O Entregador de Estrelas escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 32
Minhas chançes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/471857/chapter/32

Virei meu rosto para a porta.

"Quem é?" Perguntei.

"Só abra a droga desta porta!" A voz de Mary falou num tom zangado e eu mordi o lábio.

"Já vai." Respondi colocando minha blusa e olhando para a gaze em volta do meu braço.

"Já vai coisa nenhuma!" Ela falou e abriu a porta. Eu rapidamente abootoei minha camiseta e olhei para seus olhos furiosos. "Idiota!"

"O que?" Perguntei assustado. Ela correu até mim e tentou bater na minha cara. Segurei sua mão e ela me fuzilou com os olhos azuis que agora pareciam oceano no meio de uma tempestade. "O que eu fiz?"

"O que você fez?!" Ela sorriu cinicamente. E soltou seu braço com facilidade. "O que você não fez!" Segurei seus braços novamente antes que ela tentasse me machucar de novo e ela respirou pesadamente. "Carteiro, eu vou me casar."

Olhei para o teto tentando entender até que ponto aquilo me envolveria e neste meio tempo ela soltou o braço de minhas mãos e meu deu um soco na cara. A encarei ainda mais assustado.

"Você. É. Um. Covarde." Ela falou lentamente e eu fechei os olhos e deixei ela continuar me agredindo até finalmente ela parar e começar a chorar. "Tudo bem na sua frente e você tem medo de esticar a mão."

"Eu-" Começei a falar.

"Cala a boca." Ela falou e me abraçou, desta vez, eu a deixei me abraçar, eu não sei até hoje se eu não me movi por que era impossível ou se eu simplesemente não queria. A deixei molhar minha camiseta, praguejar e resmungar até que seus olhos fechassem e só ficassemos parados no meio do quarto abraçados. Com o passar do tempo minhas pernas começaram a doer e como Mary continuava me abraçando de olhos fechados pensei que ela estava dormindo. Alisei seus cabelos lentamente e começei a notar o quanto de tempo estavamos em pé. Ela me abraçou com mais força. "Eu não quero me casar, não com aquele idiota." Mary sussurrou e eu mordi o lábio. "Idiota?!" Ela riu cinicamente "Eu nem o conheço..." Olhei para cima e mantive meus braços no mesmo lugar. "Isso é culpa sua." ela respirou pesado. "a culpa é toda sua." Ela falava baixinho, nós dois falavamos, por que o silêncio do quarto parecia aumentar nossa voz em cinco vezes.

"Eu sinto muito, Mary." Respondi.

"Não, não sente." Ela me cortou e me empurrou me fazendo cair no chão. "O problema em tudo isso, carteiro, é que você não sente." Ela se sentou do meu lado e me abraçou outra vez. Suspirei. "Mas sabe qual é o maior problema?" fiz que não e ela levantou o rosto para me encarar. Seus olhos estavam claros agora. "Eu sinto. Eu te amo inexplicavelmente, eu te amo em-" ela suspirou cansada "e você consegue ouvir tudo isso sem me falar uma palavra de verdade. Uma retribuição."

"Quer que eu diga que eu amo você?" Sussurrei por cima de seus cabelos que estavam me impedindo de ver seu rosto agora.

"Não! Nada partiria mais o meu coração do que se você disesse isso." Ela me abraçou com mais força e eu suspirei.

"Hum... acho que você não entendeu uma coisa, Mary. Não é que eu não goste de você." Ela parou de me abraçar, colocou a franja atrás da orelha e me olhou séria. "Eu não consigo ter um relacionamento com ninguém. Você não é o problema." Ela franziu a testa e eu levantei seu rosto para olhar direto para o meu "Pareceria muito com seus livros se eu falasse que a culpa não é sua?"

"É por causa da sua mãe, não?" Ela perguntou e eu olhei para o chão. Ela limpou as lagrimas do rosto e colocou as mãos na cintura "Por que você me beijou?"

Coçei a cabeça. "Eu normalmente faço isso... é complicado." Ela fungou e concordou de leve.

"Por que você não soluciona logo este problema?" Ela tirou meu cabelo do rosto. "Por que você não perdoa a sua mãe? Não te faz bem algum continuar com isso."

"Olha... eu sinto muito por tudo que está e vai acontecer na sua vida, mas isso não tem nada a ver." Ela me encarou brava.

"Eu me abro para você e você se esconde mais!" Mordi o lábio e ela olhou para o teto. "Eu. Te. Odeio." Ela parou de me abraçar e se levantou.

"Você não é a úncia." Respondi descançando minha cabeça no chão e olhando diretamente para cima.

Ela semi cerrou os olhos e saiu do quarto batendo a porta com força.

"Parabéns, eu não sei realmente definir o que você é... extremamente sortudo ou extremamente idiota." Mathew apareceu sentado na mesa. "Você tem uma chançe e PAM! você acaba com tudo e ai por algum mótivo louco você tem outra chançe e você acaba com tudo de novo, e ainda não satisfeito em perder suas chançes quando outra aparece, PAM."

"Eu já te falei que eu não estou interessado na Mary." Respondi e Mathew desceu da mesa. Me sentei e abraçei minhas pernas. "Mathew, por onde tem andado?"

"Eu também te odeio o que quer dizer que eu também me odeio e eu- nós temos o hábito de nos afastar do que nós odiamos."

"Você falou que você é o eu que teria dado certo, não é?" Ele concordou. "Não vejo algo mais certo do que eu saber ler." Ele arregalou os olhos. "Porfavor." Mathew riu tanto que caiu no chão.

"Nossa, não sei por que ainda acho que você -eu- teria esperanças." Ele parou de rir para me encarar com ódio. "Eu realmente odeio o que aconteceu comigo, você é um monstro!" Fiz um círculo perfeito com os olhos."Eu não existo, você acabou de espantar todas as suas chançes de descobrir o que está escrito nas poesias do Doutor quando deixou Mary passar pela aquela porta." Fechei os olhos.

"A Matilda está morta."

"O que?!" Mathew se levantou rapidamente e me encarou incrédulo.

"Está em todos os jornais." Coçei meu braço. "Eu só queria entender a notícia."

"Mesmo que eu soubesse ler em Alemão eu nunca ta ajudaria." Ele respondeu cruzando os braços e olhando para outro lado. Arrastei uma cadeira e me sentei.

"Bom, eu vou morrer de qualquer forma."

"Não é assim que você deveria pensar! Bem o contrário! O normal é procurar como evitar ser seguido pela morte, no seu caso você está seguindo-a!" Tossi e encostei minha cabeça no chão novamente. "Agora você está ai, em depressão por que o seu jogo favórito está faltando uma peça."

Olhei para a porta em dúvida.

"Você ainda tem dúvidas?" Ele falou desanimado.

"Eu não posso falar com a Mary." Tossi novamente. "Lhe faz feliz se eu lhe contar que eu realmente sinto pela Mary? Que agora... agora eu queria sim estar com ela."

"Qual o seu problema?!" Mathew avançou para cima de mim e eu desviei.

"Hey! Já me bateram o suficiente!" Olhei para Mathew que estava jogado do outro lado da sala. Me sentei em sua barriga e ele revirou os olhos. "Eu não sei se é verdade, eu só... me perdooe se eu não sei qual sentimento é qual, mas eu quero estar com ela como há cinco minutos atrás." Sorri sem mótivo e olhei para os olhos não surpresos de Mathew. "Mas passou."

"Ou você pode- Pode tentar concertar as coisas."

Suspirei. "Infelizmente a avaliação do meu tio sobre mim sempre esteve certa. Eu sou covarde demais, orgulhoso demais, irritável demais, criança demais." Fechei os olhos e soltei num suspiro "eu desisto fácil demais." Cruzei os braços. "A Matilda morreu, não tem mais nada que eu possa fazer para ser brilhante."

Mathew se sentou do meu lado.

"Nate, a Matilda não morreu." Sua frase se fundiu com o ar e eu acho que ele queria que ela nunca tivesse sido formada. "Se é ela que vai fazer você querer viver, então, okay, vamos atrás dela."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Entregador de Estrelas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.