Cidade dos Sonhos Mestiços escrita por Heosphoros


Capítulo 7
Prisão de Trevas


Notas iniciais do capítulo

Comenteeeem, pessoas lindas e divas



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Alicante; Celas do Gard (Idris) - Duas Semanas Antes...

Ao redor do prisioneiro só havia sombras, escuridão e rocha sólida. Sua cela era coberta de magia dos mais experientes feiticeiros, e não possuía janelas ou grades; só o escuro.

Mas o pior castigo não era a cela de paredes sólidas, e sim, o fato de que o prisioneiro se arrependia de tudo o que fizera... E mesmo assim não fora perdoado. Passava seus dias escuros pensando sobre como seria se não tivesse matado tantas pessoas, se não tivesse o sangue venenoso de alguém que não é humano, se fosse menos como o pai...

E o pai. O prisioneiro queria, mais que tudo, odiá-lo por tê-lo tornado um monstro sem alma... Mas quando investigava seus sentimentos no fundo de um coração que não fazia ideia que tinha, só encontrava saudade. Sentia saudade de Valentim.

E talvez devesse odiar todos que cruzaram seu caminho, afinal de contas! Deveria odiar a irmã, por ter doado a ele seu sangue angelical e piorado o sofrimento dele na prisão (tornando-o vulnerável e sentimental); devia odiar o irmão de criação, por não o visitar e fingir que nunca existiu...

Mas não odiava nenhum dos dois.

Talvez a única pessoa que ainda ocupasse ódio no coração dele fosse a mãe, que o odiara desde o momento que ele veio ao mundo (e a culpa não era dele... ele não pediu para nascer, pediu?). Geralmente, maioria dos ataques de personalidade do prisioneiro tinha haver com sua mãe. Ela era o fantasma de seus pesadelos...

Bem irônico, não é?

O silêncio dentro de sua prisão era o mesmo. Ele só escutava o som de sua respiração uniforme, subindo e descendo com seu peito. Era assim sempre, e ele perdia a noção do tempo quando ficava ali: sentado e respirando nas trevas.

A quietude só era quebrada por passos dos que se aproximavam para dá-lo de uma sopa rala que chamavam de "comida suficiente para um prisioneiro" e naquele momento em especial, passos singulares se aproximavam.

Eram delicados e pequenos, e deveriam pertencer a uma pessoa muito pequena.

Mas o prisioneiro ainda observava os próprios pés, e não ergueu o olhar nem quando teve noção do espelho que se abria na parede, para que quem estivesse ali o visse e ele visse também...

Mas ele não viu, permaneceu com os olhos abaixados.

– Jonathan? - chamou uma voz fina e familiar.

Ele ainda não erguera os olhos, mas tinha noção das íris verdes como folhas de Clary Morgestern, a irmã caçula que ele outrora fez questão de transformar a vida num Inferno, observando-o. Ele imaginou a imagem dela diante dele, com seus cabelos vermelhos e sardas espalhadas pelo rosto...

O coração dele pareceu estar virando chumbo.

– Oi, Clarissa - ele disse, a voz soando mais rouca e fraca do que se lembrava.

– É Clary, e você sabe - ela falou, e parecia estar fazendo uma força incrível para não berrar com ele - vim para ver como você está.

Dessa vez ele ergueu o olhar, e encontrou os olhos dela.

Não parecia irritada, mas ele via o ódio que ela guardava por ele num lugar especial no coração. Sabia que ela adoraria mata-lo, se isso não significasse matar Jace também. Jonathan sentiu vontade de fechar os olhos e quem sabe fingir que estava sozinho novamente...

– Veio se garantir se estou sendo devidamente torturado? - perguntou ele.

– Não - ela disse, sem rodeios - eu sei muito bem que você mudou...

– Mas ainda me odeia - ele completou, olhando para baixo novamente - sem problemas. Eu continuo não sendo nenhum anjo, como você. Nunca fui.

Silêncio.

E então, ela suspirou.

– Luke disse que você gostava de chupar o dedo do pé quando era bebê - ela disse, e ele imediatamente encarou seus olhos de novo - você ria quando fazia isso. Talvez... Talvez você não fosse totalmente demoníaco... Talvez ainda tivesse uma criança dentro de você.

Jonathan fechou os olhos, controlando-se para não gritar ou tentar arrancar os próprios cabelos. Coisas desse tipo costumavam a acontecer e não eram muito legais.

– Obrigado pela visita, Clary - disse ele - mas já pode ir. Sei o quanto deve estar odiando olhar para o meu rosto.

Ainda de olhos fechados, ele ouviu os passos da irmã se afastando. E na escuridão das próprias pálpebras, as coisas até pareciam pacíficas... Ele ainda conseguia ver uma planície verdejante, e um rio de águas cristalinas, um dos únicos lugares que pôde chamar de lar em sua vida.

Então abriu os olhos, e a escuridão voltou a engoli-lo em sua prisão.

. . .

Atualmente.

Isabelle passava pela Quinta Avenida, arrastando Alec pelo pulso e movimentando-se apressada e rapidamente, do jeito que só ela conseguia fazer com aquelas botas de salto agulha pretas.

Ela tinha o celular nos ouvidos.

– Quer que a gente faça o quê? - perguntou para Simon, gritando sobre o barulho de buzinas e motores de carros.

– Vamos salvar o mundo - Simon explicou, também gritando - de novo.

– Essa parte eu entendi, Lewis, só não entendi porque precisamos desses heróis da feira Renascentista com a gente.

– São semideuses - Isabelle identificou um tom animado e emocionado na voz de Simon, trazendo à tona o nerd viciado em RPG que ele sempre fora - filhos de deuses gregos com mortais, eles vão ajudar na guerra contra...

– Essa parte eu já entendi! - ela repetiu - só não entendo porque eles não podem ir ao Instituto!

– Porque eu estou aqui! - dessa vez Simon soou irritado e ela amaldiçoou a si mesma.

– Ah é. Desculpe, Simon, eu me esqueci.

– Tudo bem. Hã... Nico Di Angelo quer falar com você.

Isabelle parou no meio da calçada, fazendo Alec ir com a testa nas costas dela.

– Ai! - ele se queixou.

Isabelle o ignorou.

– Quem quer falar comigo? - perguntou, incrédula.

– Ele é filho de Hades e...

Ela se arrepiou.

– Ele é filho do deus grego do Mundo dos Mortos?

Simon soltou um pigarro do outro lado da linha.

– Bom, sim.

– Ponha ele na linha.

Uma pausa. Isabelle esperou que Simon fizesse o que ela pediu, e uma nova voz surgiu no telefone, rouca e sombria.

– Isabelle Lightwood? - perguntou.

– A própria - disse ela.

– Onde você está?

– Na Quinta Avenida...

Ele falou algo com alguém, que soou como "ela está mais perto que nós", mas ela não conseguiu entender.

– Fique onde está - ele avisou - vamos até aí.

A chamada foi encerrada. Isabelle olhou para o irmão confusa, sem entender que diabos o garoto quisera falar com aquilo (já que o apartamento de Magnus ficava um tanto longe dali).

Então, de algum modo, Simon apareceu ao lado dela. E com ele vinha Clary, Jace e mais algumas pessoas que a Caçadora de Sombras jamais vira na vida.

. . .

Annabeth odiava viajar pelas sombras, e Nico parecia sempre muito disposto para fazê-lo quando não havia tanta necessidade assim... De qualquer modo, ele praticamente caiu nos braços dela ao chegarem na Quinta Avenida, e não havia mais como irem ao Acampamento - visto que a pé era impossível.

Com um braço ela segurou o Di Angelo, e com o outro ela estendeu a mão para a garota de olhos azuis e cabelos escuros chamada "Isabelle".

– Annabeth Chase - apresentou-se e a garota apertou sua mão - muito prazer.

– Isabelle Lightwood - ela respondeu um tanto desconfiada - igualmente.

– Esse é Percy Jackson - disse, gesticulando para o namorado - e este no meu colo é o Nico, você falou com ele no telefone...

– Annabeth - Percy se intrometeu - como vamos para o Acampamento? Nico desmaiou!

– Aliás, ideia muito boa a do seu amigo - Jace falou, pondo uma mecha dos cabelos dourados para atrás da orelha - quando ele acordar, me lembre de bater palmas para ele.

– Cale a boca - Annabeth grunhiu, e jogou Nico para os braços de Percy - vou ligar para Piper e pedir para ela nos buscar de carruagem..

– Carruagem? - o garoto que estava com Isabelle perguntou, franzindo as sobrancelhas negras sobre os olhos azuis - ela está falando sério?

– Vem Alec - Clary disse - vou te explicar uma coisa rapidamente...

Annabeth discou o número de Piper, que atendeu depois de três chamadas.

– Alô? - Piper disse com sua voz de anjo.

– Piper - disse Annabeth - precisamos de ajuda.

– Pode falar...

– Pegue a Carruagem de Pégasos e chame Butch para nos buscar na Quinta Avenida!

Pégasos? - Simon Lewis repetiu, olhando para ela como se fosse uma alienígena.

– Butch está em missão, Annie - Piper lembrou-a.

Annabeth deu um tapa nos próprios olhos.

– Droga, eu me esqueci! Que Cavalheiro de Pégasos está disponível?

Piper fez uma pausa, hesitando. Annabeth imaginou se estava mordendo o lábio inferior, como tinha mania de fazer quando ficava um pouco nervosa.

– Bom.. só uma - ela disse - e você não vai gostar...

– Por que? - Annabeth perguntou, mas já fazia uma ideia - Quem é?

– Reyna.

Annabeth bateu o pé na calçada. Odiava Reyna e as duas tiveram um momento muito ruim na Guerra contra Gaia, mas não tinha escolha, tinha? Era isso ou nada.

– Okay. Mande ela vir.. Mas, pelos deuses, venha também.

Annabeth pode sentir que Piper sorrira.

– Sim, capitã.


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