Você seria Sherlock Holmes. Eu seria Irene?

Irene sempre me pareceu interessante. Lembra que eu apreciava mais a versão na qual ela era uma grande assassina de mente brilhante, e você dizia ser Sherlock Holmes, jamais cairia num truque como os “meus belos olhos de cigana”. Mas você sempre caia, porque eu não era Irene Adler, e você não era Sherlock Holmes. Eu sabia como fazer a sua mente esvaziar, mesmo quando a minha estava cheia. Eu tentava te acalmar quando você ficava com medo que eu não acordaria no dia seguinte, mesmo quando eu tinha medo de que eu fizesse você não acordar no dia seguinte. “É como dormir com uma bomba que pode detonar a qualquer momento.” Você disse um dia, e eu cruzei os braços chateada por aquilo fazer sentido. Você deu uma risada gostosa. E acariciando meu corpo nú, me beijou. “Eu não vou deixar você explodir.” Mas eu já explodi, Charles. Eu não era uma bomba que iria detonar. Eu era a explosão que se alastrava aos poucos, e que te atingiu de alguma forma o levando aonde estamos.

Paredes brancas, portas abertas, movéis que não se vingam. Um coração que voltou a sentir na pior hora.

Dominika Barllet