O Entregador de Estrelas escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 15
Eu observo o meu redor




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/471857/chapter/15

Acabei parando em uma caféteria de esquina com nome estranho. Ela estava lotada, ao contrario do resto da rua que parecia inhabitada. Sem outra opção me aproximei do casal mais distante das pessoas. O cavalheiro que falava empolgadamente com a dama notou minha presença e parou de falar para me encarar descontente. A senhorita do lado dele me encarou com cara de nojo e saiu de perto. Fiz uma careta pensando que talvez fossem meus cabelos que não viam escova a meses ou meu cachecol e casaco que além de sujos estavam

“Perdão, o senhor fala inglês?” Falei e enquanto esperava por qualquer resposta me veio a duvida se Mathew havia me deixado para que eu falasse com pessoas. Mesmo assim nao é algo que faça muito sentido e minha mente continuou a condená-lo.

O moço me encarou confuso e eu repeti a pergunta. Depois da terceira vez ele fez que não e eu tirei o papel do meu casaco e o entreguei. Ele leu e me encarou com superioridade. Funguei, depois de alguns instantes, ele falou algo e eu fiz que nao entendi então ele apontou para uma rua e fez alguns gestos com a mão.

Fiz um gesto de agradecimento e fiz menção de ir no caminho indicado quando ele me impediu de andar segurando a gola do meu casaco. Seu olhar parecia mais suave agora, até carinhoso. Ele apontou para o relógio e eu fiz que não entendi. Ele apontou para uma casa.

“Relógio... casa?” Murmurei e tive um estalo. “Hora de ir para casa!” O encarei confuso novamente e ele suspirou impacinete fazendo um gesto para que eu fosse.

‘Não tem mótivo para se ir para casa...’ Pensei enquanto me afastava e quando o cavalheiro se virou eu corri para a rua que ele havia apontado.

O céu estava mais escuro e alguns adultos e crianças estavam ascendendo as velas de parafina dos postes da rua. Obsevei que as crianças grudavam-se aos adultos e quando estavam sozinhas elas faziam tudo rapidamente e corriam para outro canto. Me veio a vontade de correr para a hospedaria que Mary havia me dito para ir, mas eu não sabia o nome da rua que eu estava e não falava alemão -além do básico que minha avó me ensinava-.

Me abracei tentando diminuir o frio crescente. Um menino encostado no poste me encarava. Franzi a testa e continuei andando ate ele comecar a me seguir. Corri em direcao ao desconhecido ate perder o ar e ter de me esconder numa das vielas. Andei de marcha re’ ate encostar minhas costas em uma parede.

Hey! Warten.” Ouvi sua voz gritando pela rua. De repente ouvi seus passos entrando na viela. Me perguntei por que nao tentei aprender alemao quando minha avo falava comigo enquanto o ar voltava a meus pulmoes. De repente a imagem do garoto passou pelo corrdor, tentei me esconder nas sombras, mas ele viu meu rosto e sorriu “Sie sind nicht von hier sind Sie?

“Eu nao falo Alemao...” Respondi.

Was hast du gesagt?

Franzi a testa e fiz um gesto de incomprencao. Ele suspirou e apontou para o relogio.

Sie sollten nach Hause gehen.” Ele apontou para uma casa que eu realmente duvidava ser sua. Ele tinha um aspecto mais acabado que o meu, mas sua pele era mais viva e mais conservada que a minha. “mein Name ist Albert” ele falou estendendo a mao. Encarei sua mao e apos alguns instantes ele desistiu e guardou a mao resmungando algo que nao me vem a memoria.

Eu lhe entreguei o papel com o endereco da rua que eu queria ir, mas ao ver o papel ele franziu a testa e me devolveu fazendo que nao com a cabeca. E foi ai que notei que ele tambem nao sabia ler. Provavelmente cansado de tentar se comunicar comigo ele puxou meu braco e me levou de volta a rua onde ele soltou meu braco e fez um gesto similar a comer com as maos. O encarei perplexo ate ele apontar para uma casa de esquina a alguns pe’s de distancia.

Dei de ombros e ele me empurrou ate a porta. Uma moca, que logo conheci como mae, com um outro menino melhor puxando a saia do seu vestido e um bebe no colo. Ela me encarou por alguns instantes ate Albert me puxar para dentro da casa.

Contei 5 velas na sala e duvidei muito terem muitas mais nos quartos ja que a casa era pequena e nada mais estava iluminado. Havia uma fogueira no fim da sala e uma mesa razoavelmente grande no canto. Dr. Hamsting, que me foi apresentado como pai das criancas, falava ingles e me explicou por que eu ja deveria estar em casa.

“Tem um homem perigoso la fora.” Ele falou enquanto os tres meninos e a mae comiam fingindo nao notar nossa presenca. “Um maniaco. A policia esta atras dele ha meses e a coisa mais estranha e’ que todo dia alguem e’ vitima dele e os lugares em que os acidentes acontecem sao muito distantes um do outro entao se suspeita que ele usa o trem. Nada e’ seguro e toda noite alguem morre.”

Parei de tomar a sopa para o encarar horrizado.

“Sao tragicas, um menino apareceu dentro de um lago –”

Edward! wir essen!” A mae de Albert falou o interropendo para meu alivio.

Dr. Hamsting reclamou um pouco e voltou a tomar sopa.

“Hum... voce conhece alguma Matilda?” Perguntei e ele franziu a testa. “Eu vim aqui para procura-la.”

“Sou um doutor conheci varias pessoas, mas nao me lembro de nomes em especifico.” Observei a casa simples e me perguntei se ele era realmente um doutor, ao notar minha nao delicada atitude ele falou “Eu sou um doutor da cidade, nao estudei medicina, mas observei o suficiente.”

“Ela chegou ha algum tempo...”

“Lembra do sobrenome dela?”

Fiz que nao e mordi o labio... Comecava com F ou C?

“Algo como Coral?” Respondi num tom de pergunta.

“A familia Coral e’ bem grande.” Ele respondeu e voltou a tomar sopa.

Olhei para o relogio, ja eram 11 horas da noite.

“Eu preciso ir.” Falei.

“Sabe onde vai passar a noite?” Ele perguntou e eu fiz que sim.

“Mas eu nao sei como chegar la.”

“Tem o endereco ou algo do tipo?”

“E’ perto do cas”

“Tem duas hospedarias perto do cas...”

“Eu me viro.”

Depois de me indicar o caminho das ruas e me oferecer para dormir na casa deles para evitar esbarrar com o assassino o Dr. Hamsting se despediu de mim e eu segui meu caminho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Entregador de Estrelas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.