The Last Flame of Fire escrita por Bea


Capítulo 19
Capítulo 19 - Remembering? - Part. 2


Notas iniciais do capítulo

Hey o/. Eu demorei bastante pra escrever, mas finalmente escrevi, e acabou que o capítulo ficou com 4.000 palavras, sendo que ainda tem mais uma parte. Mas meu dedo doeu quando eu escrevi ;-;
A música que eu citei um trecho é: "Nevereverland" da Nano :3
Por isso, espero que gostem do capítulo! E perdão por qualquer erro.



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Flashback on*

Pouco mais de 5 anos atrás...

A neve caia, enfeitando o céu da cidade de Cinnabar no inverno. As ruas também estavam ‘decoradas’ pela neve, o que dificultava a passagem de automóveis, apenas uma hora ou outra um carro passava, lento, com uma leve dificuldade pelas estradas cheias de neve. As poucas pessoas andando na rua se encontravam bem agasalhadas, andando ao lado de seus Pokémon’s com alguns tipos de agasalhos especializados para Pokémon’s. Um táxi branco parava em frente a uma casa não muito grande, de dois andares, com as paredes brancas, uma pequena varanda no segundo andar e uma chaminé já quase coberta pela neve no telhado da casa e também uma pequena árvore - já sem folhas, devido à estação - com seus galhos cobertos de neve no pequeno quintal da casa.

Um garoto de aparentemente cinco anos com cabelo curto, liso e dourado, e olhos da mesma cor do cabelo, saía do táxi com uma expressão indiferente, levando uma pequena mala de mão, logo em seguida, do mesmo táxi, sai uma mulher, aparentemente sua mãe, seu cabelo loiro ficava na altura dos ombros e era liso e repicado nas pontas e ela carregava uma mala grande de rodinhas e uma mala de mão.

O garoto usava uma camisa social, uma calça jeans infantil, tênis preto, um cachecol de cor azul cobalto com algumas listras azul celeste brilhante, e também um casaco, aparentemente grande demais para sua idade, de cor carmim. A mulher vestia uma blusa social de cor turquesa pálida, uma calça preta, botas também pretas e um casaco comprido, cor fuligem, por cima.

Após sair do táxi a mulher tirou do bolso da calça 1,200 Pokedollars para pagar o taxista, que logo após receber o dinheiro, deu a partida no carro e foi embora. A mulher foi em direção da porta de entrada da casa, seu filho a seguia. Ao entrar, ela primeiramente observou o local, como na parte de fora da casa, as paredes eram brancas, o piso era de madeira maciça. Várias caixas empacotadas estavam espalhadas pelo que provavelmente seria a sala, sem nenhum móvel no momento. A mulher entrou, colocou as malas em um canto do cômodo e então se dirigiu ao seu filho.

— E então, filho, o que achou da nossa nova casa? – Disse a mulher, com um pequeno sorriso, que logo depois desapareceu assim que o garoto apenas deu de ombros e já seguia em direção das escadas para levar sua mala para onde provavelmente virá a ser seu quarto. Afinal, para ele, se mudar não era algo muito impressionante... Estava sempre mudando de casa, passava um ano em uma casa, acontecia algo e ele e a sua mãe tinham que se mudar novamente. Essa provavelmente seria apenas mais uma casa.

Ele realmente sentia falta de quando seu pai ainda estava vivo, tudo era tão mais fácil... Eles tinham sua própria casa, eram felizes juntos, não eram de classe muito elevada, mas com o trabalho do pai, Carlos, como policial e sua mãe, Maria, como a ‘secretária’ do quartel de polícia eles ganhavam o suficiente para viver. Sua vida seguia assim, até o dia que seu pai, ao sair do trabalho tarde da noite, sozinho, foi atropelado. O motorista do carro que o atropelou nunca foi encontrado e não parou para prestar os primeiros socorros.

Até este ponto, todos se perguntariam o motivo pelo qual o garoto e sua mãe não conseguiam se estabelecer em um lugar. O motivo seria que, como sua mãe, Maria, já havia feito parte da Equipe Rocket - Mesmo saindo do grupo criminoso depois -, foi acusada de contratar um assassino para matar Carlos, alguns diziam que simplesmente por maldade que permaneceu no coração dela desde que fez parte da Equipe Rocket, outros diziam que pelo motivo de que Carlos, ter sido quem a havia supervisionado assim que a mesma foi solta da cadeia, para que a polícia tivesse certeza de que ela não cometeria nenhum crime novamente, a impedindo de ter sua completa liberdade. Na época o garoto ainda era pequeno e não conseguia entender o que acontecia, primeiro seu pai não voltava para casa, e logo depois, policiais, que ele sempre achava um trabalho incrível, levam sua mãe embora? E toda essa história teve uma grande repercussão na imprensa, a notícia saia em jornais, revistas, tevê. Porém, no final, Maria foi liberada por falta de provas para prendê-la. Mas o garoto sabia que sua mãe não seria capaz de fazer tudo isso, com toda a certeza. Quantas vezes escutou a história de como sua mãe e seu pai se conheceram. No começo, uma jovem rebelde, ex-integrante da Equipe Rocket, é solta da cadeia há pouco tempo e um jovem policial responsável com seu trabalho, porém mal-humorado, fica encarregado de supervisioná-la. No começo, sua própria mãe dizia que sem duvidas, em troca de sua tão amada liberdade, sairia correndo na primeira chance - O que realmente tentou fazer várias vezes, porém, parada pelo policial -, e seu pai dizia que antigamente apenas aturava a mulher pois dava muito valor ao seu trabalho. Porém com o tempo, algo foi se desenvolvendo entre eles, e o que o garoto teria aprendido e poderia ter certeza, é que pessoas podem mudar, mas isso depende da força de vontade de cada pessoa.

Nenhuma dessas pessoas que julgaram sua mãe viram o quanto sua mãe e seu pai se amavam, apenas ele poderia julgar algo - Se fosse para algo ser julgado. Mas um bando de pessoas que não sabem nada de sua vida, chegam querendo fingir saber de tudo? Realmente, às vezes, os humanos podem ser a raça mais ‘nojenta’ que existe, querendo se dizer espertalhões, sendo que não sabem nem a ‘ponta do iceberg’, sendo egoístas e pensando apenas em si mesmos, com certeza o ser humano pode ter muitos defeitos.

Sua mãe, para escapar de tanto preconceito, mesmo depois de ser provada inocente, mudou sua aparência, cortou o cabelo, e sempre tentava esconder seu rosto para ser o menos reconhecida possível, tiveram que se afastar de outros parentes, mudar de cidade... Mas nunca adiantava, sempre descobriam quem ela era, e quando não era ela que sofria o ‘preconceito’, era seu filho, na escola.

O garoto já subia as escadas até que escutou sua mãe lhe chamar e virou na direção da mesma, mas permanecendo na escada.

 

 

 

‘Long ago, inside a distant memory,
There is a voice that says
Do you believe a world of happy endings?
Even when the road seems long,
Every breath you take will lead you closer to
A special place within
Your neverever…’

— Daisuke! – Maria chamou seu filho, seu rosto demonstrava tristeza, seu filho, que antes ria, era alegre, agora raramente demonstrava alguma reação além de tristeza e inexpressividade, e ela também já havia visto seu filho chorando às vezes, a noite, afinal ele era apenas uma criança, tentando se fazer de forte na frente dos outros, mas mesmo assim, apenas uma criança. – Eu sei que você acha que não vamos permanecer nessa casa, e pode ser que realmente, novamente não nos encaixaremos, mas continuaremos a procura do nosso lugar... Se não tentarmos não conseguiremos, eu estou me esforçando o máximo, então... Espero que se esforce também... Pois um mundo de finais felizes, o seu próprio ‘lugar feliz’, é você mesmo quem cria, com cada esforço. Pois cada passo, pode te levar para mais perto do seu lugar especial... – Disse a mulher, por fim sorrindo, Daisuke reconheceu da onde surgira o final, de uma música que sua mãe cantava para ele, desde que ele era pequeno e se machucava, ela poderia não ter a voz de uma cantora profissional enquanto cantava, mas a voz e a música de sua mãe sempre o acalmava, de alguma forma, tranquilizava sua alma.

Daisuke apenas abaixou a cabeça e continuou subindo as escadas, ele iria se esforçar, ele se esforçava, mas parecia que ele nunca alcançava seu ‘lugar especial’... Mas ele iria aguentar, se sua mãe aguentava, ele também aguentaria, por ela. Ele sabia que uma hora ele conseguiria...

...No dia Seguinte...

Maria arrumava seu filho para ir para escola, o primeiro dia dele em mais uma escola. Mas notas e o estudo do filho não eram uma preocupação para a mulher, o garoto nunca teve nenhuma dificuldade, tirava notas excelentes e até estava avançado em seus estudos...

Por fim a mulher enrolou um cachecol, confortavelmente, no pescoço de Daisuke, o mesmo que o garoto usava no dia anterior.

— Já pode descer e ir para a cozinha, o café-da-manhã já está na mesa. – Disse Maria, já descendo as escadas, seguida de Daisuke.

Ainda haviam muitas caixas, algumas ainda fechadas e outras abertas, com apenas metade das coisas lá dentro, sendo que a outra metade já havia sido arrumada. Sua mãe havia ficado a noite toda arrumando os objetos, a sala já tinha a estante para tevê, e um sofá, ele e sua mãe tiveram que dormir em futons. O único lugar praticamente quase ‘completo’ era a cozinha.

Daisuke sentou-se, comeu seu café-da-manhã, um simples cereal com leite, já que sua mãe não tivera tempo nem para comprar mais nada, e nem mesmo para fazer algum café-da-manhã. O garoto usava uma blusa branca de manga comprida, uma calça jeans infantil clara, e o casaco grande demais para ele. Pegou sua mochila, calçou os tênis e saiu da casa, logo depois, se dirigindo ao ponto que o ônibus escolar viria busca-lo.

...

Após descer do ônibus, Daisuke pôde ver a escola. Era enorme e provavelmente a maior que ele já havia visto, ele entrou na escola antes mesmo do sinal tocar e já se dirigiu a sua sala, devido a sua idade ele deveria estar completando o Ensino Infantil, mas ele estava dois anos avançados na escola e já estava no 2º ano do Ensino Fundamental. Ao chegar a sua sala, ele teve o ‘privilégio’ de escolher seu lugar, já que foi o primeiro a chegar. Assim que todos chegaram, à aula começou tranquilamente, até o momento que todos os alunos novos são chamados para se apresentar na frente da sala, e havia chegado na vez de Daisuke, ele se dirigiu a frente da sala, disse seu nome completo, alguns pessoas cochichavam algumas coisas, inaudíveis para o garoto, mas deduziu que seria devido a seu ‘famoso’ sobrenome, mas nenhuma surpresa muito grande por parte dos alunos, até que ele disse sua idade e a professora disse que ele sempre foi um aluno exemplar em toda escola que estudava. Ai sim cochichos começaram a circular a sala, tais como: “Cinco anos? Ele não deveria estar no Ensino Infantil?”, “Como uma criancinha pode estar no 2º ano?”, “Ele deve ser um daqueles prodígios...”, “Já vi que vai ser um daqueles ‘queridinhos do professor’.”, “Eu já me mato pra passar de ano e um garotinho chegou aqui com mais nota que eu...”. Daisuke já estava acostumado com isso, apenas ignorou e foi ao seu lugar novamente. A aula seguiu tranquila, Daisuke tentava não se destacar, porém em uma das aulas, a professora fez uma pergunta que ninguém conseguia responder, chamou vários alunos pelo nome, mas nenhum sabia ou acertava, até que ela chamou o nome de Daisuke.

“Porque logo eu, de mais de trinta alunos...” Todos se viraram e olharam para Daisuke, ele pôde ouvir cochichos novamente. Obviamente que ele sabia a resposta, mas não queria se destacar tanto no primeiro dia de aula, não que não gostaria de se destacar, ele não era antissocial e nada do tipo, mas se destacar no primeiro dia nunca é algo bom... Mas no final acabou respondendo, sem muita dificuldade, e acertando, recebendo olhares impressionados de algumas pessoas, e olhares até mesmo de inveja de outras.

...

Depois do recreio e mais duas aulas, o sinal tocou, liberando todos, a maioria dos alunos guardaram seus materiais de qualquer jeito - Isso é, se jogar tudo na mala de uma vez pode ser considerado ‘guardar’ - e saíram correndo pelos corredores da escola, enquanto Daisuke guardava calmamente os materiais. Depois colocou sua mochila nas costas e saiu da sala á passos lentos caminhando pelos corredores, até que vê uma ‘roda’ de alunos, de vários anos, vendo algo, alguns tinham uma expressão impressionada, tensos, enquanto outros tinham que ser auxiliados pelos amigos para não caírem de tanto rir. O garoto tentou se espremer entre as pessoas, mas era empurrado pra fora toda vez que tentava e o máximo que viu do motivo do tumulto foi alguém com um casaco de capuz vermelho e mais outros dois garotos que pela altura pareciam ter 8 anos, já a pessoa do casaco vermelho, já que estava com capuz, Daisuke não conseguiu saber a idade, mas deduziu ser um garoto - Mesmo que bem baixo - pelo motivo de que aquilo provavelmente seria uma briga, e uma garota brigando com dois garotos e vencendo? Isso nem poderia passar pela cabeça dele. Daisuke suspirou, ele realmente queria parar a briga, mas ele mal conseguia entrar no tumulto... Ele não gostava de brigas, ele queria arrumar um jeito de mudar o mundo. Sim, ele sabia, um sonho incrivelmente tolo, mas sonhar nunca iria custar nada. Ele gostava de sonhar com uma ‘utopia’. Ingênuo? Talvez. Mas ele era sonhador, e um sonhador sempre mantém suas esperanças pelo que quer.

O garoto de olhos dourados tentou novamente se aproximar, falhando miseravelmente novamente. Suspirou, derrotado, realmente não conseguiria passar... Deste modo, mas talvez de outro jeito conseguiria... Parou para pensar como poderia conseguir passar até que seus pensamentos são interrompidos quando a ‘roda de gente’ se divide e os dois garotos de oito anos que estavam lá no meio, brigando contra aquele ‘garoto’ de capuz vermelho saem correndo, seguidos pela pessoa de casaco vermelho. Daisuke fica parado por uns segundos, o quê havia acabado de acontecer? Deu de ombros, ele tinha que ir pra casa.

Já no pátio da escola, perto da saída ele vê uma das coisas que estava na lista de coisas que ele simplesmente detestava. Um garotinho de seis anos estava, claramente, sofrendo bullying, o garoto aparentemente usava óculos, já que três garotos mais velhos, de aparentes nove anos, cercavam o garoto e um deles estava com um óculos nas mãos, que o garotinho pulava para tentar pegar. Daisuke observava isso de longe, ele apenas observava, até que o garoto, depois de se esforçar, conseguiu pegar os óculos e só por causa disso foi empurrado pelos valentões, um deles se aproximava com a mão levantada e fechada em um punho, o garotinho fechava os olhos. Nesse momento Daisuke correu e deu um chute forte e certeiro na barriga do valentão. O garotinho iria ajudar Daisuke, mas Daisuke fez um sinal para o garoto ir embora. Por causa do chute que Daisuke dera, o garoto rolava no chão de dor.

— Por que fazem isso? Eu não entendo, parece que em todo lugar que eu estudei até agora tem que ter alguém como vocês! Acham engraçado? – Daisuke se direcionou ao que ele havia chutado e que agora não conseguia se levantar de dor. – E então, valeu a pena? É legal levar um chute? Achou isso engraçado? Pois é né, não. Então por que fazem isso com os outros? – Disse Daisuke, mas parou de falar assim que um dos garotos riu e foi para cima dele, tentando o acertar. Ele desviou do soco, mas foi atingido pelo outro que sobrava, com um soco, bem no rosto, seguido de um chute na perna.

Daisuke caiu e deu um grito de dor, seus olhos começaram a lacrimejar com a tamanha dor que sentia do chute e do soco. Sua perna doía demais para ele levantar e correr.

— Olha, olha, você ficou famoso hoje nesse colégio, garotinho, todos falavam do pequeno gênio. – Disse um dos garotos.

— O que você estava esperando? Ser o herói dos coitados e ainda sair ileso? Não me diga que espera mudar o mundo? – Disse o outro em um tom sarcástico, rindo ironicamente no final.

— Quem você acha que é para mudar o mundo, garoto tolo? O que você acha que logo você pode fazer de tão especial? Ninguém precisa ouvir suas palavras. Pessoas como você nunca vão longe... – O outro garoto cochichou algo para o valentão, inaudível para Daisuke. – Ah! Bem que eu sabia que já havia escutado esse sobrenome em algum lugar... Waizu, não é? Que coincidência... Então quer dizer que você é filho de Maria Waizu... – O sarcasmo era óbvio em cada palavra, ele fez uma pausa. – Então, me diga, como é ter uma mãe assassina?

— Me diz, como é não ter pai e ter uma mãe que matou o próprio marido? – Disse o outro garoto. Os olhos de Daisuke começaram a lacrimejar mais ainda. Eles não sabiam o que falavam... Não... Sua mãe não era uma assassina. – Ah espera, você não acha que ela é uma assassina, não é? Ah, vamos lá, considere os fatos, o motorista nunca apareceu, e era o único carro na rua àquela hora da noite. Eu lembro que vi na tevê, haviam câmeras e o carro apenas passou quando seu pai iria atravessar a rua, naquele exato momento, como se tivesse sido programado... E além do mais, o carro não tinha placa, engraçado não? – Daisuke já havia começado a chorar. Não... Não... Sua mãe não era uma assassina... – E também, ela já foi da Equipe Rocket, e olha só! Que coincidência... Uma assassina da Equipe Rocket, ela matava qualquer um... Sem piedade.

Daisuke não conseguia segurar mais o choro, já chorava alto e colocava os braços na frente do rosto, e tentava limpar as lágrimas, mas não conseguia cessar o choro.

— Olha só, além de tudo isso é sentimental... Coitadinho... – Disse o outro garoto, sarcástico, fingindo fazer uma voz triste bem falsa, rindo ao final, mas para de rir assim que recebe um soco e cambaleia para trás. Daisuke havia levantado, mesmo chorando e com muita dor na sua perna, e havia dado um soco no garoto que ria, ele não tinha o direito de falar de sua mãe. O garoto se desequilibrou um pouco, mas voltou a ficar de pé. – Ora, seu... – O garoto levantava o punho, Daisuke fechou os olhos com força, ele não conseguiria desviar com a perna daquele jeito. Mas o soco não chegou, ele apenas ouviu o barulho de algo, ou alguém caindo. Quando abriu os olhos, lentamente, viu que o garoto havia caído e estava... “Desacordado? Mas quem...?” Logo Daisuke vê a pessoa que usa capuz vermelho, mas ainda não consegue ver o rosto da pessoa, que ainda mantinha o capuz.

— Essa não, A-Akuma! — O último garoto que havia restado saiu correndo em desespero, quase tropeçando no caminho.

A pessoa que usava capuz virou um pouco a cabeça na direção de Daisuke, mas quando a pessoa estava finalmente frente a frente com Daisuke, com certeza foi uma surpresa.

— Uma... Garota? – Daisuke inclinou a cabeça para o lado, quer dizer que a pessoa que havia colocado aqueles dois garotos para correr nos corredores do colégio, e também havia o ajudado agora era uma garota? Ele não tinha nada contra, mas ela aparentava ter cinco anos, assim como ele, e colocou garotos de oito e nove anos para correr?

— Sim, sim, isso mesmo, uma garota... – Disse a garota, em um tom entediado, como se isso normalmente acontecesse. – Bom, agora vou indo... – Ela já se virava para sair, até que Daisuke a segurou pelo braço.

— Espera! – A garota se virou para Daisuke e ficou o encarando, com a mesma expressão entediada.

— E então, que foi? – Disse a garota, depois de alguns segundos, já que Daisuke não disse nada.

— Ah! – Daisuke ficou envergonhado, e percebeu que ainda segurava o braço da garota, soltando e disfarçando coçando a cabeça. A garota sorriu levemente e deu uma pequena risadinha. – Eu só queria agradecer pela ajuda, é... – Daisuke esperava que a garota dissesse seu nome.

— Katsumi. – Disse a garota, e ela tirou o capuz, Daisuke pode finalmente ver o rosto da garota completamente. Ela tinha cabelos castanhos, compridos e lisos, presos por dois lacinhos em duas maria-chiquinhas, olhos vermelhos que brilhavam como Daisuke nunca havia visto antes, usava um casaco vermelho de capuz, que poderia servir como vestido para ela, de tão comprido que ficava, uma blusa preta por baixo, calças jeans infantis claras e um tênis branco. A garota simulou uma falsa tosse, trazendo Daisuke de volta para ‘o mundo real’, ela estava com uma mão estendida para que cumprimentá-lo, ele encarou a mão por alguns segundos. – Vai ignorar é? – Disse a Katsumi, e Daisuke finalmente apertou a mão da garota.

Silêncio prevaleceu durante alguns segundos, até que Daisuke lembrou uma coisa.

— Ah! Aquele garoto que saiu correndo te chamou de algo... A... Aku... – Daisuke tentava repetir a palavra mas não conseguia, ele não havia nascido em Kanto, então ele não sabia tudo de Japonês.

— Akuma? Um apelidinho sem graça que ganhei graças a meus olhos vermelhos, sabe né, demônios normalmente tem olhos vermelhos, Akuma significa demônio... – Daisuke apenas ficou com uma cara confusa. – Não vai me dizer que não estranhou meus olhos vermelhos? Agora a pouco você ficou me encarando, e um bom tempo foi meus olhos. – Disse Katsumi, cruzando os braços, Daisuke ficou surpreso e envergonhado.

— Não! Não era por esse motivo não! Eu achei seus olhos... Legais! – Daisuke tinha certeza que ficou um pouco vermelho de vergonha. – Eu nem parei pra pensar que seus olhos eram estranhos! – Disse Daisuke, tentando se defender. Katsumi fez uma cara de ‘sério?’ irônica. – Não, sério, eu... Gostei dos seus olhos. – Daisuke sorriu um pouco, e agora foi vez de Katsumi ficar envergonhada e corar um pouco. Ela sinalizou para um banco que eles poderiam sentar para conversar.

— Então, eu ouvi falar de você, está dois anos à frente na escola, né? – Disse Katsumi, Daisuke concordou com a cabeça. – Uhm... Eu escutei tudo que aqueles medrosos falaram. Não liga não, só queriam te atingir. E o que eles sabem também? Eu não acredito em tudo que passa na tevê, muita coisa que passa é a realidade distorcida. – Dizia Katsumi, olhando para cima com a cabeça encostada na parede atrás do banco. – Sabe... Eu também queria mudar o mundo... Seria tão legal um mundo certo... Mas isso é basicamente impossível... Mas se você se esforçar, pode chegar a ser... Quase isso. Mas uma coisa que eu aprendi, é que se quer seguir seus sonhos e seus objetivos, sempre tem alguém ou algo pra te atrapalhar, e não vão perder uma oportunidade! – A garota fez uma pausa e franziu as sobrancelhas. – O que eu quero dizer... É que se quer alcançar algo, não deve se deixar levar por palavras, elas machucam, claro, mas se fossemos levar em conta tudo que os outros falam... Se você não tiver força para lidar com simples palavras, infelizmente não poderá mudar o mundo... E infelizmente, o mundo não pode ser mudado apenas com palavras nos tempos atuais. Acho que para mudar algo atualmente são necessárias palavras e ações... – Disse Katsumi, sonhadora, ela sorriu gentilmente e olhou para Daisuke. – Também sei que nunca é tarde. O mundo pode nunca ser o que eu realmente eu esperaria completamente, mas quero chegar o mais perto disso. O tempo que perdemos não vai voltar, mas ainda temos o tempo que vai chegar, sempre... – Daisuke também sorriu. – Sabe, até agora você é uma das poucas pessoas que conversam comigo normalmente e você olha nos meus olhos e não estranha eles serem vermelhos... – Katsumi sorriu. – Acho que posso te considerar um amigo.

...

Daisuke acabou perdendo o ônibus de volta para sua casa e teve que voltar a pé - Mancando com sua perna machucada -, provavelmente levaria uma bronca de sua mãe... Ainda mais que havia percebido apenas a pouco tempo que o soco que levará no rosto ficou marcado. “Uma marca roxa na minha cara, ótimo!” Pensou Daisuke, já podia ver sua casa, e sua mãe na porta, com um olhar preocupado, que ao ver seu filho já na porta o abraçou com força.

Ainda bem!— Dizia aliviada a mulher, mas sua expressão logo ficou irritada assim que viu a marca roxa na bochecha do filho... – Daisuke... – Disse com uma voz ameaçadora e até amedrontadora.

— Mãe... – Murmurou Daisuke.

— Nada de ‘mãe’. O que aconteceu?! – Disse a mulher, que agora batia o pé no piso de madeira, nervosa.

— Teve uma briga e tudo mais, eu fui ajudar e levei um soco, foi isso... – Disse o garoto, calmamente. A mulher suspirou e abraçou o filho novamente, ela pensava que novamente haviam implicado com o garoto por ele carregar o sobrenome Waizu.

— A gente precisa colocar um gelo nisso, vem. – Maria levou o filho para a cozinha, pegou cubos de gelo, enrolou-os em um pano e colocou na bochecha do filho. O garoto não notou, mas os móveis haviam diminuído, e caixas que já haviam sido completamente abertas e deveriam estar vazias, se encontravam novamente com todo seu conteúdo e lacradas.

— Mas aconteceram coisas boas também, eu fiz uma amiga! – Disse o garoto, entusiasmado e a mulher sorriu tristemente. – Mãe...? O quê foi? – Perguntou Daisuke, agora também preocupado com a tristeza da mãe.

— Nós... Vamos nos mudar novamente... Dessa vez para Hoenn...

Continua...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo ^^