O Entregador de Estrelas escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 16
Minha primeira vítima


Notas iniciais do capítulo

Agradeco todos os comentarios e mensagens carinhosas que me fazem nao querer parar de escrever o livro. Tambem agaradeço demais toda a paciencia em relação aos ascentos e no fato da história ter comecado quase que novamente... Com o tempo eu acabo de corrigir-la...



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Eram aproximadamente 30 minutos de caminhada ate a hospedaria e enquanto eu tentava desvendar tudo que eu havia passado naquela tarde meus pes faziam o trabalho de me fazer andar nas ruas indicadas.

Quebrei minha linha de raciocinio ao pisar numa poca de agua e ouvir outro barulho ao mesmo tempo. Parei e olhei em volta eu ja estava mais proximo da hospedaria ja que o rio que levava as docas estava a minha frente. Um frio subiu minha espinha enquanto o barulho de outros passos vinham da rua de tras. Continuei andando mais cautelosamente desta vez ate ouvir novamente novos passos me seguindo. Eles estavam me seguindo. Eu tinha certeza. Acelerei o passo e olhei para tras onde um homem com o rosto protegido pelas sombras copiava meu passo. Comecei a correr olhando para tras. Estimei uns tres metros de distancia entre ele e eu, nao adiantava correr, em pouco tempo ele me alcancaria. Resolvi me esconder na proxima bifurcacao, entao sem demorar para escolher um caminho entrei no corredor do lado esquerdo. Me encostei na parede suja e umida e tentei abafar minha respiracao pesada. Olhei para cima e tentei me distrair procurando por minha avo na Alemanha ate ouvir os passos do homem novamente.

“Por favor me ajude.” Susurei para qualquer estrela quando ouvi o barulho do passos ainda mais perto. Fiz mencao de correr novamente quando uma mao enorme me agarrou pelo casaco. A figura me levantou fazendo meus pes ficarem ‘a alguns centimetros do chao. ‘chute ele.’ Meu pensamento falou e eu o fiz, mas ele se esquivou rindo. Ainda tentei reconhecer seu rosto, mas ele estava oposto ‘a luz da lua so podendo me fazer reconhecer olhos escuros que brilhavam. Tentei novamente chuta-lo e acabei acertando sua perna. Ele reclamou algo em alemao e me jogou no chao de concreto.

Tirei a adaga da minha bolsa de carteiro e a coloquei na luz da lua fazendo iluminar sua lamina.

“Nao faria isso se fosse voce, amigo.” Ele falou com uma voz rouca.

“Entao me deixe em paz.” Tentei me levantar, mas meu joelho nao colaborava entao disfarcei e apontei a adaga em sua direcao.

“Nao, alguem tem que morrer.”

“Voce quem disse!” Falei novamente tentando me levantar, mas caindo. Ele se aproximou de mim e antes que eu conseguisse enfiar a adaga em seu peito ele a arrancou de minhas maos, a jogou do outro lado da rua e me levantou pela garganta.

“Ok.”

Tentei morder seu dedo, mas ele segurava minha garganta com muita forca para que eu conseguisse me mover.

“Passe todo seu dinheiro.”

“Eu nao tenho nada.” Respondi rouco.

Ele socou minha barriga.

“Eu posso ficar neste jogo ate amanha, voce nao.”

“Me deixe em paz.” Falei e me maravilhei em ainda conseguir falar.

“Eu nao quero e nao posso.” Ele respondeu seco e vi seus olhos refletindo a lua atras de mim.

Senti meus pulmoes pedindo por ar e olhei para minha adaga do outro lado da rua. Ele me encostou na parede e socou meu estomago novamente.

“Se nao quiser me passar o dinheiro eu mesmo pego.” Senti sua mao sair do meu pescoco e eu cai novamente. Ele tentou tirar minha bolsa de carteiro e eu quase mordi seu dedo, consegui rescuperar um pouco de folego ate ele me dar um soco no rosto e ele tirar minha bolsa de carteiro sem eu conseguir me defender.

Ele abriu a bolsa e eu o encarei com um olho ja que o meu outro doia. ‘E’ sua chance de saber a verdade.’ Minha mente falou e eu reparei que nao tinha mais nada para perder. “Pense em algo, pense em algo.” O moco do brilho, por mais incrivel que pareca, de quatro centinmetros da sua cabeca tirou meu livro da bolsa de carteiro e o jogou no chao enquanto procurava por outras coisas que tambem jogava no chao. “Algo simples e que nao leve tempo.” Minha mente continuava a falar.

Fechei os olhos e tentei me recordar de uma morte. “O cadaver da menina foi encontrado no fundo do mar.” Olhei para o lago atras de nos e tentei reformular a frase. “O corpo do ladrao nunca mais foi encontrado, mesmo estando nas prfoundezas do mar.” O pensamento invadiu minha mente ate que nada mais restasse. Observei para o ladrao que continuava a mexer na minha bolsa. De repente ele parou e caminhou em minha direcao. Fui andando para tras ate sentir a cercca de corda protegendo meu corpo de cair no lago que logo deramaria no mar. E’ isso.

O moco correu em minha direcao e eu dei um passo largo para minha esquerda. Observei quando a corda fragil se rompeu e o corpo caiu na agua gelada. Ele gritou e me encarou desesperado.

“Menino! Menino me ajude!”

“Nao quero e nao posso.” Respondi.

Ele se aproximou da escada para voltar para a superficie. Corri em sua direcao e tirei a escada da agua. Ele tentou a alcancar, mas eu a levantei do chao e a quebrei em sua frente. Ai ele se desesperou e comecou a engolir agua.

“Nao acredito que e’ frio o suficiente para ver alguem sofrer e nao fazer nada.” Ele falou com a voz rouca.

“E quem disse que eu vou ficar vendo?” Falei e virei-me em direcao a meus objetos e bolsa de carteiro jogado no outro canto da rua. Eu sei que depois de guardar tudo ele ja estava no fundo do mar por que estava tudo silencioso e calmo.

“Durma bem.” Susurei e voltei meu caminho para a hospedaria.

Ja estava bem tarde quando eu encontrei o edficio.­­­­­ Ele ainda estava aberto e a moca sorriu e me deu a chave do quarto depois de apontar para o corredor.

Entrei no quarto e encontrei Mathew dormindo no sofa.

Tranquei a porta do quarto, peguei a cadeira da escrivaninha e coloquei do lado do sofa me sentando do lado do corpo que dormia. Pensei em como eu deveria o acordar e depois de alguns instantes o sacudi o menos violentamente possivel.

“Carteiro?” Ele se forcou a abrir os olhos.

“Eu nao vou conseguir dormir.”

Ele se sentou no sofa e me encarou.

“O que voce fez?”

“Eu o matei.”

“Quem!?”

“Eu nao sei!”

“Eles vao te prender! Temos que ir embora.”

“Mat, eles nao vao saber que fui eu, eu nao toquei nele.”

Desta vez nao tinha jeito dele voltar a dormir. Ele arregalou os olhos e se ajeitou.

“Eu o matei com...” Apontei para minha cabeca e ele abriu a boca surpresa.

“Nao acha que foi um sonho?”

“Nao, eu sei que nao.”

“Carteiro, e’ obvio que confunde sonho com realidade. Quem sabe isso te faz mudar de ideia? Comecar de novo... O que voce sente?”

“Que eu posso finalmente fazer tudo que eu qusier sem consequencias!” Ele me encarou asusstado.

“Pense no que vai perder! Pode perder os unicos amigos que tem!”

O encarei e levantei uma sombrancelha.

“O que?” Ele perguntou.

“Sou considerado louco por inumeras razoes, Mat.” Ele olhou para a porta trancada, franziu a testa e voltou a me encarar com atencao. “ ‘Olhe, ele fala com estrelas, qual o problema dele?’ ou ‘olhe ele nao fala com pessoas, qual o problema dele?’” Ele continuou me encarando confuso. “Mas sabe o comentario que mais me atormentou?” Ele fez que nao. “ ‘Qual o problema do Carteiro, por que ele fala sozinho?’”

Mathew aregalou os olhos.

“Falar sozinho?” Eu repiti. “Ja percebeu como as pessoas me encaram estranho enquanto eu falo com voce? Por que elas nunca olham para voce? E como ninguem na fabrica te conhece e voce sempre some quando alguem aparece... Voce e’ minha imaginacao! Voce nao existe! Eu nao tenho nenhum amigo de verdade, eu nao tenho nada para que me arrepender.”

Ele fez que nao.

“Carteiro, voce esta...-” Ele comecou.

“Louco?” Me levantei da cadeira e ele continuou me encarando, agora parecendo bravo. “Se nao e’ verdade explique como conseguiu entrar aqui.”

“Eu...”

“Eu peguei as chaves na recepcao agora a pouco.” Respondi num sussurro. Ele ficou quieto e nos nos encaramos por um tempo.

“E se eu for sua imaginacao, Carteiro, o que vai fazer? Eu estou sempre aqui e voce nao pode fazer nada.”

“Precisa de mim para estar vivo.”

“Carteiro, voce esta doente tanto fisicamente como mentalmente, sua cabeca nao sabe mais o que e’ sonho do que e’ a realidade, esta perdido no meio de dois abismos.” Ele sorriu sinicamente.

“Sei que nao ira embora, mas posso fazer um trato com voce. Eu preciso encontrar Matilda e mesmo que voce nao exista voce pode me ajudar.”

“Por que eu faria isso?”

“Por que eu posso te bloquear. Se tudo tem sentido voce esta me seguindo por algo.”

“Voce nao pode me bloquear.”

“Voce nao quer ver o que acontece?”

Ele olhou para o lado.

“So por que acha que sou sua imaginacao e vai trabalhar comigo nao faz de voce uma pessoa curada, voce ainda me ve.”

“Nao estou pedindo para ser curado, so preciso de sua ajuda e sua amizade do jeito que for. Encontrar a Matilda agora sera mil vezes mais facil.”

“Carteiro! Eu nao sou sua imaginacao, posso provar para voce!”

“Nao importa. Por enquanto este e’ o trato.”

Ele revirou os olhos e fez que sim.

“Eu aceito. Eu vou te ajudar e lhe provar que sua loucura passou dos limites.”


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