Maga, Bruxa ou Semideusa? - Hiatus escrita por Marina Leal


Capítulo 6
Capítulo 6 - Conversando com o papai


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem como música de fundo a música Far Away (Tão Longe), então quem quiser ouvir ao ler digo que é uma boa ideia, mas interpretem como se fosse um pai ausente tentando ganhar a confiança da filha ok? Boa leitura.



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Eu esperava poder me desligar do mundo com meu adorado desmaio, mas ao invés de tudo ficar escuro e eu me sentir a deriva, me vi sentada ao lado de um cara muito lindo de no máximo 20 anos, com cabelos castanhos e olhos cor de caramelo. Usava jeans, uma bota de couro e uma camisa branca, o que o deixava com ar de supermodelo que pode usar qualquer coisa e ainda assim vai continuar lindo, estava sentado em um banco de madeira e tocava distraidamente acordes em uma guitarra, tenho que admitir que ele era muito bom.

Olhei ao redor, estávamos em uma espécie de auditório, com fileiras de poltronas vermelhas acolchoadas e portas duplas no final da sala, mas estava vazio. Voltei a olhar para o homem, e agora ele olhava tranquilamente para mim enquanto continuava tocando a guitarra.

– Me desculpe, mas quem é você?

Ele jogou a cabeça para trás e riu com diversão antes de olhar para mim novamente.

– Acho que realmente você não me reconhece, a única vez que me viu foi quando você tinha o quê? Dois meses de idade? – Ele tinha uma voz agradável e melodiosa e por algum motivo me fazia querer me deitar no colo dele e chorar. Ele suspirou e colocou a guitarra de lado, só quando ele fez isso foi que percebi que ele estava falando em um português perfeito e sem sotaque. – Sou seu pai Natália.

O encarei fixamente, não estava com ânimo para aquilo, afinal eu estava desmaiada, devia ter um pouco de sossego pelo menos ali. Não?

Suspirei com irritação.

– Olha senhor, você não pode ser meu pai. Meu pai é norte americano, você fala português, sumiu e deixou a minha mãe sozinha com uma filha para criar...

– Eu precisei deixar sua mãe. – Ele interrompeu, seus olhos mudaram de leves e brincalhões para extremamente preocupados como se mudasse de canal na tv. – Eu vi coisas no futuro dela e no seu também que não faziam muito sentido para mim e me deixaram preocupado, os outros deuses também não gostaram muito, Atena foi a que mais resistiu que você soubesse quem é.

Estreitei os olhos.

– Não estou entendendo nada. – Falei com a minha irritação cada vez mais crescente.

O homem sacudiu a cabeça.

– Não, suponho que não. Muito bem, acredito que eu deva começar me apresentando. – Ele estendeu uma das mãos para mim enquanto lançava um leve sorriso. – Meu nome é Apolo, sou o deus grego da música, das artes e de muitos outros títulos que acho que não interessam a você no momento e também sou seu pai.

Apertei a mão dele, ainda desconfiada.

– Acho melhor se sentar. – Ele falou e apontou para o outro banco de madeira que estava ao lado dele, revirei os olhos, mas segui sua sugestão.

– Ok, digamos que eu acredite que você é um deus, que é meu pai e blá, blá, blá. O que você quer comigo? Principalmente agora? – Eu falei em meu melhor tom de “eu não acredito em você, mas vou fingir que sim para te fazer feliz”.

Ele me olhou parecendo ofendido, mas superou a raiva em poucos segundos, parecia realmente preocupado comigo.

– De todos os filhos que tenho, você sempre foi um mistério para mim, por Zeus, tem o gênio igualzinho ao da mãe! – Ele disse com um suspiro, percebi que foi mais para ele do que para mim que disse isso. – Quando você nasceu eu tive uma visão de três caminhos possíveis à sua frente, porém estavam obscuros até mesmo para mim e por muito tempo eu me perguntei o que poderiam ser, até que seu destino se revelou hoje...

Eu pisquei, as palavras dele estavam soando muito parecidas com as de Liz, mas mesmo assim ainda não acreditava nele.

– Aham, sei. Porque então eu ainda acredito que está todo mundo me pregando uma peça? Que você é apenas fruto da minha imaginação em um dos meus sonhos? Que eu vou acordar e tudo vai estar de volta ao normal na minha vida?

O homem revirou os olhos.

Di immortales Natália! – Ele exclamou exasperado e levantou do banco, parecia extremamente chateado comigo, estranho, eu causava com frequência essa reação nos adultos que conversavam comigo. – Não acredito que você seja tão cética a esse ponto! Nem a sua mãe é assim! Ela acredita em mim, acredita que sou um deus!

– Suponho que a falta de um pai faz isso com uma pessoa. – Murmurei ficando chateada, aquilo não era o tipo de coisa que eu esperava ver enquanto estava desmaiada.

Provavelmente Liz e Linda colocaram algo em meu suco na hora do lanche. Algum tipo de droga alucinógena talvez? E agora eu imaginei que uma senhora estranha foi até a minha casa para dizer que sou um tipo de bruxa, Liz aparece um pouco depois e fala que estou metida com os Faraós do antigo Egito. E para coroar tudo, minha mãe diz que meu pai é um deus grego.

É, sem dúvida colocaram algum tipo de droga no meu lanche da escola. O homem praguejou em grego e o que me surpreendeu é que entendi perfeitamente o que ele disse.

– Não torne as coisas mais difíceis Natália. – Ele falou e eu franzi a testa.

– Eu? Estou tornando as coisas difíceis? Moço, como posso ter certeza absoluta que você é meu pai? Como você vai me convencer disso? E ainda tem o fato que tem que me fazer acreditar que você é um deus. – Cruzei os braços e observei ele andar de um lado para o outro parecendo cada vez mais frustrado, tenho que admitir que mesmo irritado ele ainda era lindo.

– Meu Zeus do céu! – Ele gritou para cima e depois olhou para mim com agonia, como se a cada vez que eu duvidava algo se quebrasse dentro dele. – Natália, por favor.

Ele se ajoelhou diante de mim e pegou meu rosto entre as mãos, me forçando a ficar olhando nos olhos dele.

– Sei que fui um pai ausente, e você tem todo o direito de ficar chateada por isso, mas olhe para mim! Reconheça-me em você! Apenas desse modo você poderá acreditar em mim! – Olhei em seus olhos caramelos, tentei com todas as minhas forças ver algo naquele estranho homem que fizesse com que eu o reconhecesse como meu pai. Ele baixou a cabeça com tristeza. – Você não sabe o quão difícil é para mim, um Olimpiano, me ajoelhar perante você e como um mortal implorar que me reconheças como pai. Isso nunca havia acontecido antes, em toda a história desse mundo.

Fechei os olhos e apenas o escutei falando, o mais estranho era que a cada palavra que o homem dizia parecia que havia algo dentro de mim querendo se libertar. Então percebi que ele havia parado de falar, mas só o fez porque eu comecei a cantarolar uma canção que havia muito tempo que eu não pensava nela, mas sempre que eu a escutava por alguma razão desconhecida eu me imaginava perto do meu pai que eu não havia conhecido. Algumas vezes eu peguei mamãe chorando enquanto ouvia essa música.

Então ele cantou enquanto eu cantarolava:

This time, this place

Este tempo, este lugar

Misused, mistakes

Desperdícios, erros

Too long, too late

Tanto tempo, tão tarde

Who was I to make you wait?

Quem era eu para te fazer esperar?

Just one chance, just one breath

Apenas mais uma chance, apenas mais um suspiro

Just in case there's just one left

Caso reste apenas um

'Cause you know, you know, you know...

Porque você sabe, você sabe, você sabe...

That I love you

Que eu te amo

I have loved you all along

Eu te amei o tempo todo

And I miss you

E eu sinto sua falta

Been far away for far too long

Estive tão longe por muito tempo

I keep dreaming you'll be with me

Eu continuo sonhando que você estará comigo

And you'll never go

E você nunca irá embora

Stop breathing if I don't see you anymore

Paro de respirar se eu não te ver mais

On my knees, I'll ask

De joelhos, eu pedirei uma

Last chance for one last dance

Última chance para uma última dança

'Cause with you, I'd withstand

Porque com você, eu resistiria a

All of hell to hold your hand

Todo o inferno para segurar sua mão

I'd give it all

Eu daria tudo

I'd give for us

Eu daria tudo por nós

Give anything but I won't give up

Dou qualquer coisa, mas eu não vou desistir

'Cause you know, you know, you know

Porque você sabe, você sabe, você sabe

That I love you

Que eu te amo

That I loved you all along

Eu te amei o tempo todo

I miss you

E eu sinto sua falta

Been far away for far too long

Estive tão longe por muito tempo

I keep dreaming you'll be with me

Eu continuo sonhando que você estará comigo

And you'll never go

E você nunca irá embora

Stop breathing if I don't see you anymore

Paro de respirar se eu não te ver mais

So far away (So far away)

Tão longe (tão longe)

Been far away for far too long

Estive tão longe por muito tempo

So far away (So far away)

Tão longe (tão longe)

Been far away for far too long

Estive tão longe por muito tempo

But you know

Mas você sabe

You know

Você sabe

You know

Você sabe

I wanted

Eu queria

I wanted you to stay

Eu queria que você ficasse

Cause I needed

Porque eu precisava

I need to hear you say

Eu preciso ouvir você dizer

That I love you

Que eu te amo

I have loved you all along

Eu te amei o tempo todo

And I forgive you

E eu te perdoo

For been away for far too long

Por ter ficado tão longe por muito tempo

So keep breathing

Então continue respirando

Cause I'm not leaving you anymore

Porque eu não vou mais te deixar

Believe and hold on to me and, never let me go

Acredite e se segure-se em mim e nunca me deixe ir

Keep breathing

Mantenha a respiração

Cause I'm not leaving you anymore

Porque eu não vou mais te deixar

Believe it Hold on to me and, never let me go

Acredite, segure-se em mim e nunca me deixe ir

(Keep breathing) Hold on to me and, never let me go

(Continue respirando) Segure-se em mim e nunca me deixe ir

(Keep breathing) Hold on to me and, never let me go

(Continue respirando) Segure-se em mim e nunca me deixe ir

Quando ele parou de cantar, eu estava chorando copiosamente, soluços entrecortados irrompiam entre meus lábios. Ele afagava meu rosto, secando as lágrimas que caíam.

– Pai? – Foi o que eu consegui dizer.


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Notas finais do capítulo

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