Cicatriz escrita por gicm15


Capítulo 4
Capítulo 4 - NOIVO


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, a ultima parte que eu escrevi. A próxima já esta em andamento, mas não vou prometer para nenhum prazo...
Enfim... espero que gostem!!!



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Ontem havia recebido uma carta de Lineu, ele voltaria antes do previsto, em uma semana estaria de volta. Fiquei feliz por isso, sempre sentia sua falta quando ele viajava, mas dessa vez senti que de agora em diante seria como um peso a mais para todos a minha volta.

Nada no castelo havia sumido. Aquele homem estranho queria outra coisa, mas não fazia idéia do que. Mas o fogo certamente havia sido uma distração, afinal, lá não havia nenhuma informação valiosa ou perigosa o suficiente para alguém decidir que deve ser destruída. Mas não havia contado a ninguém sobre o que vi, e provavelmente ninguém também o vira. Poderia começar a duvidar da minha sanidade mental, mas tinha certeza do que ele estivera lá.

A 4 dias não usava aquelas faixas, mas ainda não estava acostumada com meu rosto. Nona me trouxe alguns livros que não haviam sido queimados e me disse que meu pai e Fernando viriam me ver hoje, depois do jantar. Teria algumas horas para me distrair. Peguei um livro qualquer e comecei a ler.

Perdi a noção do tempo, as badaladas do relógio da torre me fizeram voltar a realidade. Já eram 20h, o jantar seria servido agora e, em poucos minutos, alguém viria trazer o meu.

Ouvi batidas na porta, deveria ser o jantar. Odiava ter que ficar presa no meu quanto, mas o medico havia me mandado ficar o Maximo de tempo em repouso, então tudo o que precisasse seria trazido ate mim. Sentia-me uma criança mimada de 2 anos que não conseguem nem comer sem ajuda.

– Pode entrar! – Gritei para quem quer que fosse ouvir.

A porta se abriu e uma das cozinheiras entrou com uma bandeja nas mãos e empurrou a porta com o corpo para fechá-la. Ela se assustou um pouco ao olhar para mim, mas rapidamente saiu do traze e se aproximou da cama.

– Esta melhor alteza? – Ela perguntou do jeito mais doce que conseguia e com um largo sorriso no rosto, enquanto ajeitava a bandeja numa mesinha no meu colo.

– Estou sim. Obrigada. – Respondi com um sorriso falso e desanimado.

– Nona me pediu para avisar que vira te ver quando o rei sair.

– Vou esperar por ela. Obrigada novamente.

– Não a de que alteza – Ela respondeu se levantando e indo em direção a porta.

Sozinha novamente, olhei o que havia na bandeja. Mais uma vez, uma sopa fria, um pão do tamanho da palma da minha mão, uma taça com água e um pequeno vaso com uma rosa vermelha para enfeitar. Em nenhum dia depois que acordei comi algo diferente disso, a sopa às vezes tinha um gosto diferente, mas não muito, e sempre fria. Mas por mais que eu reclamasse, eu não poderia comer outra coisa, por enquanto, novamente por ordens do medico, que já estava esgotando a minha paciência.

Não demorei muito para acabar com a sopa. Tirei a mesinha do colo e me levantei. Fui ate a janela, que tinha um parapeito baixo, comprido e largo, cheio de almofadas e um tapete para forrar. De la podia ver uma parte do jardim, que estava lindo. Não havia luzes nele, mas hoje em especial elas não seriam necessárias, a lua cheia brilhava no céu como uma vela de chama branca, conseguia ver sem dificuldade ate mesmo os poucos guardas que faziam a ronda noturna. Já conseguia perceber as folhas das arvores começando a cair. Já era começo de outono, minha estação preferida, e logo chegaria meu aniversario. Em pouco mais de um ano teria,quando completasse 21 anos, teria obrigatoriamente que me casar, isso se eu mesma não encontrasse um noivo. Mas me parecia que meu pai não queria esperar tanto.

Ouvi passos fortes vindos do lado de fora do quanto, revirei os olhos e encostei a cabeça nas almofadas à trás de mim antes de me levantar e ajeitar o vestido. Eles haviam chegado.

Nem uma batida na porta, nem um aviso de que estavam entrando. Simplesmente meu pai abriu a porta sem se importar se estava dormindo, trocando de roupa, tomando banho, nada e com aquela cara carrancuda de sempre. Ele entrou seguido por outro homem, com uma cara jovem, mas não tão jovem, bem alto, com cabelos castanhos engomados e penteados para trás, os olhos da mesma cor, tinha lábios finos que faziam o formato de um bico leve. “a boca dele e mesmo deformada assim, ou e só uma tentativa fracassada de parecer um cara fino?!?!” pensei. Também usava uma roupa formal de mais, cheia de babados, rendas, alguns broches bem brilhantes, faltava apenas o chapéu de varias pontas e guizos para eu ter um novo bobo da corte.

– Finalmente resolveu ver como esta a SUA filha? – Disse me levantando com raiva. Provavelmente não conseguiam ver meu rosto, ainda, por estava bem de costas para a luz da lua que iluminava o quarto. – Não tem vergonha disso? – Disse me aproximando dos dois.

– Vim apenas lhe apresentar seu noivo. Já estava mais do que na hora de conhecê-lo – Ele disse frio e indiferente, como sempre.

– Você? – Perguntei mesmo sabendo que era com aquele bobo da corte que me casaria. Parei e cruzei os braços, mas mantendo a postura. Agora estava na parte do quanto que as velas iluminavam. Pude ver claramente os olhos de Fernando se arregalando rapidamente, ele transparecia desespero, óbvio, não era todo dia que se conhecia sua noiva e via que ela tinha uma queimadura horrível cobrindo metade do rosto. Acho que ele não tinha coragem de falar nada, principalmente agora.

Aproximei-me e parei bem na frente dele. Olhei-o dos pés a cabeça, e agora ele já não conseguia mais nem olhar nos meus olhos, devia estar morrendo de medo, mas não sabia do que, ele era muito maior que eu, com certeza mais forte também, e eu não sou uma ameaça a raça humana! Sou são uma pessoa que pensa!

– Espera mesmo que eu aceite me casar com um homem MUITO mais velho que eu, que não tem CORAGEM nem para olhar nos meus olhos e que usa roupas de BOBO!? – Exclamei indignada para meu pai. Ele estava olhando a cena de frente para nos agora, ainda com indiferença, mesmo já tendo visto meu rosto.

– Você não tem que aceitar. Essa foi a minha decisão.

– Quer mesmo que eu passe o resto da minha vida infeliz e presa a ele? Mais um dos seus subordinados? – Encostei o dedo indicador no peito de Fernando, e só com isso poderia sentir seu coração acelerado, olhando para ele de novo, sua expressão era pior ainda. Tenho certeza que ele faria de tudo para sair do quanto o mais rápido possível. – Divido ate que ele consiga ser leal a mim por mais de um ano! Não vê que ele e inseguro sobre si mesmo? É só olhar nos olhos dele! – Dessa vês apenas apontei rapidamente para seu rosto, que ele desviou na direção d meu pai.

– E como espera que ele seja leal a você, do jeito que esta agora? – Disse ele friamente, mas por esse tipo de resposta, ou pergunta, eu realmente não esperava. Como ele poderia falar na minha frente, que escolhera um marido que me trairia, sob porque PAREÇO uma aberração? As palavras dele foram de mais para mim e meu olho ainda bom começou a se encher de água. Virei-me para Fernando e novamente pressionei o dedo indicador contra seu peito.

– Se você me trair, eu JURO que eu lhe corto a cabeça – Me virei para meu pai novamente. – E você, como tem coragem de me dizer isso?

–Acha que ele terá outra escolha?

– Acho sim! Assim como você, mas a diferença e que você não escolheu a lealdade. – Acho que naquela hora, pela primeira vez na vida, seu rosto passou de seria para surpreso. – Acha que não me lembro de quando você traiu a minha mãe com uma das cozinheiras? E ainda, ela ficou grávida! Com certeza você deve tê-la matado quando descobriu que aquele filho era seu. Não tem vergonha disso? – Lagrimas já escorriam pelo meu rosto, mas ele logo voltou a sua postura normal.

– Essa não e a questão Agnes! – Ele levantou a voz – Como espera que a família real continue se nem ao menos você consegue ter seus próprios filhos?

– O que disse? – perguntei cautelosamente. Claro que sabia exatamente o que ouvira, mas não queria acreditar, não podia acreditar em nada do que aquele homem me dizia, eu não podia ser uma mulher estéril, mas, como sempre, suas palavras foram tão firmes que fariam qualquer um acreditar em tudo o que dissesse.

–Exatamente o que você ouviu, Agnes. – Ele parou por um segundo, olhando no fundo dos meus olhos, como se por eles pudesse ver tudo o que se passava na minha cabeça naquele momento. – Você ficou estéril depois daquele incêndio. Sua mãe não te contou? - Olhei incrédula para ele, enquanto recebia um olhar severo de volta – Bom, pelo menos assim evitaremos surpresas e desilusões futuras.

Não me agüentei mais, avancei em sua direção e lhe deu um tapa no rosto. Podia sentir minhas bochechas ardendo de raiva e lagrimas caindo por elas, a adrenalina do momento me dominando. Voltei para a frente de Fernando, que olhava toda a cena espantado, tinha a cara que quem quer fugir de algo, mas estava com tanto medo que não conseguia nem ao menos se mexer. – NUNCA mais olhe na minha cara!

Não pude terminar de falar o que queria, pois senti uma dor horrível na queimadura. Ele havia me dado um tapa de volta. Meu rosto ardia, coloquei as mãos no local de onde a dor saia, mas não adiantou nada, um grito não muito alto ecoou pelo quarto, não me agüentei e cai de joelhos no chão. Ele se agachou na minha frente, segurou minhas mãos com forca longe do rosto e deu outro tapa, dessa vez mais forte. Gritei novamente, mas dessa vez varias pessoas fora do quarto deveriam ter ouvido. Era como se pudesse sentir o fogo queimando minha pele novamente, dessa vez, cai de costas para o chão. Agora chorava de dor, não mais de raiva.

Passei uma das mãos no rosto e percebi que havia sangue escorrendo de dentro do meu nariz.

– Isso e para você aprender que me deve respeito. – Ele disse se levantando. Ouvi o barulho da porta se abrindo, os passos rápidos e desesperados daquele príncipe frouxo e os lentos e calmos de meu pai se afastando, então a porta se fechando.

Eu fiquei ali, caída no chão, meu rosto ardia loucamente, lagrimas não paravam de escorrer e gemidos de dor involuntários de agonia saindo da minha boca.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente, eu me senti muito mal quando escrevi isso... ficou um pouco forte, eu acho. Mentira, eu tenho certeza.
O que acham que vai acontecer agora?!?!?!

(mais uma vez, eu vou pedir: NÃO TENHAM VERGONHA EM CORRIGIR MEUS ERROS!!!!! serio, eu sei que eles estão por ai, eles sempre estão, só que eu não consigo achar eles de primeira!)



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