- Nessie? - perguntou Jacob meio sem jeito - Quer dançar?
 Virei-me pra ele, sorrindo, Jake estava de pé do meu lado.
 - Claro - mas só com ele- acrescentei em minha mente.
 - Vamos - disse, me estendendo a mão. Peguei-a e fomos para o meio da pista.
 Dançamos abraçados, apenas nos movimentando pouco no ritmo da musica. Eu queria ,- aliás, precisava - conversar com ele. A sós. Então, quando Alice se aproximou, entre seus passos de dança, lhe enviei uma mensagem acelerada. A imagem de um relógio, depois o ponteiro mudava de posição, e uma imagem minha cortando o bolo. Ela entendeu.
 - Pode ir - falou simplesmente
 - Obrigada - respondi baixo
 - O que foi? - perguntou Jacob. Mostrei a ele, nós dois saindo pela porta da garagem. Ele entendeu - Vamos então - e pegou minha mão me levando até a porta.
 "Fique aqui pai" ordenei "É para todo mundo ficar aqui. Quero conversar com Jake. A sós" completei.
 - Não acho que poderemos conversar em paz aqui - me falou quando chegamos à garagem - Seu pai ainda pode ler nossos pensamentos a essa distancia. E acho que sua familia pode nos ouvir daqui.
 - Não pensei em ficar aqui - falei enquanto o abraçava
 - Entendo. E aonde quer ir?
 - Hm... Conhece algum lugar onde podemos conversar em paz? - e me afastei alguns centímetros, o suficiente para ver seu rosto
 Ele hesitou um instante. Respondeu com seu sorriso que sempre iluminaria a noite mais escura
 - Vem logo. Temos que voltar antes que seus convidados sintam sua falta. - Sorri e o acompanhei.
 Nunca tinha ido a lugares públicos antes. Exceto o shopping, mas nunca fui passear na rua. Muito menos à noite. As luzes e sons são fascinantes.
 - Aonde vamos? - perguntei depois de duas quadras
 - Você vai ver - falou simplesmente, com aquele seu maravilhoso sorriso no rosto.
 Caminhamos por mais quadras, até que ele parou na entrada de um parque.
 - Ninguém vem aqui. Foi abandonado há alguns anos por causa de vândalos - me explicou ao ver minha expressão. Afinal, em parques públicos não é de costume ter privacidade. Concordei e entramos.
 - Por que você pensou nesse lugar?Um parque abandonado?
 - Já que mais ninguém vem aqui, achei que seria bom para conversarmos - disse calmamente. E completou - E não acho que ladrões e o que quer que seja, são problemas para um cara do meu tamanho.
 - Ainda mais porque você é um Lobo - murmurei, enquanto caminhávamos abraçados pelo parque.
 - E estou acompanhado de uma mestiça de vampiro.
 - Somos um casal estranho. -concordei.
 Rimos e continuamos caminhando até o centro do parque. Sentamos em um dos poucos bancos que restavam inteiros. Ali, as árvores eram menores sendo possível ver o céu.
 - Hoje o céu está lindo. Não há nuvens. Da para ver praticamente todas as estrelas.
 - Verdade - murmurei. Ele soltou um suspiro pesado.
 - Bem... Sobre o que queria conversar?
 - Sobre duas coisas. Mas me parece que são ligadas, ou senão, a mesma.
 - Acho que sei o que é - falou num tom de voz estranho. Pareceu-me... Triste - Continue.
 Respirei fundo. É agora a hora. Ele não tem escapatória, vai ter que me explicar.
 - Hoje mais cedo, você disse que ainda não tinha me contado tudo. E que depois iria me explicar, ainda não me falou nada a respeito. E segundo: o que é impriting? Já ouvi sobre isso antes, em casa, na reserva, mas nunca soube o que significava.
 - Acertou. No fundo é a mesma coisa.
 - Você pode explicar? - desafiei-o
 - Hm. - ele murmurou, e refletiu por um momento - Você está pronta para ouvir. Mas não sei se estou completamente pronto para te contar... Tenho medo...
 - Do que? - perguntei assustada. Afinal, o que poderia dar medo à Jacob?
 - De te perder.
 - Isso não vai acontecer - falei convicta, passando a mão pelos seus cabelos - É uma promessa.
 - Não prometa o que poderá se arrepender depois - falou tristemente.
 - Eu não vou me arrepender - falei firmemente.
 - Tá - concordou cabisbaixo - Você não quer ouvir a historia?
 - Quero.
 - Seus pais, mais especificamente sua mãe, já lhe contaram a historia deles?
 - Não. Por quê?
 - Por que isso adiantaria bastante coisa. Mas vejo que vou ter de começar do começo.
 - Então é melhor começar - murmurei o apressando
 - Há uns... Sete anos e meio, acho, sua mãe veio pra Forks, morar com Charlie. No dia que ela chegou, seu avô comprou pra ela uma caminhonete que eu montei. Fui com Billy levá-la. Eu me apaixonei por ela no instante que a vi - nessa hora, ele parou e olhou para mim. Meu rosto devia estar sem expressão.
 Estava em choque. Como assim ele era apaixonado pela minha mãe?
 - Continue - foi tudo o que consegui dizer sem que minha voz me entregasse.
 - Certo. Depois de algum tempo, fiquei sabendo que ela e Edward estavam juntos. Bem, isso me irritou um bocado. Hm... - ele pensou um segundo - Depois de uma semana do aniversario de 18 anos de Bella, os Cullens desapareceram, e depois de uns 5 meses  acho, sua mãe apareceu em casa com duas motos, pedindo pra que eu consertasse e ensinasse ela a pilotar, que uma delas seria minha. Fiquei com a Harley. Ainda tenho. - realmente eu me lembro dessa moto. Ficava na garagem dos Black, e também  me lembro de Jacob já ter dito que a moto foi presente de minha mãe - Só eu aceitaria ensinar ela a pilotar, sem Charlie saber. Aliás, eu faria qualquer coisa por ela. Principalmente naquela época.
 Ele parou para tomar fôlego.
 - Continuando a historia, depois de algumas aulas, eu me transformei. Fiquei desesperado. Eu era um perigo para a Bella. Mas, ela já estava dentro dessa historia toda, e acabamos salvando ela de um vampiro que queria matá-la. Pelo o que ela explicou, esse era amigo, de um que o Edward matou porque queria matá-la. Ela vai saber explicar melhor. Depois de, um mês, acho, Edward foi atrás dos Volturi, pra que eles o matassem. Ele achou que Bella havia se matado. Na verdade ela pulou de um penhasco, Alice viu, mas não viu Bella saindo da água, pelo simples fato de que fui eu que a tirei de lá. Mas na época não sabíamos que Alice era "cega" em relação aos Lobos. Só que a baixinha levou Bella pra Itália, pra impedir seu pai. Elas chegaram um tanto quanto atrasadas, e os Volturi os pegaram. Só conseguiram sair de lá, com a condição de que Bella ou se tornaria vampira ou morreria. Logo. O pior é que eles viriam "checar". Fiquei muito bravo com essa historia toda. Depois de algum tempo, Victoria, a companheira do primeiro vampiro que tentou matar sua mãe, queria vingança de Edward. Só que ela quis matar Bella. “Companheiro por companheiro”. E ela formou um exercito de recém-criados. Para impedi-la, formamos a primeira aliança Lobos-Vampiros. Os Volturi apareceram nesse dia. Mas já tínhamos acabado com tudo. Eles só encontraram fogueiras. Eu saí com algumas costelas quebradas. Carlisle teve que quebrá-las de novo - senti ele se arrepiar -, já que minha cura super-rápida as colou no lugar errado. Isso com certeza é uma experiência que eu não quero repetir - sua voz estava divertida nessa ultima frase.
 - Hum. Certo tempo depois disso, recebi a noticia de que eles iam se casar. Fiquei tão... Bravo, que me transformei e saí correndo. Como Lobo os sentimentos humanos são 'bloqueados'. Sem perceber, comecei a voltar. E apareci no dia do casamento. Fiquei ao mesmo tempo aliviado e muito nervoso. Já que iriam esperar a lua de mel acabar para transformá-la, e por que ela ia ter uma lua de mel. Afinal, com um vampiro? Isso é suicídio. Mas sua mãe foi teimosa, não ouviu a voz da razão, e foi. Depois de um mês, soube que eles tinham voltado. Charlie disse que ela estava "doente" e não o deixavam vê-la. Fui até a mansão, saber o que tinha realmente acontecido. Se ela tinha morrido, ou sido transformada. Cheguei lá, e minha surpresa: ela estava viva, ou melhor, se agarrando ao pouco de vida que lhe restava. Enquanto uma 'criatura' a sugava a vida de dentro pra fora. Tentamos fazê-la abortar, mas ela não quis. Amava o bebê demais. Mais que a si mesma. Teimosa como sempre, não ouviu a ninguém. Se não déssemos um jeito, e logo, as duas iriam morrer. Odiei a criatura com todas as minhas forças. Como ela ousava tirar a minha Bella de mim, assim desse jeito? A linda, doce, frágil, ingênua, teimosa e humana Bella. Tentei ir embora. Não queria vê-la morrer. Mas, quanto maior a barriga ficava mais eu necessitava de estar perto dela. Era como se o bebe tivesse um campo gravitacional, para qual eu fui sugado.
 Ele parou nesse ponto. Eu tinha tantas perguntas, mas estava me concentrando em não chorar. Como assim ele era apaixonado pela minha mãe? Como ele me odiava? Sendo que há pouco tempo ele disse que me amava, como já tinha me dito inúmeras vezes. Será que foi tudo mentira?
 - Bella não se deixou abater com a perspectiva de morte - ele continuou, já que eu não disse nada - Ela tinha um plano. Vampirização de emergência. Funcionou com Edward, Esme, Rosalie e Emmett. Por que não funcionaria com ela? Funcionou, mas por pouco. Dois dias depois que eu cheguei, ela fez o movimento errado. Ela se curvou para um lado, e o bebe para o outro. Infelizmente acertou a coluna. Levaram-na para cima, e fizeram o parto na biblioteca. A criança nasceu, e Bella quase morreu. Ela estava morta. Seu coração havia parado de bater, e a transformação nem havia começado. Desisti. Minha vida não tinha mais sentido. Lá estava Edward tentando reanimar o cadáver da única garota qual nos dois já tínhamos amado ate o momento. Desci as escadas,  derrotado - eu estava tentando ao máximo não imaginar as cenas que ele me contava - Vi Rose num canto, com o bebe. O bebe que eu acreditava ter roubado a vida da garota que eu amava. Preparei-me para atacar. Despedaçaria a loira, e mataria o bebe. Simples. Mas a loira se virou um momento antes de me transformar. E me permitiu assim, ver a garota. No instante em que pus os olhos nela, esqueci imediatamente por que queria matá-la. Esqueci tudo e todos. Só ela me importava. Toda a minha raiva passou, e o ódio se dissipou. Senti que todos os cordões que me prediam  nesse mundo, meu pai, a matilha, a garota morta lá em cima, foram cortados. Foram substituídos, por novos cordões, não, cordões não. Cabos de aço seriam mais precisos. Todos, me prendendo ao meu centro do universo. Ela. Você.
 Fiquei sem palavras. Com certeza minha expressão era perplexa. Lembrei-me de quando minha mãe voltou de sua primeira caçada. Ela disse algo parecido com "Como pode, Jacob? Com meu bebe!" e me lembro dele ter respondido algo como "Não tive escolha, mas não era isso que você queria? Que fossemos da família?" e ela praticamente rosnou pra ele: "Mas não como meu genro!". Na hora não entendi. Alias, naquela época, nem sabia o que significava 'genro'.
 - E isso nos leva ao segundo assunto. - ele prosseguiu – O impriting, é uma coisa que acontece quando o Lobo põe os olhos em sua alma-gêmea. Ela se torna seu centro do universo, sua verdadeira razão de viver. Mas se o 'objeto' de impriting é muito jovem, com isso quero dizer uma criança ou bebe, o Lobo se torna o que ela precisar. Se precisar de um pai, um irmão, uma babá, um amigo, e por fim seu companheiro é isso que o Lobo será. Mas só o Lobo é preso ao compromisso. Se ela quiser, pode ir embora. Ela não é obrigada a ficar com ele. Mas, quem negaria tanto carinho, amor e a proteção de um Lobo?
 - Ninguém. – respondi,  minha voz num tom baixo.
 - Exato. Mas é por causa do impriting que tenho medo de te perder.
 - Mas - perguntei confusa - você não teve impriting comigo?
 - Sim. Mas você não é obrigada a ficar comigo - a voz dele estava embargada - Se quiser ficar brava comigo, me xingar, e ir embora - ele disse essa ultima parte praticamente chorando - pode ir.
 - Eu só estou brava por que você demorou muito tempo  para me contar tudo isso. Agora eu entendo realmente o que sinto - segurei seu rosto entre as mãos - Não chore querido - enxuguei uma lágrima teimosa dele - Eu te amo mais que tudo, e nada vai nos separar. Ouça. Se não fosse o impriting, minha vida seria vazia, já que eu não teria você.
 - Te amo tanto.
 - Te amo mais, Jacob Black.
 - Como pode saber, Renesmee Cullen?
 - Simplesmente eu sei - sorri e lhe dei um beijo.
 Ele soltou um suspiro pesado, e disse olhando o céu:
 - Melhor voltarmos. Seus pais devem estar nos procurando, e Alice deve estar arrancando os cabelos.
 - Melhor mesmo. Não quero minha tia careca - falei enquanto nos levantávamos e riamos - Hm... Não tem outro caminho menos movimentado?
 - Acho que sim. Por quê?
 - Que tal corrermos?
 - Ótima idéia. Se formos por trás do parque, acho que não seremos vistos.
 Fomos. Em menos de cinco minutos estávamos na quadra de trás do salão.
 - Pena que é perto.
 - É mesmo. Acho melhor andarmos feito humano agora, e irmos pela rua principal.
 - Então vamos - e peguei sua mão, me lembrando de bloquear meus pensamentos.
 Na porta do salão, estavam meus pais e Alice. Minha mãe, parecia preocupada, meu pai bravo, e Alice calma e alegre.
 - Eu disse que eles estavam bem - falou ela quando chegamos perto
 - Quieta Alice! Você  não pode ter certeza, já que não pode vê-los! - meu pai quase rosnou
 - Pai! Não briga com ela! Estamos bem. Só queria conversar com Jake. "A sós"- completei em pensamento.
 - Mas o importante é que estão bem - disse minha mãe, enquanto vinha me abraçar e lançava um olhar de "nunca-mais-tire-ela-de-perto-de-mim" à Jake - Vocês podiam ter avisado, né?
 - Eu disse à Alice que ia sair - olhei para ela - Aliás, pedi pra ela me esperar, o que dá no mesmo. E se eu tivesse dito realmente que ia sair, vocês teriam me impedido dizendo que podia esperar - "principalmente você, pai" -reforcei
 - E foi bom termos conversado - completou Jake - Contei tudo à ela, Edward.
 - E... - incitou Alice, risonha.
 - E estamos bem, e juntos - respondi.
 - Que maravilha! - ela quase deu um pulo de alegria.
 - Acho melhor entrarmos, filha - falou minha mãe, me abraçando - Seus convidados vão sentir sua falta.
~*~
Após ficar mais meia hora conversando com o restante dos convidados, Alice me fez cortar o bolo. Todos cantaram parabéns.
 - Faça um pedido, Nessie. - falou meu pai, quando eu estava quase assoprando as velas.