Happy Birthday, Molly escrita por Louise


Capítulo 15
Vazio


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou! Até que enfim consegui terminar tudo :3 Esse capítulo vai estar um pouquinho maior, afinal tem bastante coisa acontecendo... Aviso: Voltamos para o flashback! Se não se lembram do que estava acontecendo, leiam o capítulo "Charlotte", o anterior a esse na cronologia. Sem me demorar, vamos para a história!



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Sherlock observou atentamente os passos de Molly. A viu cruzar a rua, tocar a campainha e esperar pacientemente até que fosse atendida e conseguisse adentrar a casa. De relance, viu os olhos – brilhantes como os de um gato atento - de Charlie. Com um pouco de sorte, não encontraria a ruiva enquanto invadia a casa.

Sorrateiramente, saiu do carro e, parecendo um ator de novela – tão certo do que faria -, contornou a casa. Os fundos, escondidos dos olhos curiosos do mundo exterior por um muro alto de tijolos, eram tão adoráveis quanto a fachada da casa. Havia somente uma entrada, um portão pequeno feito de barras de ferro, pintado de verde escuro e quase se misturando a grama viçosa que crescia.

Sherlock arrombou o portão com facilidade, fechando-o logo que pôs os pés na propriedade. Rezando para que Molly conseguisse segurar Charlie na sala por mais alguns minutos, caminhou em direção a entrada da cozinha, abrindo-a com facilidade e, como fizera com o portão, fechando-a em seguida.

A cozinha não tinha nada de especial. Na verdade, lembrou-lhe um pouco a cozinha da casa de seus pais – uma mesa de madeira no centro, para uso da cozinheira, e balcões por toda a volta, bem abaixo de alguns armários superiores. A janela grande tinha vista perfeita para o jardim, onde, o detetive notou, agora descansava um Labrador de pelo dourado. “De onde surgiu isso? Não me lembro dele, não estava aqui quando vim pela primeira vez. Talvez Moran simplesmente goste de cachorros”.

Atravessou o batente da porta, entrando em uma sala um tanto quanto suntuosa. Paredes de um branco quase translúcido, enquanto o chão era de um marrom-madeira puro. No centro, dezoito cadeiras rodeavam uma mesa em forma de retângulo, longilínea, correndo e atravessando de um lado ao outro da sala. Acolchoadas em vermelho, as cadeiras mantinham-se perfeitamente alinhadas, percorrendo todo o contorno.

O moreno viu, ao fundo, a entrada para a escada e, consequentemente, para o andar de cima. Apressou-se ao ouvir a conversa vinda da sala. “Exato. William Scott. Que homem era aquele, meus Deuses. Os olhos azuis, os cachos...” era Charlotte. Falando dele. Excelente, Molly ficaria horrorizada. “Mas enfim, o telefone está no escritório, a sala ao lado. Vou pegar a caixa de primeiros socorros...” ela continuou. Sherlock apressou-se mais ainda, tendo tempo de ouvir os saltos da ruiva começarem a bater no assoalho de madeira do andar inferior, enquanto ele já estava sobre a cabeça de Molly.

*

Enquanto isso, no andar de baixo, Molly imaginava para quem ligar. Teria que discar algum número, ou encenar para Charlotte e cortar o próprio rosto como um canivete não teriam servido de nada. Em outras palavras, ela seria descoberta. Fez um pequeno esforço mental, tentando lembrar-se do número que Sophia entregara a Sherlock, antes que saíssem do hotel e rumassem para Belacqua. “554-081... vamos, Molly! Você consegue lembrar! 554-0814! Isso!”. Agarrou o telefone e discou os números. Em sua mente, a voz de Sophia dizia: “Se precisarem de qualquer coisa, podem ligar. Iria até o fim do mundo para busca-los, se fosse preciso”.

__ Alô? – a voz metálica respondeu, do outro lado da linha. Estava um pouco distorcida, mas era reconhecível como a da Holmes mais velha.

__ Alô! Anna, aqui é a Karen – Molly começou. “Karen é o nome no meu documento falso. Duvido que Sophia não se lembre”.

__ Karen... Karen! – Sophia respondeu, do outro lado da linha. – Do que precisa?

__ Fui assaltada. Só estou ligando para que não venha ao meu encontro. Nos encontramos outro dia.

__ Mas que horror! Está tudo bem?

__ Tudo sim, só estou com a bochecha um pouco cortada. Mas vou sobreviver.

__ Tudo bem, sem problemas, nos vemos outro dia. Me ligue assim que puder – Sophia embutiu em sua atuação um desejo particular. – Não esqueça de me ligar.

__ Tudo bem. Nos vemos depois. Até mais.

__ Até mais.

Charlotte, paciente, observava a outra ruiva ao telefone. Martha também a esperava, com o copo de água em mãos. Molly devolveu o telefone ao gancho, deixando os ombros relaxarem. Sabia que tudo estava correndo bem e que, com sorte, Sherlock já deveria estar saindo da propriedade dos Moran.

__ Muito obrigada – ela disse. – Muito obrigada mesmo, não sabem o quanto me ajudaram.

__ Vous êtes bienvenus – Charlie respondeu, gentil. – Agora, deixe-me cuidar desse ferimento.

*

(Voltando ao Sherlock)

Ele pensou rápido. “Óbvio, Moran colocaria as cartas sobre sua supervisão, debaixo de seu nariz. Em seu quarto. Mas qual seria ele?”. Em silêncio, tentou o primeiro. Era o de Charlotte. Tentou o segundo. “Bingo”. Entrou e lá ficou, esperando não ter feito muito barulho com o ranger da porta fechando.

O quarto de Moran era extremamente simples, composto de uma cama em frente a porta da sacada, um guarda-roupa ao lado, um espelho fincado na porta, uma mesa e muita bagunça. Era grande, e sua maior parte era ocupada por papeis – algumas pilhas em um canto, outros montes sobre a mesa, espalhados pelo cômodo. Onde a bolsa poderia estar? O detetive olhou em todo lugar no qual poderia se esconder uma bolsa, desde os mais óbvios (como debaixo da cama) até os mais elaborados (como um cofre escondido). Não havia nada. “Moran poderia ter levado a mala consigo. Não, ele não se arriscaria a ser roubado por alguém do nosso pessoal e perder tudo aquilo. Ele a deixaria aqui”.

Algum mecanismo começou a funcionar em sua mente.

“Martha”.

Sherlock não perdeu tempo. Ele sabia que Martha morava na casa. E que, como não haviam outros quartos no andar debaixo, o terceiro só poderia ser dela. Abriu a porta silenciosamente e, depois de fechá-la, andou até o da servente gordinha. Era tão ou mais simples que o do patrão, porém com menos bagunça.

Depois de alguns minutos de observação, concluiu que seu pensamento estava certo. Não estava no de Moran – estava no de Martha. Não foi muito difícil de encontrar, só uma questão de tempo entre o detetive notar a falha no assoalho e arrancar uma tábua, encontrando finalmente a mala. Justamente como Sophia dissera, era cor de chocolate – e tinha o peso aparente de uma pluma.

Tarefa concluída. A mala agora estava em poder do Holmes mais novo. Só faltava sair.

Devolveu a madeira a seu devido lugar, deixando o quarto como havia encontrado. Com muita sorte e uma pitada de espera, conseguiu chegar a cozinha em segurança, sem ser visto. Espiou, pela janela, o jardim. Problemas. O labrador estava acordado, fazendo rondas consecutivas bem próximo ao portão. Esperar, para que ele deitasse e dormisse não parecia uma opção – o cão estava mais disposto do que antes.

Sair pela sala? Não, Charlotte estava lá, junto a Martha. Molly, constatou o detetive, provavelmente estava em segurança, esperando-o próxima ao carro. Sua única chance era o jardim.

*

Charlie, finalmente em paz, deliciava-se com o whisky, ao som do bom e velho Elvis Presley. Cantava junto a ele, para acalmar os pensamentos. Descalça e jogada sobre o sofá, tentava relaxar. A vida de ladra, contrabandista e bandida, por mais simples que parecesse, não era nada tranquila. Não tinha medo que algo acontecesse a ela. Mas que Sebastian se machucasse. Charlotte valorizava ao máximo a família, e, se algo acontecesse a seu irmão, o responsável pagaria extremamente caro.

O cachorro começou a latir. A ruiva era conhecida por sua paciência quase mínima, e, com animais como cães, diminuía. Pediu para que Martha o acalmasse. A governanta saiu quase que imediatamente, para satisfazer a vontade da patroa.

__ CHARLOTTE! CHARLOTTE! É ELE! – ouviu a gordinha d cabelo grisalho gritar. “Ele quem?”, perguntou-se. Sem parar para colocar os sapatos, andou em direção ao jardim ensolarado. Martha estava branca, como se acabasse de ver um fantasma.

__ O que aconteceu?

__ Ele, milady... Ele levou a...

__ Ele quem, criatura?

__ O Sr. Scott... Ele levou a... A bolsa dos origamis.

Seu rosto corou como nunca. Não, não poderia ser verdade. William fora deportado, jamais poderia voltar para a França – Sebastian se assegurara disso. Furiosa e mais tensa do que antes, subiu as escadas desesperadamente. Quase arrancou a porta do quarto da governanta, ao abri-lo. Jogou-se ao chão e tirou o assoalho do lugar.

Seu coração ameaçou parar.

Impossível.

O esconderijo estava vazio.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! Comentem o que mais gostaram, e o que acham que vai acontecer, assim posso ter uma pequena ideia do que vocês estão imaginando ;) Até mais, nos vemos no próximo capítulo o/

Beijinhos da ruiva,

Amelia.



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