O Entregador de Estrelas escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 3
Brilhante




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Entrei na livraria e observei o meu redor. -Eu havia virado mestre em controlar meu pânico em lugares públicos do melhor jeito possível; Fingindo que são estrelas passeando por ai. Não que sempre funcione e às vezes eu me encontro escondendo embaixo de algo ou chorando, mas ajuda na maioria das vezes.- O dono da livraria ajudava os cavalheiros de um lado, sua mulher estava no caixa do outro e o movimento de pessoas andando para lá e para cá desorganizadamente me teria causado um ataque se não fosse meus pensamentos fortes e controlados.

“Posso lhe ajudar?” Uma moça se aproximou de mim e examinou os livros que eu olhava já que eu não a encarava. Odeio olhar nos olhos das pessoas.

“Não, eu só estou... escolhendo um dos livros.” Respondi olhando para os livros coloridos e símbolos que eu não consigo ler na capa.

“Desculpe, não entendi.” Ela insistiu e olhou para os livros.

Fiz um círculo perfeito com os olhos e a ignorei.

“Eu ajudo meu pai nesta livraria. Só quero te ajudar, qual é o seu nome?” Ela continuou.

“Não é da sua conta.” Respondi seco, mas bem mais alto do quê da outra vez.

Ela deu de ombros a minha falta de cordialidade.

“Você é carteiro?” Ela perguntou apontando para a bolsa de carteiro.

Puxei a bolsa para que ela não tocasse.

"Você não é o que as pessoas definem como educado ou muito menos um cavalheiro."

"E você entra muito bem na definição de metida." Respondi e ela riu.

“Não parecem haver cartas ai.” Ela continuou e eu ignorei enquanto fingia entender as coisas escritas nas capas em cima da estante.

“Não acha que deveria tomar mais cuidado?” Perguntei “Você é uma moça, sabe que se eu quiser-”

“Não, carteiro, pode até ser que os homens tenham mais direito que eu, mas de forma nenhuma poderá me fazer mal. Minha mãe trabalha para a rainha e eu…” Ela parou de falar e sorriu. “Meu pai me criou de um modo liberal, não tenho nada a temer, mas a vida.” A moça hesitou e depois me encarou “Não temo ninguém, muito menos você.”

“Que ótimo.” Respondi num murmuro.

“Não me respondeu, senhor Carteiro.” A encarei confuso. "Você é um carteiro ou estou lhe atribuindo uma posição que não ocupa?"

“Não sou um carteiro comum.” Respondi finalmente.

“E o que você é? Quem é você?” Ela insistiu me deixando irritado com perguntas continuas e seus olhos diferentes sendo o esquerdo mais verde e o direito mais azul. Eles eram brilhantes e ao mesmo tempo assustadores.

“Sou uma pessoa que está tentando encontrar um livro.” Respondi tirando um livro qualquer da estante e dirigindo-me para o outro lado da loja.

“Perdão, mas não consigo esconder minha curiosidade em relação a você”

“Deveria tentar, lhe asseguro que não é muito bem visto uma mulher tocando no braço de um estranho.” Falei olhando para sua mão que segurava meu braço. Ela o soltou escondendo a mão atrás das costas. Ela olhou no fundo dos meus olhos e sorriu.

“Não lhe considero um estranho.” Ela disse por fim.

“Pois eu lhe considero uma total desconhecida.” Respondi espantado por minha frieza ainda não ter a feito desistir.

“Estou tentando cumprir meu trabalho.” Ela me seguiu. "Só o meu trabalho."

“Não me faça cumprir o meu.” Respondi num murmuro e ri de minha piada particular.

Ela ouviu meu comentário e me encarou curiosa.

“Qual é o seu trabalho?” Ela perguntou e seu olhar caiu novamente em direção à bolsa de carteiro.

Olhei para outro canto sem paciência e saí da livraria assim que comprei um livro qualquer, segui um caminho sem rumo destinado quando senti alguém tocar meu ombro. Pensei em gritar, mas vi a sombra da moça da livraria no chão e vire-me.

“Não sabe meu nome.” Ela falou sorrindo.

“Não quero saber.” Respondi voltando a andar.

“Mas…”

“Você saiu da livraria para me seguir?” Perguntei olhando para o céu em sinal de impaciência. “Faz parte do seu trabalho também?”

Ela sorriu e se balançou para trás e para frente olhando para cima.

"O que você quer?" Perguntei.

"Você chamou minha atenção, só isso." Ela encolheu os ombros e eu a encarei horrorizado.

“Não tem nada de interessante na minha vida, okay? Meu pai foi acusado de matar um comerciante e foi preso abandonando minha mãe doente comigo numa fazenda até o momento que não tínhamos mais dinheiro para ter uma fazenda, eu tive que trabalhar em uma fábrica e largar meus estudos.” Suspirei e ela continuou me encarando sem mudar de expressão. Continuei. “Meu tio acolheu minha mãe, mas ele não queria uma criança em sua casa então ela me abandonou depois. Fim.”

Ela ajeitou a franja castanha de seu coque desajeitado e me encarou.

“Eu sinto muito, mas só por que foi abandonado não devia evitar as pessoas que -”

“Que se surgir uma oportunidade melhor também me abandonarão? Ah, realmente isso é uma perda de tempo” Falei ajeitando a bolsa de carteiro no meu ombro e dando meia volta.

“Por que está comprando um livro? Vai jogar fogo nele? Sabe ler?”

“Eu não sei ler.” Olhei para outro lado envergonhado e depois sacudi a cabeça negativamente. Ela era uma mulher, não podia me envergonhar.

“Você roubou dinheiro?” Ela perguntou levantando uma sobrancelha.

Olhei para o chão indignado e a ignorei.

“Responda minha pergunta” Ela cruzou os braços e encontrei seus olhos por um instante.

“Eu achei dinheiro na rua” Olhei para cima e lambi meus lábios secos “Eu gosto de ver as figuras e eu decorei várias histórias.” Suspirei. “Todo livro têm a mesma história, mas sentir as páginas…” Parei de falar e me afastei dela. Eu estava atrasado.

“Têm amigos, senhor carteiro?” Ela perguntou longe e eu fiquei surpreso ao notar que ela havia parado de me seguir.

“Sim.” Respondi rapidamente. “Mathew.”

“Esta vendo? Ainda confia em alguém, não é tão solitário como pensa…” Ela suspirou “Posso fazer parte da sua lista de amigos?”

Levantei uma sobrancelha e ela sorriu “Ou só amigos imaginários são aceitos?”

“Eu não tenho amigos imaginários! Por que inventaria mais humanos?”

“Não seja tao duro, afinal, você também faz parte da humanidade.”

“Por que insiste em me seguir?” Perguntei e ela mordeu o lábio “Por que não volta para a porcaria da loja e me deixa em paz?” Ela hesitou e eu corei. Talvez eu tenha passado do limites.

“Não sei... algo me chama para você.” Ela respondeu timidamente.

Isso chamou minha atenção e eu parei de andar.

“É como se você tivesse que fazer parte da minha vida.”

Finalmente parei de encarar o chão e olhar para a moça que me seguia.

“Você nem me conhece.” Respondi.

“Não... não como algo a mais... estou dizendo que têm algo que fará diferença.”

Passei mais alguns instantes a encarando.

Brilhante! Ela brilhava! A pessoa mais brilhante que já vi.

Arregalei os olhos.

“Sabe por quê?” Perguntei e ela me alcançou.

“Não, você também não sabe?” Ela perguntou.

“Gosta de estrelas?” Perguntei ignorando seus olhos que me encaravam com curiosidade.

“Esta pergunta tem relevância?”

“O que é relelevância?” Perguntei e ela tentou não rir, eu fingi que a palavra nunca tivesse passado por minha mente “Gostaria de ser uma?” Perguntei fingindo não me importar com sua resposta.

Ela se afastou um pouco.

“O senhor conversa assim com as pessoas?” ela riu e ao ver que eu estava sério ela assumiu uma postura menos descontraída e respondeu "Li um livro uma vez que dizia que estrelas eram almas. Nunca saiu da minha cabeça e-"

"Estava escrito em um livro?" Perguntei admirado e senti meus olhos se arregalarem.

Ela fez que sim.

"Então é verdade?"

"Só por que está escrito não quer dizer que é verdade. Livros podem passar opiniões e para você elas podem não ser verdade."

"Então não é verdade?"

Ela riu.

"Pode ser, pode não ser, depende do que acredita." Ela fez um gesto com os braços e eu tentei traçar uma lógica com aquela confirmação.

"E você acredita e gostaria de ser uma?" Perguntei reparando que estávamos parados esperando por algo enquanto eu pensava. Ela hesitou um pouco, levantei uma sobrancelha e cruzei os bracos, ela suspirou.

“Não... não gostaria.”

“Mas e se o planejado fosse isso?”

“Se for o planejado...” Ela deu de ombros.

“Minha avó ia gostar de você, boa companhia para ela.”

Ela sorriu.

“Adoraria conhecê-la.” Ela respondeu encolhendo os ombros.

Disfarcei um sorriso.

"Minha avó morreu à tempo..." Ela falou.

"A minha também..." Sussurrei e me certifiquei de que ela não havia ouvido.

“Mas para quê estas perguntas?” A pessoa com quem eu mais havia falado na semana continuou.

“Posso lhe fazer outras antes de lhe responder isso?”

Ela deu um sorriso torto. Olhei para o relógio no meio da praça.

“Tenho que ir agora.” Falei me afastando.

“Ah... a propósito, meu nome é Matilda!” Ela gritou. "Carteiro?" Me virei e continuei andando de costas. "Você volta?"

Fiz que não.

Ela riu. "Você vai voltar. Eu sei que vai."

Fiz um círculo perfeito com os olhos e continuei andando em outra direção.

Desci a rua imunda e me desviei de uma criança que corria. Provavelmente havia roubado um relógio. Como previsto logo uma mulher subiu a rua ingrime atrás dele gritando “Ladrão! Ladrão!” Suspirei e apontei para a direção oposta a que o menino havia ido. Ela acenou, ergueu o rosto em direção ao céu e correu pela direção indicada. Observei seu vestido roxo reluzente e evitei cerrar os punhos com raiva. Tentei sentir o cachecol no meu pescoço e me aproximei da grade da fabrica. Apoiei-me no portão e olhei para chaminé que lançava uma nuvem negra no céu. Tosse e choro de crianças eram claramente ouvidos, por mim e por todos que passavam na rua, mas ninguém se importava. Se eu tivesse vontade de apurar meus ouvidos eu ouviria os chicotes, ouviria as grades caindo em cima da mão das crianças que não cumpriram o prazo.

Daqui à alguns dais o dono da fábrica exportará metade da mercadoria dos 5 meses passados para um país que não me recordo o nome. Com isso o prazo fica cada vez mais próximo e cada vez mais todos entram em pânico. Se me vissem do lado de fora agora eu não sei o que aconteceria.... Olhei para o chão para um instante, a grama estava seca e tinha uma fina camada de gelo sobre ela. Ela estava mais aquecida que muitas pessoas naquele dia.

“Ei! Menino!” Levantei meus olhos sem desencostar meu queixo do metal frio da grade para o Sr. Samson, o dono da fabrica. Sr. Samson era um homem alto e tinha um chapéu brilhante que lenda diz: ele nunca havia o tirado. As crianças gostam de imaginar que ele é careca embaixo do chapéu e não quer que ninguém veja o que seria totalmente aceitável já que ele possui uma imagem respeitada e de galã na maior parte da sociedade. Ele havia aberto a porta do edifício de pedra. “O que pensa que está fazendo?” Tentei me mover, mas o frio parecia ter me congelado. Mordi o lábio e me concentrei no que ainda sentia.

Havia o livro que eu havia comprado na minha barriga. Ele estava gelado e me perguntei se realmente valia a pena comprar livros se eu não sabia ler. Não que eu precisasse comprar comida. Mas o que nos dão na fábrica é somente o suficiente para me manter por mais alguns anos. Não querendo ser egoísta ou mais sombrio do que costumam comentar; as coisas estavam ficando melhores. A peste negra estava fazendo os camponeses pobres caírem mortos no chão toda semana. Especialmente as crianças (um padre disse que é um castigo por elas agirem mal então todas passaram a ir para a igreja todo dia). A coisa é que quando alguém morre sempre há mais farelos de pão.

O Sr. Samson correu até mim e segurou meu braço com força. Me encolhi enquanto ele me fuzilava com seus olhos azuis. Fechei os olhos enquanto ele me arrastava para dentro da fábrica que estava ainda mais fria do que o lado de fora. Senti seu braço segurando o meu e senti meu sangue gelar. ‘Não entre em pânico agora’ Pensei, mas vi que seria irrelevante pensar tal coisa por que eu estava com tanto frio que não conseguia me mover.

“Pensava que já havia entendido: quando eu digo algo você iriá atender, mas não se preocupe, vou te ensinar novamente.” Ele puxou o colarinho da minha blusa e me guiou para perto da lareira inútil do outro lado da sala. Quando suas mãos finalmente me soltaram eu caí no chão de pedra ralando mais meus joelhos que mesmo com calça pareciam estarem nus. Tremi e ele riu. “Está com frio? Vamos te aquecer, príncipe” Engoli em seco “Agora, abra as mãos” Levantei meus olhos para encarar o homem barrigudo “Vamos”. Abri minhas mãos fazendo uma concha com elas.

Ele sorriu e pegou algumas pedras em brasa da lareira com um objeto que nunca descobri o nome. Observei enquanto ele aproximava uma pedra fumegante em direção a minhas mãos. E ai eu senti o fogo queimando minhas mãos e conheci o calor e o frio ao mesmo tempo. Abafei o grito de dor com um gemido e uma lágrima que escapou.

“O que você aprendeu?” Ele perguntou e eu continuei sentindo o arder da brasa em minhas mãos. “Vamos, fale!”. Solucei. “Vai me obedecer da próxima vez?” Fiz que sim, mas não aguentei mais e soltei a pedra que deixou minhas mãos de dedos longos e pálidos queimadas e sangrentas. “Bom garoto, espero que não aconteça de novo” Respirei fundo. “Vai acontecer de novo?” Fiz que não e ele bagunçou meus cabelos já bagunçados como meu pai, mas sua mão era áspera e eu queria fugir.

De noite enrolei meu cachecol em volta de minha mão direita. Não conseguia a fechar sem sentir facas passando por ela. Eu não estava chateado, é o natural da vida, eu havia encontrado uma estrela. Algo ruim tinha que acontecer para compensar, por isso quando eu coloquei minha cabeça na bolsa de carteiro com minha nova aquisição de segunda mão dentro eu estava sorrindo. Tremi com o frio que vinha da janela e o arder da minhas mãos, mas eu estava sorrindo.

Acordei ansioso no outro dia. O dia estava ainda mais frio e aparentava nevar do lado de fora. Eu quase não sentia minhas pernas e minhas mãos doíam tanto que mesmo que eu estivesse com um machucado enorme na perna ou na mão eu não sentiria.

“Vamos, vai perder o café se continuar ai pelo resto da manhã” Stwart anunciou saindo do quarto. Suspirei, coloquei o casaco que minha avó havia costurado um pouco antes de virar estrela e a boina que minha mãe havia me dado de aniversário de 8 anos. Saí do edifício do dormitório dos meninos que saia no bloco central e fui em direção ao prédio do lado da igreja. O hall era enorme com grandes mesas onde crianças de varias idades esperavam autorização para sentar e as freiras vigiavam todos os movimentos com a intenção roubar um pedaço de pão da mesa antes do Sr. Samson fazer seu discurso matinal.

Depois de um discurso 'motivador' falando no quão importante será para a fábrica fechar os negócios com outro país o Sr. Samson desceu do palco e se dirigiu à sua mesa enorme com seus três filhos e sua esposa. Parei de encarar os dois filhos mais velhos -que eu terei a oportunidade de descrever com mais profundidade logo- e me virei par o pouco de mingau e algumas migalhas de pão. Outra coisa que eu gostava da fábrica era que a voz constante de todos as crianças ocupava meu ouvidos e eu não me sentia no meio do nada, sendo sincero cada palavra que alguém soltava no ar eu imaginava meu pai falando... Eu, mesmo com tudo que já havia acontecido, ainda sentia falta de casa. Depois do café da manhã e o discurso final do Sr. Samson anunciando a quantidade de dias que faltavam para a 'Grande Entrega' as portas do refeitório foram abertas e nós fomos liberados para o trabalho, a multidão inteira se dirigia à fábrica e eu só deixei que os movimentos dos outros empurrando e tirando tudo de seu caminho me guiasse pelo labirinto humano que se formava toda manhã naquele horário.

“Você não vêm?” Stwart perguntou vendo que eu aproveitava o alvoroço para ir na direção contrária.

Espirei e mordi o lábio pensando em uma forma de explicar tudo rapidamente.

“Eles vão notar que não vai estar lá! Vão demitir você!” Stwart continuou e eu percebi que ele estava agitado pela forma que continuava olhando para trás e desviando das pessoas que iam na direção oposta à dele. "E a se a Mrs. Hills lhe ver?"

Semi cerrei os olhos e olhei para a mão que não estava enrolada no cachecol, ela não aguentaria segurar fogo novamente. Me virei para o acompanhar para o fluxo da multidão, mas ai tudo parou. A multidão formou um círculo em volta da menina que gritava com dor. “Façam alguma coisa!” Uma das amigas dela gritava. Uma freira se aproximou do tumulto.

“Voltem para o seus quartos, agora!” Ela ordenou e eu fechei os olhos irritado. Eles iriam nos examinar novamente. Os doentes iam embora. Sumiriam e para o bem de todos seriam esquecidos. Afinal, para que pagar um defunto? Olhei para o portão e mordi o lábio, eu tinha que correr e tinha que ser agora.

“Você não vêm?” Stwart perguntou observando que eu ia contra a multidão e em direção ao portão novamente. Desta vez ele me impediu de andar segurando meu braço. “Para onde esta indo? Você está louco?”

"Faz tempo..." Murmurei e levantei o olhar para os olhos verde-oliva que me encaravam curiosos. O fluxo com que a multidão andava para os dormitórios já havia suavizado e em poucos segundos seria impossível passar pelo portão despercebido. Stwart suspirou e levou a colcha de seu polegar a boca -hábito de quando ele está indeciso- ele mordeu a colcha até finalmente deixar seu braço cair solto do seu lado.

“Quer saber, eu digo que você já estava na fábrica e não recebeu a notícia, corra!” Ele falou e se virou para o caminho que todos seguiam.

Sorri e corri para o portão.


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