevivi.
- Quantos anos você tinha? – perguntou Aline.
- Uns 13... Mas continuando, desde esse dia eu me sentia estranha, como se eu fosse culpada pela morte dele, eu não sabia direito o que estava sentindo, mas era como se fosse injusto ele ter morrido e eu não. Eu meio que entrei em depressão, ficava quase o tempo todo calada – Sophia permitiu-se um intervalo de silêncio antes de prosseguir - Quando fiz 16 anos, eu comecei a beber, bebia escondido da minha mãe, é claro. Quando fiz 17 eu praticamente virei uma alcoólatra, bebia todos os dias, eu mais bebia do que comia, várias vezes eu cheguei bêbada na escola.
- Nossa – espantou-se Aline, cobrindo a boca com as mãos – Mas... Onde é que entra o Gordon e a Simone nessa história?
- Gordon e Simone estudavam comigo, mas eles dois não tinham nada, apenas estavam na mesma sala – respondeu a mãe, lacrimosa - Por causa dessas minhas besteiras eu fui perdendo todos os meus amigos, até que me restou apenas um... – Sophia enxugou as lágrimas. – As pessoas me olhavam, torto, era horrível...
- Posso imaginar – murmurou Aline, lembrando-se de Bill e Tom.
- Mas ficou pior – acrescentou.
- Pior? – repetiu a garota, surpresa.
- É – confirmou Sophia, sentindo miserável - Eu conheci um pessoal que usavam drogas e por influência deles eu comecei a usar drogas também.
- Drogas?
- É... Minha mãe tentou me ajudar, mas eu era terrível, eu não queria a ajuda de ninguém, eu não queria ser ajudada. Até que um dia aconteceu uma coisa horrível.
- Ainda dá para ficar pior? – perguntou Aline, num tom quase cômico.
- Dá sim, acho que foi nesse dia que a Simone decidiu que nunca mais queria me ver na frente dela – e permitiu-se outro silêncio.
- Mas... Fala o que foi! – incentivou Aline, perplexa.
- Na nossa escola tava tendo aquele famoso baile, sabe?
- Sei – respondeu ela, desprezando tal evento.
- Nesse dia eu estava completamente drogada, estava fora de mim.
- E o que você fez?
- Coloquei fogo no salão onde estava acontecendo o baile, coloquei em risco a vida de várias pessoas, inclusive a da Simone e a do Gordon.
Aline boquiabriu-se de espanto com a mãe.
- Eu nunca vou me perdoar por isso. Sabe Aline, a Simone é do tipo de pessoa que não acredita que as pessoas possam mudar, foi por isso que ela falou daquele jeito comigo, ela acha que eu ainda sou a mesma Sophia, mas eu não sou, eu mudei.
- Eu sei...
- Com certeza naquela época eu era uma má companhia, uma má influência, uma má qualquer coisa, mas hoje em dia eu já não sou mais a mesma pessoa, só a Simone não acredita nisso... Espero não ter estragado sua amizade com os gêmeos – lamuriou-se Sophia, as mãos tremendo da emoção recorrente de tantas lembranças que ela certamente teria gostado de manter no fundo do baú pra sempre.
- Não, mãe... – Aline fez menção de interrompê-la, mas a mãe fez sinal de que não acabara.
- Mas a história ainda não acabou.
- Não? – poderia haver mais?
- Não... Depois do incêndio, as pessoas ficaram sabendo que foi tudo culpa minha, então me denunciaram e eu fui presa, cumpri pena e tudo mais – seus olhos arregalaram-se com o que se passava em sua cabeça - Aquele lugar era horrível, não gosto de lembrar de nenhum momento que passei lá dentro. Sabe o meu amigo? Aquele único amigo que me restou?
- O quê que tem ele? – perguntou Aline, pensando numa luz no fim do túnel.
- Era a única pessoa que me visitava, mas um dia eu disse a ele para se afastar de mim.
- Por quê?!
- Porque eu achei que ele estava perdendo muito tempo da vida dele se importando comigo. Quando eu saí da prisão, decidi que iria recomeçar minha vida, mesmo sabendo desde o inicio que nada ia ser fácil. Então primeiro eu mudei de país, fui para a Inglaterra, lá me livrei das drogas e do álcool, arrumei um emprego em um café e lá conheci o seu pai, ele ia me visitar todos os dias, até que me pediu em namoro e eu aceitei, depois de um tempo casamos e eu decidi adotar uma criança.
- Por que você resolveu adotar? – quis saber Aline, meio constrangida.
- Ninguém gosta de estar em orfanato, então eu decidi tentar trazer alegria na vida de alguma criança, e foi você o bebê mais lindo daquele orfanato.
Aline sorriu.
- Sem dúvida foi a melhor atitude que já tomei em toda a minha vida... Não sei o que seria de mim sem você por perto – conclui Sophia, sorrindo do jeito da filha.
- Por que nunca me contou isso? – perguntou Aline, embora já não fizesse grande diferença.
- Não queria que o meu passado fizesse parte do meu presente, não queria que você soubesse das coisas ruins que eu já fiz. – e então ela desabou em lágrimas e Aline a abraçou.
- Não quero que depois de tudo isso que você ficou sabendo, pense que não posso cuidar de você – balbuciou Sophia, correspondendo ao abraço com leve desespero.
- É claro que não! – exclamou Aline, indignada - Você cuidou tão bem de mim, sempre me deu atenção e muito carinho, além do mais você é a razão do meu destino ter mudado, eu irei ser eternamente grata à você.
- Ai! Vamo’ parar com essa choradeira – riu Sophia, largando-a e enxugando as lágrimas.
Vendo que a mãe parecia mais calma, Aline resolveu que era a sua vez de contar o que sabia.
- Mãe eu preciso te mostrar uma coisa, mas primeiro eu quero que você se acalme – pediu.
- Eu tô calma, mas se você fizer muito suspense eu vou começar a ficar nervosa.
- Toma. – Aline puxou a carta que estava debaixo de seu travesseiro e entregou-a – com muito receio – à mãe.
- É do Heike – espantou-se ela, olhando o remetente.
- É... Eu achei ontem em cima da sua cama... – explicou a garota, nervosa - Eu sei que não é certo ler cartas dos outros, mas... Lê logo.
- Tá bom! – Sophia começou a ler a carta e seus olhos voltaram a se encher de lágrimas, Aline segurou a sua mão e rezou para que ela não tivesse um treco bem na sua frente.
- Eu não acredito que ele fez isso! – gritou Sophia, amassando a carta com ódio.
- Calma mãe você não pode se exaltar – pediu Aline, segurando as mãos dela com mais força.
- Filho da mãe! – esbravejava Sophia - Ele não merece que eu derrame uma lágrima por ele! Como eu pude ser tão burra?! Eu já devia ter desconfiado!
- Mãe...
Sophia respirou fundo e tentou se acalmar de novo.
- Ainda bem que eu tenho você, olha só pra isso, eu devia estar cuidando de você, mas está acontecendo ao contrário – e levantou-se da cama da filha, a carta espremida em seu punho.
- Não esquenta com isso... – disse Aline, satisfeita que a mãe não estivesse reagindo tão mal assim - Olha por que a gente não desce e prepara alguma coisa pra gente comer?
- Tudo bem – concordou Sophia, pegando pela mão.
As duas desceram para a cozinha depois de Aline ter se trocado no exato momento em que a campainha tocou.
A garota foi atender e um novo conhecido lhe sorriu.
- Oi! – cumprimentou Georg – Tô atrapalhando?
- Não, entra. – disse ela, contente por nenhum motivo – Já tomou café? – acrescentou, sorrindo.
- Não – respondeu Georg de um jeito cínico - O meu pai cozinha muito mal, mas se você tá me convidando eu aceito.
Aline riu enquanto ele entrava na casa e ela fechava a porta.
- E a sua mãe? – perguntou Georg, puxando conversa - Ela já tá melhor?
- Tá melhor sim, minha mãe é muito forte.
- Que bom que ela já está melhor... Mas fala para mim, como foi que você conheceu os gêmeos?
- Foi meio confuso... – começou ela, e sintetizou seu primeiro dia de aula e como tentara salvar os gêmeos de serem massacrados pelo grupo desprezível de Greg.
Georg espantou-se com o relato e ia dizer algo quando um cheiro bom de comida veio da cozinha.
- Filha já tá pronto! – avisou Sophia entrando na sala – E quem é você? – perguntou ao ver Georg.
- Desculpa – disse ele, indo até ela - Eu sou filho do cara que ajudou você ontem.
- Ah! – exclamou Sophia, corando por não se lembrar de muita coisa depois de seu desmaio.
- Você mesma pode ir lá agradecer, o Georg e o pai dele moram aqui em frente – disse Aline, sorrindo.
- Então eu vou lá mais tarde – o rubor desapareceu um pouco - Vamos tomar café?
- Mãe, eu convidei o Georg para tomar café, não tem problema né?
- Claro que não.
- Oba! – Georg seguiu-as, o estômago roncando.
Ele atacou tudo o que viu pela frente, não fazia uma boa refeição há incontáveis dias e notou, com uma estranha satisfação, o quanto a culinária feminina podia ser superior à masculina.
- Tava muito bom! – elogiou ao fim do café da manhã.
- Obrigada – agradeceu Sophia, sorrindo - Mais que menino educado.
Aline riu quando ele ficou um pouco corado.
- Ah...! – exclamou ele, verificando o relógio de pulso - Eu tenho que ir – e pulando do banco da cozinha, seguiu Aline, que foi abrir a porta pra ele.
- Então... – disse ela, antes que ele fosse embora - A gente se ver... Thau.
- Thau. – despediu-se Georg, dando uma piscadela.
***
Na escola, o intervalo já começara e Bill e Tom haviam perdido qualquer esperança de falar com Aline naquele dia. Frustrados, recolheram-se ao mesmo banco de sempre no refeitório.
- Oi! – disse Mariana, a garota loira, sentando-se onde os gêmeos estavam.
- O que você tá fazendo aqui? – perguntaram eles ao mesmo tempo, irritados pela presença dela.
- Nossa! Eu não posso nem ser gentil?
- Gentil? – rosnou Tom - Você é a irmã do Greg!
- E daí? Não quer dizer que eu seja igual a ele – ela pareceu esperançosa.
- Olha, eu não quero ser grosseiro, mas só o fato de você ser irmã dele já me incomoda. – retrucou Tom – Então dá o fora, por favor.
Mariana reprimiu uma exclamação, ofendidíssima. Limitou-se a pular do banco e ir embora.
- Tem certeza de que não queria ser grosseiro? – perguntou Bill.
Tom riu.
- Só estou em um mau dia – defendeu-se, dando de ombros.
Do outro lado do refeitório, Mariana procurou abrigo no banco do irmão, que estivera lhe observando e sabia aonde ela tinha ido.
- O que estava fazendo com aqueles dois? – perguntou, rascante.
- Não interessa! – rebateu a garota, irritada.
- Gostou de um deles? – insistiu Greg, adorando ver o estado da irmã.
- Já disse que não te interessa!
- Não perca seu tempo. por que eles são gays.
- Cala a boca!
- É sério! – riu ele, alto - Olha como aquele idiota se veste, se é “homem” porque usa maquiagem? (N/A: E daí? QUAL O PROBLEMA? É o charme!) Peraí, você levou um fora, foi isso?
- Não enche Greg! – Mariana saiu da mesa correndo.
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Obrigada por lerem, agradecemos os reviews!
Até a próxima, com Rette Mich!
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— Fim de transmissão -