Neo Pokémon Hoenn escrita por Carol Freitas


Capítulo 11
Minha pequena May - Especial!


Notas iniciais do capítulo

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Ela olhava pela varanda de seu apartamento. Era sem dúvida uma das mulheres mais bonitas de toda Hoenn. Os cabelos castanho-acobreados dançavam com o toque do vento e os olhos azuis quase se misturavam com a tonalidade do céu. Vestia um leve vestido branco que deixava bem perceptível a barriga de cinco meses, sobre a qual a mulher mantinha a mão em uma constante carícia. Sentia-se realizada, agora todos podiam ver que ela já não andava sozinha.

Logo o barulho de chaves destrancando a porta fez-se ouvir e ela virou-se, sorrindo ao ver o marido entrar no aposento. Assim que a viu, o homem também sorriu, encantado pela beleza da mulher em sua frente, James Primrose se sentia o homem mais sortudo do mundo, ainda não acreditava que ela havia aceitado se casar com ele.

– Está pronta, querida? – Perguntou enquanto se aproximava e dava-lhe um suave beijo nos lábios, todo o cansaço do trabalho do dia sumira de seu rosto.

– Estou sim – Respondeu sorrindo enquanto levantava-se – O bebê esteve agitado a manhã inteira. Mal deixou a mamãe se concentrar no trabalho, não é, meu amor? – A última parte foi dirigida à barriga a qual acariciava.

– Se você cantou pra ele não o culpo – Observou ele e em seguida abaixou-se e imitou uma voz infantil - A mamãe tem a voz mais linda do mundo não é, papai? – Dayene riu e deu um leve tapa no ombro do marido.

– Bobo! Sabe que eu canto mal pra caramba!

– Ai! – Reclamou, fingindo uma face magoada – Não me culpe se acho tudo o que você faz perfeito – Continuou, fazendo-a dar um sorriso - Apesar de achar que umas aulas de canto poderiam ajudar.

Ela fechou a cara e deu-lhe um tapa mais forte que o anterior. Em seguida, foi até a mesa da sala e pegou sua bolsa e conferindo se tudo o que precisava estava ali. Logo sentiu os braços do marido ao seu redor e sua respiração acariciando-lhe suavemente o pescoço causando-lhe arrepios. Seu corpo inteiro parecia exultante ao simples toque dele.

– Você é a melhor mulher do mundo. Toda vez que te escuto pronunciar meu nome sinto que o mundo inteiro revira pela sensação de borboletas em meu estômago. Acredite, sua voz para mim é como o cantar de mil anjos, não poderia ser mais perfeita – Dayane sentiu que seu coração iria saltar do peito com aquelas palavras, seu marido às vezes tinha o dom de deixá-la muda. Sempre fora assim, desde que começaram a viajar juntos pela primeira vez, por isso, ela sabia que não precisava dizer nada e apenas virar-se e tocar-lhe os lábios com os seus para dizer que sentia a mesma coisa por ele.

James retribuiu o beijo e, naquele instante, o mundo foi novamente só deles. Lembrou-se naquele fim de tarde na praia de Slateport, quando ele era apenas um jovem inseguro que se declarava para a sua melhor amiga, por quem era apaixonado há muito tempo. De como ali mesmo ela dissera que também estava apaixonada e do primeiro beijo de ambos. Naquele dia ele tivera certeza, aquele sempre seria o melhor dia da sua vida. A ruiva afastou vagarosamente se rosto do dele e escorou a cabeça em seu ombro.

– Amor, por mais que eu goste de estar aqui, temos que ir logo ou perderemos o horário da consulta – Disse ela com a respiração afetada. Aquilo finalmente despertou-o.

– Santo Arceus, a consulta! Me esqueci da consulta! – Ele levou a mão aos cabelos e a mulher riu.

– Calma querido, ainda estamos no horário, mas precisamos ir logo – Isso pareceu acalmá-lo um pouco.

– Isso, isso, sim. No horário – Pegou a carteira e as chaves do carro que deixara sobre a mesa e a bolsa da esposa que revirou os olhos, ele nunca a deixava carregar peso, por menor que fosse. Segurou sua mão carinhosamente enquanto a puxava para a porta. De repente, parou como se tivesse lembrado subitamente de algo e logo depois virou-se para roubar dela um rápido beijo – Para dar sorte.

Dayane riu e balançou a cabeça negativamente.

– Esperanças de que seja menino ou menina? – Perguntou animada.

– Na verdade, estou mais desejando que tenha todos os dedos das mãos e pés. Dois olhos, um nariz e uma boca e que estes estejam no lugar certo. O resto pra mim está ótimo.

Andaram rumo ao elevador e apertaram o botão do térreo, ambos em silêncio desfrutando da companhia um do outro. O elevador se abriu poucos segundos depois no andar desejado e se dirigiram ao carro.

– Mas se eu pudesse dar um chute, diria que é uma menina. Mamãe dizia que a barriga dos meninos é mais pontuda – Falou fazendo a mulher rir alto.

– Só vamos torcer para que ele ou ela esteja de boa vontade e nos deixe ver dessa vez – Comentou sorrindo.

Dirigir pelas ruas naquele horário era relativamente tranqüilo, o clima estava fresco e o transito não muito conturbado. Além disso, a clínica era próxima, apenas 10 minutos de carro de sua casa. Assim que viu as paredes marrons e os vidros escuros da fachada do lugar, ela se remexeu no lugar, ansiosa. Queria muito poder ver imagens de seu bebê, ouvir seu coraçãozinho apressado dizendo o quanto estava vivo e saudável e, é claro, saber se teria em seus braços um garotinho agitado ou uma garotinha meiga.

O carro foi estacionado no estacionamento exclusivo na frente da clínica e logo o homem já estava do outro lado para ajudá-la a sair do veículo, não que ela precisasse, é claro. Aquelas atitudes a faziam revirar os olhos, mas se o marido sentia-se melhor com aquilo, não se importava em deixá-lo fingir que era importante vez ou outra.

A recepção estava vazia, exceto pela recepcionista que digitava algo em seu computador. O balcão feito de madeira com tonalidades de marrom claro com o nome da consultório na parede de fundo. A esquerda, haviam dois grandes sofás marrom escuro e duas poltronas de estofado bege. Algumas pequenas plantas se distribuíam pelo local e na parede, havia uma televisão de plasma reproduzindo a novela da tarde.

A mulher se dirigiu a recepcionista, que se chamava Ângela, para confirmar seu horário e pagar a consulta e então sentou-se, esperando ser chamada, o que, segundo a outra, aconteceria em poucos segundos. Pegou uma revista qualquer para ler enquanto James digitava algo em seu celular, parecia ser um assunto importante e provavelmente relacionado ao trabalho, por isso, ela não o incomodou.

Ouviu então um barulho no corredor ao lado da recepção e logo uma mulher acompanhada do marido apareceu por lá, sorrindo com um envelope na mão. Ambos possuíam mais de quarenta e aparentavam uma felicidade que emanava pelo local. Ângela perguntou como havia sido e a senhora, sem nunca deixar de sorrir, disse que estava grávida sim e que não era apenas um bebê, mas gêmeos. Dayane se perguntou como seria se ela também estivesse grávida de gêmeos, James ficaria feliz, mas com certeza surtaria por algum tempo.

O telefone da recepção tocou, fazendo-a sobressaltar-se e logo ouviu seu nome ser chamado, juntamente com a orientação entrar na primeira porta a esquerda do corredor e assim ela o fez, acompanhada por James. A médica já esperava por eles, era uma bela moça loira de olhos verdes. Seu nome era Jennifer e havia sido colega de sala de Dayane. As duas sempre foram muito amigas, mas acabaram se afastando um pouco quando a ruiva decidiu sair em jornada.

Algumas perguntas básicas sobre a gestação foram feitas, apenas para seguir o protocolo de maneira adequada, visto que a médica já conhecia todos os mínimos detalhes da gravidez, foi a primeira pessoa a quem Dayane procurara quando seu teste deu positivo. A seguir, ela apontou para a cadeira aonde seria feito o ultrassom. A ruiva sentou-se e levantou o vestido para expor a barriga, não sem corar diante do olhar de ambos que a encaravam. Jenny cobriu seu quadril com um lençol qualquer e aplicou-lhe o gel frio sobre a barriga, observando a ruiva estremecer ao contato.

– Alguma expectativa com relação ao sexo? – Perguntou para o casal. Ambos sorriram e negaram.

– Não, mas ele acha que é uma menina. Disse que minha barriga não está pontuda o suficiente – A resposta foi acompanhada de um riso suave. A médica sorriu.

– Eu também acho que é uma menina, mas vamos ver o que dizem as imagens – Disse enquanto pressionava o aparelho de obtenção de imagem na barriga da gestante – Já pensaram nos nomes?

– Mais ou menos. Temos uma idéia, mas ainda não é nada definitivo. Pensamos em May se for uma menina e December, caso seja menino – Dessa vez, foi James que respondeu. Os nomes foram idéia dele, mas ela os adorara. May, o mês de maio, foi quando deram seu primeiro beijo e December ou dezembro, o que se casaram. Não poderiam criar mais nada que combinasse tanto com eles.

– São nomes bonitos – Comentou sem olhar para James e mexeu no aparelho mais alguns segundos até obter a imagem que desejava – Aqui está! Já podemos ver o seu bebê – Apontou para a tela e ligou o aparelho de som e logo os batimentos apressados do bebê preencheram a sala. Dayane não pôde deixar de se emocionar.

Algumas medidas foram feitas para avaliar se o crescimento estava adequado. A médica não pode deixar de comentar o quando a criança estava agitada naquele dia.

– Bem, agora vamos a ultima dúvida: o sexo do bebê – Disse com um sorriso, era obvio que já sabia, mas queria fazer suspense para os pais. Moveu o aparelho até focalizar a pelve – Estão vendo isso aqui? – Perguntou ela movendo o dedo por uma parte impressiva.

– Sim – Respondeu Dayane, incerta do que ela estava querendo lhe mostrar.

– Acho que o nome será May, afinal – Os olhos da ruiva encheram-se de lágrimas. May... Sua pequena May... É claro que ela já sabia, ela sempre soube. Seria parecida com James? Era o que desejava, mas se parecesse consigo também não se importaria. Por um instante desejou que os dias se transcorressem mais depressa e se transformasse em semanas e as semanas em meses, assim teria logo sua bebê nos braços.

– Eu falei – Disse James – Os ensinamentos de minha avó sempre dão certo.

– Sim, assim como você falou para a Caroline que o Brendan seria menina, não é? – Provocou a ruiva.

– Pequenos equívocos acontecem.

***

Chegando a seu apartamento após um pequeno lanche, a ruiva se dirigiu novamente até a varanda, onde se sentou para tomar um ar fresco natural e aproveitar o fim do dia, dali era possível ver o por do sol sobre o mar. Lilicove possuía uma das praias mais bonitas da região.

Ficou ali até o anoitecer, quando o vento frio começou a incomodar-lhe um pouco. James havia voltado ao trabalho, a empresa de pesquisa para tecnologias pokémon estava em seu auge, a cada dia eram descobertas coisas novas por isso precisavam de seus cientistas o máximo possível. A maioria das vezes ela sentia vontade de trabalhar, mas, por conta da gravidez, James e seu irmão (o dono da empresa) fizeram um complô para que ela trabalhasse o menos possível e em casa, o que a irritara profundamente.

Foi até a geladeira e pegou um pedaço de torta de morango que Archie havia mandado-lhe no dia anterior e que ainda não provara, comeu-a rapidamente, deliciando-se com cada pedaço. Lavou a louça em seguida e, sem ter o que fazer, se dirigiu ao quarto que até então permanecia fechado.

Era todo pintado em tons claros nas cores marrom, verde, branco e laranja - tons neutros, pois ainda não haviam descoberto o sexo. Compraram o apartamento assim que souberam que ela estava grávida e como o mesmo ainda precisava de algumas reformas, aproveitaram para montar logo o quarto do bebê. Todos os móveis brancos haviam sido escolhidos cuidadosamente, assim como todos os outros detalhes, sendo a maioria deles presente de amigos e colegas de trabalho.

De repente, sentiu o sono tomar seu corpo e se sentou em uma das poltronas do quarto. Normalmente não sentia sono naquela hora, mas sabia que o relógio biológico das gestantes as vezes eram desregulados. Pôs-se então a observar o berço até que, por fim, caiu no sono.

“Ela estava em um lugar escuro. Não via ou ouvia nada a não ser o som de sua própria respiração acelerada. Deu pequenos passos rumo a um lugar incerto. Chamou por James e depois por todas as pessoas que conhecia. Nada. Enquanto caminhava um cheiro horrível atingiu suas narinas, cheiro de podridão, de corpos em decomposição. Já havia se acostumado um pouco com a luz do lugar, no entanto, não viu algo que a fez tropeçar e ir ao chão. Ainda um pouco tonta, olhou para o objeto e viu um corpo ensangüentado aos seus pés. Tentou gritar, mas nada saia de sua garganta, como se houvessem arrancado suas cordas vocais e por isso começou a correr.

A cada passo que dava, mais corpos pareciam surgir. Todos destroçados ou com ferimentos tão grandes que davam-lhe enjôo, as vezes ouvia algum gemido fraco, mas não sabia sua origem. Aos poucos sentia que o terreno aos seus pés ia mudando e se tornando um solo arenoso até que um som agudo a fez parar. Era um choro de bebê, um choro que parecia desesperado. Automaticamente levou as mãos à barriga, vazia.

– May... – Gemeu desesperada, onde estava sua filha? Correu para frente e os pés entraram em águas frias, no entanto, a mesma não parou. A cada passo que dava na água, mais o choro parecia mais alto. Até que parou repentinamente e por algum motivo ela soube que aquele era o fim – May! May! – Começou a gritar desesperadamente.”

Demorou alguns segundo para perceber que estava em sua cama e que James estava ao seu lado. Aparentemente havia sido acordado bruscamente com seus gritos, ele devia tê-la levado para a cama.

– Querida? O que houve? Foi só um pesadelo. Está tudo bem – Disse ele segurando em seu braço, ainda meio grogue de sono.

– Não... Não – Gemeu, ela sabia que algo não estava bem. Um odor de ferrugem atingiu sua narina e ela procurou a fonte. Quando achou, sentiu que seu mundo inteiro desabava naquele instante. Uma mancha vermelha estava entre suas pernas, em grande parte do pijama e o lençol abaixo de si. Ela havia perdido muito sangue – James!

– Sim?

– P-precisamos ir para um hospital! A May... A May está morrendo!


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