Segredos de sangue escrita por Drylaine


Capítulo 8
Tão intenso como Fogo


Notas iniciais do capítulo

Bom capítulo foi difícil, mas tá aqui!



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Ada acorda muito desorientada, há uma luz bem forte sobre ela que irrita um pouco os olhos e um barulho de bip vindo do aparelho que mede suas funções cardíacas. Ela tenta se levantar e percebe que está presa a cama. Seus pulsos, pernas e pés foram acorrentados, ela também está sem suas roupas, seu peito e partes íntimas foram cobertas por faixas brancas. Ada tenta novamente se mexer, usa força na tentativa de se livrar das correntes. Olhando mais para o lugar percebe-se que é um pequeno laboratório, com várias máquinas de pesquisa e análise de exames e computadores.

Frustrada ela grita.

"Ei, acalme-se ou só vai se machucar." Diz Wesker se aproximando dela. Ele está com sua habitual veste negra, porém está sem os óculos escuros deixando amostra seu olhos vermelhos.

"Maldito seja! O que você fez comigo?"

"Agora nada, eu sou inocente. Tudo o que eu quero é saber o quanto você é poderosa. Simplesmente, eu quero ajudar. Mas pra isso acontecer você terá que colaborar. Então, seja uma boa menina."

"Me tira daqui. Eu juro, eu vou te matar!" Ada começa a se contorcer na cama tentando desesperadamente sair dali. Ela sente seu corpo ficar tenso e aquelas mudanças indesejáveis. No fundo, ela queria que a FERA se libertasse de dentro dela e arrancasse a cabeça de Wesker, que parecia se divertir com toda a situação. Ele tinha um objetivo queria descobrir como a mutação funciona no corpo dela. Para isso precisava tê-la sob controle. Por isso as acorrentes.

Ada está irada. Ela começa a gritar e se debater sob as correntes, seus pulsos e pernas doem, mas ela ignora e continua se debatendo.

"Isso, está indo muito bem. Deixa o poder te dominar. Não tenha medo!" Ele sabia que Ada estava tentando manter o controle, então, decidiu força-la a não se conter mais. Ele queria ver a mutação acontecer.

Wesker se aproxima dela, ele adora jogos perigosos, sua boca se choca contra a dela asperamente, enquanto suas mãos a tocam de forma rude, brutal, sem se importar em machucá-la, ou invadir seu corpo. Ada morde seu lábio inferior.

"Delicioso!" Ele a provoca lambendo o sangue do seu lábio. Tudo parece o excitar.

"Seu filho da puta!" Ela berra furiosa, sentindo cada célula de seu corpo se transformar intenso como fogo, num ritmo incontrolável, alucinante até que seus olhos ganham tons de vermelhos carmesins.

A mutação é completa.

"Meus Parabéns! Borboleta, você conseguiu." Wesker tem um sorriso de satisfação.

Ada continua tentando se soltar das correntes. Parece uma fera enjaulada. Seu desejo indomável não a torna invencível. Conforme o tempo passa, mais parece que seu corpo necessita ser livre. No entanto, o fogo por dentro vai se extinguindo até que tudo vai voltando ao seu ritmo natural. Sem o calor das emoções extremas seu corpo fica sensível e tudo dói, seus pulsos estão roxos e cortados, com certeza seus pés também estão assim. Ela se sente tão vulnerável, suas forças vão se esgotando, as pálpebras ficam pesadas. Logo, ela cai num sono profundo.

~~~/ /~~~

Ada desperta confusa, ela não está mais no laboratório, não há mais correntes lhe prendendo e, curiosamente, seus pulsos não possui hematomas. Ela se encontra num quarto, provavelmente de Wesker, seu perfume está impregnado no ar. Ada está vestida numa camisola de seda cor de vinho, ela vaga pelo quarto tentando encontrar sua antiga roupa, mas estavam desaparecidas. Ada enfurecida sai do quarto e segue por um corredor, seus pés estão descalços sobre o piso frio de azulejos brancos. Tudo é silencioso, até que ela pega o som de vozes vindo de uma sala.

"Realmente, é uma grande descoberta. Veja bem Wesker, o vírus se ligou a um nível celular modificando sua estrutura genética, mas ao mesmo tempo destruiu outras células. Deve ser por conta do processo forçado que o corpo sofreu." Diz o homem de jaleco. Ada o conhecia era médico e cientista, Hank Lawrence. Um homem muito dedicado às ciências e muito ambicioso, tinha o sonho de descobrir a cura para doenças raras ou em fases terminais e, claro, a ideia de criar humanos mais evoluídos.

"Doutor, você não percebe. O corpo dela está se adaptando ao T-Veronica de uma forma totalmente diferente de Alexia. Ada só precisa aprender a controlar suas habilidades." Ada observa todo o diálogo do vidro da porta. "Borboleta pode entrar." Wesker sabia que ela estava ali ouvindo tudo. Ela respira fundo e então entra na sala. Ela reconhece o pequeno laboratório.

"Senhorita Wong, como se sente?" Doutor Lawrence pergunta apreensivo. Ada pressentiu o medo dele. Seus olhos azuis sempre fazem se lembrar de Leon, mas ela trata de deixar de lado este pensamento. Agora o importante, era saber o que estava acontecendo com seu corpo. Que tipo de aberração ela se tornou?

"Qual é o diagnóstico?" Ela pergunta ansiosa. Seus olhos encontram Wesker.

"Vamos com calma. Primeiro você dormiu bem?"

"Como um bebê!" Ada diz irônica.

"Borboleta, você está linda. Gostou da camisola? Eu comprei pensando em você." Ele tem um olhar malicioso sobre ela. "Eu sabia que cedo ou tarde. Você voltaria para minha cama." Ele diz se aproximando dela. Mesmo sem tocar nela ele sente o calor que irradia do corpo jovem e sedutor da espiã.

"Não brinque com fogo Wesker ou você pode se queimar!" Sob seu toque Wesker parece vulnerável. Ela a cada vez mais está dominando suas novas habilidades.

"Acalme-se senhorita! Nós vamos tentar lhe explicar, mas mantenha calma." Diz Lawrence. Ada solta Wesker que está ofegante. Ele sentiu não apenas fraqueza mais sua pele também parecer queimar, porém logo se regenera.

"Então, o que aconteceu comigo? Você me infectou com T-Veronica. Mas, você me disse anos atrás que o vírus foi vendido. Você tinha um escondido. Por quê? Já estava planejando usar em mim?"

"Claro que não. Mas, eu não posso descartar, assim, algo tão poderoso. Além disso, Ada eu poderia ter sido mais cruel e ter lhe infectado com a Las Plagas falsa, que VOCÊ me deu. E aí Querida, você estaria sob meu domínio."

"Mais cruel?! Olha só o que você fez comigo. Eu não sou idiota. você tentou me controlar. Achou que podia, mas eu estraguei os seus planos." Ela tinha um sorriso cínico. "Você queria me transformar num de seus SENTINELAS. Você queria me usar com uma arma contra os seus inimigos, esperando o momento certo pra contra atacá-los." Eles estavam muito próximos, se desafiando.

Wesker poderia ser extremamente intimidador, com seus 1,90 de altura que combinados com sua força e velocidade sobre-humanas, faria qualquer um temê-lo. Mas, não Ada Wong. Houve um tempo em que ela temia confrontá-lo, pois já presenciara o quanto Wesker é um louco, sádico. Entretanto, como o próprio Wesker disse: "Agora somos iguais."

"Você é tão incrível! Quer ver?" Através de um vídeo gravado. Ada observa toda a ação acontecer: − A primeira gravação é datada de seis dias atrás, quando fugiu das instalações de Seattle após ter confrontado Wesker e seus soldados. A próxima gravação era de três dias atrás, todo o confronto com os soldados e os HUNTERS são exibidos na tela do computador.

A cada cena Ada fica espantada com sua própria capacidade, era estranho olhar a si mesmo como um telespectador. Realmente, era algo incrível, mas também, assustador. Havia muitas dúvidas em sua mente.

"Então, eu posso ser tão veloz quanto você, mas não me regenero da mesma forma, certo. O que o vírus está fazendo comigo?"

"Analisei seu sangue e outras funções básicas de seu corpo. Aparentemente, você é normal, com algumas funções alteradas ou, digamos, extras. Suas células foram modificadas. Descobrimos também, que no processo de adaptação do T-Veronica por seu organismo, algumas células foram destruídas. O que resultou em algumas mudanças genéticas. Mas, o mais surpreendente é que você Senhorita Wong... mudou as propriedades do vírus." Diz o médico, mostrando alguns exames.

"Mas, pelo o que eu me lembro, Wesker me disse que o sangue vira fogo. E tem mais um detalhe, o corpo do hospedeiro precisa de um tempo para..."

"Se adaptar ao vírus ou a mutação será incontrolável." Wesker completa suas teorias parando do seu lado. "O vírus também precisa de temperatura baixas para auxiliar no processo. Você viu aquela sala toda congelada. Reservei especialmente pra você. Eu programei tudo. Você ficaria em coma induzido por 15 anos. Despertando exatamente, 5 de dezembro de 2019."

"O quê?"

"Mas, o agente idiota enviado por Trent, interrompeu o processo, desativando a cápsula. Confesso que tudo foi inesperado. Até mesmo sua mutação. Você é um projeto inacabado que, surpreendentemente, deu certo." Diz Wesker.

"Eu sinto meu sangue correr pelas minhas veias como se estivesse em chamas, a minha temperatura também está elevada. E os meus olhos ficam vermelhos, e que afetou minha visão. Doutor Lawrence, o vírus ainda vai mudar o meu corpo. E isso quer dizer... estou sofrendo mutação?"

"Não!" Interrompe Wesker. "Tenho uma teoria, muito simples... Depois que fugiu daqui, pra onde você foi?"

"O quê? Isso importa."

"Responda!"

''Tudo bem. Eu andei por aí nua, sem rumo até que roubei algumas roupas. AH, eu fiquei muito exausta e então dormi. Um sono sem sonhos. Depois, segui meu rumo. Tenho que dizer que me diverti muito correndo por aí com o vento como companhia. É simplesmente, libertador! Por fim, fiz meu caminho de volta a Seattle. "Pra acertar as contas com você." Ada diz com insolência. Deixando de lado seu encontro com Leon, mesmo sabendo que Wesker talvez já saiba de tudo.

"Que decepção. Esperava mais de você, com todo esse poder. Mas, vamos ao que interessa. Você disse que dormiu. Talvez, sem noção de tempo. Minha primeira teoria é que seu corpo muda quando você dorme. É um processo inverso de quando esta em combate. Enquanto você dormia nós monitoremos seus batimentos cardíacos, seu cérebro e sua temperatura. Depois do nosso confronto você desmaiou, acredito que devido aos danos e a força de energia gastos por seu corpo, a melhor forma de se recarregar e regenerar seu corpo é durante o sono. As atividades do corpo voltam ao normal, somente sua temperatura é irregular."

"Numa temperatura de 40 graus uma pessoa normal entraria em coma. Já que a temperatura normal é de 36 a 37 graus. Mas o seu normal parece ser de 45° C." Diz o médico.

"Minha segunda teoria descobrimos recentemente. Quando está em ação seu corpo muda a frequência, ficando acelerado de forma antinatural. O sangue combustível criado pelo vírus em Alexia teve um efeito contrário em você. Como se o fogo queimasse dentro de você, mudando de intensidade, entre o calor; quando está relaxada ou normal; e a explosão em chamas; quando está sob pressão ou em combate; causando mudanças na temperatura. As atividades do cérebro e coração funcionam sem parar, num ritmo descontrolado. Suas habilidades são: velocidade sobre-humana, a visão é mais aguçada e a capacidade de sugar a força alheia que unidos aos quase 150° C pode queimar sob seu toque." Ada escuta tudo atentamente. Ela tem que admitir que Wesker é muito seguro no que diz.

Depois de toda a aula de anatomia, cujo tema era as mudanças de seu próprio corpo, Ada decidiu que era hora de sumir por um tempo. Sem Wesker ou missões na América. Afinal, ela tinha o T-Veronica correndo em suas veias, e isso não a tornava invencível, pelo contrário a deixava mais exposta. Ada não se tornaria um rato de laboratório. Nem para Albert Wesker, nem para qualquer outro louco com sede de poder.

Na mesma noite, ela teve um jantar sofisticado com Wesker. Ele lhe propôs a retornar a se aliar a ele e sua mais nova organização secreta. Há um novo projeto em andamento que ficou sob sigilo. Ela ficou curiosa, mas sabia que mais cedo ou mais tarde o pessoal do The Shadows teriam essa informação em mãos e logo esta informação chegaria a recém-formada BSAA (a organização anti-bioterrorismo) que há meses vem tentando capturar Wesker. Voltando para a ideia de aliança com Wesker, Ada sabia que isso não iria funcionar. Tudo o que ele queria era manter um olho nela, manipulando-a quando preciso, Ada seria sua agente dupla. Entretanto, ela já havia escolhido um lado. Infelizmente, não era o dele.

Com a sua grapple gun em mãos sorrateiramente Ada partiu, decidida a nunca mais cruzar o caminho de Abert Wesker.

****/ /****

Fazia quase uma semana desde o encontro inesperado com Ada em seu apartamento. Todas as coisas ditas e o momento vivido com ela, ainda ficavam lhe perturbando. Na Casa Branca, todos notaram a mudança na postura de Leon que sempre era simpático e atento a tudo, mas nos últimos dias tem se mostrado cabisbaixo, mal-humorado e distante.

Ingrid Hunnigan iria sempre lhe questionar se está tudo bem, havia uma relação de muito respeito e confiança entre eles, já que trabalhavam juntos. Ela sempre lhe auxiliando com os relatórios e reuniões ou nas suas missões, sendo seus olhos e ouvidos, dando-lhe informações importantes. Ingrid Hunnigan era o mais próximo de um parceiro fiel para o agente. Leon sempre adorou provocá-la com suas cantadas engraçadas e às vezes ousadas que sempre a deixavam irritada ou sem jeito. Mas, no fim das contas era tudo uma grande brincadeira entre eles que fazia aquele ambiente tumultuado e muitas vezes estressante, mais agradável. Adam Benford também havia notado a mudança de Leon e estava bastante preocupado com ele, mas o agente americano era irredutível, preferiu focar no trabalho e no silencio, não querendo dividir seus problemas com ninguém, afinal, era algo pessoal e complicado demais pra se dividir assim. Mas a verdade era que tudo relacionado a uma certa espiã de vermelho nunca deveria ser exposto para outros, seja por medo das consequências que surgiriam, ou pelo seu próprio egoísmo. Enfim, Leon não queria dividir o fantasma de Ada Wong com mais ninguém.

Após mais um dia de trabalho, Leon decide parar num bar há duas quadras do seu apartamento, onde ele costuma se reunir com alguns amigos, toda a sexta-feira.

"Hoje é uma sexta-feira fria, o dia perfeito para se ficar em casa embrulhado nas cobertas e assistir a um bom programa de TV. De preferência ter uma boa companhia pra se esquentar." Diz um dos amigos de Leon.

Apesar de seus conflitos pessoais, Leon decidiu não abrir mão desses momentos normais com seus amigos. E assim vai passando as horas, com todos bebendo, rindo e jogando conversa fora. Geralmente, Leon é mais falante e sempre prudente, mas hoje ele decidiu beber sem parar.

"Leon vai com calma." Diz seu amigo Eric. Leon havia abusado da vodca, já estava falando arrastado, mesmo assim, ele não queria parar. Só uma hora depois, que ele decidiu ouvir o amigo e voltar para casa. Hoje Eric foi responsável por bancar a babá.

"Ok, chegamos. E aí cara vai ficar bem?"

"Claro, capitão." Leon diz com sua voz arrastada. Ele entra em seu apartamento, cambaleando e murmurando. Seu casaco e o coldre são jogados pelo chão, os sapatos ficam espalhados pela sala. Ele queria continuar bebendo, então, vai até a geladeira e pega uma garrafa de cerveja, pronto para beber.

Ao retornar para sala ele inesperadamente se depara com ELA vestida de vermelho, linda e fatal. Simplesmente impecável.

"Ei. Acho que você já bebeu demais."

"Merda, você de novo! Venho infernizar minha vida? Venho me punir? Tudo bem. Eu falhei! É isso que você quer que eu diga? Que eu fui um péssimo policial." Leon enfurecido joga a garrafa na parede e continua a se lamentar. "Eu deveria ter salvado Marvin. Eu deveria ter salvado você. É isso que policiais fazem... É isso que meu pai me ensinou. Eu decepcionei ele também." Leon se senta no chão com a cabeça entre as mãos.

Durante esses últimos dias, Leon voltou a ter pesadelos. Ora com seu tio ora com Ada. Havia uma parte dele que sempre se sentiu culpado ou falho, afinal, ele teve que dar o tiro de misericórdia em Marvin. Os primeiros meses após Raccoon foi difícil, toda vez que olhava para seus primos e Lucy ou aquela foto de Marvin e seu pai juntos sorrindo, que mantém na parede de seu quarto, ele choraria de saudade ou de culpa. Com o passar dos anos, o trabalho como agente secreto e o apoio incondicional da família, Leon havia superado a dor e a culpa. Havia seguido em frente, porque era isso que seu pai e seu tio iriam querer. Encontrou um objetivo e ideal na vida, ele continuaria lutando contra o bioterrorismo e seus males, o poder e a corrupção se fosse necessário.

"Você era um fantasma que eu havia enterrado. Foi difícil, mas eu consegui. Agora você volta pra me atormentar, meus pensamentos, meus sonhos. Se eu fechar os meus olhos..." Sua voz estava embargada. "Eu posso ver você, seus pequenos olhos me pedindo... pra...pra... não deixá-la cair. Eu vi você realmente, muito além de Ada Wong. Não era a espiã fria e manipuladora... Era uma jovem me pedindo pra viver. Ela queria sim ser salva!" Ele grita, seus olhos se fecham e uma lágrima cai.

Nesses últimos dias, em todas as horas Leon estaria pensando em tudo que ela lhe disse. Todas as noites, ele tinha insônia. E em sua mente viriam as palavras amargas dela.

"Leon você não pôde me salvar em Raccoon. Por que você acha que me salvaria agora?!" Essas palavras ficam piscando teimosamente na mente dele.

"Eu sei que você acha que eu quero bancar o herói o tempo todo. Talvez, você pense que eu me sinto intocável. O cara honesto demais... correto demais. O bom moço. Acima do bem e do mal... Eu sou tão falho como todo mundo. Já duvidei se estou no caminho certo, ou se tudo vale a pena." Sua voz saiu trêmula. "Eu não levei o tiro por você, ou me arrisquei por você pra querer ser o herói. Eu faria isso por qualquer um. Sem esperar um pedido de socorro. Eu não espero uma medalha de honra ou um reconhecimento pelos meus atos. Nem gratidão ou outro retorno. É assim que eu sou. É meu instinto natural."

Outra lembrança invade sua mente.

"Basta apenas continuar acreditando que Ada Wong morreu lá. É simples." Seus olhos encontram os dela. Ele podia jurar que ela estava chorando. E ela parecia tão real parada ali olhando para ele.

"Eu queria acreditar que você morreu lá, que aqueles beijos não aconteceram. Que você nunca esteve aqui. Eu queria acreditar que você é só uma ilusão. Você não é real!" Ela se ajoelha em sua frente.

"Eu sou real, Leon olha pra mim!" Ada toca em seu rosto e enxuga suas lágrimas. Leon fecha os olhos sob seu toque. Ela beija carinhosamente sua testa, seus olhos, a ponta do nariz, as maçãs do rosto. "Você senti isso?" Ela sussurra em seu ouvido, seus lábios encontram os dele, num beijo doce, sem pressa, curtindo o momento.

"Leon, você me salvou de tantas formas." Ela diz entre beijos. "Eu estava perdida. Apenas sobrevivendo, dia após dia. Mas aquele policial ingênuo, me salvou. Leon, você foi minha a salvação!"

Quando os olhos se encontram, nada mais precisava ser dito. Leon a puxa para seu colo, ele queria senti-la por completo. Suas mãos viajam por seu corpo, os lábios são selados num beijo ardente, faminto, cheio de desejo.

Os lábios se entreabrem para que as línguas se toquem. Ela parecia em chamas, mas ele queria se queimar. As roupas são tiradas desesperadamente e amontoadas num canto da sala. Os lábios dele deslizam por seu pescoço e vão descendo para os seios que ele suga, mordisca e aperta causando mais gemidos dela. Os lábios continuam seu caminho passando por cada ponto sensível e em troca, ela geme, grita, diz palavras desconexas, as unhas são cravadas ferozmente em suas costas. Ele sorri para cada reação sobre seu toque. Ele quer satisfaze-la, descobrir cada detalhe dela. As mãos dela percorrem as costas nuas, o peito largo, cada músculo e cicatriz dele, causando arrepios como se uma corrente elétrica corresse do fio de cabelo até os dedos dos pés. A sensação da pele dele sobre a sua é avassalador. Os dedos traçam linhas invisíveis, decorando cada pedaço do corpo um do outro. Os corpos se contorcem num ritmo rápido, forte e profundo. Entre gemidos, gritos e sussurros, os lábios se encontram com as peles que se roçam num íntimo e intenso frenesi de desejos, na mesma sincronia as emoções explodem. Ambos atingem o clímax e numa sensação de puro êxtase, Leon e Ada se tornam um.

Leon cai ao lado dela, ambos estão ofegantes, com o coração batendo a mil. Leon vai retomando o controle sobre si, ele olha para a mulher nua deitada ao seu lado. Ainda duvidando se tudo era real. Talvez, ainda estava alterado por causa da bebida, imaginado como tantas outras vezes. E dessa vez, suas fantasias foram muito longe.

Suas emoções estão confusas, ele fecha os olhos. Quem sabe quando abrir os olhos, ele vai estar ali sozinho. As mãos dela tocam a sua mão machucada, as faixas são tiradas delicadamente. Na palma da mão havia um sinal de queimadura. Ada se sente culpada, foi ela quem o machucou. Ele sente os lábios quentes e gentis tocarem a palma da mão. A sensação é reconfortante e, ao mesmo tempo, lhe causa arrepio. Então, seus olhos se abrem e encontram os pequenos olhos de mel lacrimejados. Suas mãos acariciam o rosto dela.

Ada é real! Eles trocam beijos apaixonados.

Leon tem um desejo insano de tê-la de novo em seus braços. Segundos depois, seus corpos são chocados contra a cama macia que treme. Agora eles não tinham pressa. Querem curtir cada momento, cada segundo, fazer valer a pena.

Os corpos são colados, pele quente sobre pele fria. Os sentimentos se misturam. Eles se conversam entre si através de cada toque, cada beijo, cada troca de olhar. Ali eles se amam mais uma fez. Tudo é tão intenso como fogo. Olhos de safira nos olhos de mel e nos braços um do outro dormem serenos.

Chega a hora de partir... Tudo o que ela queria era acertar as contas, Leon e Ada tinham assuntos inacabados que ela queria resolver antes de sumir de vez. Ela só queria lhe ver nem que fosse de longe, só para saber que ele estava bem. No entanto, tudo fugiu do controle e agora ela estava aqui encurralada nos braços dele.

Como abrir mão de algo tão perfeito, tão bom? Parecia que ali nos braços de Leon que ela pertencia. Ela toca o rosto dele procurando decorar cada traço por pequeno que seja e seus lábios tocam carinhosamente a testa dele. Leon ainda está dormindo, tem um sorriso bobo no rosto, mas ela tem que ir. Foi uma bela despedida.

Um último olhar e Ada Wong vai embora, talvez, para nunca mais voltar. Porém, não importa, porque sua mente, alma e coração, estarão sempre com ele. Pra onde quer que vá.

Continua...


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