Até que enfim em casa. A primeira coisa que Molly fez foi chutar os sapatos para longe e passar os pés pelo carpete da casa. Pegou Lara, a gata, no colo, enquanto se esparramava pelo sofá da sala.

Sherlock deixou a mala, que Mary fizera para a amiga, diante da porta de entrada. Juntou-se a ruiva no sofá, deitando a cabeça dela sobre a cabeça. Estava se divertindo em mexer no cabelo dela.

Antes que dormisse, Molly ligou o rádio. Uma música calma começou.

My body is your party, baby

Nobody's invited but you, baby

I can go slow now

Tell me what you want

__ Vem aqui.

De repente, Sherlock a puxou. Dançando juntos no meio da sala, ouviam uma música lenta no rádio. Molly, descalça, segurou-se no pescoço do moreno. O Holmes mais novo segurava a noiva pela cintura, colocando os dois corpos. Calmo, aproximou a boca do ouvido da moça.

__ Tem certeza que me quer na sua casa essa noite? Vou fazer uma bagunça – sussurrou, baixinho. Ela sentiu Ela sentiu o corpo arrepiar. A música começou.

Baby put your phone down

You should turn it off

Cause tonight is going down

Tell your boys is going down

We're in the zone now

Don't stop

__ Se eu dissesse que sim, correria um risco muito grande? – ela provocou, sussurrando.

__ Extremo – ele respondeu.

__ E o que você vai fazer? – ela sentia o desejo queimá-la por dentro. Ele a beijou com força; só ele mesmo sabia o quanto a queria para si. Aos beijos, os dois pararam de dançar. Mas a música continuou.

You can't keep your hands off me

Touch me right, yeah, rub my body

I cant' keep my hands off you

Your body is my party

I'm doing this little dance for you

You got me so excited

Now it's just me and you

Your body is my party

Let’s get it started

Ela escondeu as mãos nos cachos dele. Devagar, entretidos um com o outro, começaram a andar em direção ao sofá novamente. Sherlock passou os lábios pelo pescoço da ruiva – parecia querer beijar cada canto da pele dela. Molly tropeçou nos próprios sapatos. Caiu, trazendo consigo o corpo do noivo. Continuaram as carícias, seguidas por um strip-tease romântico e recheado de beijos ardentes e apaixonados.

Boy you should know that

Your love is always on my mind

I'm not gonna fight it

I want it all the time

Boy you should know that

Your love is always on my mind

I can't deny it

I want you

I want you

Depois da noite de amor, Molly adormeceu sobre o corpo do detetive.

–----

__ Dormiu bem ai? – ouvi a voz dele inundar meus ouvidos, sentido meu peito tremer, colado ao dele. Soltei uma risada abafada.

__ Maravilhosamente bem. Só espero que eu não tenha incomodado com o meu peso – respondi, irônica. Vi seus lábios formarem um sorriso discreto.

__ Você é mais leve que uma pluma quando está dormindo, querida – ele disse, arrumado a coluna no sofá. Meus Deuses, o que fizemos? Dormimos juntos no sofá! Ele deve estar morrendo de dor nas costas. Tirei meu corpo do dele, levantando e cobrindo o corpo com a camisa roxa que ele usava. Sherlock me observava quieto, brilhando aqueles olhos azuis como nunca havia visto. Pelo menos não antes da França.

__ Quer comer alguma coisa? – perguntei. Prendi meus cabelos em um rabo alto, empurrando Lara com os pés antes que pisasse em seu rabo peludo. A gata veio logo atrás de mim, faminta. Não me lembrei de pedir a Mary que viesse cuidar dela. Como eu me esqueci?!

__ Talvez. O que temos para hoje? – ele respondeu. Adentrei a cozinha, sentindo o vento gelado da manhã, que entrava pela janela, e cheiro familiar que ela me trazia. Bolo de chocolate. Fiz um há alguns dias, e ainda não comi tudo. Pode ser uma boa pedida para um café da manhã.

__ Bolo de chocolate. Se quiser, faço uma xícara bem grande de chá para você. Já vou fazer uma para mim, posso aproveitar o fogo.

Puxei a chaleira e a enchi de água. Estava a ponto de ligar o fogão, já com o recipiente sobre a boca do fogo, quando ouvi seus passos atrás de mim. Com facilidade, fiz com que o fogo saísse, começando a esquentar a água. Quando me virei, tive que me segurar na ponta dos pés. Dei de cara com aquele rosto angelical, me observando do outro lado do cômodo - só de cueca, e deliciando o meu bolo. Tive que me conter para não rir da cena.

__ Hmmm, isso aqui está uma delícia – ele disse, de boca cheia. – Porque nunca fez um desses enquanto eu estava aqui?

__ Eu fiz. Você não comeu.

__ Perdi uma bela oportunidade de me empanturrar de açúcar, como vou fazer agora – Sherlock respondeu. Deu mais uma mordida em um pedaço. Me juntei a ele, segurando a faca e cortando um pedaço da massa fofa e levando-a a boca. Mastiguei devagar, saboreando a cobertura maciça e o interior aerado. Assim, gelado, parecia mais gostoso do que antes.

Ficamos em silêncio, até sermos interrompidos pela chaleira chiando. Desliguei a fonte de calor e derrubei o líquido nas duas xícaras, adicionando a essência. Depois de alguns minutos, eu voltava aos arredores do bolo com duas canecas cheias de chá quente. Não me atrevi a experimentar imediatamente – além de ainda estar dissolvendo a essência, estava quente demais. Sherlock não teve a mesmo pensamento. Deu uma bicada e queimou a língua. Obviamente, não disse nada; mas fez uma careta que me fez gargalhar por alguns instantes.

__ Acho que me apressei demais.

Em meio aos meus risos e ao sorriso inesquecível dele, ouvimos a campainha tocar. Quem seria, a uma hora dessas? Voltei a sala, onde – por pura sorte – havia deixado meu robe sobre a poltrona. O vesti, amarrei o cordão na cintura e, descalça, corri para a porta de entrada. Abri com um sorriso, mas o fechei em pouco instantes.

__ Mycroft?