A História não contada de Apolo e Ártemis escrita por Biah


Capítulo 19
Do Outro Lado da Fronteira - Parte 2 - O Bar Clandestino


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Serei sincera: estava ansiosa para postar esse capítulo logo, tanto é que ainda nem respondi todos os comentários de antes. Agradeço à daughter of the sun, Luana e lima ie que comentaram. Também agradeço àqueles que favoritaram e estão acompanhando a fic. Espero que gostem de ler este capítulo do mesmo jeito que eu amei escrevê-lo.



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Ártemis desce de Darken e Gabriel amarra a tira de couro em uma árvore. Ártemis ouve um rosnado e Gabe olha para ela de um jeito estranho. Só então percebe que é ela quem está rosnando, e para. Gabriel ergue uma sobrancelha e Artie diz:

– Eu estou furiosa, lembra-se? – Ele a encara por demorados instante e ela ruboriza-se sem querer.

– Desculpe. – diz o Cavaleiro. – É só que não conheço muitas garotas que rosnam.

– Bem, lamento desapontá-lo por não ser uma delas. – Ártemis começa a andar até que vê uma casa rústica mais ao longe. Nota que Gabriel está em silêncio ao seu lado. – É ali? – Ele assente. – Então estamos perto da fronteira?

– Só... Espere um segundo. – Ele começa a olhar para o chão e para os troncos das árvores, até que encontra uma específica mais à frente. – Aqui. Venha ver, Ártemis. – Ártemis se aproxima e olha para o tronco da árvore. É um símbolo idêntico ao dos Caçadores, mas é um sol atravessando uma lua cheia.

– O que é isso?

– É a marca da fronteira. Este mundo foi dividido em duas metades iguais; uma para noite e outra para o dia. Essa é a marca da fronteira entre as duas.

– Eu não sabia disso. Por que eles não falam sobre isso no Templo?

– Nyx falar sobre os Seguidores de Hemera? Você tem um problema mental ou o quê?

– Quem são os Seguidores de Hemera?

– Adoradores do sol. Nossa adorável Eliza é um deles. São loucos para dar o bote e tomar a nossa metade do mundo. Além de se considerarem superiores em tudo, ainda acham que são os bonzinhos. Alguns deles conseguem se infiltrar de tempos em tempos como Caçadores. Os guerreiros são divididos de acordo com sua natureza.

– Entre a luz e as sombras.

– Entre o dia e a noite. Eu prefiro encarar isso como uma dádiva, ajuda muito a entender que não somos inferiores a eles. Infelizmente, estamos fadados a permanecer em pé de igualdade com eles para todo o sempre. Mas prefiro considerar que os predadores noturnos são mais eficazes. Inteligentes, se preferir.

– A caça é mais favorável. – Art olha para a estalagem com olhos de predador. Gabriel sorri de canto e ela agarra seu arco com tanta força que se fosse um arco comum já teria partido ao meio. Seu olhar é fixo no local, ela não pisca e Gabe percebe um brilho novo nos olhos da garota. Como se houvesse um brilho prateado, mas não chega a ser como o olhar dourado de Apolo. O que Gabriel vê é a paixão de Ártemis pela caça.

Eles tomam cuidado para não serem vistos e correm até a estalagem, que tem uma enorme porta de madeira com uma portinhola ao centro. Gabriel bate a sequência de números um-dois-um e a portinhola se abre. Ele então estica o braço e estende a mão com a palma virada para cima dentro da portinhola. Retira a mão segundos depois com a palma carimbada com o símbolo de um sol em tinta dourada. A portinhola se fecha. Ele se vira para Artie:

– Sua vez. – Ártemis faz exatamente a mesma coisa que Gabriel, mas quando olha o carimbo em sua mão a tinta está em vermelho escarlate. Ela ouve um risinho baixo vindo de trás da porta e espia pela portinhola. Circe está encapuzada e cuidando dos carimbos. Ela dá mais um risinho baixo e pisca para Art. Em seguida, fecha a portinhola e a Olimpiana volta para o lado de Gabriel sem dizer nada. Eles andam alguns metros da porta e param quando vêem um tijolo dourado. O ruivo estende a palma com o carimbo e toca o tijolo, abrindo uma porta bem ao seu lado.

Gabriel indica a porta para Artie com um gesto amplo, quase um floreio. Ela caminha com os punhos fechados, os dentes cerrados e a raiva além de seu controle. Ártemis irrompe pela porta do bar clandestino, furiosa:

– CHRYS! – grita e procura por ele olhando cada face do lugar. Ela vê uma figura com trajes de Caçador de cabelos bem pretos e revoltos e marcha até lá rapidamente. Ela para na frente de Chrys e pega sua adaga. Em seguida o faz inclinar a cabeça para o encosto da cadeira ao puxar o cabelo dele e deixa a adaga a centímetros de sua garganta. Ele arregala os olhos para ela, que mantém uma expressão voraz no rosto, do tipo “não-brinque-comigo-ou-eu-te-mato”. Chrys sussurra assustado:

– S-Sim?

– O que você e Apolo fizeram há alguns dias? O que EXATAMENTE vocês dois fizeram? – Os olhos de Ártemis estão muito vivos, concentrados, perfurando profundamente os olhos esmeralda de Chrys. O Caçador olha para Gabriel, parado ao lado de Ártemis de braços cruzados e olhos cautelosos:

– Você contou a ela? – Gabriel se mantém quieto, impassível, como se nem estivesse ali – SEU TRAIDOR! VOCÊ CONTOU A ELA? – Ártemis puxa o cabelo de Chrys com mais força e aproxima mais a adaga do pescoço dele até realmente encostar-se à sua pele. A lâmina fria faz o garoto arrepiar por toda a espinha, e ele arregala ainda mais os olhos, agora sem respirar.

– Não seja tão dura com ele, Art. – aconselha Gabriel. – Deixe-o respirar um pouco. Acredite, ele vai falar. – Ártemis respira fundo algumas vezes e rosna um pouco, depois se afasta e permanece encarando Chrys, com um olhar frio.

– Eu não posso nem beber um pouco de cerveja em paz. Maldição. – Ele faz uma careta selvagem e olha para Ártemis. – Gabriel já deve ter te contado tudo. Então por que veio até aqui?

– Ah, Gabriel me contou sim, mas eu quero ouvir de você.

– Para quê? Eu já recebi minha punição. E o seu... – ele praticamente cospe a palavra – IRMÃO também.

– Eu quero ouvir o que aconteceu. Exijo que me conte agora mesmo.

– Você EXIGE? – Chrys pula da cadeira e arqueia os ombros para Ártemis, com uma expressão sombria em seu rosto. A cadeira foi arremessada há alguns metros dele, sinal de que ele depositou força excessivamente, e, no entanto foi silencioso e selvagem como um gato. Gabriel não se abala nem um pouco, porém mantém seu olhar alerta, não só em Ártemis e Chrys, como em tudo à sua volta. Ártemis ergue o queixo e mantém uma expressão de desdém em sua face, silenciosamente atiçando Chrys a atacar. Chrys se aproxima ainda mais de Ártemis, quase fazendo seus narizes se tocarem. O garoto se mantém inabalável. Até ela dar o bote.

Ártemis deposita um soco no queixo de Chrys com a mão direita, enquanto agarra-lhe o casaco com a esquerda e o puxa, não permitindo que ele caia no chão, mas que fique vulnerável aos ataques dela. Artie soca seu nariz e cada uma de suas bochechas, controlando-se para não usar a força dos Olimpianos. Gabriel foi muito útil ajudando-a a fortalecer sua verdadeira força, caso contrário seus socos seriam bem piores. Depois que começa a escorrer sangue do nariz dele, ela o solta e o deixa cair no chão. Chrys fica de olhos fechados e imóvel no chão por alguns minutos, porém Ártemis não se aproxima do corpo dele pois sabe que ele não está morto. Quando não aguenta mais prender a respiração, Chrys abre a boca, desesperado por ar, mas, assim que o ar adentra seus pulmões, ele cospe uma quantia significativa de sangue no chão. Gabriel percebe que o brilho prateado nos olhos de Ártemis persiste, e ele sorri quando o vê.

Art mantém seu olhar focado em Chrys, que agora se levanta e tosse mais sangue, manchando sua camiseta. Está escrito Ares em grego antigo. O olhar de Ártemis se agrava e um arrepio percorre sua espinha, distraindo-a tempo suficiente para que Chrys avance sobre ela. Ele a prensa no chão com os joelhos pressionando as coxas da garota enquanto ele segura os pulsos de Artie em seu tronco. Ártemis permanece com o olhar agravado, encarando fixamente a camiseta suja de sangue vermelho. Chrys segura os pulsos de Ártemis com uma só mão enquanto limpa sua boca com a outra. Art fica tentando soltar as mãos, porém o garoto conseguiu imobilizá-la. Ele não revida. Só respira fundo algumas vezes até que aproxima o rosto do da garota, novamente quase fazendo seus narizes se tocarem.

Ele não tem mais aquela expressão sombria em seu rosto. Muito pelo contrário: ele mantém os olhos fixos nos de Ártemis, como se quisesse acariciá-la. Há uma certa doçura neles por trás da aparência selvagem de Chrys. Isso automaticamente faz a garota parar de resistir, se mantendo imóvel no chão. Ele fecha os olhos e seus lábios se aproximam cada vez mais dos lábios de Ártemis. No exato momento em que seus lábios se tocam, Ártemis usa a força dos Olimpianos e arremessa Chrys para longe, ficando deitada no chão com os olhos arregalados. Ela vira a cabeça e percebe que Gabriel não está mais lá, então volta a ficar deitada no chão, em choque. Chrys tentou realmente BEIJÁ-LA.

Seu corpo se arrepia e estremece com a lembrança. Se não tivesse feito nada, Chrys teria conseguido e Gabriel não teria feito nada para impedir. Ela fecha os olhos e respira fundo. Não sabe quanto tempo permanece assim, só sabe que abre os olhos quando sente alguém tocando em seu braço. Quando ela os abre, vê um garoto loiro não muito mais velho que ela segurando um cantil. Ele a encara:

– Você está bem? Está machucada?

– Não fisicamente. – Responde Art, com a voz rouca. Ela pigarreia para que isso não se repita, mas sua garganta está seca.

– Aqui, beba isso. – O loiro ergue o cantil e ajuda Artie a se sentar. Ele lhe entrega o cantil – É só água, mas ajuda. – Ártemis bebe um pouco e lhe devolve o cantil:

– Obrigada. – A Caçadora repara nas roupas do garoto, e vê um sol dourado estampado em sua blusa, no lugar do coração. – Seguidores de Hemera... – sussurra, depois olha para o garoto com receio. Ele pega o medalhão de Ártemis e sorri:

– Ei, calma. Você pertence ao lado de Nyx, não é? – Ela assente ainda hesitante. – Olha, eu não gosto dessa guerra. Acho isso uma besteira de separar os seguidores do sol e os seguidores da lua, porque acho que poderíamos aprender muito uns com os outros. Então, acredite quando eu digo... – ele solta o medalhão e olha nos olhos de Artie -... que não vou machucar você. A propósito, sou Demetri.

– Sou Ártemis.

– E por que você só está fisicamente bem, Ártemis?

– Acabei de tentar ser beijada. – As palavras saem de uma só vez. Ela baixa a cabeça e volta para seu estado de torpor.

– Entendo... – Demetri olha pela janela embaçada do bar, em seguida segura o cotovelo de Ártemis, levantando-a e levando-a junto com ele.

– Para onde está me levando? – Ela não consegue disfarçar o pânico em sua voz. Demetri para e olha para ela:

– Há guardas vindo para cá. Se te encontrarem, você pode ser presa, torturada ou pior. Conheço um lugar para te esconder até eles irem embora. – Ártemis assente firmemente e eles seguem até uma escadaria de madeira. – O sótão. – Explica Demetri, em seguida os dois seguem para o andar de cima. É um local com coisas antigas e empoeiradas, porém bem iluminado pelo sol. Há alguns lençóis em alguns itens como um sofá, um espelho e alguns quadros. Demetri indica o espaço à Ártemis. – Fique à vontade. Eu volto quando estiver tudo certo lá embaixo.

– Tudo bem. – Demetri sai e tranca a porta. Ártemis anda pelo espaço até o sofá, pega o lençol e o levanta acima da cabeça. Quando o lençol não cobre mais a visão da garota, ela dá um pulo devido ao susto. Circe está sentada no sofá, com um paletó preto e uma gravata-borboleta em vermelho-vívido, combinando com a faixa de sua cartola preta. Sua camisa branca tem babados nas mangas que escapam do paletó e mais babados um pouco abaixo da gravata-borboleta. Ela usa uma saia preta curta e um pouco armada com meia-calça rendada preta desenhada com traços aleatórios que, onde se encontram há uma pedrinha em vermelho-vívido. Luvas rendadas pretas sem dedos com os mesmos desenhos e pedrinhas vermelhas da meia-calça decoram suas mãos. Usa botas pretas de salto e sua varinha encontra-se e sua bota esquerda. Seu cabelo é preto da raiz até as orelhas, e segue vermelho das orelhas até as pontas. Seus lábios estão vermelhos e os olhos possuem os mesmos desenhos das meias e das luvas em preto sombreado e também com as pedrinhas vermelhas, destacando os olhos azuis e dando à bruxa um ar de mistério e misticismo.

– Ártemis! Minha mártir preferida! Posso perguntar o que está fazendo deste lado da fronteira?

– Você sabe sobre a história da fronteira, Circe?

– Achei que o seu namoradinho já havia lhe contado tudo... – Diz Circe com um sorriso perverso nos lábios.

– Ele não é meu namorado, Circe. – Responde Art automaticamente.

– Artie, eu já comentei que algumas bruxas possuem o dom de prever o futuro? - Circe permanece com o sorriso perverso e Art semicerra os olhos para ela, que pisca para a Caçadora. – Ora vamos, Ártemis. Como não percebe que os rapazes que te cercam são loucos por ti?

– Já faço uma boa idéia disso agora. – As bochechas de Artie ficam rubras e Circe ergue uma sobrancelha. A garota continua – Chrys tentou me beijar. – Circe ri e bate palmas, o que faz Ártemis rir um pouco também.

– O Conquistador! Quem diria! Pelo visto, ele não conseguiu manter a pose por muito tempo!

– São apenas banalidades, Circe. Falamos disso depois, agora devemos ficar quietas. Demetri disse que há guardas chegando. – Circe se levanta e pega sua varinha. Um brilho escarlate sai da ponta, e ela diz:

– Guardas você disse? Então agora é sério. – Ela se aproxima e retira o lençol do enorme espelho. Ela faz alguns círculos e floreios no ar com a varinha, até que uma fumaça brilhante escarlate a rodeia por alguns segundos. Assim que a fumaça baixa, Ártemis vê Circe trajando roupas de Caçador, usando um cinto com vários bolsos, contendo ervas venenosas dentro deles. Duas espadas, cinco adagas e sete facas completam o uniforme. – Ártemis, teremos que estar prontas. Esses guardas foram enviados para capturar seus amigos. Eles estavam brigando e quebrando coisas na estalagem. Os guardas irão capturá-los, depois nós os capturaremos de volta.

– Devemos deixar que eles os capturem? Que eles os levem até sabe-se lá onde para depois invadirmos e trazê-los de volta?

– Não exatamente. Eles irão prendê-los e levá-los até as masmorras, mas terão que passar perto daqui primeiro. Estaremos prontas e esperando por eles.

– Mas e quanto ao Demetri? Ele acha que me trancou aqui, lembra-se?

– Ele ACHA que te trancou aqui? – Circe sorri – Gosto da sua determinação e propensão à desobediência, Ártemis. Nunca perca isso. Agora – Circe olha novamente para o espelho, joga o cabelo para trás e respira fundo, em seguida se vira e olha para Ártemis – precisamos encontrar e resgatar os seus amigos. Está pronta?

Ártemis assente e segura seu arco junto ao corpo, ajustando uma última vez a aljava de flechas. Circe se aproxima do espelho com sua varinha e toca sua superfície, o que causa um brilho escarlate e torna a superfície plana embaçada e um pouco líquida.

– Vamos. – Chama Circe. Ártemis se posiciona logo atrás da bruxa e as duas dão as mãos livres e respiram fundo uma última vez. No instante seguinte, Circe adentra o portal do espelho puxando Ártemis com ela.


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Notas finais do capítulo

Admito que eu simplesmente AMO a Circe. Sabem a roupa que eu descrevi com a cartola, gravata-borboleta e tudo mais? É o meu sonho de consumo desde os meus sete anos. Mas e aí, o que acharam do capítulo? Gostaram? Por favor, comentem, favoritem e continuem acompanhando. Obrigada pela atenção de cada um de vocês, um beijo!



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