Dead Zone. escrita por Ny Bez


Capítulo 10
Ressaca...


Notas iniciais do capítulo

Olá Gente! Olha eu aqui de novo! Amanhã, como é domingo de páscoa, e eu não posso dar chocolate a vcs, pois isso iria me falir, sem falar que iria chegar todo derretido e tals '-' enfim... rsrsrs Resolvi postar outro capítulo pra vcs!!
Esse ta ENORME!! Espero que não fiquem cansadinhos!
Ah!!! Fiz um perfil no face pra adc vcs!! *--* A proposta é a seguinte... Lá eu quero aumentar a interação com vcs, e soltar um spoiler de vez em quando... E tbm para colher ideias, ou sei lá! Aqui vai o link, segurem ai! Hahaha

https://www.facebook.com/profile.php?id=100008192768224

E o cap de hoje tem música (espero mesmo que gostem dela, pois é uma de minhas preferidas)!!
Aqui o vídeo para vcs se deliciarem com ela, assim como eu! *¬*
https://www.youtube.com/watch?v=Bu8x1Hi_VwI
Atualizando!!!

FELIZ PÁSCOA!



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Uma garrafa de Whisky já era... E a tontura se apoderou de mim. Eu já não estava mais em meu estado normal. E de repente, tudo era mais intenso. Olho para Marina que parecia estar ainda mais alegre do que já é, e ousada.

– Bia, eu quero você! – Ela ria enquanto falava. – Mas você é muito séria... Você nunca relaxa? – Ela provoca.

– Você sabe que sim... – Devolvi no mesmo tom.

– Não to falando de sexo, Bia! To falando de diversão! – Ela dançava de acordo com a música. Nunca largava o copo, onde não era derramada uma gota sequer enquanto ela dançava.

Agora estavam tocando. Ricardo é músico, e ele não perderia a chance de se mostrar em cima do palco. Então colocaram um Karaokê pra rolar. E Ricardo acompanhava com a guitarra e cantava.

– Eu sei me divertir sim! – Cruzei os braços e fiz bico.

– Sabe? E porque você não vem dançar comigo? – Ela mordia o lábio. E me puxou pra dançar com ela. – Esse cara se acha, né? Esse Ricardo...

– Nem me fala... Ele costumava ser legal. Tínhamos uma banda no colégio.

– Difícil imaginar você em uma banda... – Ela tinha uma expressão confusa.

– Acha que aquela guitarra é de quem?

– Sua? – Ela pergunta incrédula. – Pensei que fosse do Luquinhas.

– Não, é minha mesmo. O Ricardo era o baterista da banda. Tocávamos cover de banda dos anos 80 e 90... – Falo nostálgica.

– Desculpa, capitã, mas não dá pra acreditar que você era guitarrista de alguma banda de Rock.

– Ah é? – Dei um sorriso. – Pois eu vou te mostrar!

– Como?

– Veja. E aprecie, porque essa é pra vc! – Sai em direção ao palco improvisado que o Ricardo e meus irmãos fizeram.

Ricardo me olhava confuso. – O que você quer?

– Minha guitarra. É uma festa, não é? – Pego a guitarra de suas mãos. – Você sempre foi melhor na bateria. – Pisco pra ele e ele sorri.

– Finalmente a Bia que conheço! – Ele falava animado.

Vou até o microfone, e avisto Marina. Aponto pra ela e começo a tocar a introdução de Give Me All Your Love, do Whitesnake.

When I first saw you baby
You took my breath away,

I knew your name was Trouble
But, my heart got in the way
I couldn't stop myself from reaching out,
I could not turn away

Pisco para Marina, que sorri.

I don't even know your name
An' I can't leave you alone,
I'm running round in circles
Like a dog without a bone
I know the game you're playing
But, baby I just can't let go

So give me all your love tonight,
Give me all your love tonight
I'll do anything you want
Just give me all of your loving tonight

Ela dançava sensualmente para mim. As outras pessoas também dançavam, acompanhando o ritmo da música.

I'll work hard everyday
To love and treat you right
I'll rock you in the morning
And roll you in the night
Any way you want
I'm gonna prove my love for you

So give me all your love tonight,
Give me all your love tonight
I'll do anything you want,
Just give me all of your loving tonight, tonight, tonight

Canto essa parte olhando para Clara, que estava com os olhos brilhando, e um sorriso lindo no rosto.

Começo o solo da música e acabo me empolgando, como fazia antigamente.

So give me all your love tonight,
Give me all your love tonight
I'll do anything you want,
Just give me all of your loving tonight

So give me all your love tonight,
Give me all your love tonight
I'll do anything you want,
Just give me all of your loving tonight

I am blinded by your smile
And I'm crazy about your walk
I shiver and I shake
When I hear you baby talk
I'm a fool for your loving babe,
Give me all your loving tonight

Canto essa parte apontando para Marina, eu adorava o sorriso dela, principalmente aquele que ela estava me dando agora.


So give me all your love tonight,
Give me all your love tonight
I'll do anything you want,
Just give me all of your loving tonight

Anything you want from me

So give me all your love tonight,
Give me all your love tonight
I'll do anything you want,
Just give me all of your loving tonight, tonight, tonight! Yeah”

Desço do palco improvisado, um pouco ofegante, e caminho até Marina. Clara desfaz o sorriso. - Nunca mais duvido de você! – Marina me abraça e me beija a bochecha.

– Eu te falei... Agora vamos beber mais. – Dou uma piscadela cúmplice.

************

Acordo ao lado de Marina, em um dos colchões no chão. Não lembro como fui parar ali. Ela ainda dormia tranquilamente. Levantei-me devagar para não acordá-la. O cheiro de bebida exalava do meu corpo. A primeira dose foi difícil de engolir, mas depois desceu tudo tranquilo, sem mais dificuldades. Enquanto Marina bebia sua vodka, e dançava chamando atenção de todos os homens ali presentes. Depois disso não me lembro de muita coisa, só de alguns flashes.

Tomo um banho rápido, escovo os meus dentes para ver se o cheiro de álcool sai. Mas parecia que eu iria ter que conviver com esse cheiro naquela manhã. Desci as escadas e fui para a cozinha, chegando lá não havia ninguém, nem a minha tia Lúcia que sempre era a primeira a acordar para preparar o café da manhã do pessoal. E como eu precisava mesmo de uma grande dose de café forte, eu mesma fui preparar o café dos que ainda dormiam na casa, provavelmente de ressaca.

– Bia? – Clara me surpreende na cozinha. - Podemos conversar? – Ela parecia ansiosa.

– Claro. Senta ai. Quer café? Acabei de fazer. – Ela assente, e eu coloco uma xícara pra ela na mesa e a encho de café. – Só ta um pouco amargo... – Ela toma o café.

– Argh! Um pouco? Isso ta muito amargo! – Eu fico rindo enquanto ela faz careta. – Isso ta horrível, Bia. – Ela deixa o café na mesa.

– Fresca como sempre. Não aguenta nem um cafezinho sem açúcar. – Pego o açúcar e coloco na mesa.

– Sabe que eu prefiro suco. Ou já esqueceu? – Ela alfineta.

– Suco de maracujá com bastante açúcar, eu sei, o engraçado é que o Maracujá e o açúcar são calmantes naturais, só que em você nunca fez esse efeito, já que é a pessoa mais estressada que eu conheço. – Digo zombeteiramente. Ela me mostra a língua em protesto.

– E você não perde a oportunidade de me zoar.

– Jamais! Até porque você fica linda bravinha comigo... – Ela fica enrubescida. Pigarreei. Acho que fui longe demais no comentário. – Bom... Sobre o que você quer conversar?

– Ah... Desde que nos reencontramos, não tivemos uma oportunidade de conversarmos.

– Isso é verdade... – Concordei triste.

– E sei que falei coisas as quais você não merecia ouvir, principalmente sobre o Pedrinho... – Ela fraqueja a voz. – Eu fiquei sim brava com você, por todos esses anos, Bia. Eu só queria entender o porque de você ter nos deixado.

– É complicado. E eu não tive escolha, como você pensa. Lá dentro eu não sou dona de mim. Não posso tomar decisões por mim, isso é se rebelar contra o estado.

– Claro que tinha escolhas, todos temos escolhas. – Ela me responde firme.

– Você não faz ideia de como é. Como eu me senti por todo esse tempo. Você foi quem não me deu escolhas, Clara. Simplesmente sumiu, e quando eu soube de você, pelo seu irmão, fiquei sabendo que estava com o Ricardo, que era o meu melhor amigo. Não entendo onde você quer chegar, e qual culpa quer que eu aceite.

– Fiquei com o Ricardo sim, pois era ele que estava lá comigo quando você me trocou pra jurar a bandeira. – Ela diz debochada.

– Claro que ele estava lá, como sempre esteve te urubutizando desde que ficaram “amigos”. – Disse sem paciência.

– Ele sempre foi um grande amigo.

– Claro que foi... Principalmente meu, onde eu confiava nele enquanto ele estava com planos de comer a minha namorada.

– Cala a boca! Você não o conhece como eu o conheço! – Ela fala se exaltando.

– Não? Só o conheço a mais de 20 anos... E você? O conhece há uns 10 anos? – Vejo sua face ficar vermelha.

– Não importa quanto tempo eu o conheço, mas com certeza sou mais sensível do que você para entender as pessoas.

– Ah, claro... Falou à garota que fez psicologia na UFC. Esqueci que eu falava com uma psicóloga.

– E EU ESQUECI O QUANTO VOCÊ PODE SER IDIOTA! – Ela gritou.

– Perai... Não precisa gritar. E nem precisamos brigar por causa... Dele. Uma hora a mascara dele cai. Mas nem precisa vir me pedir desculpas, porque eu não vou aceitar mesmo.

– Tanto faz. Não irei te pedir desculpas mesmo, desculpa pede quem está errada. E não tente inverter a situação, Bia.

– Eu não estou tentando inverter nada, Clara! Você que veio me procurar para conversar, e se não consegue conversar comigo, pode sair da cozinha que eu tenho uma pilha de louça pra lavar, e ajudar no trabalho doméstico. – Ela fica cabisbaixa. Eu viro as costas. Perdi até a fome, fui lavar a louça.

– Bia... Olha, só não fala mal do Ricardo, porque ele é o meu noivo. E ele tem me ajudado desde quando você entrou para o quartel. Você saiu da minha vida...

– Eu não sai da sua vida, Clara, você que me tirou dela. Eu voltava de 6 em 6 meses, sabia? Passava 15 dias em casa. Imagina como eu fiquei quando voltei e soube por terceiros que você estava com o Ricardo, sendo que nem terminamos formalmente.

– Pra mim eu tinha deixado claro, que se você entrasse pra esse esquadrão ridículo nós terminaríamos.

– Eu tentei, Clara! Tentei recusar, mas não pude. Do contrário eu seria presa no quartel.

– E que diferença iria fazer? Já que ficava presa de 6 em 6 meses mesmo...

– A diferença que eu não sou bandido pra ficar atrás das grades e muito menos corrupta, pra ir pra corregedoria.

– Ai preferiu se tornar a Jolie das forças aéreas Brasileira? Aham, sei.

– Cara... Desse jeito não dá pra falar contigo. – Disse cansada. – Eu só acreditei que você me amava. E que iria entender. Mas, assim como no caso do Ricardo, eu me enganei. – Ela começa a chorar baixinho. Eu escuto, mas não a encaro.

– Você não faz ideia do quanto eu sofri. Eu me senti trocada, sabia? – Eu me viro furiosa e a encaro.

– E VOCÊ ACHA QUE EU NÃO SOFRI GAROTA? Acha que foi fácil pra mim? EU SIM, FUI TROCADA! Sabe quanto tempo eu passei sem NIGUÉM? 7 ANOS PORRA! PORQUE A DROGA DA MINHA EX NAMORADA, A QUAL EU BURRAMENTE AMO ATÉ HOJE ME TROCOU PELO FILHO DA PUTA QUE EU ACREDITAVA QUE ERA O MEU MELHOR AMIGO! ENTÃO, NÃO ME VENHA FALAR SOBRE SOFRIMENTO, PORQUE VOCÊ NÃO SABE O QUE SIGNIFICA!

– NÃO SEI? EU QUASE MORRI DE DEPRESSÃO POR SUA CAUSA!

– ENGRAÇADO SUA FORMA DE FICAR DEPRIMIDA, NA CAMA COM OUTRO ALGUÉM. EU SIM QUASE MORRI POR QUE NÃO PARAVA DE PENSAR EM VOCÊ, FIQUEI DIAS SEM COMER QUANDO SOUBE DA PALHAÇADA DE VOCÊS DOIS. PERDI A CONCENTRAÇÃO, E ATÉ LEVEI UM TIRO EM COMBATE PORQUE VOCÊ ME VEIO A CABEÇA! E ONDE VOCÊ TAVA? SOFRENDO NA CAMA COM O RICARDO TE FUDENDO POR TRÁS! - Tínhamos perdido o controle da situação. Estávamos gritando uma com a outra.

– ME RESPEITA GAROTA! O QUE EU FAÇO COM O MEU NOIVO OU DEIXO DE FAZER É PROBLEMA NOSSO!

– ENTÃO PARA DE ENCHER O MEU SACO E VAI FAZER O PROBLEMA DE VOCÊS LONGE DE MIM! – Viro as costas novamente. Não contenho o choro. Ela me abraça por trás.

– Porque tem que ser tão difícil? – Ela me pergunta também aos prantos. Eu fico calada. – Porque não podemos nos entender? Eu sinto a sua falta, Bia...

– Se sente, porque veio esfregar a relação “perfeita” de vocês na minha cara? – Eu tentava prender o choro, inutilmente.

– Eu não vim esfregar nada na sua cara... Apenas o assunto desviou o caminho.

– E que caminho você quer seguir? – Me viro, ficando de frente a ela, a qual está bem próxima.

– Eu... Eu não sei... – Ela diz olhando fixamente para os meus lábios. – Tinha esquecido como a sua boca é linda.

– Não faz isso... Por favor... – Encosto a minha testa na dela. Estamos próximas o suficiente para sentir o hálito uma da outra.

– Porque não? – Ela pergunta ofengante.

– Porque você está com ele. – Eu a afasto. – Vou deixar esse resto de louça para a minha tia lavar. Vou procurar fazer outra coisa em algum lugar o qual você não me encontre.

– Bia não precisa fugir! Eu não ia te forçar a fazer nada.

– O problema é exatamente esse. Eu sei que eu faria sem precisar de muito. Só fica longe, ok?

– Tem certeza? – Ela estava com os olhos cheios d’agua.

– Demorei 7 anos pra amenizar o que sinto por você, e agora que você está segura aqui, com o seu namorado na liderança, meu trabalho com você terminou.

– Eu não sou um de seus trabalhos.

– Minha prioridade era manter você a salvo, e já que está a salvo, não tem mais o que ser feito. E eu não vou servir de “consolo” pra você.

– É por causa dela não é? Vocês estão juntas, não é? – Ela me pergunta receosa.

– Não. – Disse sem apresentar sentimentos.

– Como você tem coragem de mentir assim pra mim? Depois de ter cantado aquela música jogando todo o charme da Bianca Leão pra cima dela. Todo mundo já sacou que vocês estão juntas, provavelmente se comendo. – Ela estava visivelmente irritada.

– Olha, eu nem tenho o porquê perder o meu tempo mentindo pra você. Eu e Mari não estamos juntas, só somos livres e desimpedidas. E “o que eu faço ou deixo de fazer com a Mari é problema nosso”. – Enfatizei a frase que ela usou mais cedo referente a ela e Ricardo.

Saí da cozinha aérea, e fui até o quintal arejar um pouco. A verdade é que aquela tentativa de aproximação dela me deixou zonza. Porque ela fez isso comigo? Ela quer me torturar?

Alguém me abraça por trás. - Clara eu já disse que me deixasse na minha.

– Bom dia pra você também! Mas a dona da pepeca da vez que você ta comendo sou eu, Marina. – Disse divertida.

– Desculpa, Mari...

– Você ta bem atordoada. E nem precisa explicar o motivo. Essa garota ta te enchendo? Porque se tiver, ou vou lá e ensino uma lição pra ela...

– Uou... Calma ai ô Jet Li. Ela veio me procurar sim, e me deixou atordoada, mas eu já coloquei ela no lugar dela...

– Que é? – Ela me interrompe. – Do seu lado?

– Do lado do noivo fura olho dela.

– Entendi... Vocês ainda vão se comer de novo, sabia? – Ela diz divertida.

– Acho que não... Eu não consigo ser fura olho, Marina.

– Você a ama.

– Você ta me jogando pra Clara agora? Enjoou do nosso sexo causal? – Perguntei confusa, mas em tom divertido.

– Claro que não. Mas vejo que vocês tem algo bonito, e que talvez possa valer a pena lutar para ter de volta. – Ela parecia séria.

– Que é...?

– O amor de vocês. Algo que eu jamais terei. Porque é chato e meloso demais. – Ela faz cara de nojo.

– Só você pra me fazer rir.

– To aqui pra isso. Sempre que precisar rir um pouco, posso dar um jeito nisso. – Ela me abraça.

– Obrigada, eu estava mesmo precisando de você agora. – Encosto minha cabeça em seu ombro.

********

Eu estava na sala com as crianças. Estávamos colorindo alguns desenhos que eu fiz para eles se entreterem com algo. Carol, minha priminha de segundo grau, de 7 anos, era um amor. Ela estava desenhando algo para mim, enquanto eu ensinava os mais novos a colorir. Ela dizia que eu era uma super heroína, que eu iria salvar o mundo. Era o que sua mãe, Nanda costumava a dizer. Nanda contava história para os seus dois filhos pequenos, e muitas das vezes ela me usava como protagonista. Poder ver que aquelas crianças não faziam a menor ideia do que estava acontecendo, me confortava, pois alguém não estava sofrendo com isso tudo que vem nos assombrando há alguns meses pelo mundo a fora.

– Bia!! – Minha tia exclama. – Acho que exageramos ontem. A dispensa está quase vazia novamente. Tudo que era de carne se foi. Tem muita comida estragada de ontem.

– O que? Isso é impossível, tia!

– Era pra ser impossível mesmo, mas venha ver com os seus próprios olhos. – Ela me puxa pela mão.

– Eu não... Que merda! Não acredito nisso. – Eu estava pasma na frente da dispensa.

– O que está acontecendo aqui? – Ricardo pergunta com cara de paisagem, ele e Clara estavam abraçados. Ela me olha triste.

– A comida está acabando, Ricardo. – Minha tia responde.

– E o que ela está fazendo aqui? – Ele pergunta olhando para mim.

– Eu a chamei aqui para ver que estamos com o estoque quase zerado novamente.

– De novo vou perguntar. O QUE ELA FAZ AQUI? Sendo que agora EU SOU O LÍDER, e essas coisas tem que ser reportadas a mim primeiramente. – Ele diz arrogante.

– Olha como fala com a minha tia...

– Olha como fala comigo. – Ele me adverte. Contraio o maxilar com muita força.

– Então, o que você, como LÍDER pretende fazer? – O perguntei.

– Reúna o pessoal no quintal. – Ele me ordena. E eu acato. Queria ver o que ele iria fazer.

Consegui reunir todos no quintal, e mais uma vez eles ficam apreensivos. Nunca é coisa boa.

– Pessoal, o Ricardo quer falar com vocês. – Dei a deixa.

– Ok... Bom, a comida ta acabando de novo. Mas não se preocupem. Vou montar uma equipe de busca. – Ele fala tranquilamente. – Bia, Brutamontes, Marina, Thiago e Lucas. Vocês são os militares, vocês irão lá fora trazer a comida. - Todo mundo começou a falar ao mesmo tempo. Estavam confusos.

– Você ta louco? E quem vai ficar e proteger a casa? – Eu questionei.

– Tem razão. Marina, você é boa atiradora, você fica. O resto pode ir agora. – Ele fala nos dispensando, e dando um sorriso safado para Marina, que o reprova com o olhar.

– Só a Marina aqui? Sério? Acha mesmo que se vier uma horda deles ela SOZINHA vai dar conta?

– E o que você quer, Bia? Pensei que EU era o líder aqui.

– Justamente. Se quer mesmo ser um líder, você tem que pensar na segurança e bem estar de TODOS. Você foi irresponsável ontem ao fazer essa droga de churrasco, e ter desperdiçado tanta comida. Já viu o quanto tem de comida espalhada pelo chão? E pelas mesas aqui de fora? Tudo estragado. E tinha mais, só que eu, Marina e a Tia Lúcia limpamos algumas coisas. E um líder tem que tomar a frente, e você tem que ir junto na busca. Se realmente é um líder que você quer ser, você tem que TRABALHAR! Assim como todos aqui presentes, liderança não é só sentar e dar ordens não. – Ele me fuzila com o olhar.

– Ok! Eu vou junto! Satisfeita? – Eu balanço a cabeça em sinal positivo. – Mas você vai comigo. E o Henry também. E o Gladistone também vai.

– Eu? Porque eu? – Ele pergunta apavorado.

– Porque você é forte, e músculos vão ajudar. – Eu reviro os olhos. – E a Sara também vai. – Sara é uma de minhas melhores amigas de infância, e do Ricardo também.

– Porque a Sara? – Eu pergunto confusa.

– Por que... Sei lá, quanto mais gente, melhor.

– Não acho. Quanto mais gente, mais arriscado, e menos espaço para trazer comida. – Eu o contradigo.

– Vocês trouxeram outro carro da ultima vez, não foi? – Eu assinto. – Então vamos e qualquer coisa roubamos outro carro. Simples.

– Ok... Então vamos logo. – Finalizei a conversa.

Entramos os 5 no carro. Henry foi comigo na frente, os 3 do banco de trás estavam apreensivos. Henry me olhava puto de raiva, porque ele queria mesmo era dar uma boa surra no Ricardo, e confesso que eu também queria, mas vou jogar o jogo dele até ele se dar conta que não é tão fácil assim. E se ele realmente liderar bem, por mim melhor, pelo menos o peso não cai todo pra mim. Se bem que... Se tratando do Ricardo, que não consegue cuidar nem de peixinho, imagina de um monte de gente?

O supermercado era um pouco mais longe, uns 15 minutos da minha casa. Foram os 15 minutos mais silenciosos e incômodos da minha vida. Henry só resmungava coisas que eu não conseguia ouvir. Ricardo cantava uma música do Metallica, One, e eu dirigia observando tudo e a todos. Sara estava visivelmente apavorada, eu não deveria ter deixado ela vir, mas ai eu teria que entrar no tapa com o fura olho do satanás.

*****

Chegamos no supermercado, e estava tudo aparentemente calmo. Desci, e o Henry veio em seguida. Ricardo, Sara e Gladistone, cada qual com uma arma em punho, as quais o próprio Ricardo distribuiu, e eu não vi. Olhei furiosa para Ricardo.

– Que foi? A gente tinha que vir armado. – Balanço a cabeça em sinal negativo e continuo andando cautelosamente.

Estávamos de frente à porta que também tinha sensor de movimento, mas estava com defeito. Tive um pressentimento ruim com aquilo. Era muito estranho o motivo de essa porta dar defeito, a não ser que a energia tenha acabado o que não é o caso.

Henry e Gladistone forçaram a porta até ela abrir. Entrei em seguida olhando de cada lado com minha Glock em punho, Henry estava com o bendito ferro que ele achou, e por alguns momentos achei que ele bateria no Ricardo com o mesmo. Henry deixou uma taboa segurando a porta, para caso tivéssemos problemas, a saída fosse de fácil acesso.

– Sabe que foi uma péssima ideia não repreender esse playboyzinho, né? – Henry me cobrava.

– Sei sim. Mas procura manter a calma, e vamos acabar com isso de uma vez.

– Só espero que ele não faça nenhuma merda, porque do contrário... Nem você vai conseguir me segurar.

– Não se preocupa com isso, se ele ferrar com tudo, eu mesma não responderei por mim.

Continuamos a inspecionar o lugar, que estava tranquilo demais. Ricardo já estava relaxado, e já pegava o carrinho o enchendo de porcarias. Nem a lista ele tava seguindo, eu estava usando a antiga lista. Henry pegou um carrinho e começou a enchê-lo também, assim como Sara e Gladistone. Já eu estava inquieta, aquilo estava muito estranho. Mas não havia grunhidos e nem sequer movimentação, tanto de gente morta ou viva. Respirei fundo e fui ajudar Sara. Henry, Ricardo e Gladistone estavam juntos na mesma seção.

– Bia?

– O que foi, Sara?

– Eu acho que to grávida... – Eu não esperava ouvir aquilo.

– O que? Como?

– Ora como... Como você acha que se fica grávida? – Ela me da um tapa no braço.

– O “como” eu sei, mas de quem? – Até então eu nem sabia que minha melhor amiga estava namorando.

– Do... Thiago. –Ela espera por um surto meu. Mas eu abro um enorme sorriso.

– Uau, isso é... Maravilhoso! Vocês vão ter um... Filho!

– Ainda não é certeza, eu queria fazer um teste de gravidez.

– Entendi. Aqui dentro tem uma farmácia, pode ser que tenha um desses testes...

– Pode ser.

– Ele já sabe? – Perguntei quase que eufórica.

– Ainda não, quero ter certeza antes.

– Ok, então vem comigo, vamos lá buscar esse bendito teste. – Nos direcionamos até o Quiosque da farmácia do supermercado.

– Bia, podemos pegar uns remédios também para reforçar a farmácia de lá, o que acha?

– Acho uma ótima ideia. Pega tudo o que você achar que pode ser útil.

– Certo.

Sara pegou remédios para pressão, dor, febre, anti-inflamatórios, antibióticos, remédio pra dor no ouvido, dor de dente, dores musculares, revigorantes, xarope, vick... Já eu peguei os testes, e vitaminas pré-natais. E muita camisinha também, pra não virar moda mulheres grávidas no grupo. Enchemos umas três cestinhas de remédios e voltamos para as seções de carnes. Henry estava discutindo com Ricardo sobre as carnes.

– O que está havendo? – Perguntei.

– Esse Mané quer levar o freezer todo!

– Mas se ta faltando comida, temos que levar o que tem. – Ricardo diz arrogante.

– E vamos levar e estocar onde, Anta? – Henry se irrita.

– No seu cu, pode ser? – Ricardo debocha.

– Silêncio! – Escuto algum barulho.

– O que foi dessa vez, Bia? – Ele pergunta sem paciência.

Uma horda de zumbis sai da parte de trás do supermercado, estavam no armazém, por isso não ouvimos ou vimos um deles sequer.

– Puta que Pariu! Henry!!

– Já vi! – Ele se posiciona, estávamos em formação, mas éramos apenas dois.

Eu saco a minha Glock e já vou derrubando alguns. Henry saca sua Colt Anaconda .44 Magnum e também vai derrubando alguns. Ricardo atira para todos os lados, e Sara fica atrás de mim, eu a protegia. Gladistone corre e se esconde.

Não adiantava a quantidade de disparos que eu e Henry dávamos, eles não acabavam nunca, agora tava explicado o porque a porta ter dado defeito, como a Horda foi entrando o mecanismo da porta deve ter sobrecarregado. No fim, meu pressentimento de que algo ruim estaria pra acontecer alarmava.

– Eles são muitos! – Gritei.

– Não vamos dar conta de todos eles, eu já recarreguei duas vezes o meu tambor.

– Eu já to no meu segundo pente também.

– BIA! – Ricardo Grita. – SOCORRO!

A horda vai encurralando Ricardo, que ia na direção em que o Gladistone tinha ido. Eles dois estavam encurralados por uma centena de mortos vivos. Ricardo e Gladistone sobem em cima de uma gôndola da seção de papel higiênico. Os mordedores os cercam furiosos, tentando derrubá-los dali de cima. Eles vão pulando de uma gôndola pra outra.

– O que vamos fazer, Bia? – Henry me perguntava nervoso.

– Eu não sei. Sara você fica atrás de mim. Henry, faremos um escudo humanos pra Sara, deixando ela entre a gente. Você atira de um lado e eu do outro, e atiramos juntos na multidão que está cercando o Ricardo e o Gladistone.

– Certo.

Não parava de vir mordedores, e a porta estava longe, tínhamos que correr dali, mas Ricardo e Gladistone estavam em apuros.

Na ultima gôndola a qual Ricardo e Gladistone caíram de cima. – O que você ta fazendo cara? Gladistone pergunta a Ricardo que empurra o outro para os mortos-vivos. – Socorro! – Um zumbi aleijado morde a perna de Gladistone, que cai no chão, outro se abaixa e morde sua barriga. Outro, um mais baixo rasga seu peito, abrindo os ossos da costela revelando o coração que ainda batia. Gladistone gritava enquanto era devorado vivo. Um outro morde seu olho esquerdo, o arrancando, enquanto uns 3 estavam espalhando suas tripas por toda a parte. A horda foi se deliciar com o almoço do dia.

Eu, Sara e Henry olhamos a cena em choque. Gladistone estava sendo estraçalhado na frente deles porque Ricardo o empurrou e saiu correndo dali. Seguimos Ricardo.

Do lado de fora do supermercado, eu coloco Sara dentro do carro. Sara estava com a cestinha dos remédios que continha os testes de gravidez. Enquanto Henry tirava a madeira que ele usou pra deixar a porta aberta. A porta se fecha e os mordedores ficam presos do lado de dentro tentando derrubá-la.

– E agora? A comida estava nos carrinhos. – Ricardo diz. Todos o olhamos incrédulos. – Olha só... É um daqueles caminhões de distribuidoras. – Henry vai conferir o caminhão.

– Sara? Você está bem? – Eu a pergunto preocupada.

– Estou... Mas estou muito assustada. – Ela estava pálida.

– Calma... Vai ficar tudo bem. – Tento tranquilizá-la.

– Bia, o caminhão está lotado de caixas. – Henry me reporta.

– Então vamos ver do que se trata... – Abrimos algumas caixas e vimos que se tratava de comida. Enlatados, temperos, macarrão, iogurte... Tinham até uma caixa refrigeradora, onde estavam os congelados.

– Que sorte a nossa! – Ricardo fala do banco do motorista do caminhão. – E a chave está na ignição. Eles deveriam estar fazendo a descarga. – Eu e Henry nos entreolhamos. Estávamos putos. – Eu dirijo essa coisa, só vamos logo sair daqui antes que aqueles mordedores consigam quebrar a porta.

********

Ricardo foi sozinho no caminhão. Bia, Henry e Sara no Impala. Logo eles estavam no portão da casa de Bia novamente, o qual se abre dando passagem para Ricardo e seu caminhão, Bia e o Impala em seguida.

Ricardo desce do caminhão com um sorriso descarado no rosto. Eu desci do Impala logo atrás. – SEU FILHO DA PUTA! – Dou um soco no Ricardo. Henry e Sara descem do carro. Logo junta uma aglomeração de pessoas. Clara tenta separar a briga, mas Henry a segura. – Ele era uma boa pessoa! Que merda você fez! – Dei outro soco quebrando o seu nariz. Ricardo tenta revidar, mas não consegue me acertar. – Você é um filho da puta mimado, que só pensa em você! Muito fácil jogar um pobre coitado como o Gladistone para os zumbis e sair ileso da situação que você nos colocou! – Chuto uma das pernas de Ricardo que cai no chão. – Se você não tivesse feito à porra desse churrasco por causa de birra ele ainda estaria vivo! – Ricardo tenta se levantar, mas eu chuto sua cabeça. O corpo de Ricardo vai pra trás. – Você merece apanhar até a morte pelo que fez com o Gladistone! – Subo em cima de Ricardo e o soco até seu rosto estar totalmente coberto de sangue, e ele ficar desacordado.

– Bia! Para! Você vai matar ele! – Marina corre para me conter.

– Deixa ela matar esse filho da puta! – Henry diz puto. – Ele simplesmente jogou o coitado do Gladistone pra uma horda de zumbis, o cara foi devorado vivo, na nossa frente. Tudo porque esse filho da puta resolve dar uma porra de uma festa no meio de um apocalipse zumbi! Ele merece cada soco que ela ta dando nele. Se ela não fizesse, eu faria. E seria muito pior do que está sendo agora, pode apostar.

– Mesmo assim... Bia... - Marina se abaixa me fazendo parar de socar Ricardo, que estava desacordado, e escutá-la. Evito olhar para Marina. Eu apenas a escuto. – Você não é assim. Você não precisa se igualar a esse imbecil. O monstro daqui é ele, e não você, entendeu? – Marina tentava apelar pra minha consciência. Clara estava em choque ainda sendo segurada por Henry.

– Marina... – Eu ainda estava com o punho erguido, pronto para acertá-lo novamente, e com os olhos em tom escuro, onde só enxergavam Ricardo e sua grande covardia. - Esse filho da puta colocou todo mundo em risco por causa de uma rivalidade sem sentido que ele tem contra mim. Ele é um idiota. O Gladistone morreu porque ele quer competir comigo. Agora eu quero que esse filho da puta venha competir comigo no tapa! – Me levanto e pego um balde d’água e jogo em Ricardo, o fazendo acordar do desmaio. As pessoas em volta olhavam a cena assustados. As crianças choravam, minha mãe nos braços de meu pai, e os dois sem saber o que fazer. Thiago estava consolando Sara, e Lucas próximo de Marina. - Quer competir comigo, filho da puta? Vamos competir na porrada! – Ricardo recua assustado. Clara se solta de Henry e vai até Ricardo. – Ué? Só sabe competir com joguinhos? SÓ SABE SEMEAR A DISCÓRDIA NOS MEUS RELACIONAMENTOS E FICAR COM AS MINHAS EX? SEMPRE FOI ASSIM! VOCÊ SEMPRE QUERENDO O QUE EU TINHA! ATÉ AS DOENÇAS QUE JÁ PEGUEI VOCÊ TINHA INVEJA! SE QUER COMPETIR, VEM NA MÃO Ô VIADINHO DO CARALHO! QUER SER HOMEM, ENTÃO VEM E ME ENFRENTA! – Eu gritava, estava com ódio. Tudo o que Ricardo já aprontou comigo tinha sido acumulado por anos. Eu sempre tolerei, pois o considerava como amigo. E por sermos bem próximos na época. Mas depois de toda a trairagem, quando ele resolveu se apossar da única coisa que realmente me importava, não dava mais para relevar.

– Você está louca? Olha o que você fez comigo! – Ele diz desesperado.

– ISSO NÃO CHEGA NEM PERTO DO QUE VOCÊ FEZ COM O GLADISTONE! –Gritei. - Você que era pra ter sido comida de zumbi. Você que representa a escória da sociedade, um playboyzinho, falso moralista que só pensa em si mesmo e na maconha que vai fumar, e nas bucetas que vai comer. Acho bom você não cruzar mais o meu caminho, E NUNCA MAIS CONTESTE UMA DECISÃO MINHA, PORQUE VOCÊ NÃO É E NUNCA SERÁ UM LÍDER. VOCÊ É UM VERME. E VERME EU ESMAGO COM A MINHA BOTA, E HOJE VOCÊ SENTIU O GOSTO DELA NA SUA BOCA! SE VOCÊ SE METER DE NOVO, OU PELO MENOS FIZER OUTRA CAGADA DESSAS, EU VOU ENFIAR ELA NO SEU CU! – Clara me olhava com medo nos olhos. Marina estava triste por eu estar naquele estado. Henry achava pouco, e faria pior se eu não tivesse feito. – Entendido? – Ele assente com medo. – Eu não ouvi. ENTENDIDO? A resposta é, Sim senhora capitã Leão!

– Sim senhora... Capitã Leão... – Naquele momento ele engoliu todo o seu orgulho, mas seus olhos amedrontados mudaram para um olhar vingativo.

– Ótimo. Agora me faça o favor de sumir da minha frente com essa cara ensanguentada, está me dando nojo. Aliás, você me dá nojo.

Dou as costas e vou pra dentro de casa, eu precisava me acalmar. Clara me segue, e Marina a observa...


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do cap? Aposto que mt gente lavou alma! Ricardo merecia essa surra! hahaha
Mas e a Bia tocando e divando? E Marina pirando na dela? Um contraste grande, mas, como na música "Era um garoto que como eu", Bia teve seus momentos "Rock Star", e eu adorei ela hoje! *---*
A tradução da música pra vcs: http://letras.mus.br/whitesnake/100351/traducao.html
Ah, essa cena do Gladistone morrendo, que eu tava me referindo, essa foi a sugestão da minha co-autora, que queria matar esse Gladistone que ela conhece... Rsrsrs. Se gostaram como ficou, então me enviem por Mp as pessoas que querem que os "nhoc's" (como a Laura Casedi fala *-* ;*) comam! #QueAZueiraComesse hahaha
É isso pessoal, agora só quarta mesmo, ok? Tenho que escrever mais alguns caps pra não correr o risco de atrasar a escrita, e vcs ficarem sem caps.
Beijos a todos! E até quarta. ;*