Cicatriz escrita por gicm15


Capítulo 3
Capítulo 3 - CICATRIZ


Notas iniciais do capítulo

MEUS DEUSES!!!!!! Eu sou, com certeza, a pessoa mais preguiçosa e irresponsável desse mundo!!!
Serio, me desculpem, eu não escrevi quase nada nesse "curto" período de tempo que eu não postei nada... Meus caps são muito grandes e eu enrolo de mais, eu sei. E exatamente por esse motivo eu vou começar a dividir mais eles, então essa parte vcs provavelmente já leram, pq ela estava junto com o cap 2.
Mas enfim... (pra quem não leu) espero que gostem!



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Já tinham se passado quase duas semanas, em dois dias conheceria meu noivo, que, ate agora, sabia apenas que se chamava Fernando, era príncipe de Calamar e tinha 29 anos, 10 a mais que eu, ou seja, provavelmente seria um tarado nojento comigo. Exatamente o tipo de pessoa condenável.

Agora estava na biblioteca, porque Lineu me fez prometer que sairia do meu quarto enquanto estivesse fora. Ele havia viajado há 2 dias, sempre saída do castelo, uma vez por ano, para visitar o filho que morava não sei aonde e voltava um mês depois.

Não via meu pai dês daquele dia, mas minha mãe ia todas as noites ao meu quanto junto a Lineu me levar algo para comer. Ela tentara convencer meu pai a não me obrigar a casar durante esses dias, ma não adiantou nada, e ainda daria uma festa de noivado quando a família real de Calamar chegasse.

Nesses dias que se passaram, procurei ler apenas livros de conteúdo. Os romances me fariam lembrar que, mesmo que um dia eu me apaixone, estarei casada com um nojento que não me ama. As aventuras me fariam lembrar o resto de liberdade que perderei me casando e ficando presa a um subordinado de dois reinos que, se continuarem do mesmo jeito, logo estarão em ruínas e não terei como fugir. Mas mesmo assim, esses pensamentos não saem da minha cabeça.

Já passava da hora do almoço, e logo teria a prova final do vestido que usaria na festa, que era lindo, azul claro, com fitas prateadas nas bordas, não muito rodado e com fitas transparentes caída sobre os ombros ate o chão, mas não queria usá-lo se significasse o meu noivado. Não estava com animo para nada, então esperaria que alguém viesse me chamar.

Permaneci la por mais alguns minutos até acabar o livro. Me levantei para procurar a sessão de historia geral novamente, o que sempre era um desafio, pelo fato daquela biblioteca ter 3 andares, cada um deles com dezenas de longos, estreitos e altos corredores, era praticamente um labirinto, com varias escadas para alcançar as prateleiras mais altas, uma enorme área de leitura no primeiro andar, onde eu estava, com vários sofás, poltronas, mesas cheias de livros iluminadas por vários castiçais, uma escada enorme no centro, que dava acesso a todos os andares, alem de varias outras pequenas e em espiral que iam de uma andar a outro no meio dos corredores. Os livros de historia geral, mapas, atlas e todo esse tipo de informação ficavam no terceiro andar. Os livros de ciência, pesquisas, amostras de plantas e animais, técnicas de campo e caca ficavam no segundo andar, e o que me dava mais arrepios. O primeiro andar era meu favorito, onde ficavam todos os outros livros, romances, poesias, aventuras, crônicas, estratégias de batalha e todo esse tipo de coisa.

Logo que levante, meus olhos se fixaram em um dos livros que estavam jogados nas pilhas um cima de uma das mesas, um dos meus favoritos, já havia lido dezenas de vezes e ainda não me cansara dele, “Sonho de uma noite de verão”, não resisti em sorrir ao vê-lo, me aproximei da mesa e tirei-o de la, esses eu queria que ficasse no meu quanto, sempre ao meu alcance.

Subi pela escada principal até o terceiro andar, adora começaria a caca a prateleira de onde havia tirado o livro. Senti um cheiro estranho, mas não me importei.

Depois de alguns minutos caminhado, finalmente achei o corredor que procurava, no final dele havia uma grande janela que dava para o jardim, o céu estava azul, sem uma nuvem sequer. Eu ficara todo esse tempo sem sair do castelo, nem ao menos para ir ao jardim. Ao lado da janela havia um espaço que podia-se atravessar para o corredor do lado, uma parte da estante que foi retirada.

Empurrei uma da escadas até o lado da prateleira que procurava. Coloquei o livro que levaria para meu quanto no pé da escada e subi ate o topo, afastei alguns livros para encaixar o que estava faltando, com um pouco de dificuldade pois os livros eram bem grossos e pesados. Aquele cheiro estranho continuava no ar, agora mais forte. Ouvi um barulho de algo batendo contra o chão, provavelmente vindo do primeiro andar.

Ao mesmo tempo em que consegui encaixar o livro de volta na prateleira, vi um homem vestindo roupas pretas e usava uma longa capa marrom escura ate os pés com um capuz que cobria quase todo o rosto.

Ele corria do corredor ao lado para a janela, parou de frente para o jardim, em cima do parapeito da janela, virou o tronco na minha direção, agora podia ver seu rosto, era jovem, tinha cabelos ruivos e lisos, me olhava com um olhar matador, deu um leve sorriso travesso e saltou janela e fora.

Eu estava paralisada no topo da escada, olhando a cena. Nunca tinha visto aquele homem, tenha absoluta certeza de que não trabalhava para o castelo. Estava apavorada, meu coração batia mil e minha respiração estava falha. Aquele cheiro estava muito forte, agora sabia o que era. Fogo.

Desci da escada num pulo corri entre as estantes ate achar uma das escadas espirais seis corredores a frente. Desci e o segundo andar já estava coberto de fumaça e fuligem. Cobri o rosto com o braço, mas já tossia bastante. Tinha que achar uma saída, e rápido.

O caminho, mais seguro seria, com certeza, a escada principal, que já estava na minha vista, mas mesmo assim parei de correr quando cheguei a lateral do corredor que dava vista para o primeiro andar. Quase tudo estava em chamas, prateleiras começavam a despencar com livros queimando em todos os lugares. Meus olhos começaram a se encher de água. Os tapetes e cortinas também estavam pegando fogo, estavam com um cheiro horrível. Ouvi gritos vindos de fora, a porta estava tremendo, alguém estava tentando abri-la, mas uma estaca grande não permitia.

Minhas roupas estavam chamuscadas, já estava coberta de fuligem, meus olhos e garganta ardiam, quase não conseguia mais respirar.

Olhei para o chão a minha frente, um filete de liquido se estendia por todo o chão ate a escada e começava aquietar

“foi uma armação” pensei “eles queriam que tudo começasse muito rápido, e tudo uma distração, eles querem algo e precisavam de que todos estivessem ocupados com outra coisa. E conseguiram”

Corri ate a escada antes que aquela coisa no chão explodisse. Na borda da escada, vi o andara minha frente em chamas. Senti a explosão do segundo andar em cima de mim, mas já não estava mais tão perto, apenas me segurei com forca no corrimão para não me desequilibrar. Havia muita fumaça no ar, não conseguiria respirar por muito tempo.

Meus olhos queimavam, minha pele ardia. Andava o mais rápido que podia pelo salão em chama, sem hesitar, ate uma das estantes desabar bem na minha frente, eu parei assustada e desviei o caminho. Tropecei em uma mesa em chamas, que também caiu, queimando as bordas do meu vestido, antes de me levantar, rasguei as partes que pegavam fogo, me apoiei em outra mesa que não queimava completamente, me levantei e continuei correndo.

Olhei em direção a porta, faltavam poucos metros. Caminhei o mais rápido que pude me apoiando nas poucas coisas que ainda estavam inteiras, ou quase. Faltavam apenas quatro metros.

Senti uma panca quente a minha direita. Gritei de dor a agonia. Uma estante cheia de livros, todos em chama, havia caído em cima de mim, não conseguia me levantar, estava presa em meio às chamas.

A madeira queimava meu rosto e meu braço, era uma dor insuportável, só conseguia gritar e chorar de dor. Gritei ate não aguentar mais. Não sabia quanto tempo havia se passado, não ouvia mais nada, só sentia minha pele queimando e meu rosto borbulhando.

Não aguentei mais, a ultima coisa que vi foi a porta sendo arrombada, depois disso, tudo ficou escuro.

–---

Acordei haviam dois dias, minha mãe disse que fiquei inconsciente por 4 dias. A festa aconteceu mesmo sem mim, mas ela e Nona, a empregada do castelo de maior confiança de minha mãe, haviam ficado comigo todo o tempo.

Agora meu noivo estava no castelo, mas eu não o vira ainda, nem sequer sai do meu quanto, mas não fazia questão de nenhum dos dois.

Ainda sentia a parte direita do meu braço e rosto arderem, sabia que estava queimada, já haviam me fala isso. Um médico havia sido chamado quando acordei, me disse que algumas queimaduras sairiam em alguns dias, mas outras nunca. Mas ainda não tinha tido coragem para me levantar e encarar o espelho. Sentia minha pele quente e deformada. Faixas estavam enroladas em mim, mas ontem elas haviam sido trocadas, então pude ver meu braço queimado, uma lágrima caiu do meu olho esquerdo, mas o direito continuava seco. Também não conseguia enxergar direito, mas o medico disse que isso seria temporário.

Já era outono, mas os dias continuavam ensolarados como no verão, mas todas as janelas estavam fechadas, de modo que via somente a luz refletida no vitral. Logo o medico viria novamente para tirar os curativos e colocar alguns menores, ou talvez tira-los de vez.

Alguns minutos se passaram ate eu ouvir batidas na porta, mas minha voz ainda estava fraca, então não respondi. Minha mãe e Nona entrarem, seguidas pelo medico.

– Querida? Esta acordada? – perguntou minha mãe baixinho. Apenas assenti e me sentei na cama, ainda de baixo das finas cobertas.

Eles se aproximaram, o medico sentou-se de frente para mim, minha mãe ao meu lado e Nona ficou de pé, atrás dela.

– Ponta para tirar esses curativos, Alteza? – perguntou o medico, com um mínimo sorriso encorajador no canto dos lábios.

– Acho que sim – respondi baixinho, mas alto o suficiente para minha mãe escutar e sorrir também.

Fechei os olhos e senti a mão dele sobre meu rosto, desenrolando as faixas de vagar, para não doer. Enquanto ele desatava meu braço, abri os olhos. Minha visão já estava melhor, mas ainda um pouco embaçada, e não consegui abrir bem o olho direito. Em poucos minutos já estava sem os curativos.

– Acho que já podemos ficar sem isso – ele disse juntando as ataduras. Nona transparecia tristeza no rosto, enquanto minha mãe tinha lagrimas acumuladas nos olhos.

Nunca fui o tipo de garota que chora por qualquer coisa, aliás, nem me lembrava da ultima vez que isso tinha acontecido, mas esses dias não podia evitar. Me levantei com a ajuda das duas e fui em direção ao espelho, e quase me arrependi. Mas a curiosidade era maior. O parte direita do meu rosto estava inteira queimada, repuxada e vermelha, já não havia mais cílios nem sobrancelha ali e parte do cabelo também não. A queimadura descia para o pescoço, passava pelo ombro e ia ate o cotovelo, mas não tão vermelha quanto o rosto.

Agora tinha certeza. Nunca teria meu rosto de volta.


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Notas finais do capítulo

Daqui a alguns minutos eu posto um outro pedaço que eu já acabei!



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