A História não contada de Apolo e Ártemis escrita por Biah


Capítulo 8
Tempestade de Raios Roxos


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Sorry. Para quem quer saber sim, eu matei Apolo. E fiz isso porque sou malvada. I have news: agora a fic também está no social spirit.
Beijos, aproveitem e comentem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/488541/chapter/8

Ártemis olha o corpo caído do loiro e as lágrimas voltam. Desta vez, não as afasta. "Danem-se as regras. Apolo está morto."; pensa. Ela volta a olhar nos olhos de Circe e faz questão que ela veja as lágrimas escorrendo por seu rosto. Circe sorri diabolicamente para ela, que cerra o punho.

– Apolo está morto.- provoca Circe. Ártemis sorri como se aquilo fosse uma piada:

– É. Ele está morto, sim.- Artie fica parada, encarando o corpo do garoto no chão. Não vai deixar Circe tomar vantagem disso de jeito nenhum.- Gostei do truque com a adaga. Quem sabe eu possa usá-lo um dia.- diz ela com o máximo de normalidade possível como se fosse um comentário passageiro.

– Se você sobreviver, quem sabe eu deixo você usar. Caso contrário, acabará como ele.- diz Circe, apontando com a adaga o corpo de Apolo. Ártemis dá três passos pesados em sua direção, mas para e respira fundo, lutando contra os instintos que dizem para ela atacar a filha de Hécate. Circe dá risada- Você é patética. Por que luta contra seu instinto natural? Por que não me ataca logo?

– E deixar que você descubra meus pontos fracos e tenha vantagem sobre mim? Nunca.- Circe ri ainda mais alto:

– Queridinha, eu sei qual é o seu ÚNICO ponto fraco. E já o ataquei. Seu irmãozinho está morto.- Ártemis sorri:

– Se realmente acha que as pessoas possuem apenas um único ponto fraco, sinto dizer, mas... Para mim, isso é muita incompetência.- e solta uma risada zombeteira. Agora é Circe quem se controla para não atacar: dá sete passos pesados e levanta a mão fechada.- Olha só quem é a patética agora.- diz Artie, sinicamente. Circe corre em sua direção e chuta seu rosto, fazendo Ártemis cair no chão. Depois começa a ventar forte. As janelas da sala se abrem e ficam batendo.

Ártemis levanta rapidamente do chão e desaparere, teletransportando-se para trás de um balcão. Tenta montar uma estratégia, mas sua mente fica embaralhada com a morte de Apolo. Não consegue pensar em nada. Nem uma rota de fuga, nem em golpes para abater Circe. Nada. A única coisa que sabe é que não conseguirá sozinha. Procura o medalhão em seu pescoço, mas ele não está lá. Não há como se comunicar com ninguém sem o medalhão.

Se teletransporta para a sala de treinamento. Ares, Atena e Hermes estão desmaiados no chão. Sua respiração começa a acelerar. Se teletransporta para a adega e vê Dionísio desmaiado no chão também. Volta para trás do balcão. Vai até a sala onde ficam os ferreiros. Hefesto também está no chão. A mesma cena se repete várias vezes: todos eles desmaiados no chão. Precisa de ajuda, mas não pode perder Circe de vista.

Então percebe: seus irmãos não estavam desmaiados; estavam mortos. Havia tanto sangue dourado no chão... Como ela não percebeu antes? Ainda estava aceitando- não; se negando a aceitar- a ideia de perder Apolo, mas isso? São os ossos do ofício. Artie sente seu sangue ferver, consegue ouvir as batidas altas de seu coração em sua cabeça.

Não consegue mais se segurar: teletransporta-se para perto de Circe. Nada mais importa. Ártemis só receava pelo que Circe poderia fazer com Apolo. Agora, ela fez o pior de tudo. Artie cerra o punho e para bem em frente a Circe. Ninguém seria burro o suficiente para ficar frente a frente com uma bruxa assassina. Mas Ártemis jamais deixaria que a morte de Apolo tenha sido em vão.

– Você matou todos eles!- acusa Artie. A bruxa sorri e aponta a adaga para ela:

– Matei sim, Ártemis. E você é a próxima.- Nesse momento, entram duas sombras pela janela e param uma de cada lado de Ártemis. São dois de seus cães de caça, Syrius e Phocion.

– Oi, Ártemis. Será que se esqueceu de nós?- diz Syrius. Ela se assusta:

– V-Você fala?...

– Na verdade, nós todos falamos.- diz Phocion.- Mas só temos permissão quando estamos no Templo.

– Então, quais são as nossas ordens?- pergunta Syrius. Ártemis assume uma postura séria e ordena:

– Phocion, chame meus outros cães de caça. Diga-lhes que é urgente e que corro risco de vida. Syrius, fique aqui e me ajude com isso.- Phocion sai pela janela e Syrius fica em posição de ataque. Circe coloca as mãos na cintura e ri:

– Sinceramente, eu pensava que Afrodite era a mais idiota. Mas pelo visto me enganei. Você é bem pior que ela.- Um raio cai do lado de fora do prédio, tão perto que é suficiente para desequilibrar Circe. "Zeus..."; pensa Artie. No entanto, o raio não é comum. Não é branco como o de Zeus. A cor é diferente. Não há raio como esse. Mais uma vez, outro raio, porém, um pouco mais longe.

Ártemis olha pela janela e fica hipnotizada pelos raios que se seguem. É incrível. Eles caem em perfeita harmonia, um ao lado do outro, como se estivessem colorindo o espaço lá fora. Ela fica atenta quanto à suas cores. "São... Roxos. Todos eles. Levemente arroxeados..."; pensa. Artie sorri e continua olhando para fora. De repente, surge um pensamento em sua mente: "Como eu queria que eles caíssem aqui dentro...".

No mesmo instante, um raio bem mais roxo que o restante atinge o chão entre Ártemis e Circe, fazendo uma cair de cada lado do salão. Agora há uma enorme cratera entre as duas por conta do raio, mas Syrius não saiu do lugar, e continua em posição de ataque, mostrando seus dentes altamente afiados para Circe.

Ártemis se levanta e corre até a janela. Quando vai pular, vê que o chão onde os raios caíram ficou repleto de crateras. Ela olha para cima e começa a gritar:

– PARE COM ISSO, ZEUS! OU VAI ACABAR MATANDO A TODOS NÓS!- ela volta a olhar para dentro e vê Circe de olhos fechados falando uma língua estranha. Quando os abre, eles estão amarelos. A filha de Hécate solta um rugido ensurdecedor e corre em direção a Artie. Na metade do caminho, a garota se transforma em uma enorme pantera. Artie olha mais uma vez para fora e, numa fração de segundo, se teletransporta para uma das crateras no chão.

Ela olha para cima e vê o céu escurecendo, carregando mais raios roxos por entre as nuvens. "Não é Zeus. Mas, se não é Zeus... O QUE é?". Uma mão toca seu ombro e ela se vira. Está suado e sua garganta já está melhor, mas sua camisa está suja de sangue dourado.

– A-Apolo?- ele balança a cabeça positivamente e Ártemis o envolve em seus braços. Lágrimas escorrem pelo rosto da morena.- M-Mas... Como isso é possível?- Apolo começa a enxugar as lágrimas da garota com delicadeza:

– Eu não sei, Artie. Realmente não sei como ainda estou aqui. Eu só senti minha garganta arder e depois ficou tudo escuro. O que aconteceu?

– Você morreu. Circe te matou com uma adaga.- Ártemis começa a soluçar só em pensar nisso. Agora é Apolo que a envolve em seus braços:

– Calma, está tudo bem. Estou aqui, Ártemis. Estou aqui pra você. E sempre estarei aqui pra você.- Mais um raio. Artie se desfaz do abraço e volta a olhar para o céu.

– Você sabe o que é aquilo?- pergunta ela.

– Raios de Zeus?- sugere o loiro, dando de ombros. Um uivo sai de dentro do prédio. O céu começa a acumular raios por entre as nuvens e eles começam a trovejar violentamente. Ártemis fecha os olhos e cobre os ouvidos. Apolo toca seus ombros e diz que está tudo bem. "Uivos... Uivos... Syrius!". Ela abre os olhos e começa a correr de volta para o prédio. Apolo corre atrás dela e grita:

– ÁRTEMIS, AONDE VOCÊ VAI?

– SYRIUS AINDA ESTÁ LÁ DENTRO! PRECISAMOS SALVÁ-LO!- Os dois se teletransportam para a sala de treinamento. Ártemis pega um arco, uma aljava com flechas e três conjuntos de facas que ela sabe atirar para matar. Apolo pega outro arco, uma aljava com flechas, uma adaga e uma espada que sabe usar muito bem. Eles correm até a sala em que viram Circe pela última vez e arrombam a porta.

Circe ainda está em forma de pantera, mas ela conjurou mais alguns felinos para ajudá-la. Logo que entram no local, Ártemis atira uma flecha em uma leoa e Apolo atira uma flecha em um jaguar. Matam dezoito tigres, trinta e sete leões, treze jaguares, nove leões-da-montanha e vinte leoas. Mas ainda há muitos deles. Centenas, talvez milhares. Depois de matar um leopardo,Artie vê mais dois surgindo, e acaba desvendando o plano de Circe:

– APOLO! É COMO UMA HIDRA! SE MATARMOS UMA CABEÇA, MAIS DUAS NASCEM EM SEU LUGAR!

– ENTÃO NÃO OS MATE, SÓ OS IMOBILIZE!- A garota atira uma flecha em um leopardo-das-neves e o mata.

– EU SÓ SEI ATIRAR PRA MATAR!- grita ela. Nesse momento, nove sombras atravessam a janela. Phocion para ao lado de Ártemis:

– Consegui trazê-los aqui. Estamos aguardando suas ordens.

– Imobilizem o máximo que der. Não matem nenhum senão surgem mais dois.- Os cães se despersam e começam a atacar os felinos. Mesmo com a ajuda deles, não há como vencer essa luta. Agora está tão tarde que o sol já vai se pôr. Ártemis olha pela janela por menos de um segundo e o mesmo pensamento ocupa sua mente: "Agora seria uma ótima hora para um raio cair aqui dentro". Mais uma vez, um raio mais roxo que o restante cai dentro do prédio, exterminando a maioria das criaturas conjuradas por Circe. Mas mesmo assim ainda há incontáveis delas.

No entanto, esse raio acabou pegando Artie de raspão. A menina sente uma dor excruciante no braço, se joga no chão e começa a gritar. Sente como se a tempestade de raios ocorresse dentro de si. Ela olha para o braço: por sorte, está inteiro; mas a dor que permanece e o cheiro pútrido de carne queimada impregnando o ar a fazem gritar ainda mais.

– ÁRTEMIS!- grita Apolo, desesperado. Ele corre até a garota e a abraça- Está tudo bem. Eu estou aqui, Artie. Estou aqui pra você. Eu disse que sempre estaria aqui pra você. Tudo bem.- Há sangue no chão. Ártemis fica se debatendo e gritando a plenos pulmões.

De repente, um machado atinge bem no meio do crânio de uma onça. Alguns segundos depois, Ares atravessa a porta seguido por Atena e Hermes. Os três lutam ferozmente com as criaturas, que Circe acabara de aumentar o tamanho.

– NÃO OS MATEM, SÓ OS IMOBILIZEM!- grita Apolo.

– Tá bem, tá bem, Apolo.- diz Hermes- Agora me faz um favor? Deixa com os profissionais.- Atena revira os olhos. Depois, se volta para Ártemis:

– Aguenta firme, Artie. Você vai ficar bem.- ela vai até a morena e tira um dardo do bolso. Espeta o dardo no ombro da menina e com rapidez o retira. Ártemis para com os gritos e começa a respirar lentamente.

– O que é isso? Anestesia?- pergunta Apolo.

– Não. É um dardo pra ursos. Foi a melhor coisa que achei. Estávamos com pressa.

– UM DARDO PRA URSOS?!- grita o loiro. Ele fixa o olhar em Art, que fecha os olhos e para de respirar por um momento.- VOCÊ A MATOU!- ele avança sobre Atena, mas ela o empurra e ele cai perto de Ártemis.

– Não, seu ignorante. Esse dardo faz com que a respiração e os batimentos cardíacos do urso fiquem muito mais lentos do que o habitual. Entendeu agora? Ela não está morta, só desmaiada. Como se estivesse hibernando. Agora leve-a para a enfermaria antes que ela morra de hemorragia.

Apolo abraça Ártemis e os teletransporta para a enfermaria. Assim que chegam, um conjunto de enfermeiros coloca a garota numa maca e a levam para longe de Apolo. Uma mulher indica a ele a sala de espera e ele se senta em uma das cadeiras, nervoso.

[...]

Ártemis acorda com seu braço enfaixado, um curativo em seu ombro e uma dor infernal em sua cabeça. Um raio de sol entra pela janela. Ela olha para o lado e vê Apolo sentado na poltrona com a cabeça encaixada nas mãos e os cotovelos nos joelhos.

– Oi.- diz ela, com a voz meio rouca. Ele ergue a cabeça com rapidez.

– Oi, Art.- e dá um sorriso forçado.

– Está tudo bem? Por que está tão estranho?

– É que...- ele passa a mão pelo cabelo dourado.- Bem, eu... Eu preciso te contar uma coisa, Ártemis.

– Pode falar.- ele olha para cima pensando por onde começar.

– Er... Depois que eu te trouxe aqui, fui falar com Nyx. Pra perguntar sobre o porquê de eu ter sobrevivido. E descobri que eu realmente morri ontem.

– O quê?- ele faz um gesto para que ela fique quieta e ela assente.

– Ela me disse que todos nós temos esse dom. Os donos do Olimpo podem morrer milhares de vezes e voltar à vida depois de um tempo. Ela me disse que somos imortais.

– Entendi. Mas e quanto à...

– Só um minutinho, Artie.- ele respira fundo e continua- Ela também me disse que você só reconhece um imortal pelo sangue dourado. Quando você foi atingida pelo raio, bem... - A garota assente. Ele pega uma agulha e espeta o braço dela. Uma gota de sangue vermelho escorre em sua pele. Ela o encara, confusa:

– O que isso significa?- ele passa a mão mais uma vez pelo cabelo dourado e olha nos olhos da garota:

– Agora você é mortal, Ártemis.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Comentem, por favor!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A História não contada de Apolo e Ártemis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.