A História não contada de Apolo e Ártemis escrita por Biah


Capítulo 18
Do Outro Lado da Fronteira - Parte 1 - Ódio, Ameaças e Planos


Notas iniciais do capítulo

Gente, sinto muuuito pelo atraso desse capítulo, é porque também estou escrevendo mais duas fics e são muito diferentes umas das outras. Novidade: Criei uma página no facebook, quem quiser pode pesquisar "A História Não Contada de Apolo e Ártemis" e curtir, está como livro. Obrigada: a) aos que comentam; b) aos que favoritam; c) aos que estão acompanhando; d) aos ghosts. Espero que gostem desse capítulo.



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Atena, Dionísio, Fred e Lexis estão em uma das salas do subsolo; discutindo alguns detalhes das técnicas que usarão com Hécate enquanto Gabriel está conversando com Hefesto sobre a função exata das novas armas que ainda não foram utilizadas por ninguém. Apolo está trancafiado em seu quarto e não quer sair de lá tão cedo. Chrys saiu do Templo das Luas Gêmeas há dois dias e ninguém sabe aonde ele foi, tampouco se importam com isso. Hermes entra pela enorme porta da sala, segurando um pacote e comendo uma rosquinha.

– Bom dia. – diz assim que deixa o pacote na mesa.

– Oi. – diz Atena, e aponta para o pacote – O que é isso?

– Sei lá. Este aqui não fala quem enviou, só está escrito o nome do Apolo. Não posso abrir o pacote. Não que eu não tenha tentado, é claro, mas está protegido por magia. Entregarei a ele daqui a pouco. – Atena dá de ombros:

– Tudo bem. Agora, Hermes, precisamos que você indique todas as entradas secretas que conhece no Olimpo. – Hermes assente:

– Farei uma lista agora mesmo. - Ela continua:

– Dionísio, veja se Hebe já mandou notícias de lá. Precisamos estar atentos. – Dionísio se afasta da mesa. – Frederick, consiga mais informações sobre os soldados de Hécate. Devemos estar cientes do que enfrentaremos. – Fred sai da sala. Atena vira-se para Lexis – Preciso ter uma boa noção do tipo de treinamento que vocês recebem aqui para conseguir arquitetar um esquema eficiente. Poderia explicar a mim, por favor?

– Sem problemas, Atena. Temos armas diversificadas e somos treinados para que utilizemos uma boa quantia para garantir a nossa sobrevivência, independente da situação. Assim, um só Caçador pode aprender a usar a espada, o machado e o arco. Isso sem contar que procuramos equilibrar nossas equipes individuais. Deixamos pelo menos um espadachim na mesma equipe que um arqueiro, por exemplo. Em alguns casos, eles se entendem, entretanto há outros casos, como Ártemis e Gabriel, em que eles mal se toleram. Ainda assim, o equilíbrio existe.

– Que poético. – zomba Gabriel. – Uma boa maneira de equilíbrio de equipe, você diz? Engraçado, está sendo por muito pouco para eu não estraçalhar sem piedade a sua preciosa Ártemis. – O rosto de Atena se empalidece e todos na sala encaram Gabriel.

– Controle-se, Gabriel. – diz Anya, entrando pela porta ao lado de Fred carregando grossos envelopes cor de areia. – Ártemis é tão eficiente quanto você, é só que você ainda não viu a capacidade dela por completo. Ela tem sangue Olimpiano nas veias.

– E de Caçador também. – completa Fred. Anya assente levemente.

– ÁRTEMIS – Gabriel fita Anya com olhos cautelosos e sibila – é um poço de sentimentos e emoções. Sem ofensa, mas não existe coisa mais desnecessária em uma guerra. Não precisamos de nada disso.

– Ela é bem mais forte que nós, Gabriel.

– Bem mais forte que VOCÊ, Anya. – os olhos de Gabriel se estreitam – Só porque ela tem sangue imortal nas veias, não significa que vou abaixar minha cabeça para ela.

– Então o que é que os Cavaleiros fazem, Gabriel? – rebate Anya.

– Há outros Cavaleiros que podem ficar de babá, Anya. Não vou abaixar minha cabeça para Ártemis.

– Garanto que eu JAMAIS pediria isso a você, Gabriel. – diz uma voz doce entrando pela porta. Os pelos da nuca de Gabriel se eriçam. Ele se vira e encara Ártemis por um longo segundo enquanto ela sorri confiante para ele, demonstrando a certeza de suas palavras. – Nunca. Nem que a minha vida dependesse disso. Jamais te pediria isso. - Seu sorriso se desfaz – Espere. O que há de errado aqui? – Ela fita todos os rostos presentes – Onde estão Chrys e Apolo?

– Eles brigaram e agora não lideram mais ninguém. – responde Gabriel, em um fôlego só.

– GABRIEL! – Grita Anya. Ártemis a fuzila com os olhos e se vira para Gabriel:

– O. QUÊ? – Gabriel tenta ocultar um sorriso enquanto Anya o encara com ar de alerta e Ártemis fecha as mãos em punhos aguardando esclarecimentos. Anya tenta desconversar:

– Olha Artie, Apolo está no quarto dele. Tenho certeza de que ele vai explicar...

– E QUEM DISSE QUE EU QUERO QUE APOLO ME EXPLIQUE ISSO? ONDE ESTÁ O CHRYS?

– Não sabemos... – começa Anya, mas Gabriel a interrompe:

– Em um bar clandestino do outro lado da fronteira. Sei onde é. Pegue suas coisas. Te levo lá. – Ártemis se teletransporta e Anya vira-se para Gabriel:

– O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? LEVÁ-LA AO OUTRO LADO DA FRONTEIRA? E O QUE ACONTECEU COM O SEU PROTESTO ANTI-ÁRTEMIS AGORA A POUCO? – Gabe sorri zombeteiramente para Anya:

– Não era exatamente um protesto, mas parece que a personalidade dela é bem mais oculta do que eu presumi. Isso torna as coisas interessantes. E também, eu quero ver o circo pegar fogo. – diz ele com um brilho nos olhos. – Posso me segurar para não estraçalhá-la por enquanto. – Anya o encara, indignada e atordoada ao mesmo tempo:

– Gabriel, no que você está pensando? – Gabe começa a andar despreocupadamente até a porta:

– Aposto que a Ártemis vai dar uma surra no Chrys e ele não vai revidar.

– Desde quando você se importa tanto com a Ártemis?

– Por quê? Ciúme? – pergunta ele, sorrindo amplamente. A loira revira os olhos e volta a encará-lo:

– Só... Se cuidem. Você sabe... No outro lado da fronteira.

– Ninguém nos verá. Posso garantir isso. – A garota segura o braço de Gabriel e os dois param. Ela o fita no fundo dos olhos, suplicando:

– Por favor, tome cuidado. E cuide do Chrys e da Artie também. Se alguma coisa acontecer...

– NADA vai acontecer, Anya. Seremos cautelosos, acredite. Agora eu tenho que ir. – Ele se inclina e dá um beijo rápido na testa de Anya – Nos veremos quando eu voltar. – Gabriel sai pela porta e segue para o elevador. Ele aperta o botão e espera. Quando as portas se abrem, ele vê Leto e ela sorri. Ele assente e entra no elevador.

– Boa tarde, Gabriel.

– Olá, Leto. – Ela franze o cenho por um segundo olhando as asas do garoto e sorri consigo mesma. – O que foi?

– Posso fazer uma pergunta? Nada sério, só curiosidade mesmo. – Gabriel assente, um pouco hesitante. Leto sorri ainda mais, o que a faz parecer uma versão bem adulta de Ártemis, tirando os olhos azuis. – Sempre quis perguntar ao Adnos, mas... Bem, as asas são muito pesadas?

– Hmm... – Gabriel deixa as asas se arrastarem no chão por um momento, depois diz – Um pouco. Mas você acaba se acostumando com elas. – Leto assente e segura as mãos em frente ao corpo, com um sorriso pequeno nos lábios:

– É que estou tentando criar um aparelho novo para os Caçadores. Será muito útil nas futuras missões.

– Dará asas a eles?

– Também. – Gabriel ergue uma sobrancelha e Leto suspira – Estamos trabalhando em um apetrecho que permite nos transformar em outra coisa... Algo para ajudar com a camuflagem.

As portas se abrem e Gabriel sai do elevador. As portas fecham logo em seguida. Ele anda a passos largos até a entrada do térreo, ignorando alguns Caçadores espalhados pelos sofás com suas namoradas também Caçadoras. Gabriel simplesmente não consegue entender como alguns deles têm essa capacidade de encontrar esse tipo de amor no Templo das Luas Gêmeas. Para ele, Anya é como uma irmã, Lexis é como se fosse de sua própria família há séculos, e Ártemis... Bem, aparentemente Ártemis é só uma garota que ele se segura para não estrangular.

Ele sai pela porta da frente, dando de cara com a própria Art muito impaciente, mas Gabe nunca a viu assim antes. Tão irritada, tão impaciente, tão... É claro que ela está furiosa. Ela anda até Gabriel, que percebe seus olhos faiscando:

– Podemos ir? – Ele sorri para ela, um sorriso que faria dezenas de garotas desmaiarem por ele. Mas não Ártemis. E não agora, porque ela está irremediavelmente furiosa.

– Bem, esse é o plano. – responde ele, olhando fixamente para ela. Artie para por um segundo e olha nos olhos de Gabriel. Percebe que o olho esquerdo é verde como antes, porém o direito está... Azul? Ela franze o cenho e balança a cabeça em seguida. Tem coisas bem mais importantes para se preocupar agora. Ela ergue os ombros e se vira, começando a andar com passos decididos. – Aonde vai? – pergunta Gabriel calmamente. Ártemis respira fundo e olha para ele:

– Darken. – Diz ela, simplesmente. Gabe sorri ainda mais, o que poderia fazer milhares de garotas desmaiarem por ele. “Ah, então ela fica monossilábica quando está furiosa”; pensa ele. – Ou você prefere me carregar? – pergunta ela com aspereza. Gabe segura o queixo e faz uma cara como se estivesse refletindo e em seguida ri. Depois se aproxima muito mais de Ártemis e continua sorrindo:

– Acho que eu prefiro... – Artie percebe que agora o olho esquerdo de Gabriel começa a ficar azul como o direito quando ele chega ainda mais perto dela -... Que você vá com a Darken. Eu só vôo com alguém em casos de emergência. – Ártemis revira os olhos:

– CERTO. – Ela começa a andar mais rápido agora e segue em direção aos estábulos. Existem estábulos de cavalos, de grifos, de pégasos e mais alguns outros. Art vai até o estábulo de pégasos e entra, com Gabriel logo atrás dela. Segue apressada até ver uma pégaso negra de asas bem grandes e chama – Darken. – a pégaso ergue a cabeça na mesma hora e em seguida faz algo que surpreende tanto ela quanto Gabriel: o animal se põe de pé, assume uma postura de alazão, esticando suas asas e em seguida reverencia Ártemis.

Ártemis olha para Gabriel, que está tão chocado quanto ela, o ruivo se aproxima da garota sem nem sequer perceber que fez isso. Como se sentisse algo que o instigasse a protegê-la, algo que o fizesse sentir que ela precisa dele. E, embora ela detestasse admitir, talvez precisasse mesmo. Talvez Ártemis precisasse de todos eles de tal modo que agora ela seria capaz de fazer qualquer coisa por eles. Talvez ela só estivesse lutando contra seu instinto que diz a ela para proteger tanto Anya quanto Fred, Chrys e até mesmo Gabriel.

Art se apressa, prende a sela em Darken, puxa-a para fora do estábulo e monta em seguida. Respira fundo algumas vezes e tenta se controlar, suas mãos enroladas segurando a tira de couro. Gabriel a encara por alguns momentos longos demais e diz:

– Você está bem? Não vai desmaiar lá em cima nem nada, não é? – Artie se vira para ele, ambos olhando no fundo dos olhos um do outro. Um olhar intenso, do tipo que não permite deixar dúvidas. Ela respira fundo uma última vez e responde:

– Vou me controlar. Só... Estou tentando me preparar.

– Você já voou antes. – Gabriel a lembra – E nem faz tanto tempo assim.

– Eu voei com Chrys, não sozinha. E eu avisei que eu seria capaz de entrar em pânico em pleno vôo se fosse sozinha...

– AH – grita Gabriel, e Ártemis fixa o olhar nele. Ele a encara com voracidade, e ela percebe que o olho esquerdo volta ao verde enquanto o direito permanece azul. Agora é ele quem respira fundo – Eu levo você. Não precisa ficar fazendo drama.

Silêncio.

– Acha que eu dependo de você para isso? – Os olhos de Ártemis voltam a faiscar. Gabriel estica as asas e cruza os braços. Art balança a cabeça e trinca os dentes, uma expressão de raiva cobre seu rosto. Ela expira pesadamente e bate de leve em Darken com o calcanhar, fazendo a pégaso disparar para frente. Quando está prestes a entrar na floresta fechada, Ártemis a guia para cima, e Darken levanta vôo em segundos. O vento gelado no rosto da garota a faz ter uma sensação de um novo vigor. Ela sorri.

– EI, EU VI ISSO! – Artie vira o rosto e vê Gabriel há poucos metros ao seu lado. Fixa os olhos nele por alguns instantes e percebe que ele está... Ela franze o cenho e inclina a cabeça um pouco mais para perto dele. Sim, Gabriel está sorrindo.

– Por que está tão sorridente, Gabriel? – Art fica irritada – Devo recordá-lo de que nós não somos amigos?

– Eu sei disso perfeitamente bem, Ártemis. – Gabriel diz com seu ar de zombaria. Agora ambos os olhos do garoto estão azuis – Só estou sorrindo porque é engraçado ver você assim, toda irritadinha por tão pouca coisa.

– Então suponho que você saiba o motivo da briga entre os dois.

– As notícias se espalham rápido. Estou surpreso que ainda não saiba, ou que seja tão cega que não queira ver o que está bem debaixo do seu nariz.

– Diga. Logo. O. Maldito. Motivo.

– O. Motivo. É. Você. – Artie vira o rosto e olha no fundo dos olhos de Gabriel. – Quando eu estava te treinando, Chrys teve uma crise de ciúme e... “Deduziu” que você estava claramente se exibindo, no pior sentido da palavra, tanto para ele quanto para mim, e insinuou que eu “caí nos seus encantos”, se é que me entende. – Ártemis ruboriza-se tanto que tem medo que suas bochechas peguem fogo. Gabriel continua com seu ar zombeteiro – Apolo, como o perfeito cavalheiro que é, o príncipe encantado que salva donzelas nas horas vagas e que não permite que desonrem seus nomes, mandou ele calar a boca e aí os dois começaram a se espancar. Atena e Lexis tomaram providências e agora os dois não lideram mais ninguém. Nem eu, nem você, nem os Caçadores, nem os Olimpianos.

Silêncio novamente, porém desta vez nenhum dos dois o quebra. Eles nem são amigos, então porque deveriam quebrá-lo? Podem muito bem só dizer o necessário um ao outro. Gabriel segue em frente, guiando Darken até que eles começam a descer em disparada e Ártemis tem que segurar firme para não cair direto para a morte certa. Quando chegam ao chão, Gabriel avisa:

– Vamos seguir andando, só resta mais um ou dois quilômetros até a fronteira. De lá, veremos um bar que fica ao lado de uma estalagem bem antiga.

– Por que não vamos voando?

– Guardas mais ao sul. Com arqueiros. Acredite, não devíamos estar aqui. Se algum deles nos pegar, irão nos dissecar e comer nossas tripas no jantar de hoje. – Art olha para ele e Gabe dá de ombros – Ou só nos dedurar para Nyx. Mesmo assim, temos que tomar cuidado.

– Nyx não é tão má assim.

– Isso é porque você só viu o lado bonzinho dela, o que dá pirulitos e balinhas pra criancinhas doentes. Mas ela também tem um lado obscuro. E acho que ele não deve ser nenhum pouco agradável. – Eles seguem andando, Ártemis ainda montada em Darken e Gabriel puxando o animal pela tira de couro. Adentram cada vez mais a floresta, quando começa a escurecer e Gabriel subitamente para. Ártemis permanece calada, pois já sabe o que isso significa. Gabriel acabou de encontrar o bar clandestino.


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Notas finais do capítulo

Então, o que estão achando? Por favor, comentem! Beijo e até o próximo capítulo!



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