Neo Pokémon Hoenn escrita por Carol Freitas


Capítulo 10
O ciclo da vida


Notas iniciais do capítulo

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A sala de recepção do centro Pokémon estava cheia, mas ainda assim, um silêncio frio e tenso pairava sobre os quatro jovens ali sentados. Ainda não haviam recebido notícias sobre a Pokémon que salvaram, apesar de questionarem a cada funcionário que surgia porta afora se os mesmos sabiam sobre algo. Por fim, acabaram por acalmar os ânimos sentando-se nos sofás da recepção. Encontravam-se próximos fisicamente, porém, cada um preso em seus próprios pensamentos de modo que nenhuma conversa havia sido estabelecida.

Brendan parecia chateado consigo mesmo. Não lhe agradava a idéia de ficar preocupado e tenso por um Pokémon, muito menos uma Pokémon que nem conhecia e ainda assim, não conseguia deixar de pensar na criatura. Talvez o fato de estar ali em meio àquela atmosfera doentia carregada de dores de criaturas feridas e sentimentos intensos de seus treinadores o fazia-no ter aqueles pensamentos estúpidos. Queria sugerir aos outros que prosseguissem viajem e que Wallance fosse para casa, mas tinha consciência de que com sua fala acabaria gerando mais discussão do que soluções.

Por fim, não mais suportando a tensão do local, ajeitou a toca sobre sua cabeça e levantou-se e se dirigiu a saída do prédio, sem anunciar aos outros aonde ia. O ar fresco da noite atingiu-lhe dando um sopro de vida e, ao mesmo tempo, despertou-lhe o ar melancólico que vinha tentando ocultar até então.

Não queria estar ali e sim em sua casa, de preferência trancado no quarto. Se houvera um tempo em que desejara ser treinador, este há muito havia sido deixado para trás, juntamente com a maioria dos pensamentos infantis. Há muito tempo criara aversão por jornadas e principalmente por pokémons e ainda assim as pessoas insistiam que ele devia ser algo que não queria. Não bastava não gostar de pokémons, ainda tinha que conviver com pessoas que eram aficionadas pelos mesmos. Seu pai era pesquisador e o avô era líder de ginásio, e se não bastasse, ainda tinha tido a infelicidade de seu primo ter ganhado a liga de Kanto 2 anos atrás, não que não ficasse feliz por Red, mas o fato pareceu obcecar ainda mais o homem a torná-lo treinador.

Devido a seus pensamentos aéreos, não percebeu aonde seus pés levavam-lhe e, assim que percebeu onde estava, sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha. Estava na beira do acostamento de uma avenida, ao seu lado, haviam grades pintadas de cor verde para proteger as pessoas que por ali passavam do grande lago da cidade que passava logo abaixo. Sem conseguir se mover mais, o garoto sentou-se voltado para o lago, com os pés balançados sobre as calmas e escuras águas, e a cabeça apoiada sobre os braços. Simplesmente olhava para um ponto indeterminado a sua frente.

Se houvesse parado para admirar a paisagem ao seu redor, perceberia que se encontrava em um dos pontos mais bonitos da cidade. A lua brilhava com sua luz misteriosa e ao mesmo tempo encantadora, sendo refletida com perfeição pela água abaixo de si. Havia muitas outras luzes e muitos outros prédios, que também refletiam sobre as águas, que naquela noite pintava em si mesmo um cenário digno de Van Gogh. No entanto, sua mente juvenil estava longe, preso a alguma lembrança que lhe atormentava o pensamento.

Fazia tanto tempo... E ainda assim as imagens continuavam vívidas em sua mente, como um filme trágico que se repetia diversas vezes para tortura de seu expectador. Prometera a si mesmo tentar apagar aquilo de sua mente e às vezes conseguia, mas hora ou outra as mesmas voltavam tão fortes e tão pesadas que levavam-lhe lágrimas aos olhos vermelhos. Não queria chorar, não podia, já estava cansado disso.

“Não tem problema o homenzinho chorar se ele estiver triste”. Uma voz suave sussurrou em seu ouvido e, quando olhou para o lago, o mesmo parecia emitir de suas profundezas a imagem de um lindo rosto ao qual doía tanto ao menino se lembrar. Aquela bela mulher de cabelos negros e pele pálida, já um pouco debilitada pelo mal que a acometia, sorria ternamente para ele. Dali em diante, foi impossível conter as lágrimas, que logo escorriam pelo rosto.

As pessoas que por ali passavam pareciam não enxergar ou fingiam não ver o menino mergulhado em sua própria dor, e nenhuma delas se interessou por perguntar sobre seu estado, o que o mesmo agradeceu profundamente, visto que não queria conversar com ninguém naquele momento. Pouco reparou que alguém havia parado ao seu lado e que essa pessoa não se mexia.

– Brendan! Ainda bem que te achei! – Reconheceu logo a voz de Juliana. Ela parecia ofegante e sua voz demonstrava alívio – Estávamos preocupados. Você saiu sem dizer nada a ninguém, pensamos que talvez houvesse acontecido algo.

– Você já me encontrou, agora vá! Quero ficar sozinho – Resmungou em tom baixo e agressivo, sem levantar o olhar para ela para que não percebesse que andara chorando. Desejava claramente que a negra estivesse a quilômetros daqui.

– E como você não manda em mim e eu não quero deixá-lo sozinho, não vou sair daqui – Respondeu ela em desafio, pelo movimento de seus pés, ele concluiu que ela encarava o lago a sua frente.

– Mas que inferno! Pouco me interessa aquela Pokémon maldita e o que vai acontecer com ela. Suma daqui e me deixe sozinho, porra! – Gritou Brendan, naquele momento estava realmente irritado.

– Olha a boca suja... Já disse que ficarei aqui e que você não manda em mim. Que eu saiba aqui é um espaço público! – O rapaz sentiu vontade de continuar a discussão até conseguir expulsá-la aos gritos ou simplesmente sair dali correndo, mas não o fez. Sabia que não adiantaria e nem tinha animo para isso. Apenas se conteve em continuar a olhar para onde olhava antes e murmurou uma resposta seca.

– Faça o que quiser.

Alguns minutos de silêncio seguiram-se, sem nenhuma das partes expressarem algum desejo de se manifestar. Brendan imaginou até quando a morena agüentaria ficar em pé sem reclamar nada até que a mesma se moveu, abaixando-se para sentar ao seu lado. Em nenhum momento ela encarava o rosto do mais novo, talvez entendesse que era algo que ele também não possuía desejo de falar sobre.

– Que parte do “eu quero ficar sozinho” você não entendeu?

– Você disse que queria ficar sozinho e eu também quero. Então acho que poderíamos ficar sozinhos juntos. O que acha?

Por algum motivo, a fala da garota o fez soltar uma pequena risada. Talvez a maneira gentil e doce com que ela havia dito, ele não sabia. Somente sentiu que naquele momento não detestava tanto a negra e que talvez, apenas talvez, ela poderia ser uma companhia agradável. Quando não estava cantando, é claro.

– Como você consegue ser tão irritante? – Perguntou o menino e pelo tom de sua voz, ela pode perceber que parte da tensão anterior havia se quebrado.

– É um dom, poucos têm esse talento – Respondeu rindo e ele apenas balançou a cabeça negativamente, um pequeno sorriso torto brincava em seus lábios. No entanto, algo lhe ocorreu na mente, ela com certeza havia percebido que ele chorara.

– Será que você poderia...

– Não se preocupe, eu não vi nada – Respondeu com voz misteriosa e distante – Mas ainda precisamos voltar, está ficando tarde...

– Só me dê um tempo – Cortou-a bruscamente. Nenhum dos dois disse mais nada, apenas puseram-se a olhar um pequeno Volbeat bater suas asas apressadamente iluminando as águas sobre as quais passava.

***

No Centro Pokémon, nada havia se modificado para os dois jovens que ainda esperavam impacientes. May já havia se levantado, dado voltas na recepção e sentado três vezes, sem que nenhuma notícia houvesse surgido, parecia impossível que até agora não tenham podido dar-lhes notícia nenhuma. Depois de muito tempo, uma enfermeira surgiu e fez sinal para que ambos se aproximassem. Sua cara não lhe dava um aspecto de portadora de boas notícias.

– Por favor, enfermeira, nós não agüentamos mais. Dê-nos uma notícia, em nome de Arceus! – Implorou May já segurando a mão da mulher entre as suas. Wally ficou ao seu lado, mas não disse nada, pelo seu olhar dava para ver que seu desespero era semelhante ou até maior que o da amiga.

– Eu lamento não ter uma boa notícia para dar-lhes garoto, mas o estado da Kirlia é muito grave e creio que ela não sobreviverá. Fizemos tudo o quanto foi possível e agora só depende dela, as próximas horas serão decisivas. Pelo menos conseguimos salvar os filhotes, eram dois e bem pequenos.

– Podemos vê-la? – A pergunta de Wally soou tão abalada que a enfermeira não pode deixar de sentir uma onda de compaixão.

– Podem, mas é necessário que seja um de cada vez. Estressá-la não seria nada bom na situação atual. Ela é um pokémon psíquico então pode sentir suas emoções e espírito inquieto.

– Vá vê-la Wally – Disse a garota antes do amigo se manifestar. A personalidade altruísta dele provavelmente tentaria ceder-lhe a vez, mas ela sabia que ele, dentro todos ali, era o que mais merecia e o que mais se dedicara ao resgate da pokémon.

– Mas May... – Ele começou a refutar, porém foi logo cortado pela morena.

– Vá logo! Quando mais tempo perder aqui, pior poderá ser a situação dela.

Ansioso por ver a criatura logo, apenas assentiu a cabeça, agradecendo internamente a May por aquele momento concedido. Guiado pela enfermeira, passou por uma das portas ao lado do balcão com os dizeres “Acesso somente para pessoal autorizado” e seguiu por um corredor largo de paredes claras. O cheiro de produtos de limpeza pairava no ar e fazia seu nariz coçar, mas nada muito intenso. Chanseys, homens e mulheres passavam hora ou outra de uma porta para outra, sem prestar muita atenção no visitante, que olhava curiosamente para tudo.

– Essa porta dá em uma sala que leva a UTI. Preciso que retire sua roupa e a deixe em um canto assim que entrar. No armário branco ao lado do box do chuveiro estão as roupas que deve vestir. Assim que terminar, me espere na frente da porta do lado oposto.

O garoto fez assim como lhe foi indicado, apesar da vergonha de se despir e ter de usar roupas muito maiores do que ele que praticamente arrastavam no chão. A mulher de cabelos róseos chegou até ele pouco tempo depois, com sua roupa já trocada e entregou-lhe coisas para cobrir-lhe os cabelos e os pés.

Foi guiado pelas salas da UTI a seugir. A medida que andava, podia ver os pokémons que ocupavam os leitos, a maioria era da região, mas havia um ou outro desconhecido. O estado de alguns era lastimável, seja pela aparência cadavérica ou por ferimentos de aspecto grave. Houve uma parte que lhe pareceu reservada à pokémons idosos, a maioria imóvel sobre a cama. Quando finalmente chegou até onde estava Kirlia, soltou um suspiro de angustia.

– Vou deixá-lo sozinho por alguns minutos. Não a toque! Infecções nesse estado podem ser fatais – Instruiu a mulher e o garoto fez um aceno indicando que havia entendido.

A visão de Kirlia naquele estado foi, de longe, a coisa mais triste que já havia chegado a seus olhos. A maior parte de seu tórax e abdome estava coberta de atadura. A pele ainda mais sem cor, adquirindo um branco doentio. Havia diversas agulhas em seu braço, todas ligadas a cateteres que levam-lhe sangue, medicamento e alimentação endovenosa. Em seu rosto havia uma máscara conectada a um tudo que lhe fornecia oxigênio. O menino temeu ficar até mesmo alguns passos de distância, parecia que qualquer ação que fizesse poderia, de algum modo, afetá-la.

No entanto, como se pressentisse sua aproximação, a pokémon abriu os olhos lentamente. Havia tanta tranqüilidade contida neles que Wally questionou-se se ela tinha alguma consciência da situação em que estava. Não havia dor, medo, insegurança em seus olhos, apenas uma misteriosa sabedoria, além de, bem no fundo, uma tristeza profunda.

“Pode chegar mais perto, Wally” Disse uma voz em sua mente, e o garoto reconheceu-a imediatamente.

– Eu posso fazer algo errado e... Acabar te machucando... – Disse com voz baixa, no entanto, sabia que ela ouviria.

“Você não vai fazer isso. Por favor, chegue mais perto” A voz parecia ficar mais fraca a cada palavra, mas não falhou em nenhum momento.

– Por favor, não se esforce muito. Precisa descansar para ficar boa e ver seus bebês...

“Eu já estou tão bem quanto posso ficar. Não se preocupe comigo...”

– Não diga esse tipo de coisa! – Murmurou ele, os olhos enchendo-se de lágrimas. Não queria chorar na frente dela, mas não conseguia se conter. Podia ver na face da pokémon, ela sabia que iria morrer.

“Você é um garoto tão gentil” Parou alguns segundos. “Sabe, a vida de todos os seres que habitam nesse planeta é como um ciclo: ela tem início, meio e fim, para então se renovar com todo seu esplendor. O medo de encarar a morte não passa de uma bobagem, pois ela é natural e, como todas as fases da vida, tem sua beleza. O meu renascimento com esplendor está naquelas pequenas criaturas que carreguei o ventre por meses, e que você ajudou a vir ao mundo. Agora já chega minha hora de partir”

“Antes que não me deixe concluir minha fala, gostaria de dizer... Os nomes são Apolo e Artemis... Cuide deles...” Sua respiração acelerou assim como sua frequência cardíaca, ela começou a tremer e seus olhos saíram de foco, iluminados por um brilho róseo. Wally se desesperou e quebrando as regras que lhe foram ditas e tocando a pokémon.

Como se um raio, tivesse atingido-o, o garoto recuou. Diversas cenas se passaram por seus olhos, cenas aterrorizantes, medonhas. Ele estava lá, mas havia outras pessoas, muito mais e o garoto não pode deixar de soltar um grito diante do que viu. Afastou-se bruscamente topando na parede atrás de si e deixando-se cair no chão suando frio e com tremores percorrendo-lhe o corpo.

Imediatamente o som de um bipe preencheu ecoou em seus ouvidos, mas ele não conseguia se mexer, vidrado em algum ponto desconhecido em sua frente. Mãos tentaram erguê-lo e por um instante ele deixou-as fazê-lo, até que voltou a si e desvencilhou-se das mesmas. Disparou para fora da sala até o banheiro mais próximo que havia visto, se pondo a vomitar tudo que havia tomado de café. Duas únicas palavras ecoavam por sua mente, ele não soube dizer se fora Kirlia ou seus próprios pensamentos.

“Obrigada” e “Prepare-se” Era tudo o que se lembrava.

***

May ainda estava à beira do balcão esperando pelo retorno do garoto quando ouviu as portas do centro se abrirem e alguém chamar seu nome. Virou-se e viu que os dois colegas de viagem se aproximarem, Brendan com sua cara mal-humorada típica e Juliana com uma expressão preocupada.

– Alguma notícia? – Perguntou a negra e a mais nova suspirou.

– Os filhotes nasceram, mas a Kirlia provavelmente não sobreviverá. Wally está com ela na UTI, creio que se alguém tenha o direito de passar com ela seus últimos minutos, esse alguém é ele – Disse com o olhar cabisbaixo e em seguida dirigiu-o para Brendan – Onde você esteve?

Ele abriu a boca para responder, provavelmente uma resposta mal-educada, mas duas figuras resfolegantes entrando no centro pokémon captaram a atenção do grupo.

– Finalmente... – Disse a mulher após ter respirado profundamente por alguns segundos, May imediatamente se lembrou daquele rosto, era a mãe de Wally – Você! – Gritou a senhora apontando para Juliana - Onde está meu filho? O que fez com ele? – A negra se assustou e se escondeu atrás dos outros dois.

– E-eu não sei do que a senhora está falando – Gemeu assustada.

– Você sabe muito bem! Ligou para minha casa tentando atrair meu filho para problemas e agora conseguiu. Onde ele está?

– Nós não... – Começou May, mas Brendan a interrompeu.

– Ele está aqui senhora. Wally veio ver a Kirlia e acho não irá demorar- O tédio que sentia era explícito em sua voz. Provavelmente Charlotte também percebeu, pois parecia ainda mais furiosa.

– Tragam-no aqui imediatamente! E da próxima vez que eu os vir junto de vocês irei chamar a polícia! Onde é que já se viu raptarem um garoto doente e levar para onde bem entenderem? – Aquela fala por algum motivo irritou profundamente a garota. Wally era pouco confiante e se achava inferior aos outros, como poderia ser diferente se era tratado apenas como um garoto doente pela família?

– Como pode falar isso? Wally é um garoto normal! E tem sonhos! Como podem enxergá-lo apenas como uma pessoa doente? – Disse ela, exaltando-se também.

– Quem é você garota? O que você acha que sabe sobre o Wallance?

– Eu sei que...

– Fique quieta, May! – Disse Brendan entre dentes, após dar lhe um cutucão.

– De que lado você está?

Uma campainha soou atrás do grupo fazendo-os se calarem e voltarem-se para a origem do som onde viram a feição de uma enfermeira furiosa.

– Onde vocês pensam que estão? Isso é um hospital, deve-se fazer silêncio!

– Desculpe senhorita enfermeira. Estávamos procurando nosso filho e achávamos que o mesmo havia fugido para cá. Não foi nossa intenção causar tumulto, minha esposa acabou se exaltando por estar muito nervosa com toda essa história – O homem, que deveria ser o pai de Wally se manifestou pela primeira vez após sua chegada. Era um pouco gordo e embora estivesse um pouco calvo, possuía os mesmos cabelos verdes do filho.

– Eu estou aqui pai – Uma voz fez-se ouvir na direção em que estava a enfermeira e viram Wally surgir pela porta. Ainda estava o mesmo garoto magrelo, mas May notou nele algo diferente, talvez em seu olhar ou sua postura e no fundo, soube o que significava, em algum momento, dentro de uma daquelas salas, o garoto de cabelos verdes havia crescido. Sua mãe correu até ele e abraçou-o fortemente, a segunda vez naquele dia.

– Meu filho, esta tão preocupada com você. Está de castigo pelos próximos 30 anos! – Disse em tom choroso. O menino nada respondeu, apenas dirigiu seu olhar para May e proferiu suas próximas palavras.

– Ela morreu – Uma dor incontida estava presente em suas palavras, não havia brilho nos olhos azuis. Em seguida, atirou algo que ela pegou por instinto e assim que o fez, notou que era uma pokeball.

– Essa é a pokeball de um dos Ralts, seu nome é Apolo. Ele ainda precisa ficar sob observação, pois nasceu menor e mais debilitado do que a irmã, mas quero que fique com ele – O menino falava com uma voz firme.

– W-Wally, v-você quem deve ficar com eles.

– Não, não posso cuidar dos dois. Você fará isso melhor do que eu. Estamos viajando amanhã mesmo para Verdantur. Preciso de você para isso! – Ela confirmou com a cabeça, daria o melhor de si para o pequeno pokémon.

– Wally, sobre essa história de pokémon... – Começou a Sra. Young, mas o garoto a interrompeu educadamente.

– Desculpe mamãe, mas podemos conversar isso em casa? – Ela parecia um pouco contrariada, mas acabou aceitando. Em seguida o garoto se despediu de seus amigos e seguiu para casa com os pais, ainda sob ameaça de ficar de castigo até que tivesse seus próprios filhos. O trio ficou apenas observando-os sair em silêncio, sendo o mesmo quebrado apenas alguns minutos depois por Juliana.

– Ufa, já estava vendo a hora de apanhar – Suspirou de alívio e olhou para May - Porque não vamos ver seu novo pokémon?

– Eu vou dormir... Já tive demais de pokémons por hoje – Anunciou o rapaz e se dirigiu às escadas. As outras não lhe deram importância.

– Eu não sei se podemos, vamos pedir para a enfermeira e ouvir o que ela diz.

A enfermeira estava relutante com o pedido das meninas, mas no fim, acabou por aceitar sob a promessa das garotas de que não iriam demorar. Elas entraram pela mesma porta que Wally, porém tomaram um caminho diferente, subindo uma escada no final do corredor para chegar a maternidade. Assim que entraram, puderam ver quão frágeis eram as criaturas que ali ficavam, muitos deles pareciam somente estar vivos graças aos aparelhos ligados a ele. A mulher guiou-as até um dos últimos, onde uma pequena criatura ligada a diversos fios e tubos lutava para se manter nesse mundo.

Era uma criatura pequena, bem pequena, sendo pouco maior que o palmo da garota. Possuía uma pele clara, recoberta por longos e finos pelos brancos. Sua cabeça era quase totalmente coberta por algo que se assemelhava a um capacete verde, mas que sabiam ser parte do pokémon. Dois chifres vermelhos saiam do mesmo adornando sua testa e nuca. Sem dúvidas, aquele era um Ralts lindo.

– Ele é tão fofo – Comentou a mais nova, olhando encantada para o bebê. Juliana falou algo em seguida, mas ela não escutou, pois uma voz diferente entrara em sua cabeça.

“Quem sou eu?” May ouviu uma voz infantil e suave como uma brisa em sua cabeça. Assustou-se por um instante, mas logo entendeu de onde vinha.

– Seu nome é Apolo. Você nos deu um trabalhão pra chegar até aqui, sabia? – Comentou sentindo um aperto no coração ao se lembrar da Kirlia, era difícil acreditar que haviam perdido-a, ela nunca vira um pokémon morrer.

“Você é minha mamãe?”

– Não, não sou sua mãe, mas prometo cuidar de você de agora em diante. Você nunca ficará sozinho – O pokémon não respondeu, mas May pode ver um breve sorriso através da máquina de oxigênio.

– Meninas, temos que ir – Anunciou a enfermeira.

– Sim senhora – Respondeu a mais nova sorrindo -Até logo, Apolo! Eu prometo que você será o pokémon psíquico mais forte de toda Hoenn!


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