Aproveite a Consequência.

Se passou um dia desde que sai da enfermaria e as coisas não estão mais simples desde que eu estava lá. McGonagall fez questão de que os três estivessem curados antes de mandar uma carta para nossos pais e ter uma longa conversa com nós três.

Foi o sermão mais longo da minha vida. E com certeza, o que me deixou pior. McGonagall sabia como acertar você suficientemente bem para não te machucar, mas bem o bastante para você aprender a lição.

Sai da sua sala com a cabeça baixa e mais arrependida do que ficara a semana passada toda, enquanto escondia de Jason a minha traição.

Não é fácil quando você tem que contar todos os seus erros na frente da sua diretora, ao lado do seu primo e seu namorado. Ou ex. Não sei mais o que ele é. Não fala comigo desde aquilo.

Apesar de ter recebido um sermão grande, foi muito menos pior do que o que Hugo e Jason receberam. McGonagall havia conseguido encaixar as palavras selvagens, vergonhoso, bobagens e detenção em uma única frase que feriria até um Dementador.

E para o meu espanto, quando McGonagall pediu para que eu saísse para ter uma conversa mais particular com os dois, vi que Jason não parecia arrependido. Ele parecia olhar orgulhoso para o olho ainda meio roxo que Hugo exibia no rosto.

Albus e Rose foram falar comigo e eu os despachei, inventando que precisava descansar. Eu dormi muito mal aquela noite.

Eu estava no meio da minha aula de poções, ao lado de Carm que falava sem parar no que tinha acontecido comigo, como se eu não houvesse presenciado. Eu não verdadeiramente escutei nada, apenas a ignorava, tentando completar a poção a tempo do fim da aula.

Sabia que Hugo estava no fundo da sala, com olhar sobre mim. Em todas as aulas ele não parava de me olhar e eu sentia minhas costas queimando. Engoli em seco, torcendo para que ele não viesse e fizesse a pergunta. Ainda não fazia ideia da resposta.

Hoje ele tinha um fone de ouvido nos ombros. Apesar de Hogwarts zoar a tecnologia trouxa, Hugo havia conseguido fazer o seu mp4 funcionar ali, de algum modo. Aquilo lhe dava um ar mais distraído que combinava com ele.

Eu estava evitando os dois o máximo que era possível, mas com Hugo em todas as minhas aulas era impossível.

Quando o professor finalmente nos dispensou, eu peguei minhas coisas o mais rápido que podia, tentando sair antes de Hugo. E enquanto eu fugia de Hugo, trombei com um Jason que me esperava do lado de fora da sala.

Ele tinhas os braços cruzados e uma expressão neutra. Ouvi o murmurinho das pessoas que passavam por nós dois. Eu fechei os olhos por um instante. Sabia que eu não podia fugir disso por muito tempo, mas tinha que ser tão cedo?

Quando abri novamente meus olhos, Jason não olhava para mim. Segui o seu olhar e notei que Hugo estava parado alguns passos atrás de mim, com as mãos nos bolsos. Ele também não tinha nenhuma expressão no rosto.

Eu fiquei com medo que eles brigassem novamente, mas ao olhar para Jason, notei que aquilo não aconteceria. Hoje a briga não era com Hugo.

Hoje era eu que estava no meio da guerra.

— Vou ser direto com você, Lilian. Não vou enrolar. Eu e Hugo conversamos ontem.

Senti uma gota de suor frio descer pela minha nuca.

— E eu concordo com ele. Não é brigando entre nós que vamos ganhar o seu amor. Você é quem tem que escolher com quem vai ficar.

Não, não... Cale a boca.

— Prometemos que não importa quem você escolher, vamos respeitar a sua decisão — Completou Hugo, com um olhar tão neutro quanto o de Jason — Não vamos mais causar tumultos.

Porque eles não gritavam? Porque estavam sendo tão... Calmos?! Aquilo estava me deixando ainda mais nervosa e irritada. Droga, como iria quebrar o coração de qualquer dos dois se eles estava agindo daquele jeito?

Eu olhei para Jason, então virei para trás e olhei para Hugo. Voltei-me para Jason novamente.

— Mas e sobre...

— O beijo entre vocês? Hugo me explicou o que aconteceu e eu entendi. Não se preocupe com isso.

Eu mordi o lado de dentro da bochecha. Notei que alguns telespectadores havia parado ao nosso redor. Virei para Hugo, olhando em seus olhos.

— E quanto...

— Não tenho nenhum ressentimento, Lily. Apenas escolha de uma vez e acabe com isso. — me interrompeu Hugo.

— Mas eu não posso fazer isso. Não desse jeito!

— Porque não? — perguntou Jason, se apoiando na parede do seu lado — Não precisamos ficar esperando para uma coisa que não demoraria nem dois segundos para você responder.

— Lily, você só precisa dizer se quer ficar comigo ou com ele. — completou Hugo.

— Não é tão simples assim!! Eu não posso simplesmente escolher um e deixar o outro à deriva! Não posso fazer isso! Ainda mais desse modo que estão me propondo, como se eu tivesse que caminhar para o lado da pessoa que eu quero e assistir a outra ir embora triste.

— Mas é isso que você tem que fazer, Lily! — Insistiu Jason — Não vamos prolongar mais isso.

— Droga. Vocês estão me deixando maluca!! Porque tem que ser assim? — eu tampei meus olhos com as mãos — E-Eu não sei! Jason sempre foi um ótimo namorado, mas Hugo sempre esteve comigo! Ele é meu primo, se não o escolhesse, teria que lidar para sempre com a sua presença na nossa família. E com Jason eu tenho uma história, toda uma vida de planos que fizemos e que eu não poderia esquecer nunca. Eu não sei quem escolher!! Eu não sei o que fazer!!

O silencio foi tão tangível que quando Jason quebrou, eu me assustei.

— Você o ama?

Eu encarei seu rosto.

— O-o quê?

Ele revirou os olhos.

— Perguntei se você o ama, como uma mulher ama um homem. Se seu coração permitiu você ama-lo desse jeito, não tem motivos para eu estar aqui, esperando uma resposta, Lily.

Eu pisquei várias vezes com aquilo. Jason sabia ser direto e rápido. Odiava enrolação e eu admirava aquilo nele. Mas eu não sabia como responder a sua pergunta.

Se eu amava Hugo? Eu nunca tinha pensado daquele modo, realmente. Eu já sabia que amava Jason, mas eu sentia o mesmo por Hugo? Jason tinha razão no que dizia. Se eu o amava, não tinha motivo para os dois estarem ali.

Olhei para Hugo e seu cabelo cor de cenoura e seus olhos verdes. Eu gostava o modo como o verde combinava perfeitamente com o vermelho. Uma harmonia de cores em uma só pessoa. Gostava da sua companhia e das músicas que tocava. Gostava das suas piadas sem graça e quando fugíamos à noite para ficar conversando na noite de natal.

Mas, acima de tudo isso, eu havia gostado do beijo que nós demos?

Minha cabeça clareou. Eu estava fazendo tempestade em copo de água.

Eu nem acreditava que podia ser tão fácil assim. Ambos estavam ali, pedindo para eu escolher. Ambos sabiam que eu os amava. Ambos tinham consciência de que tinham cinquenta por cento de chance de ficar com o grande prêmio, mas Jason... Jason havia dito aquilo.

Eu andei na direção de Jason, quase o derrubando quando me atirei sobre ele, dando um abraço forte. Enterrei meu rosto no seu peito, sentindo o seu cheiro ao meu redor. Seus braços passaram lentamente ao meu redor e ele me apertou de volta.

Eu podia sentir a sua respiração no topo da minha cabeça e pesada. Eu puxei o máximo de ar, junto com o seu cheiro. Eu tinha certeza que não ia esquecer o seu cheiro nunca. Aquela era uma as coisas que mais gostava nele.

Me afastei para olhar os seus olhos e os encontrei tão negros quanto sempre foram. Eles não pareciam irritados. Só pareciam saber... e aquilo bastava. Eu dei um micro sorriso. Um pedido de desculpas mudo.

E eu sabia que ele havia entendido. Na verdade, ele parecia saber desde sempre. Desde o começo.

Ele segurou o meu rosto olhando no fundo dos meus olhos. Jason procurou algo ali e não sei o que achou, mas foi o suficiente para ele dar um beijo na minha testa antes de se virar e andar pelo corredor. A multidão ao redor, de espectadores murmurou mais alto.

Bem, parecia que minha vida era uma novela que todos gostavam de assistir, mas pela primeira vez eu não me importei com aquilo. De repente, eu havia feito a minha escolha e me livrado de todo o peso que estava sob minhas costas aqueles dias.

Uma sensação quente passou pelo meu peito e minha respiração se acelerou. Agora eu tinha que encarar as consequências da minha escolha. Não consegui segurar o sorriso, deixando-o espalhar pelo meu rosto.

Mas quando me virei para falar com Hugo, tudo que eu encontrei foi a multidão. Hugo havia sumido, deixando o seu lugar vazio.

Olhei por entre a multidão que falava ao mesmo tempo, o procurando. Onde ele estava??

— Lily, ele saiu assim que você abraçou o Zabine! — gritou Rose no meio à multidão. Eu demorei algum tempo para encontrá-la.

— Porque ele fez isso?? — eu gritei de volta. Qual era o problema dele?

— Ele pensou que você tinha escolhido o Zabine, sua anta! — Gritou Albus, que estava do seu lado — O que você está esperando? Vai atrás dele!

Eu hesitei por um segundo, olhando para todos aqueles olhos ansiosos para cima de mim. Eu tinha que correr atrás dele? Mas...

De repente, todos, toda a multidão de espectadores da minha novela estavam gritando ao mesmo tempo. Gritando para eu ir atrás dele de uma vez. E eu apenas sai correndo desesperada pelo corredor.

Corri o mais rápido que minhas pernas podiam e virei o corredor o mais rápido que pude sem bater em nada. Procurei pela cabeleira ruiva passando os olhos rápido pelo corredor. Acabei vendo um deslumbre rápido, virando a direita em direção ao salão comunal da Grifinória.

Eu dei impulso correndo como se minha vida dependesse disso. E talvez dependesse. Eu precisava de Hugo. Eu não conseguia ficar sem falar com ele. Não conseguia ignora-lo. Eu gostara de beija-lo aquele dia. E caramba... Como eu não notara antes? Eu nunca realmente fui apenas sua amiga e até Jason sabia daquilo! Nossas mães sabia daquilo! Eu amava aquele ruivo e me sentia meio estupida de não ter notado aquilo antes.

Dobrei o corredor quase derrubando uma lufana e parei ofegante. Ele estava a poucos metros de mim, com as duas mãos dentro dos bolsos da calça e com os fone de ouvido. Meu coração se aqueceu com aquilo.

— Weasley! — Eu gritei tão alto que todo o corredor olhou para mim, mas ele não. Continuou andando até que um garoto sonserino que estava do seu lado, cutucou seu ombro e apontou para mim.

E eu perdi o ar que eu tentava recuperar depois da corrida quando seus olhos verdes se viraram confusos para mim. Sua boca se abrindo levemente e ele tirando o fone.

Eu comecei a caminhar na direção dele.

— Como ousa fugir de mim? Sabia que quase torci o tornozelo e derrubei uma Lufana por sua causa?

Ele balançou a cabeça, como se não acreditasse que eu estava ali. Eu sorri maior ainda. Meu coração querendo sair do peito.

— Lily, o que está fazendo aqui? Você não...

— Oh, só cale a boca Hugo. — eu o interrompi, parando na sua frente. — Só tem uma coisa que eu quero que me diga agora.

— O quê? — perguntou ainda mais confuso.

Eu me aproximei dele, colando os nossos lábios, como meu coração gritava para eu fazer. E eu o beijei como nunca o beijara antes e não me importei de ficar sem ar por causa daquilo. No fundo da minha mente eu ouvia a multidão gritando vivas ao nosso redor.

Eu me separei muito mais ofegante do que quando eu parara de correr. Sorri para ele e recebi o sorriso mais lindo mundo de volta. Seus olhos verdes brilhavam mais do que tudo. Eu sentia o seu coração bater forte no peito, junto com o meu.

— Você não me disse se é incesto multiplicar número primos.

Hugo abriu um sorriso maior ainda, agarrando minha cintura. Pelo jeito ele havia gostado de ficar sem ar.

Eu levei aquilo como um Não.