O Entregador de Estrelas escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 24
O detetive




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Depois de tantas perguntas feitas a mim mesmo sobre o nível que a minha imaginação chegava eu finalmente me cansei de pensar. Tentei procurar diversas respostas comparando, mas a verdade é que as palavras são tão rasas que é possível que as palavras que você use para descrever a sua sanidade sejam interpretadas por mim (ou por qualquer outra pessoa) com outro sentido e como acreditamos nisso faz sentido afirmar que vivemos em mundo completamente separados dos outros já que os outros são nossa interpretação. Imagine, caro leitor que como isso passa em minha cabeça e sempre que eu indago a questão a outros eles dizem que nunca pensaram a respeito me faça me sentir mais esquisito ainda e por fim me faz ter certeza de que se a vida normal é ser tudo que não sou eu prefiro a minha vida e o meu mundo. Aliás, não veja isso como uma ofença, mas consigo quase lhe confiramar que o meu mundo é muito mais divertido que o seu.

Me guiei novamente em direção à casa de porta azul e a encarei pela distância. Meus olhos foram atraídos pela sombra que caminhou pela janela. Não era incomum, muito pelo contrário e minha curiosidade já havia contado 3 sombras diferentes vagueando por ai. Eu brincava de tentar advinhar quem era a minha mãe e de quem pertencia as outras duas sombras. Foi em um destes dias que eu me esbarrei com um homem de cartola e bigode. Franzi a testa e ele falou com uma voz rouca que as vezes falhava:

“Eu precisava falar com você.” Olhei para seu brilho, mas como ele estava na direção do sol foi impossível ver qualquer coisa.

A prinípio minha mente separou três eventos que fariam algum estranho me reconhcer, mas quando ele retirou um caderno de notas do bolso do casaco e disse que era um detetive me vieram somente as dúvidas de que ele estivesse me seguindo ha muito tempo.

Caminhamos até uma cafeteria e ele se sentou em uma das mesas e indicou para que eu sentasse do outro lado o que eu fiz mais por curiosidade do que por educação. Ele brincou com as mãos que estavam dentro de luvas grossas e de couro e me encarou. Assim que seus olhos pararam nos meus eu tive um estalo e um sentimento horrvíel que eu não sabia descrever tomou conta de mim, mas antes que eu falasse qualquer coisa ele começou a falar:

“Poderia me explicar por que esteve indo para aquela casa por 4 dias consecutivos?” Ele falou e eu percebi que sua voz tremeu um pouco.

Dei de ombros e ele levantou uma sombrancelha o que realçou seus olhos indecisos. O garçom se aproximou de nós e anotou o pedido de chá dele.

“Você sabia que o dono daquela casa desapareceu desde o começo do mês?” A cada pergunta o moço ficava mais inquieto e se apoiava sobre a mesa.

Fiz que não e o moço anotou algo no bloco de notas. O observei até ele voltar a me encarar.

“Qual seria o seu nome?” Ele perguntou e eu olhei para o céu.

“Maynton.”

“Não senhor Maynton, seu primeiro nome.”

“Boa pergunta.”

“Você não sabe?”

“Não tenho nome de batísmo...”

“Eu acho que tem.” Ele falou e eu fiz um círculo perfeito com os olhos.

“Coloque só Maynton.” Seus olhos indecisos entre a cor verde ou azul voltaram para o papel e eu completei “Você pode colocar um ponto de interrogação no meu primeiro nome.”

Ele levantou um sombrancelha e depois de ver que eu não responderia fez o que eu falei.

“Você conhecia o Sr. Guilfred?” Ele perguntou.

“Não...” Respondi.

Ele semi cerrou os olhos e examinou cada sarda em meu rosto.

“Você mora aqui?”

“Não.”

“A quanto tempo está aqui?”

“Desde o...” olhei para ele e ele levantou uma sombrancelha. “O começo do mês.”

Ele mordeu o lábio e desta vez eu o encarei. Ele possuia um rosto muito fino e seus olhos nunca paravam em um lugar só. Ele possuía um nariz fino e de vez em quando tirava um monoculo para ler o que não me impressinou nem um pouco já que com a frequência que ele o usava era óbio -pelo menos para mim- que ele não necessitava de óculos.

“Suspeito de você.” Ele falou por fim e eu franzi a testa.

“Por que me falaria isso eu poderia fugir ou-”

“Estou tentando testar uma de minhas teorias.” O encarei curioso e ele pensou um pouco para depois continuar “Suas reações ficam mais reais se souber o que estou pensando.” Ele parou por mais alguns instantes e encolheu os ombros “É um pouco complicado de explicar.”

“Eu posso fingir ser outra pessoa.”

“Você tem sempre uma resposta para se desviar das acusações.” Ele falou e o garçom colocou uma xícara de chá na sua frente. Ele tomou um pouco da bebida e a colocou de lado. “Você não tem que se preocupar se não fez nada de errado.”

O fuzilei com o olhar.

“E essa bolsa de carteiro? O que carrega nela?”

“Armas.”

Ele riu e eu o encarei sério. Depois de um tempo ele parou.

“Sério?”

“Claro que não.” Respondi sorrindo. “São somente cartas e algumas encomendas.” Retirei a carta de minha mãe que eu havia colocado novamente no envelope antes de sair e lhe entreguei um pacote com a chave do quarto embrulhada dentro. Ele examinou o pacote e depois o cartão. Sorri mentalmente pelo meu hábito de ter aberto a carta com cuidado e de uma forma que o papel parecia intacto se não olhado de perto e a camuflagem da chave caso alguém chegasse a indagar o que faz a minha bolsa de carteiro ser tão ocupada com várias formas. Ele me entregou as coisas e observou suas anotações.

“Hum... você é um carteiro então?” Ele falou e eu semi cerrei os olhos fazendo que sim. Ele olhou para os lados e escreveu algo no bloco de notas.

“Qual é o seu nome, detetive?” Perguntei e ele me encarou surpreso.

“Pode me chamar de Stinford...”

Repeti o nome com cuidado. Ele sorriu.

“Meu primeiro nome é Luke.” Ele estendeu a mão e eu relutantemente a apertei. “Espero que minha declaração não o faço ir embora.”

O encarei confuso.

“Como preciso investigar os suspeitos pode se acostumar com a minha presença.”

Franzi a testa.

“Não tenho nada para esconder.” Respondi e ele agradeçeu ao garçom que lhe entregou o chá.

“Sr Maynton... Talvez pudesse tornar tudo isso agradavel se começarmos com o pé direito.”

“O que sugere?”

“Não fuja.”

“Não irei.” Respondi.

Ele sorriu e tomou mais um gole do chá.

“Você quer que eu preste depoimento?” Perguntei levantando. Ele fez que sim. “Que dia?”

“Nós nos encontraremos.” Ele respondeu e colocou a xícara no píres. “Tenha um bom dia.”

“Igualmente.”


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