Cidade dos Sonhos Mestiços escrita por Heosphoros


Capítulo 8
Elizabeth Blackwell


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479821/chapter/8

Leo estava emocionado em seu incrível placar no Pac-Man, quando Piper tirou o aparelho de suas mãos e jogou lá embaixo (numa distância gigantesca que eles estavam de terra firme, pois voavam na grande carruagem de pégasos do Chalé 7).

Ele a encarou, primeiramente chocado com a atitude e depois irritado.

– Não posso mais me divertir com jogos dos Anos 90? Por acaso é contra a Lei?

Piper, que continuava linda mesmo com a camiseta branca simples e os cabelos que pareciam ter sido picotados por ela mesma (sem a presença de um espelho), revirou os olhos de caleidoscópio. Leo sempre achou incrível como ela era bonita e distante (o tipo dele) e mesmo assim, ele nunca se apaixonou por ela.

Talvez fosse o fato de que sempre se sentiu mais um irmão de Piper.. Mas nunca diria isso em voz alta.

– Precisamos nos concentrar - falou ela - esses guerreiros parecem muito formais...

– Mais formais que romanos? - Reyna perguntou, segurando as rédeas da carruagem com firmeza - duvido muito.

Leo a encarou. Estava começando a sentir algo pela pretora, embora duvide que ela um dia olharia para ele sem aquele brilho de superioridade; como se ele fosse um mendigo e ela um membro da realeza.

Foi assim que Calipso o olhou na primeira vez que se viram, mas ela agora era só mais um sonho perdido... Depois de morrer para salvar a vida dele da Grande Guerra contra Gaia.

Leo balançou a cabeça, não era tempo para pensar nisso.

– Não se convença muito, Reyna - disse Jason, que observava o céu azul como se fosse uma pintura - eles podem superar suas expectativas...

Reyna riu, fria e secamente.

– Ninguém me surpreende faz muito tempo, Grace.

Leo notou que havia uma amargura na forma como disse o sobrenome de Jason, e percebeu que não era o único que notara. Ele soltou um pigarro, pronto para quebrar o silencio desconfortável.

– Eles não são meio que Cavalheiros das Cruzadas ou algo do tipo...?

Ninguém riu, ou sequer olharam para ele com tédio. Leo estava ficando meio enferrujado.

– Acho que são metade anjos - Piper disse, pensativa.

– Anjos? - Jason perguntou - não como Cupido, espero.

– Falando nele, porque você e Nico não desembucham o que rolou com o cara - Leo perguntou - qual é, passaram DOIS ANOS.

Jason encarou as nuvens, brancas como algodão.

– Prometi a ele que não falaria.

Leo revirou os olhos.

– Nenhuma promessa dura mais que onze meses, deveria saber disso...

– De qualquer forma - Piper interrompeu - deve haver alguma regra que proíba esse "contato de culturas", sei lá...

– Percy disse que já se encontrou com um garoto que disse ter visto deuses egípcios - Jason lembrou.

Leo piscou os dois olhos.

– Deuses egípcios, anjos... Alguém precisa fazer uma lista de "Coisas Reais" e "Coisas que Você Pode Ignorar".

Jason suspirou.

– Acho que concordo com você, Valdez.

Leo sorriu.

– Devemos comemorar esse momento milagroso...

– Olhem - Reyna disse, estreitando os olhos negros como carvão - aquilo lá embaixo... Acho que é o Jackson.

Leo olhou. Havia uma pessoa vestindo uma camiseta laranja que se destacava entre todas as outras roupas. Esta pessoa estava acenando para eles, e Leo soube que com certeza não era um mortal aleatório.

– Pouse naquela rua ali, Reyna - disse Jason - tem poucas pessoas.

Ela sorriu, como se a ideia de um garoto que renunciou ao cargo de pretor lhe dando ordens a divertisse mais que qualquer piada cósmica do Universo. Leo esperou algum comentário sarcástico e mordaz, mas ela só disse:

– Como quiser, Jason.

. . .

Clary olhou para cima. Onde uma carruagem dourada com os cabelos de Jace era guiada por magníficos corcéis brancos, que possuíam asas belas como as de um anjo. Ela encarou, admirada, enquanto a carruagem pousava em uma rua paralela à Quinta Avenida, com todo o esplendor possível e impossível.

– Aqueles são seus amigos? - Jace perguntou, sarcástico. E Clary (só Clary) poderia perceber que ele estava tão admirado quanto ela.

A garota que fez um corte no braço dele e atraiu o ódio de Clary, Annabeth Chase, revirou os olhos cinzentos.

– São - respondeu.

O garoto que trocou olhares com Clary estreitou os olhos verdes como o oceano... Ela adoraria desenhar Percy Jackson, embora os dois tenham tido uma primeira impressão ruim. Ela entendeu que ele queria proteger a namorada tosca, tanto quanto ela queria proteger Jace.

Poderia ser amiga dele, no futuro. Mas o desejo de coloca-lo numa folha de papel era mais gritante do que isso, naquele momento.

– Aquela é a Reyna? - perguntou ele, não parecendo muito feliz.

– Ela parece com você, Izzy - disse Alec.

Clary olhou para a garota que vinha (a tal Reyna) e viu que Alec não estava muito errado... Reyna também tinha cabelos longos e negros, uma postura ereta de guerreira e líder e um olhar assassino. A diferença entre as duas era que Isabelle usava a beleza e sensualidade como arma e Reyna não parecia imaginar como esse seu aspecto poderia ser usado numa luta.

Atrás dela, vinha um garoto com cabelos loiros (mas não loiros dourados como os de Jace, nem loiros prateados como os de Sebastian) e olhos azuis como o céu daquela tarde. E de mãos dadas com ele tinha uma garota com aspectos indígenas. Os cabelos dela eram castanhos e picotados, e seus olhos pareciam ter várias cores diferentes.

Deslocado do grupo, tinha um garoto alto, porém um tanto magro. Tinha a pele morena e os cabelos encaracolados castanhos - de alguma forma, ele lembrou Maia aos olhos de Clary.

– Olá - esse garoto falou, antes que qualquer um de seus amigos abrisse a boca - sou Leo Valdez, semideus filho de Hefesto e sujeito amaldiçoado pelo Dom de Não Atrair Olhares de Garotas Bonitas - ele sorriu, de uma forma maníaca - e vocês?

Clary esticou a mão.

– Clary Morgestern.

Ele sorriu e apertou a mão dela.

– Cabelo legal - ele comentou - lembra fogo.

Ela riu, percebendo o olhar confuso no rosto de Jace ao lado dela.

– Gosta de fogo?

Leo Valdez deu de ombros.

– Pode-se dizer que sim.

Jace deu um passo a frente, olhando-o de cima a baixo.

– Você não é a figura de "herói grego" que eu estava imaginando.

Mesmo com o comentário mordaz, Leo nem se irritou. Isso fez Clary gostar dele de cara, e fez Jace ficar um tanto perturbado.

– Geralmente não o sou - respondeu, então virou-se para Izzy, Alec e Simon - vocês são Caçadores de Trevas, também?

– De "Sombras" - Isabelle corrigiu, erguendo o queixo - sou Isabelle Lightwood.

Clary não pôde deixar de notar um brilho nos olhos castanhos de Leo.

– Prazer - falou.

Alec cruzou os braços, como se quisesse mostrar seus músculos ou suas Marcas (ou ambos).

– Alec Lightwood - apresentou-se.

– Uau! Você intimida mais que um amigo meu consegue!

Alec franziu o cenho.

– Que amigo?

Leo fez um sinal com o dedo na direção de Reyna.

– Não acho que seja melhor dizer em voz alta...

– Chega disso, Valdez - disse a garota indígena, dando um passo a frente - Sou Piper Mclean, este é Jason Grace e essa é a Reyna. Seria legal que vocês dissessem o nome de vocês enquanto entramos na carruagem!

Jace pegou o celular de novo.

– Não podemos ir... Elizabeth ainda não chegou!

Piper franziu o cenho.

– Quem é Elizabeth?

– EU sou Elizabeth. Muito prazer.

Todos viraram o rosto. Como se fosse um filme de ação em que o vilão finalmente conhece o mocinho (embora nenhum deles fosse o vilão), e aquele silêncio admirador se estendesse ao verem que a pessoa superava as expectativas.

E Elizabeth Blackwell superava.

Ela tinha longuíssimos cabelos escuros (negros como penas de corvo) que estavam presos num rabo de cavalo, seus olhos eram dourados como ouro e ligeiramente lembravam os de Jace, embora fossem mais chamativos. Ela vestia uma roupa preta, como o traje dos Caçadores de Sombras, e em seus braços as Marcas eram visíveis.

Ela sorriu ao ver todos os olhares surpresos dos ali presentes, e se aproximou do grupo.

– Obrigada - ela disse quando se aproximou, os olhos ficando úmidos - a todos vocês. E-eu não sabia mais o que fazer!

Os olhos de Isabelle brilhavam ao vê-la, e Clary notou que ela estava perplexa. Ela deu um passo na direção de Elizabeth, depois outro. Parecia estar vendo um fantasma.

– Liz? - perguntou.

Elizabeth a encarou.

– Izzy - falou, soando melancólica.

Isabelle olhou para Jace, que olhava os próprios pés, depois para Alec, que tinha os olhos azuis fixos em Liz Blackwell, para quem Isabelle voltou o olhar. Clary nunca a vira tão frustrada nos últimos anos, e ficou mais perplexa quando a amiga gritou ao irmão adotivo:

– Você disse que ela tinha morrido!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!