A História não contada de Apolo e Ártemis escrita por Biah


Capítulo 9
Conjuradores de Raios


Notas iniciais do capítulo

#9...



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Apolo se levanta, caminha até a porta e sai. Deixa Ártemis sozinha no quarto, atônita. Ela levanta, fecha a porta, apaga as luzes, volta para cama, deita e fecha os olhos. Tenta se revirar na cama, mas, com o braço enfaixado isso acaba se tornando impossível.

Não consegue dormir- já está de manhã- então levanta e abre as cortinas da janela. Os raios de sol estão mais fracos do que de costume. "Tem alguma coisa chateando Apolo... Será que é porque sou mortal?"; pensa. Ela vai até o móvel ao lado da cama e abre a gaveta. Ou esse não é o mesmo quarto que a puseram antes ou já tiraram o grampo de flor lilás dali há algum tempo.

– Procurando alguma coisa?- Ártemis se vira e vê Chrys em frente à porta aberta com a mão na maçaneta. Ele está com uma calça jeans meio rasgada, uma camiseta escrita "I'M NOT A HERO. I'M JUST A GUY WITH A GUN", uma jaqueta de couro e uma correntinha de prata.- Posso sugerir que, quando for roubar alguma coisa, é melhor trancar a porta primeiro?

– Não ia roubar nada. Só estava procurando meu grampo de cabelo.- Ele sorri:

– Bom dia, Artie.- Ela suspira:

– Oi, Chrys.- Ele entra e deita na cama, com uma perna por cima da outra e as mãos atrás da cabeça.

– Então, como você pretende aproveitar o dia?

– Desde quando se planeja para aproveitar alguma coisa?

– Hmm... Então você não tem nada planejado?

– Não.- Ele senta na cama de frente para ela:

– Eu e alguns amigos vamos caçar na floresta. Quer ir com a gente?- Ela põe a mão na cintura e ergue a sobrancelha:

– Sério? E o meu braço enfaixado é invisível pra você?

– Só é invisível se você quiser que seja.- Ela revira os olhos. Ele ri e deita de novo na cama. Anya entra no quarto segurando uma prancheta e se dirigindo à Artie:

– Ártemis, vou ter que checar seus ferimentos a cada duas horas. Se não mostrarem que estão cicatrizando vou mudar o seu...- Ela olha por cima do ombro de Art- CHRYS! SAIA DAÍ AGORA!- Ele começa a rir. Anya vai até o lado da cama e acerta o tórax de Chrys com a prancheta- SAIA DAÍ! QUANTAS VEZES TENHO QUE REPETIR? É PROIBIDO DEITAR NA CAMA DOS PACIENTES!- e dá outra pranchetada no tórax do garoto.

– A culpa não é minha se essas camas são mais confortáveis que a do meu quarto!- Ártemis começa a rir. Anya continua com as pranchetadas até que Chrys sai da cama. Não. Ele cai da cama porque Anya o empurra e ele cai do lado da poltrona. Ártemis não se aguenta de tanto rir.

– SAI DAQUI, CHRYS!- grita Anya. Ele apoia a mão na cama e se levanta. Ele olha para Anya:

– Tudo bem.- Ele olha para Ártemis, que ainda está rindo, mas, assim que ela para, ele dispara em sua direção, pega sua mão e os dois correm para fora do quarto. E riem alto. Todos param para olhá-los. Ele dobra corredores e atravessa algumas portas, e ela tenta continuar segurando sua mão.

Eles correm até fora do palácio, mas Art solta a mão de Chrys por causa do vento frio que sopra lá fora. Ela abraça a si mesma na tentativa vã de se aquecer. Chrys para de correr assim que ela solta sua mão. Ele vê a menina batendo os dentes de tanto frio:

– Está com frio?- Ela balança a cabeça positivamente. Ele tira a jaqueta de couro e coloca nos ombros de Ártemis. Ela agarra a jaqueta e se cobre. Por sorte, a jaqueta de Chrys ficou meio larga. Quando volta a olhar para Chrys, percebe que este tem os dois braços cobertos de tatuagens. Ele a pega observando-o e estende o braço- Quer ver mais de perto?- Ela se aproxima e começa a distinguir melhor uma tatuagem da outra. Uma caveira, a mesma coisa que está escrita na camiseta (I'M NOT A HERO. I'M JUST A GUY WITH A GUN), o símbolo do Templo, uma guitarra com asas, etc; no entanto, uma das tatuagens acaba chamando a atenção de Artie: não é nenhum animal que já tenha visto. É uma espécie de águia com as patas traseiras de leão.

– O que é isso?- pergunta ela.

– Um grifo. E o pássaro em chamas ao lado dele é uma fênix.

– Por acaso não tem um pégaso também, né?- Brinca Art. Ele sorri:

– Pégaso é para os bonzinhos. Eu sou mais o grifo mesmo.- Ela suspira:

– Quem dera eles existissem de verdade.- Ele a encara, surpreso:

– Você não sabe?

– Do quê?- ele pega novamente a mão dela:

– Vem comigo.- Ele a leva até a floresta e os raios de sol se tornam cada vez mais fracos. "Apolo... O que está acontecendo com você?", pensa Ártemis. Chrys a leva até uma clareira e se vira- Espere aqui.- Ele solta sua mão e vai até o meio do lugar, e assobia. As folhas das árvores começam a farfalhar, e um vento mais forte faz os cabelos da garota esvoaçarem dramaticamente. Depois, uma enorme sombra passa voando acima de sua cabeça e um chiado muito alto a faz olhar para a sombra. Algumas penas caem na grama. A menina se abaixa, pega uma e fica examinando-a. Ela levanta:

– É UMA ÁGUIA?- grita, por causa do vento forte que sibila em seus ouvidos.

– NÃO!- responde Chrys, com um sorriso nos lábios.

– ENTÃO UMA FÊNIX?- Ele sorri ainda mais:

– ERROU FEIO!- Ele assobia novamente e a sombra aterrissa ao lado de Chrys.

– Pelas cobras da Medusa...- sussurra Ártemis, com os olhos arregalados. Um grifo. Grande, forte e com uma cela com detalhes em azul. O garoto corre até ela e diz, sorrindo:

– E aí, ainda acha que grifos não existem?- Ela sorri. Ele segura seu braço e acena com a cabeça na direção do grifo- Quer conhecer o Nail?- Ela corre até o grifo, que fica agitado com sua aproximação.

– Calma, está tudo bem. Não vou te fazer mal.- sussurra Artie.

– CUMPRIMENTE A MOÇA, NAIL.- Ordena Chrys. Nail se curva e faz uma reverência para Ártemis. Ela ri e também faz uma reverência para Nail. Depois, se aproxima devagar e começa a acariciar sua cabeça. Chrys se aproxima dos dois- Ele gostou de você. Não é, Nail?- Nail chia em resposta.- E você também gostou dele, Artie?- Ártemis sorri e dá de ombros:

– Eu amo animais.

– A deusa da caça ama animais...- Chrys diz baixinho. A garota o encara:

– O quê? Você me chamou de deus...- Ele interrompe:

– Deixa pra lá.- Ele volta a sorrir- Quer dar uma volta com o Nail?

– Voar?- ela estremece.- Não, obrigada. Além do mais, estou de vestido. Da próxima vez, me avise e eu venho de calça.

– Tudo bem. Então, diga tchau, Nail. Agora a Artie vai embora.- Nail chia novamente para Art, e ela acena com a mão:

– Tchau, Nail. A gente se vê outro dia.- Nail abre as asas, pega impulso e sai voando. Chrys leva Ártemis até um penhasco e fica sério.- Por quê estamos aqui?- Ele vai até a ponta do penhasco e se vira para ela:

– Ártemis, você se lembra da tempestade de ontem? A que teve aqueles raios com uma cor diferente?- Ela balança a cabeça positivamente. Ele continua- Eu vivo no Templo desde criança e já vi muitas tempestades com esses raios roxos. Elas ocorrem com frequência e começaram dez anos atrás. Essa foi a primeira em que um raio atingiu o prédio. E duas vezes no mesmo lugar. Então, sou levado a crer que tinha mais um Conjurador de Raios além de Leto e eu. Por acaso é você?

– O que é um Conjurador de Raios?- Ele respira fundo:

– Não me surpreende que você não saiba. Nem sabia da existência de grifos até pouco tempo atrás.- Ela cruza os braços:

– O que é um Conjurador de Raios?- Ele senta na grama e estica as pernas:

– Bom, você provavelmente conhece o seu pai, Zeus. Ele é o maior Conjurador de Raios que existiu, existe e existirá. O raio dele é da cor branca, que é a mistura de todas as outras cores que existem. Isso dá a ele o poder de controlar tanto o raio dele quanto os outros raios.- Ele faz uma pausa, respira fundo e continua- Um Conjurador de Raios tem o poder de controlar os raios de uma determinada cor. Geralmente descobrem esse poder durante uma tempestade de raios dessa mesma cor. Eles podem determinar onde o próximo raio irá cair.- Ele dá de ombros- É isso.- e deita na grama.

– Você é um Conjurador de Raios?

– Sou. O meu raio é o verde. E o raio de Leto é o azul.

– E Nyx?

– Ela não. Nyx é a Noite. Esse é seu poder. Pode mandar e desmandar o quanto e no que quiser durante esse período. Agora você entende por que ela prefere ataques noturnos?- Ártemis fica em silêncio. Depois de algum tempo, diz:

– Eu não sou uma Conjuradora de Raios. Aquilo foi só...

– Coincidência? Justamente quando você queria que um raio daquele atingisse certo ponto?- ele senta e a encara- Realmente acredita nisso? A quem está querendo enganar?

– EU NÃO SOU UMA CONJURADORA DE RAIOS!- Chrys se mantém calmo:

– Sua mãe e seu pai são. Logicamente que um de seus filhos iria ser. No caso, é você, Art.- Ele levanta e caminha até ela- Sei que você tem muito o que pensar agora, mas acho melhor nós voltarmos para o Templo.- Ele sorri e estende a mão- Vamos?

– Eu não sou uma Conjuradora de Raios.- sussurra ela. Depois, pega a mão estendida.

[...]

Apolo está parado em frente ao piano com a partitura em branco. Não consegue pensar em nenhuma melodia, nenhuma nota sequer. Todos os seus pensamentos levam à Ártemis. Ele sabe de cor o que acontece aos mortais.

– Eles nascem, crescem, envelhecem e morrem.

– De fato, eles VIVEM.- Ele se vira:

– Ah, olá, Atena.

– "Olá, Atena"? Estou aqui há meia hora!- Ele abaixa a cabeça:

– Sinto muito.- Ela se aproxima e tira o cabelo da testa do loiro:

– O que aconteceu?

– Artie é mortal. Por minha culpa. Eu devia ter tirado ela de lá logo depois do primeiro raio. Mas eu sou um idiota. E agora ela pode morrer.- Responde, cerrando o punho.

– E posso saber o motivo de você não estar ao lado dela?

– O quê?- Ela senta ao lado dele:

– Você disse que agora ela é mortal, o que torna cada minuto com ela mais precioso do que era antes. Então, por quê não está com ela?

– Porque eu... Eu... Não sei. Acho que ainda estou assustado demais para isso. Não sei o que esperar dela agora.

– "Assustado demais"? Não sabe o que esperar dela agora? Apolo, a Ártemis continua a mesma pessoa. A única coisa que muda é que agora ela pode morrer. Antes nós não sabíamos que somos imortais, e protegíamos nossas vidas como se fôssemos mortais. Não vai mudar em nada.- Ele cruza os braços e fecha a cara:

– Quem garante?- Atena levanta e olha com raiva para Apolo:

– NÃO OUSE tratar Ártemis como um brinquedo quebrado, ou insinuar que há algo de errado com ela. Ela continua a mesma Artie de sempre, aquela que sempre te ajudou e te apoiou sempre que você precisou dela. E agora que ela precisa de você mais do que nunca, você não está lá. Francamente, Apolo...- Ela balança a cabeça em desaprovação.- Eu esperava mais de você.- Atena dá as costas e vai embora, deixando Apolo sozinho com seus pensamentos,na sala de música.

[...]

–... E foi isso o que aconteceu. Depois, eu, Ares, Atena e os cães da Artie acabamos com o restante. Mas Circe fugiu.

– Entendi. Obrigada por me contar, Hermes. Assim que sair daqui, vou ver como a Ártemis e o Apolo estão.

– De nada, Afrodite. Se precisar de alguma coisa, estou aqui. Agora, com licença.- Hermes se levanta e sai do quarto em que Afrodite está.

– Hermes.- chama ela. Ele se vira- Se souber de alguma coisa, não hesite em me contar, sim?- Ele sorri:

– Será a primeira a saber.- Ela assente e ele vai embora. Afrodite fica olhando para fora da janela, e também percebe que os raios de sol estão mais fracos.

– "A-Aflodite"?- Ela vira a cabeça em direção à porta e abre um grande sorriso. Um garotinho com asas, de cabelo preto e olhos azuis está parado lá, com um buquê de rosas vermelhas na mão.

– Eros, querido. Entre, por favor.- Ele entra, se aproxima da cama e entrega o buquê para Afrodite.

– "Pla" você.- Ela sorri ainda mais e cheira as flores:

– Obrigada, anjinho. Amei essas flores! Foi você que escolheu?- Ele balança a cabeça em concordância. Ela continua sorrindo- Adorei! Mas eu já disse que não precisa gastar dinheiro comigo...

– Não gastei "dinhelo". Eu peguei do "jaldim" da "Hela"!- O queixo da garota cai:

– Você foi no jardim particular da Hera?!

– Tecnicamente, EU fui.- Afrodite olha para a porta de novo, e encontra Ares parado lá, sorrindo para ela. Ela olha para Ares e para Eros:

– Por favor, expliquem-se.- Ares entra no quarto:

– O Eros aqui queria te dar umas flores bonitas e me perguntou se eu sabia onde encontrar. Aí fui até o jardim da minha mãe e colhi essas rosas. Hebe me ajudou a fazer o buquê.- A ruiva sorri:

– Bem, obrigada. Mas eu não acho que merecia...- a ficha cai- VOCÊ FOI ATÉ O OLIMPO SOZINHO?!

– Fui. Para trazer flores pra voc...- Afrodite pula da cama e começa a correr, deixando Ares para trás, confuso.

– AFRODITE, AONDE VOCÊ...- O quarto explode em milhões de pedaços e a garota fica paralisada com o barulho. Eros ainda estava lá dentro. Ela volta correndo e começa a revirar os escombros, chorando e gritando:

– EROS, ONDE VOCÊ ESTÁ?! FALE COMIGO! EROS!- Ares a segura pelos braços e diz:

– Calma, Afrodite, ele não está mais aí. Eros se foi.

– M-Mas foi você que deu as flores do Olimpo a ele e você se afastou dele quando...- ela olha para Ares, que dá um sorriso diabólico:

– Exatamente, querida.- Seus olhos ficam amarelos, surgem garras em suas mãos e seus dentes ficam maiores e afiados. De repente, ele não é mais Ares. É um monstro vermelho como sangue, com asas e chifres enormes. Hefesto, que se dirigia ao quarto de Afrodite com um presente, largou a caixa na hora e correu até lá assim que a aberração a agarrou, gritando:

– SOLTE-A AGORA! OU JURO QUE TE FAÇO EM PEDAÇOS, MONSTRO!- a coisa dá uma gargalhada e atira um espinho enorme tirado do próprio corpo em Hefesto, que cai morto no chão.

– HEFESTOO!- grita a ruiva, mas, em seguida ela é segurada e levada pela criatura.

[...]

Apolo sai do quarto de Hefesto. Acabara de dar-lhe um sedativo para ele dormir.

– E então?- pergunta Dionísio. Apolo fita Ártemis, que está com os olhos marejados, e lembra da conversa com Atena. Ele se vira para Dionísio:

– Ele vai ficar bem. Dei-lhe um sedativo para descansar. Acho melhor vocês irem pra cama.- Ele se vira, mas Artie segura a manga de sua blusa:

– O que ele disse?- o restante dos Olimpianos se dispersam e deixam os dois sozinhos. Mesmo assim, Apolo fala baixo:

– Ele disse que Ares nunca voltou do Olimpo. Disse que usaram sua aparência para infiltrar aquela besta aqui. O monstro matou Eros e seqüestrou Afrodite.- Apolo espera que as lágrimas da garota rolem pelo rosto, mas, ao invés disso, ela cerra o punho. Ela não está nem triste, nem desamparada; está furiosa.

– COMO ELES NÃO FAZEM NADA, VOU DAR UM JEITO NISSO!- ela dá as costas para o loiro e sai batendo o pé, decidida.

– ÁRTEMIS!- grita Apolo. Ela pega sua capa, que havia deixado no cabide ao lado da porta- O QUE VOCÊ VAI FAZER?- ela se vira, irritada:

– O QUE ACHA QUE VOU FAZER?! VOU RESGATAR AQUELES DOIS!- E sai, batendo a porta com força.


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Notas finais do capítulo

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