A História não contada de Apolo e Ártemis escrita por Biah


Capítulo 15
Apenas Velhos Amigos


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu sinto muito, muito, muito, muito, muito, muito mesmo pelo atraso deste capítulo. Foi assim: 1º eu escrevi no meu laptop, mas aí o carregador pifou e eu não salvei no pen drive; depois eu fui viajar por uma semana, aí eu comecei a escrever, depois de um bom tempo com um baita bloqueio criativo na cabeça; depois eu levei uns (muitos) dias pra finalizar, aí fiquei cerca de uma semana passando pro pc e depois postar no celular... Sorry. Enfim, obrigada a todos que favoritam/estão acompanhando/comentam a fic e espero q gostem do capítulo. Beijão!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/488541/chapter/15

Circe está assistindo a mais uma sessão de tortura proporcionada à Ares. Ele é muito forte para métodos comuns de tortura, então cabe à bruxa dar um "empurrãozinho" para que funcione. Dois soldados de Hécate encarregados de tornar isso o pior possível etão encharcando chicotes em uma substância que é metade veneno, metade ácido, feita pela própria Hécate.

Circe está estalando os dedos com uma cara de desinteresse para Ares, que está acorrentado com os braços bem esticados para cima. Está sem camisa e sua calça está em farrapos, manchada de sangue dourado. Circe se aproxima dele:

– Ei, grandão. - Ela sorri como se fosse amiga de Ares, que a encara com uma expressão de puro ódio no rosto. - Vamos fazer mais algumas sessões, Ares. Só estou cumprindo ordens, entende? - Ele bufa, a olha com desprezo e desvia o olhar para a parede. Circe franze o cenho e faz uma expressão de pesar, depois olha para os soldados:

– Saiam daqui. - Um deles para de mexer com os chicotes e diz, sério:

– Não terminamos o serviço. - Circe lhe lança um olhar mortal e grita:

– SAIAM! AGORA! - O soldado baixa a acabeça imediatamente:

– Sim, senhora. Desculpe, senhora. - Os dois saem da sala e deixam Ares e Circe sozinhos. A bruxa começa a andar de um lado para o outro com as mãos na cintura. Ela se volta para Ares:

– Eu já te disse que há outro jeito. Você podia...

– Não. - Responde ele.

– Mas Ares, você poderia sair daqui - ela dá um passo em direção a ele - As torturas acabariam - ela fica frente a frente com ele - E... Estaríamos juntos nessa. - Ela o fita e sorri - A gente podia até fugir, se você quisesse. - Ares só olha para Circe com ódio ou desprezo.

– Não. - Repete ele, no mesmo tom de antes - Jamais te perdoarei depois do que fizeram com Afrodite. - Os olhos de Circe se enchem de lágrimas:

– Não fui eu, Ares. Eu nunca faria isso com Afrodite, você sabe. Mesmo que ela tenha roubado de mim a coisa mais preciosa que eu tinha. Você me conhece. Você SABE, Ares. - Ele balança a cabeça negativamente:

– Não a conheço mais. - E desvia o olhar. Ambos ficam em silêncio por um longo tempo. Há muito tempo, quando Zeus ainda permitia que os Olimpianos fossem a Gaia, Ares e Circe eram amigos. Antes da ambição de Hécate pelo poder, antes de Hermes nascer, antes dos soldados serem treinados a serem letais, antes de Ártemis e Apolo crescerem. Antes de Ares conhecer Afrodite. Tantas foram as vezes em que Ares se machucara gravemente e Circe ajudava a curá-lo com seus poderes; em que Ares a amparava quando Circe se feria tentando aprender a usar uma espada; em que ambos competiam incessantemente sempre desafiando um ao outro a fazerem coisas estúpidas... Até Ares conhecer Afrodite. Afrodite era inocente, delicada, enquanto Circe era, bem... Circe. Circe, a melhor amiga de Ares, e não Circe, a bruxa filha de Hécate.

Depois que Afrodite surgiu em sua vida, Ares simplesmente largou tudo por ela. Passou a conviver cada vez menos com os humanos, deixou de aparecer no treino, esqueceu-se de si mesmo. Estava hipnotizado por Afrodite. E, consequentemente, esqueceu-se de Circe.

– Eu ia salvá-la. - Sussurra Circe. Ares olha para ela:

– O quê? - pergunta ele. Algumas lágrimas começam a escorrer do rosto da bruxa:

– Eu ia salvá-la. - repete ela, com a voz embargada - Pra você. Ia salvá-la pra você. Porque sei que você gosta dela. - ela suspira, tentando conter o nervosismo - Assim que soube que ela estava aqui, comecei a pensar em um plano para libertá-la pra você. Porque sei que você daria a sua vida pela vida dela. - Ares não diz nada, apenas olha, impressionado, para Circe. Ela continua:

– Planejava libertá-la de dia, sem levantar suspeitas. Mas Ártemis foi mais rápida que eu. Ela salvou Afrodite na noite anterior ao dia em que EU iria salvá-la. - Ela respira fundo - E-Eu tinha a esperança de que poderíamos voltar ao que éramos antes. De que você me perdoaria se eu salvasse Afrodite. Mas agora - ela balança a cabeça lentamente - tudo está diferente. Hécate SABE que Ártemis esteve aqui com os Caçadores. Agora ela irá destruí-los também. Hécate é muito cruel, Ares. - Ele a mede da cabeça aos pés e volta a olhar nos olhos dela com frieza:

– É, isso deve estar no sangue. - Circe arqueia as sobrancelhas e franze o cenho em seguida:

– Você acha que eu tenho o mesmo sangue de Hécate?! - diz ela, indignada - Ares, ela matou os meus pais biológicos e me tomou para si. Ela matou os meus pais NA MINHA FRENTE.

– MAS VOCÊ MATOU TODOS OS OLIMPIANOS! - acusa ele.

– PORQUE SABIA QUE ERAM IMORTAIS! - grita Circe - Ao contrário do que todos vocês pensam, eu não sou só mais um soldado seguindo as ordens de Hécate. Ao contrário do que vocês pensam, Hécate não exerce nenhuma espécie de controle sobre mim. Eu faço o que eu quero.

– Então você quer me machucar? - sibila Ares, entre dentes cerrados.

– Não queira jogar minhas palavras contra mim. Eu jogo esse jogo há muito mais tempo que você.

– Você não me respondeu: quer me machucar ou não?

– Ares, eu já disse: só estou cumprindo ordens. Hécate não me controla, mas ela acha que sim. Estou fingindo - Circe suspira - para tentar te tirar daqui. Porque me preocupo com você. E não quero que morra. Porém, para isso acontecer, as sessões vão ter que continuar: faz parte do disfarce. - Ares dá um meio sorriso:

– Você também vai poder se vingar de mim. - Circe sorri:

– Isso é só um bônus.

{...}

– Mais forte. - diz Gabriel. Ártemis deposita mais três socos no saco de areia. Gabriel a encara rigidamente - Isso não é suficiente. Mais forte.

– Estou cansada, Gabriel. O que mais esperava? Você me acordou no meio da noite.

– Foi você que pediu a minha ajuda. - Ártemis respira fundo.

– Acha que vou conseguir melhorar? – pergunta ela. Gabriel cruza os braços:

– Precisa se esforçar mais. – Artie assente – Não vai ser fácil. – Avisa Gabe – Quando surgiu essa sua necessidade de melhorar em tudo?

– Agora sou uma líder, Gabriel. Eu, Apolo e Chrys somos os líderes do que quer que isso seja.

– Hum. – diz Gabriel – E o que temos até agora?

– Eu, você, Chrys, Anya, Fred, Apolo, Atena, Hermes, Dionísio, Hefesto, Afrodite, Hebe e Res.

– Pouco para um exército, não acha?

– Exército?

– Você não acha MESMO que temos qualquer chance com Hécate sem um exército, acha?

– É claro que NÃO. É só que... Se quisermos, podemos ser melhores que o exército de Hécate. Bem melhores. – Ela volta a socar, cada vez com mais força, o saco de areia. – Sei que você não gosta de mim. Não precisa ficar fingindo para os seus amigos.

– Eles insistem que agora você também é amiga deles. – ironiza Gabriel. Ártemis continua com os socos, o suor acumulado na testa e a respiração acelerada.

– Mas isso não significa que nós dois sejamos amigos, não é? – O ruivo sorri debochadamente:

– Finalmente você está entendendo as coisas por aqui. – Ártemis olha para Gabriel de soslaio:

– Posso confiar em você?

– Não. – Art soca uma última vez, o soco mais forte, e depois, silêncio. A garota começa a massagear suas mãos, mordendo o lábio inferior para abafar os gritos de dor. Gabriel fita as mãos dela: estão realmente machucadas, principalmente nas juntas. – Quer que eu dê uma olhada nisso? – sugere ele. Ártemis hesita a princípio, porém acaba cedendo, já que a dor em suas mãos é alarmante. O garoto fita as mãos dela atentamente, procurando machucados mais graves; no entanto, a coisa mais grave nas mãos de Ártemis são as juntas, que, por pouco, não estão sangrando.

– Se eu tivesse usado a força dos Olimpianos, as minhas mãos não estariam desse jeito. – Queixa-se a morena – Não entendo porque não posso usar.

– Porque você precisa treinar a sua força DE VERDADE. A força dos Olimpianos é só um truque. – Ártemis respira fundo, irritada. Gabriel segura as mãos de Ártemis suavemente; e imediatamente ela sente como se uma energia boa passasse das mãos dele para as dela.

Um leve brilho azulado sai da ponta dos dedos de Gabriel e passa para as mãos de Ártemis.

– O que é isso? - sussurra ela.

– Um velho truque que uso desde pequeno. Não se mexa. - Artie prende a respiração e arregala os olhos para suas mãos, como se elas fossem explodir a qualquer momento. Gabriel ri - Calma, é só ficar parada. - Ela concorda com a cabeça rapidamente e solta a respiração. - Você nunca foi curada usando magia?

– Não que eu me lembre. Na maioria das vezes é Apolo quem cuida de meus ferimentos de caça e ele prefere a medicina. - Gabriel ergue os olhos para ela, que dá de ombros - Não dava tempo de Leto chegar já que a floresta era longe de casa, então o Apolo se virava, tanto com medicina quanto com magia. De qualquer forma, ele é muito bom no que faz. - Gabriel assente. Ártemis suspira. - Tomara que todos consigamos ficar melhores.

– Tenho plena certeza de que nos sairemos bem.

– Mas nós... Teremos que lutar.

– Nada que não tenhamos feito mil vezes antes.

– Caçadores... - murmura Ártemis. Gabriel a encara:

– O que disse? - Ela baixa o olhar:

– Não sei se eles estão preparados. - Gabriel coloca uma de suas mãos no ombro de Ártemis:

– Ei. - chama ele. Ártemis levanta os olhos tristes para o garoto, que sorri - Vamos conseguir. Seremos melhores que eles.

– Nós SOMOS melhores que eles. - Gabriel e Ártemis se viram e vêem um garoto de asas enormes, cabelo preto e olhos azuis, um pouco mais novo que eles, porém um pouco mais alto que Ártemis e mais baixo que Gabriel. Está com roupas simples, um arco enorme nas costas e uma aljava de flechas brilhantes presa na calça. Ele sorri para Ártemis - Você esqueceu de me incluir na sua contagem. - Ela coloca as mãos na cintura e fica séria:

– O que é você? - Ele anda despreocupadamente até ficar de frente para ela. Gabriel já fica com a mão na espada, porém o garoto percebe e se vira para ele:

– Poupe o esforço, Caçador. Não vim aqui para lutar. E quanto à mim - ele se volta para Ártemis - Sou a mesma coisa que você. E você sabe o que eu sou. - Ártemis olha o menino da cabeça aos pés. De alguma forma, ele lhe é familiar. Ela olha para os olhos dele, muito azuis, e para suas asas, grandes e fortes. Parecem até mais gloriosas que as asas de Gabriel. Impossível.

Adnos foi claro quando explicou que sua espécie, a mesma de Gabriel ( Ιππότες των Θεών, os Cavaleiros dos Deuses), possuem grau semelhante em beleza, eficiência e esplendor. Mas, de alguma maneira, o garoto parado em frente à Art parece bem diferente. Então, ele não faz parte dos Cavaleiros.

"Nós somos a mesma coisa", pensa Ártemis, "SINTO isso de algum modo. Mas... O que eu sou? Uma Caçadora, uma deusa ou uma... Mortal? Não. Só há uma coisa que eu tenho certeza de que sou: uma Olimpiana". Ártemis fixa o olhar no garoto misterioso por longos instantes. Não é à toa que seu rosto lhe parece familiar, até mesmo familiar demais. É claro que ela se lembra dele; e como poderia esquecer, se a morte dele foi uma das causas que a fizeram ir ao resgate de Afrodite? No entanto, por mais estranha que seja essa situação, Ártemis acaba sorrindo e dizendo:

– Bem vindo de volta ao mundo dos vivos, Eros. - Eros sorri:

– Obrigado, Ártemis.

{...}

Hermes, Dionísio e Fred ajudam Hefesto a levar as armas até a Sala de Treinamento.

– Deixem em cima daquela mesa. - Ordena Hefesto, apontando para uma mesa no canto da sala. - Não fiquem mexendo muito com elas, é perigoso.

– Perigoso é você chamar o Dionísio bêbado para carregar armas. - diz Hermes.

– EI! - grita Dionísio - Eu só encho a cara porque "sô" insuportável quando "tô" sóbrio!

– VOCÊ É INSUPORTÁVEL DE QUALQUER JEITO! - grita Hermes.

– VOCÊ É UM MALDITO DE UM FOFOQUEIRO, ISSO SIM QUE VOCÊ É! - grita Dionísio.

– BEBUM!

– FIFI!

– BEBUM!

– FIFI!

– BEBUM!

– FIF...

– CHEGA VOCÊS DOIS! - grita Fred - NÃO AGUENTO MAIS VOCÊS! - Ele se vira para Hefesto - Eles são sempre assim? - pergunta.

– Vai se acostumando, rapaz. - aconselha Hefesto - Você ainda não viu nada.

– Podem ir tirando essas armas daí. Eu vou usar essa mesa. - exige Atena ao entrar na sala, equilibrando uma pilha enorme de livros em seus braços. - A mesa de armas é aquela. - Ela indica com o nariz uma mesa vazia ao lado das armas da parede.

– Rapazes, por favor. - pede Hefesto. Hermes, Fred e Dionísio pegam as armas e colocam na outra mesa, e Dionísio resmunga algo ininteligível. Anya entra na sala:

– Alguém viu o Chrys ou a Artie?

– Nenhum dos dois apareceu por aqui, Anya. - avisa Fred. Anya franze o cenho.

– Eu estou bem atrás de você, Anya. - informa Chrys; Anya vira de costas rapidamente e estranha o que vê: Chrys e Apolo andando lado a lado.

– Não vimos Ártemis desde ontem à noite - acrescenta Apolo - tal como vocês.

– Ela e o Gabriel saíram de fininho no meio da noite. - diz uma garota de cabelo roxo sentada no peitoril da janela olhando para fora.

– Há quanto tempo você está aqui, Lexis? - questiona Chrys com seriedade - E para onde eles foram? - Lexis gira a cabeça lentamente até cravar os olhos nos dele:

– Não vi nada de mais, Chrys. Só uma menina de mãos dadas com um anjo.

– GABRIEL NÃO É UM ANJO! - Berra Chrys. Apolo cerra os punhos:

– Sabia que tinha ouvido alguma coisa ontem à noite. - pragueja Apolo.

– Aquele imbecil estava de olho nela! Mas também, com ela se insinuando toda pra nós dois... - Apolo agarra a camiseta de Chrys com uma força surreal:

– CALA ESSA BOCA! - Chrys sorri, zombando de Apolo:

– E vai fazer o quê, RAIO DE SOL? - debocha ele. Sem pensar duas vezes, Apolo segura Chrys pela jaqueta com as duas mãos e o arremessa pela janela, que é estilhaçada em milhares de pedacinhos.

– APOLO! - grita Atena, mas Apolo está furioso demais para lhe dar ouvidos agora. Ele vê Chrys caído no meio de uma cratera e pula a janela quebrada. Ele corre até Chrys e chuta o tórax dele, fazendo-o cuspir sangue no chão. Chrys, apesar de muito ferido, não se deixa abalar e deita de barriga para cima, rindo:

– Parabéns, raio de sol. Finalmente está fazendo alguma coisa. - Apolo cerra o punho e rosna entre dentes:

– Levante-se e lute. - Chrys sorri diabolicamente:

– Finalmente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando? Desculpem novamente pelo atraso e , por favor, comentem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A História não contada de Apolo e Ártemis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.