O Entregador de Estrelas escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 22
O mágico




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Naquele mesmo dia eu finalmente tive coragem de andar até a porta do quarto de Mary novmente e bater. Ela abriu a porta e me lançou sua cara não impessionada. Olhei para baixo e ela cruzou os braços.

“Eu sinto muito pelo que aonteceu.” Falei.

“E...?” Ela falou se encostando no batente.

“E para compensar eu estava pensando... você gostaria de...” Virei um pouco minha cabeça para trás onde Mathew fazia um sinal para que eu continuasse a falar já que haviamos ensaiado falar aquilo para ela umas dez vezes. “Ir passear comigo.” Adcionei um sorriso falso no final da frase e ela colocou a mão em cima dos lábios. A encarei por mais alguns instantes e ela riu.

“Ok, isso é uma pegadinha?” Ela olhou para todos os lados do corredor. “Quem te obrigou a fazer isso?” Coloquei as mãos abertas em minha frente e seu rosto ficou vermelho, logo senti minhas costas e suas mãos me encostando na parede. “Alguém esta te pagando para isso?”

“Só queria que você me desculpasse...”

“Hum...” Ela ergueu uma sombrancelha. “Para onde me levaria?”

Encolhi os ombros, “Para onde você quiser ir. Só me solte por favor.” Respondi e ela sorriu soltando-me e depois ajeitando os cachos cor de mel que caíam do seu coque.

~~~~//~~~~

“Quando eu falei para onde você quiser eu não quis dizer isso literalmente” Falei olhando para a multidão que se aglomeava em volta de um homem baixinho com um casaco preto e um nariz extremamente deformado para o lado direito.

Ela ignorou meu comentário e continuou me arrastando até o mais próximo possível do astro. Ele estava em cima de um palco de madeira e pedia para o publico ficar quieto.

“Hoje farei um grande show de hipnóse!” Ele falou e sorriu. “mas precisarei de alguns voluntários... quem se candidata?”

A maioria da multidão levantou a mão e eu só fiquei examinando os movimentos particulares de todos. Você já deve saber que uma das coisas que caracteriza cada ser humano são seus hábitos, acredite em mim quando eu te falo que você nunca conheçe a pessoa mais estranha do mundo até conheçer todos os hábitos do mundo. Minha linha de raciocínio foi cortada com vários passos e a madeira do palco rangendo. Eram no total 7 candidatos e o mágico havia colocado todos eles em cadeiras e agora dava o comando para que eles relaxassem. Todos fecharam os olhos, logo ele começou a manda-los fazerem coisas ridículas e eu observei que alguns riam e outros abriam os olhos, assim que isso acontecia o mágico os mandava para fora do palco. No fim sobraram 3, masera óbvio que estavam todos fingindo, pelo menos era óbvio para mim, todo o resto da multidão encarava o mágico maravilhados -nisso inclúo Mary- e quando o mágico saiu todos o aplauidram por um bom tempo.

Mary riu e encostou a cabeça no meu ombro.

“Obrigada por isso.” Ela falou.

“Então você acreditou mesmo?”

“No que?”

“Que eles estavam hipnôtizados?”

“Era óbvio que estavam.” Ela colocou as mãos na cintura. “Você tem que parar de suspeitar tanto, não viu como eles faziam tudo que ele mandava?”

Inventei uma reposta posítiva qualquer e ela suspirou. Meu olhar rodou todo o parque até que viu o mágico entrar em sua tenda.

“Mary, eu já volto.”

“Para onde você vai?” Ela perguntou.

“Eu preciso... perguntar se o mágico conheçe a Matilda. Ele já viu milhões de rostos.”

“Essa foi a pior desculpa que você já me deu.”

“Eu já volto.” Respondi correndo até a tenda.

Entrei e observei ao meu redor, a tenda era pequena, mas tinha espaço o suficiente para se andar e eu acredito que viver. O mágico estava sentado de frente para o espelho retirando o branco de sua maquiagem.

“Como posso ajuda-lo, cavalheiro?”

Tirei minha boina e caminhei em sua direção.

“Eu tenho uma pergunta.”

Ele se virou para me encarar pela primeira vez já que desde que entrei ele falava como meu refelxo pelo espelho.

“Diga.”

“Eu... desculpe se soar indelicado, mas você percebe que todos que participam do seu show estão fingindo?”

Ele franziu a testa como se a ideia nunca tivesse passado por sua mente.

“Não, eles estão hipnôtizados.” Ele falou e fechou os olhos com força como se tentando lembrar de algo, mas ele não falou mais nada.

“Não! Você não percebe? Alguns até param para ajeitar o casaco...”

“Sente-se.” Ele falou apontando para uma poltrona um pouco suja e um pouco rasgada. “Tem algo sobre você que...” O encarei e ele sorriu. “Sabe o que é, garoto? Eu acredito no que eu faço, talvez não seja verdade, mas nos meus olhos funcionam e é o bastante para mim.”

“Mas você é uma frasa.”

“Eu sou feliz. Não ache que você é o único a pensar nisso, muitas pessoas pensam, o engraçado é que mesmo assim elas voltam, assistem e riem.” Ele deu de ombros. “Quem sabe as pessoas sendo hipnôtizadas não acabem acreditando e se sentem mais livres para fazer as coisas?” Ele fechou os olhos com força e depois voltou a me encarar.

Fiz que sim e me levantei.

“Não, espere.” Ele falou e eu me sentei novamente.

“Um mágico conhece outro mágico a distância.”

Ri.

“Eu não sou um mágico.”

“Nem eu. Eu trabalho com hipnôse e você também.” Ele apontou para mim e eu franzi a testa.

“O senhor esta errado.”

“Eu dúvido.” Ele voltou a limpar seu rosto. “O estranho é que o poder da sua hipnôse é grande e ao mesmo tempo fraca.”

“Como saberia disso só ao olhar para mim?”

“Eu não sei... só me vem a cabeça e eu falo.” Ele fechou os olhos com força e voltou a limpar o rosto. “você sabe que se treinar seu poder de hipnôse será incrível!” Coçei meu ombro e ele sorriu. “Eu quero te treinar.”

“Mas eu não quero.” Respondi.

Ele fechou os olhos com força e seu sorriso sumiu para uma cara desapontada.

“Do que você tem medo?” Ele perguntou.

“Não é medo, eu só não preciso treinar.”

“Não custaria tentar e eu só quero ajudar, sei que está usando seu poder para algo grande para você... eu só não consigo ver o que...”

Sacudi minha cabeça negativamente pensando que este gesto o faria parar de invadir minha mente.

"Você só precisa estar ciente de que-" de repente sua voz falhou e algo estranho fez seus olhos se vridrarem nos meus e ele falou lentamente "Você esta desperdicando seu dom, meu neto."

Minha respiração falhou.

"Vovó?" Ergui uma sombrancelha.

"O que?" O mágico falou colocando as mãos na cabeça e fechando os olhos com força.

"Você... Você fez de propósito não foi?" Perguntei e ele me encarou confuso. "Você descobriu o quanto ela significa para mim e usou isso contra mim, não é?"

Ele fez um gesto confuso novamente, eu tentei controlar minha frustração e me manter em equilíbrio já que tudo começou a rodar. Me sentei novamente -em minha raiva eu não havia notado que eu havia levantado- e respirei fundo.

"Você iria controlar melhor seus ataques." Ele falou sem parecer espantado, o que me espantou já que as pessoas que presnciam isso pela primeira vez nunca mais me olham nos olhos.

"Eu não preciso disso!"

“Sabe o que é sr-”

“Maynton.” Respondi.

“Sr Maynton, sei que já ouviu isso antes, mas você sempre volta.”

“Eu não vou voltar.”

“Bom, quando resolver voltar faça isso antes das oito da noite e depois das nove da manhã.” Ele respondeu sorrindo. “Pode ir agora.”

Me levantei e sai da tenda me sentindo esquisito -mais que o normal, de qualquer forma- Mary correu até o meu lado, cruzou os braços e falou:

“Ele conhecia a Matilda?”

Fiz que não e ela fez um círuclo perfeito com os olhos.

“Se o seu 'vamos passear, Mary' for sempre assim eu nunca mais aceito o convite.”

“Foi tão ruim assim?”

“Você passou 40 minutos lá dentro. Foi sim.”

Olhei para trás e tremi. E o que aconteceria se eu tentasse?


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