Maga, Bruxa ou Semideusa? - Hiatus escrita por Marina Leal


Capítulo 5
Capítulo 5 - Mais complicações


Notas iniciais do capítulo

sei que já postei a quantidade na sinopse, mas aqui está de novo, inscrições abertas:

Semideus (de preferência grego) - 5 Vagas disponíveis
Bruxo (a) - 10 Vagas disponíveis
Mago (a) Egípcio (a) - 10 Vagas disponíveis
Mago (a) Egípcio (a) e Semideus (a) - 3 Vagas disponíveis
Semideus (a) e Bruxo (a) - 2 Vagas disponíveis
Bruxo (a) e Mago (a) Egípcio (a) - 3 Vagas disponíveis



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– É algum tipo de pegadinha não é? Eu não posso ir para uma escola de bruxaria! Isso não existe! Pelo amor de Deus! – Exclamei levantando-me no mesmo instante.

Bruxa? Eu? Corta essa. Não é possível, só podia ser algum tipo de piada. Olhei para minha mãe, mas ela encarava a mulher, que por sua vez apenas olhava para mim com um leve toque de surpresa.

Ela pousou a xícara de chá na mesinha.

– Admito que essa não é a primeira vez que alguém reage dessa maneira ao receber essa notícia. – Disse a mulher, parecendo muito calma. – Mas admito que é a primeira vez que alguém não parece contente ou até mesmo empolgado ao saber que é bruxo, ou, no seu caso, bruxa.

A encarei, pelo seu olhar percebi que ela estava falando sério. Voltei ao meu lugar no sofá, minha cabeça girando a mil.

– Sempre que um aluno aceito em nossa escola descende de uma família que não é naturalmente bruxa, – começou a explicar enquanto remexia em algo no bolso da roupa quando fiquei calada – um professor é designado para explicar algumas coisas sobre nosso mundo, normalmente não venho pessoalmente à casa de um aluno novo, mas como os professores estão todos ocupados com o ano letivo de Hogwarts eu tive que vir.

Então ela revelou uma varinha, de no máximo uns 30 cm de comprimento. Eu olhei fixamente, não acreditava que aquele palito de madeira possuía algum tipo de magia.

Ela apontou para o pires.

– Sabe, srta. Vasconcelos, magia existe sim! Diffindo. – Disse e o pequeno prato partiu em dois, mamãe soltou um grito abafado.

– O pires já estava frágil. – Falei sem pensar. – Você deu sorte em falar isso pouco antes dele quebrar.

A mulher ergueu uma sobrancelha e então tornou a apontar a varinha para o pires quebrado.

Reparo. – Falou e o pires voltou a se tornar uma peça única como se as peças se atraíssem uma para a outra.

Engasguei com o que vi e a mulher parecia profundamente satisfeita com minha reação.

– Quem é você? O que eu sou? – Falei e olhei para minhas mãos, não tinham nada de especial.

– Pode me chamar de Professora Minerva. – Ela falou calmamente. – Sou uma bruxa, assim como você. Também sou diretora de Hogwarts, e lá nós ensinamos a controlar a magia e utilizá-la da melhor maneira possível. Não se preocupe, haverá outras crianças como você, que fazem coisas inexplicáveis.

Mas eu não estava mais escutando, olhava para uma fotografia acima do console da lareira que mostrava eu, Linda, Liz e Peter no Bristol's City Museum & Art Gallery.

– E meus amigos? – Perguntei de repente, me sentindo horrível enquanto lembranças perturbadoras me atingiam, sim, eu realmente havia feito coisas inexplicáveis.

A mulher seguiu meu olhar e deu um suspiro.

– Não sei lhe dizer se eles possuem os mesmos talentos que você. – Então de volta a mim. – Como a carta diz, você tem até 31 de julho para nos dar uma resposta, já expliquei à sua mãe como fazer isso, pense bem srta. Vasconcelos.

E com isso ouvi o som de uma bombinha estourando e a mulher sumiu.

Olhei para minha mãe.

– Você não acredita nela? – Falei depois de alguns segundos de silencio. – Não é?

Mamãe hesitou por um tempo longo demais para o meu gosto.

– Meu bem, – ela falou olhando para mim – admito que quando vi a professora Minerva, pensei que fosse algo relacionado ao seu pai...

Ergui a mão em sinal de parar, completamente confusa.

– Peraí! – Falei tentando me situar, parecia que o chão estava rodando, mas consegui verbalizar parte do que estava pensando. – Como assim meu pai? O que você quer dizer com isso? Você encontrou meu pai? Onde? Como?

Mamãe abriu a boca para falar, mas nesse momento a campainha tocou.

– Posso responder depois querida? Prometo que explicarei tudo. – Disse e notei uma preocupação ainda maior em seus olhos. – Depois da visita dela minha cabeça não para de rodar, só posso imaginar como a sua está.

A campainha tocou mais duas vezes, quem quer fosse estava com pressa, mas mamãe ignorou o som enquanto esperava uma resposta minha.

– Está bem. – Falei por fim e minha mãe pareceu aliviada quando saiu da sala de estar para abrir a porta.

Sentei no sofá e coloquei a cabeça entre as mãos. Várias perguntas giravam desconexas na minha mente e nenhuma parecendo ter muito sentido.

Então nesse momento ouço a voz de Liz vinda do hall de entrada. O que ela estava fazendo ali àquela hora? Levantei a cabeça.

– Eu sei que está tarde, perdoe-me pelo inconveniente dona Marcela, mas é realmente importante o que eu preciso falar com a Nat! – Minha amiga parecia bem agitada, logo ela entrou em meu campo de visão.

Seu rosto estava coberto com fuligem, as roupas estavam fumegantes em alguns pontos e nas mãos ela trazia os mais estranhos objetos que eu já havia visto: uma pequena peça encurvada de marfim parecida com um bumerangue e na outra mão estava um cajado enorme com a imagem de um leão entalhado no topo.

– Liz? O que é isso? – Perguntei alarmada enquanto levantava e ia até ela.

– Nat, você está bem? Não aconteceu nada com você? – Minha amiga perguntou, apesar de estar coberta de fuligem ela parecia bem.

– Estou, porque pergunta?

– Graças aos deuses eu consegui chegar aqui antes, há meses eu tenho a suspeita, mas só hoje tive a confirmação...

– Espera, confirmação de que? Do que você está falando? E porque você colocou “deuses” no plural? – Perguntei enquanto pensava “Por favor, que não haja mais nenhuma surpresa hoje.”.

– Nat, por favor, tente não pirar, mas não tem aqueles deuses egípcios que eu falei para você? – Perguntou e eu assenti levemente. – Bem, eles são reais. Tipo, eles realmente existem.

Tampei os ouvidos e sacudi a cabeça em negação como se fosse uma criança de cinco anos de idade. Olhei para minha mãe e ela parecia estar entrando em choque.

– Não, não, não. – Entoei enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro.

– Nat, por favor, não temos muito tempo, você tem que vir comigo! – Liz falava, mas eu não conseguia entender claramente a mensagem que ela tentava passar para mim.

– Liz, por favor. – Disse mamãe, pelo seu tom de voz baixo eu percebi que ela não estava nada bem. – Não sobrecarregue minha filha ainda mais, querida.

– Mas dona Marcela... – Olhei para minha amiga e implorei que ela não falasse mais nada apenas com o olhar. Se eu tivesse que ouvir mais alguma coisa estranha assim do nada, acho que não ia aguentar.

– Está bem. – Ela falou e se acomodou no sofá, seus olhos verdes me fitando com preocupação.

Eu queria gritar.

O que estava acontecendo com a minha vida? Certo, era legal ler livros de aventura, ver filmes, mas eu amava minha vida desse jeito, era comum? Sim. Tediosa? Às vezes, mas era boa.

Fechei os olhos e abaixei a cabeça, eu queria esquecer o que estava acontecendo, mas as palavras da professora Minerva soavam em meus ouvidos, misturadas com as da minha mãe sobre meu pai.

Respirei fundo uma vez. Duas. Perdi a noção do tempo que passei assim. Enfim olhei para cima, Liz me encarava preocupadamente, notei que mamãe estava sentada ao meu lado, mas não olhei para ela.

– Explique. – Eu disse por fim em voz baixa, tranquei a conversa com a professora Minerva em uma gaveta imaginária no canto da minha mente e decidi dar uma oportunidade para Liz, eu teria tempo para pirar depois. – Do começo, eu quero entender.

Liz começou a bater as mãos na coxa, do jeito que fazia quando ficava ansiosa.

– Certo. – Minha amiga olhou para mamãe. – Nat é uma descendente de um antigo faraó egípcio. Como não sabemos quem é o pai dela, eu suponho que seja pelo seu lado dona Marcela.

Olhei para mamãe, que comprimiu os lábios em uma linha fina quando Liz mencionou meu pai.

– Continue. – Ela disse rigidamente.

– Bem, eu também sou descendente de um antigo faraó, Ramsés II para ser mais exata. – Minha amiga parecia ainda mais agitada. – Nós somos conhecidas atualmente como “sangue dos Faraós”, temos talentos latentes para a magia, eu e você Nat.

Lá estava aquela palavra novamente ‘magia’, estremeci. E isso significava que...

– Bom, não sou muito boa para explicar esse tipo de coisa, mas já chamei meus professores do vigésimo primeiro nomo, eles devem chegar daqui a pouco e vão poder explicar tudo isso melhor que eu. – Ela disse e levou a mão ao pescoço, onde mantinha aquele estranho amuleto e interrompeu meus pensamentos. – Mas eu gostaria de ver o amuleto que você encontrou, será que eu posso?

Estreitei os olhos.

– Você disse que não sabia o que era. – Falei irritada e Liz se encolheu.

– Eu sei que disse, mas não podia falar para você na frente da Linda e do Peter, principalmente do Peter. – Ela parecia triste.

– Como assim? A Linda também é uma maga, ou bruxa, ou que quer que seja? – Falei atropelando as palavras e notei que Liz franziu a testa na palavra bruxa.

– Hum, eu não sei se seria uma boa ideia, sua mãe pediu para eu não sobrecarregar você ainda mais, acho que ela está certa. – Minha amiga desviou o olhar e me perguntei o motivo, será que era possível haver mais coisa? – Talvez depois a Linda possa te contar, acho que é melhor assim.

– Porque você não conta agora?

Liz olhou para mamãe, indecisa.

– Dona Marcela, – o tom da minha amiga estava contido, como se ela estivesse com medo do que ia falar – a senhora acredita nos deuses gregos?

Olhei para mamãe, eu achava que ela ia levantar e mandar minha amiga embora, aquilo parecia papo de doido. Mas minha mãe me surpreendeu dizendo:

– Sim, pois um deles é o pai da Natália. – Então ela olhou para mim, seus olhos mostravam uma mistura intensa de emoções que se passavam dentro dela. – É isso que eu queria te contar hoje meu bem, seu pai é o deus grego do sol, Apolo.

Senti como se o mundo estivesse rodando, minha mente parecia estar entrando em curto circuito, eu precisava parar de absorver tanta informação sobrenatural, senti a inconsciência me puxando, então deixei meu corpo desabar no sofá, que ótima hora para desmaiar.


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Notas finais do capítulo

espero que tenha gostado, se chegou até aqui, por favor, deixe um review.